RELATÓRIO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E ENSINO/ESTÁGIO I

O LÚDICO NO ESPAÇO ESCOLAR

 

MARIA JOSÉ SOUZA CARVALHO

Primeiro Relatório de Práticas Pedagógicas e Ensino/Estágio I – O lúdico no espaço escolar,  apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso, curso de Pedagogia – Modalidade à distância, ano 2014.

SUMÁRIO

  1. INTRODUÇÃO__________________________________________________________ 4

Capítulo I - Apresentação da Escola e descrição da realidade encontrada_____________ 5

Capítulo II - Referencial Teórico______________________________________________ 8

Capítulo III - Um novo olhar_________________________________________________ 11

Considerações Finais_______________________________________________________ 14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS________________________________________ 16

ANEXOS_________________________________________________________________ 18

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

            A disciplina Práticas Pedagógicas, Ensino/ Estágio I – O Lúdico no Espaço Escolar busca oportunizar a nós acadêmicos a vivência da prática docente no intuito de contribuir para o entendimento sobre o fazer pedagógico, situações de ensino, função da escola e da profissão professor.

            Tal prática propicia analisar o processo de ensino aprendizagem, vivência pedagógica e possibilita analisar todo o contexto escolar e educativo, tendo como objeto de reflexão a dinâmica escolar do ensino infantil a partir de referenciais teóricos estudados no decorrer da disciplina. 

Em relação ao exercício da atividade docente, Selma Pimenta (1995) pontua:

“o exercício da atividade docente requer preparo. Este preparo não se esgota em um momento específico da formação, ou através de práticas específicas de ensino. Entre tanto as práticas pedagógicas e ensino contribuem e assumem significado, na medida em que cumprem o papel de compreensão do real (em suas múltiplas determinações) e que colaboram com o fazer pedagógico e de ensino, permitindo a transformação de uma dada realidade, quando necessário”.

            O município de Santa Rita do Araguaia, estado de Goiás, possui uma população de 6.924 (seis mil novecentos e vinte e quatro) habitantes, e área da unidade territorial (km²) de 1.361,768 de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

            Em relação às escolas, a cidade possui 02 escolas municipais e 01 Centro de Educação Infantil, sendo: Escola Municipal João Paula da Cruz, Escola Municipal Romão Martins de Souza e Centro de Educação Infantil Caminho do Saber. E dois colégios estaduais: Colégio Estadual Alfredo Nasser e Colégio Estadual Ivo de Morais Cajango.

            O instituto de ensino escolhido para a realização do estágio foi o Centro de Educação Infantil Caminhos do Saber. O grupo é composto pelos acadêmicos: Kátia Pedrosa de Moraes Ferreira, Maria José Souza Carvalho, Maria Madalena Cardoso Macedo Gomes e Pedro Pereira Martins.

 

Capítulo I - APRESENTAÇÃO DA ESCOLA E DESCRIÇÃO DA REALIDADE ENCONTRADA ACERCA DA PRESENÇA DO LÚDICO NO ESPAÇO ESCOLAR

O Centro Municipal de Educação Infantil “Caminho do Saber” foi fundado no dia 19 de junho do ano de 1991,através da Lei Municipal 556/91.

Funciona em tempo parcial nos turnos Matutino (07h15 às 11h15) e Vespertino (13h15 à 17h15) e conta com 09 funcionários, sendo: diretora, 02 Coordenadoras, 04 Professoras, 01 merendeira e 01faxineira.

Segundo a diretora, Geralda Rodrigues da Cruz Bandeira , “O Centro funciona com duas turmas de Pré I e Pré II, atendendo alunos com a faixa etária de 04 a 05 anos, no total de 100 alunos”.

No espaço escolar tem 02 salas de aula, 02 banheiros masculinos e 02 banheiros femininos, 01 secretaria, 01 cozinha, 01 dispensa, 01 cômodo de guardar objetos de limpeza, 01 área, pátio e parquinho.

Através de observação, afirmamos que a instituição de ensino oferece poucos brinquedos pedagógicos e jogos aos alunos, entre os brinquedos vimos: peças pedagógicas de montar, quebra-cabeça, jogo dos comandos, carrinhos, bolas e boliche. Esses brinquedos são oferecidos às crianças em sala de aula, no pátio e no parquinho.

A instituição fica localizada em um local com pouco movimento, não há barulhos ou ruídos que possam ser observados ou mesmo atrapalhar as aulas. No espaço escolar só circula funcionários e alunos, pois o portão da escola só é aberto para receber e entregar os alunos.

Ao refletir sobre as nossas observações, enfatizando a presença do lúdico na escola visitada o que se pode constatar é a ausência de uma proposta pedagógica que  incorpore o lúdico como eixo de trabalho. Realidade esta infelizmente, observada em várias escolas do país.

Através das entrevistas pudemos verificar nas respostas dos educadores, que os mesmos reconhecem a importância da brincadeira, do jogo e do brinquedo como elemento essencial no espaço educacional, mas observamos que na prática eles têm dificuldade de interligar as atividades à ludicidade. O lúdico na escola é aplicado aos alunos como cumprimento da proposta pedagógica para cumprir uma carga horária diariamente.

Levando em consideração nossas observações, percebemos que o professor não usa a ludicidade como um elemento essencial na metodologia das atividades.

A ideia de lúdico na escola ainda não está plenamente desenvolvida, os educadores veem como uma imposição e não como um aliado no processo de ensino aprendizagem. Por exemplo, o vídeo é aplicado às turmas toda semana para cumprir essa rotina, não é algo que é feito aproveitando as potencialidades dessa atividade no desenvolvimento da criança.

De acordo com o fascículo Pedagogia da Infância III, Andrade (1994), em sua discussão sobre o brincar na creche, ressalta que o jogo, em ins­tituições educativas, possui duas facetas, a do livre brincar, o jogo propriamente dito, que não conta com a interferência do adulto, e a faceta do trabalho, isto é, a que se caracteriza pela interferência da escola na atividade lúdica infantil.

Observamos que na instituição analisada, o momento lúdico para os alunos são brincadeiras e brinquedos, jogos e o parquinho, contemplando a faceta do livre brincar.

Ainda nesse fascículo a autora lembra que, para um jogo ser educativo, deve ser, antes de tudo, um jogo.

Ao apoiar-se em Campagne (1989), Andrade (1994) discute o papel do brinquedo no de­senvolvimento infantil e no trabalho pedagógico. Desse modo, destacam as funções do brin­quedo na vida das crianças, especialmente em instituições como as de Educação Infantil.

O brinquedo é, então, considerado um suporte do jogo que, ao ser mediador, permite que a criança teste as situações da vida real, colocando-a em seu nível e em condições seguras e controladas. O brinquedo é caracterizado como um objeto que desperta a curiosidade, exercita a inteligência, permite a invenção, a imaginação e a descoberta.

No momento que as crianças brincam com as peças de montar, a professora aproveita para recortar tarefas, ou dirige outra atividade com outros grupos de crianças, e o grupo que esta brincando com as peças de montar apenas montam, sem nenhum incentivo ou mediação.

Na hora do recreio as crianças correm sem parar em volta da escola, a coordenadora apenas observa para que não briguem ou se machuquem, a diretora coloca um som com músicas infantis que não desperta nenhum interesse nas mesmas, alguns meninos pegam carrinhos, alguns são usados como skate e se espatifam por não suportar o peso da criança.

Na sala de aula alguns brinquedos são usados como uma forma de prender a atenção da criança ou passar o tempo, tanto em sala como na recreação a criança brinca com brinquedos sem nenhuma participação do educando.

Ainda de acordo com o fascículo de Pedagogia da Infância III, o brinquedo, bem como a técnica educativa, é concebido como um terceiro elemento na relação educador-criança, isso porque ambos criam um centro de interesse comum, uma ra­zão para se estar junto, tornando a relação viável, harmoniosa e rentável do ponto de vista da aprendizagem.

Sobre o lugar do educador na relação com a criança e o brinquedo, Andrade (1996, p: 82) destacou dos dizeres de Campagne (1989):

[...] transformado em jogador ele pode se divertir também, ajudar as crianças a compreen­derem as regras, mudar o rumo do jogo, alimentar a imaginação. O brinquedo não deixa o adulto de lado: com uma discreta piscada de olhos ele o convida a se sentar no chão e se divertir na companhia da criança.

Refletindo sobre esses textos, os autores nos deixam bem claro que o brincar no espaço escolar da Educação Infantil mediado pelo professor é repleto de significados pedagógicos e tem a função de desenvolver o processo de ensino aprendizagem.

Capítulo II – Referencial Teórico

           

            As brincadeiras eram utilizadas pelos Maias, Incas, Egípcios e Romanos como meio de transmissão cultural de geração em geração entre esses povos.

            Na Europa do século XX o pensamento da época via a criança como um ser “deficiente”, um “adulto incompleto” e para tanto a ludicidade deveria ser deixada de lado, e as crianças ao invés de brincarem deveriam aprender a serem adultas. E também reinava o discurso higienista, onde os adultos viam as brincadeiras como anti-higiênicas, imorais e baderneiras.

            Em relação à construção social da infância no Brasil, a infância no Brasil é marcada inicialmente pelo regime de escravidão, com isso, as crianças eram impedidas de brincar porque eram obrigadas a trabalhar. Com o passar dos anos, e com o desenvolvimento urbano, a família tipicamente rural muda-se para a cidade, no entanto, as crianças continuam trabalhando, agora elas trabalham nas fábricas. No entanto, percebem-se em nossa cultura brincadeiras portuguesas, africanas e indígenas.

            Essas considerações fazem-se necessárias, para entendermos o pensamento dessa temática que durante muitos anos foi majoritário em nossa sociedade.

            A infância de toda criança em todas as épocas é permeada por jogos, brinquedos e brincadeiras. Aprendemos que toda criança brinca, mesmo aquelas que pensam que quando era criança que brincava, podemos concluir que a sua maneira brincava. Um exemplo, dessa ideia está contido no filme de Amélie Poulain, em linhas gerais Amélie é uma criança parisiense que foi sempre muito solitária, e passou muito tempo da sua vida pensando que não tinha brincado, mas no decorrer do filme percebemos que a sua maneira ela brincou.

            A criança tem a imaginação muito fértil o que fomenta as brincadeiras. Um pedaço de pau vira uma arma, um sabugo de milho vira uma boneca, as nuvens são animais, e assim por diante.

            Cabe destacar as contribuições de Pelosi (2000:33), que enfatiza que:

No início da vida o bebê esta aprendendo a lidar com o próprio corpo e a brincadeira tem um papel importantíssimo nesta aprendizagem, através da troca com o meio.  A brincadeira de exercício é como é chamada a primeira forma de brincadeira que aparece.  Como seu nome diz, a criança brincando exercita seus esquemas sensório-motores e os coordena cada vez melhor.

            Observamos, então que a primeira manifestação da brincadeira na vida da criança é seu próprio corpo.

            A atividade lúdica é manifestada por meio de gestos e movimentos, ou seja, o bebê mexe com as mãos, com os dedos, vira a cabeça de um lado para o outro. No estágio sensório-motor, uma das fases do desenvolvimento humano classificado por Piaget, é por meio da sensação, que a criança elabora a sua percepção de mundo.

            De acordo com Haetinger (2005:82), “desde os primeiros anos de vida, os jogos e brincadeiras são nossos mediadores na relação com as coisas do mundo. Do chocalho ao videogame, aprendemos a nos relacionar com o mundo através dos jogos e brincadeiras”.

            A relação do brincar com o desenvolvimento infantil já foi tema de publicação de autores e teorias como a Teoria do Desenvolvimento Intelectual de Piaget e a Teoria Sócio interacionista de Vygotsky, ambas com grande repercussão entre estudiosos e educadores do mundo inteiro.

            Para Piaget, o brincar é uma das atividades fundamentais da criança neste período de desenvolvimento é a brincadeira de faz-de-conta ou o jogo simbólico (Piaget,1978), no qual a criança tem acesso ao símbolo .

            Também a contribuição de Piaget, que no decorrer da sua pesquisa fundamentou-se na ideia de que a criança vai descobrindo o sentido do mundo por meio do contato com pessoas e objetos. Além disso, essa forma de brincar, ajuda a criança a ter uma interação maior com o meio na qual esta inserida, facilitando um maior amadurecimento cognitivo.

            Para Vygotsky que estudou o brincar em diferentes modalidades (como por exemplo, os jogos desportivos), mas debruçou-se de forma especial ao que chamou de jogo de papéis, “no brinquedo a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário: no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade” (VYGOTSKY apud REGO, 1998).

            Vigotski (1994:121-122) afirma que:

“Se ignorarmos as necessidades das crianças e os incentivos que são eficazes para colocá-la em ação, nunca seremos capazes de entender seu avanço de um estágio do desenvolvimento para outro, porque todo avanço está conectado com uma mudança acentuada nas motivações, tendências e incentivos”.

            Oliveira (1993), afirma que Vigotsky trabalha com o brinquedo e que para ele, o brincar é também um domínio da atividade infantil que estabelece claras relações com o desenvolvimento. A autora dá continuidade apresentando que: Comparada com a situação escolar, a situação da brincadeira parece pouco estruturada e sem uma função explícita na promoção de processos de desenvolvimento proximal na criança, tendo enorme influencia em seu desenvolvimento (OLIVEIRA, 1993, p. 65- 66).

            Já em relação à brincadeira, Teixeira e outros (2003:234) esclarecem que,

As brincadeiras são fundamentais na vida da criança, porque são nessas atividades que ela constrói seus valores, socializa-se (...), cria seu mundo, desperta vontade, adquire consciência e sai em busca do outro pela necessidade que tem de companheiros. Portanto, não permitir as brincadeiras será uma violência para o desenvolvimento harmônico das crianças.

            Sendo assim, o brincar é a principal atividade da criança, pois por meio dele, ela interage com o mundo, com os outros e com si mesma.

            Rizzi e Haydt (1987:9) em suas reflexões comentam que “o jogo tem uma função vital para o indivíduo, não só para a distensão e descarga de energia, mas principalmente como forma de assimilação da realidade”. Observando uma criança, vê claramente que o brincar é natural, e que ela não brinca apenas para passar o tempo, porque a brincadeira é a forma que ela encontra para se expressar.

            Ou seja, é muito importante que as crianças brinquem, e a não permissão ao brincar torna-se uma violência contra o desenvolvimento saudável das crianças.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998:28) relata que:

Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas mesmas, as crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que lhes são importantes e significativos.  Propiciando a brincadeira, portanto, cria-se um espaço no qual as crianças podem experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular  sobre  as  pessoas,  os  sentimentos  e  os diversos conhecimentos.

            É necessário, portanto, criar espaços físicos e pedagógicos que contemplem o brincar. Tornando o processo de ensino aprendizagem lúdico e mais prazeroso.

CAPÍTULO III – O novo olhar

            A proposta do terceiro capítulo, é que nós acadêmicos estaríamos retornando  à escola em que fizemos as observações e mantivemos conversas com os profissionais e crianças para efetivamente falarmos sobre o que vimos e vivenciamos naquele espaço em torno do lúdico e o brincar.

            Em face de todos os dados levantados através do estudo de campo. Afirmamos que o lúdico é muito importante no desenvolvimento das crianças.

[...] A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção ao algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo [...] (ALMEIDA, 1995, p.11)

            São de elementar importância que os jogos e as brincadeiras estejam presentes no processo pedagógico, porque os conteúdos podem e devem ser ensinos através de atividades lúdicas.

“O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão do mundo mais real. Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar, analisar, criticar e transformar a realidade. Se bem aplicada e compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a melhoria do ensino, quer na qualificação ou na formação crítica do educando, quer redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade” (DALLABONA, 2011, p.2)

            E, além disso, sabemos que as crianças são feitas para brincar, segundo Rosamilha (1979, p. 77):

“A criança, é antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigos”. 

  

            E concluímos que no Centro Municipal de Educação Infantil “Caminho do Saber” a ideia do lúdico não está plenamente desenvolvido. Porque em entrevista principalmente com as crianças, descobrimos que elas não veem os filmes, jogos pedagógicos que são desenvolvidos dentro da sala de aula, as histórias infantis que são contadas pelos professores, como brincadeira.  Para elas, a ideia de brincar é algo livre e sem regras.

            Perguntado ao um aluno de 03 anos se ele brinca na escola, ele respondeu “Tem hora que eu brinco”, perguntamos brinca de que “de carrinho, de fazenda, trator”, questionamos e na sala de aula você brinca? Ele enfático respondeu: “não”, continuamos, então que horas você brinca? “na hora do recreio”.

            No entanto, os professores, tem consciência da importância do lúdico e afirmam “Por meio das atividades lúdicas, as crianças se interagem, aprendem a socializar, atenção, afetividade, respeito mútuo, coletividade, dinamismo, concentração, percepção”.

            Em relação aos aspectos desenvolvidos por meio das atividades lúdicas, a equipe pedagógica, na pessoa da diretora, pontuou “que os aspectos desenvolvidos são: interação, socialização, desenvolvimento motor, desenvolvimento emocional, linguagem oral e escrita, imaginação, entre outros”.

            Mas gostaríamos de ressaltar que através de nossas observações durante todo o estágio não vimos na prática o lúdico sendo desenvolvido.

            Ao participarmos em Cuiabá, da palestra da profª. Dra. Daniela Barros da Silva Freire Andrade, e principalmente através do projeto “Bugrinho” realizado na Creche Municipal Silva Freire. O Bugrinho é o apelido de infância de Silva Freire, então o projeto foi pensado em levar a comunidade o conhecimento sobre a vida e as obras do patrono da creche e, além disso, proporcionar atividades lúdicas para as crianças que lá estudam.

            Então foi feito um bugrinho de pano, para que as crianças pudessem abraça-lo e brincar. E também são proporcionadas atividades lúdicas em torno do patrono. Levando conhecimento também para as crianças de forma prazerosa.

            Através da palestra observamos que é possível oferecer atividades lúdicas para as crianças para começar devemos pensar em oferecer atividades voltadas para o nome da instituição de ensino. É uma forma de levar conhecimento para as crianças de uma forma livre.

            E também através de toda a vivencia tida em Cuiabá na socialização do Relatório de Estágio, e diante de tudo o que nos foi mostrado através de palestras e da socialização com nossos colegas, que é essencial que as crianças brinquem e cabe a nós educadores propiciar momentos lúdicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Depois de realizada a pesquisa e analisado os dados, concluímos que o estágio e a presença de estagiários na comunidade escolar serviram para fomentar a discussão em torno da ludicidade no contexto escolar, porque é dada pouca importância para o lúdico na instituição pesquisada.

             O nosso ponto de vista sobre o resultado obtido, podemos dizer que já era algo esperado, de que o lúdico não fosse tratado com a importância devida, mas e tínhamos dúvidas sobre como isto acontecia na prática. E nossa sugestão é que o lúdico seja efetivamente implantado nessa instituição de ensino melhorando a qualidade de ensino.

[...] sem um trabalho direto de resgate com estas educadoras, e, em alguns casos, de criação de condições para que realizem atividades lúdicas e criadoras, não conseguiremos transformar estas instituições em espaço de construção de crianças criativas, autônomas e felizes e, portanto, capazes de construir um jeito novo de viver. Este trabalho supõe a construção de políticas públicas que entendam a educação no âmbito de uma política cultural, que possibilite às educadoras o acesso aos bens materiais e cultural, que possibilite às educadoras o acesso aos bens materiais e culturais produzidos pela humanidade. Neste contexto, é preciso pensar estratégias tanto de formação continuada para as educadoras de crianças pequenas, quanto de formação inicial das alunas dos cursos de magistério e de pedagogia pré-escolar, que, ao levar em consideração as pessoas que são, suas histórias de vida, seu contexto sociocultural, possibilite a recuperação do lúdico e da capacidade artística. Só assim conseguiremos recuperar nas instituições de educação infantil o lúdico e o criativo. (CERISARA, 2002, p:137)

            Concluímos então, a importância da prática do estágio para a formação do pedagogo, porque antes de sermos efetivamente pedagogos, é fundamental refletirmos sobre o lúdico e o ensinar na educação, e esse estágio nos propiciou exatamente isso. E avaliando o grupo quanto ao comprometimento, empenho, responsabilidade e concretização dos objetivos propostos, concluímos que entendemos a expectativa, porque todos os membros do grupo estavam bem comprometidos e empenhados para fazer o seu melhor no estágio. Foi de fundamental importância para nós a participação no seminário presencial e a participação nas oficinas em Cuiabá, observamos que precisamos de pouco material para oferecer brincadeiras para nossas crianças, devemos seguir a lógica delas de que qualquer objeto vira um brinquedo. E com isso, sem muito recursos podemos oferecer momentos lúdicos para as crianças, basta usarmos nossa imaginação e criatividade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995.

ANDRADE, Daniela Barros da Silva Freire. Pedagogia da Infância III: Educação e Ludicidade./ Daniela Barros da Silva Freire Andrade. Cuiabá: UAB/ EdUFMT, 2013.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: documento introdutório. Brasília, 1998.

CERISARA, B. De como o papai do Céu, o Coelhinho da Páscoa, os anjos e o papai Noel foram viver juntos no céu! In: KISHIMOTO, T. M. (Org.) O brincar e suas teorias. SP: Pioneira, 2002, 123-138.

DALLABONA, Sandra Regina; MENDES, Sueli Maria Schmitt. O lúdico na educação infantil: jogar, brincar, uma forma de educar. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG. Vol. 1 n. 4 – jan – mar/2004.

HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de didática geral. Editora Ática. São Paulo, 2006.

HAETINGER, Max. G. O universo criativo da criança na educação. 2ª edição. Instituto criar; Porto Alegre, 2005.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vigotsky Aprendizado e Desenvolvimento um Processo Sócio Histórico. São Paulo: Scipione, 1993.

PELOSI, M.S. Psicopedagogia: didática aplicada à Psicopedagogia. UFRJ/CFCH, 2000.

PIMENTA, Selma G. O Estágio na Formação de Professores. Unidade Teoria e Prática SP: Cortez, Editora. 1995.


RIZZI, Leonor; HAYDT, Regina Célia. Atividades lúdicas na educação da criança. Editora Ática; São Paulo, 1987.

ROSAMILHA, Nelson. Psicologia do jogo e aprendizagem infantil. São Paulo: Pioneira,1979.

VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 5ª edição. Martins Fontes; São Paulo, 1994.

TEIXEIRA, F.E.C (orgs.); MARTINEZ, A.M; REY, F.L.G et al. Aprendendo a aprender: guia de formação para professores das Séries Iniciais. Uniceub; Brasília, 2003.


Site do IBGE. Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?codmun=521940 Acessado em 22 de abril de 2014.

 

 

 

 

 

 

RELATÓRIO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E ENSINO/ESTÁGIO I

O LÚDICO NO ESPAÇO ESCOLAR

 

MARIA JOSÉ SOUZA CARVALHO

Primeiro Relatório de Práticas Pedagógicas e Ensino/Estágio I – O lúdico no espaço escolar,  apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso, curso de Pedagogia – Modalidade à distância, ano 2014.

SUMÁRIO

  1. INTRODUÇÃO__________________________________________________________ 4

Capítulo I - Apresentação da Escola e descrição da realidade encontrada_____________ 5

Capítulo II - Referencial Teórico______________________________________________ 8

Capítulo III - Um novo olhar_________________________________________________ 11

Considerações Finais_______________________________________________________ 14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS________________________________________ 16

ANEXOS_________________________________________________________________ 18

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

            A disciplina Práticas Pedagógicas, Ensino/ Estágio I – O Lúdico no Espaço Escolar busca oportunizar a nós acadêmicos a vivência da prática docente no intuito de contribuir para o entendimento sobre o fazer pedagógico, situações de ensino, função da escola e da profissão professor.

            Tal prática propicia analisar o processo de ensino aprendizagem, vivência pedagógica e possibilita analisar todo o contexto escolar e educativo, tendo como objeto de reflexão a dinâmica escolar do ensino infantil a partir de referenciais teóricos estudados no decorrer da disciplina. 

Em relação ao exercício da atividade docente, Selma Pimenta (1995) pontua:

“o exercício da atividade docente requer preparo. Este preparo não se esgota em um momento específico da formação, ou através de práticas específicas de ensino. Entre tanto as práticas pedagógicas e ensino contribuem e assumem significado, na medida em que cumprem o papel de compreensão do real (em suas múltiplas determinações) e que colaboram com o fazer pedagógico e de ensino, permitindo a transformação de uma dada realidade, quando necessário”.

            O município de Santa Rita do Araguaia, estado de Goiás, possui uma população de 6.924 (seis mil novecentos e vinte e quatro) habitantes, e área da unidade territorial (km²) de 1.361,768 de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

            Em relação às escolas, a cidade possui 02 escolas municipais e 01 Centro de Educação Infantil, sendo: Escola Municipal João Paula da Cruz, Escola Municipal Romão Martins de Souza e Centro de Educação Infantil Caminho do Saber. E dois colégios estaduais: Colégio Estadual Alfredo Nasser e Colégio Estadual Ivo de Morais Cajango.

            O instituto de ensino escolhido para a realização do estágio foi o Centro de Educação Infantil Caminhos do Saber. O grupo é composto pelos acadêmicos: Kátia Pedrosa de Moraes Ferreira, Maria José Souza Carvalho, Maria Madalena Cardoso Macedo Gomes e Pedro Pereira Martins.

 

Capítulo I - APRESENTAÇÃO DA ESCOLA E DESCRIÇÃO DA REALIDADE ENCONTRADA ACERCA DA PRESENÇA DO LÚDICO NO ESPAÇO ESCOLAR

O Centro Municipal de Educação Infantil “Caminho do Saber” foi fundado no dia 19 de junho do ano de 1991,através da Lei Municipal 556/91.

Funciona em tempo parcial nos turnos Matutino (07h15 às 11h15) e Vespertino (13h15 à 17h15) e conta com 09 funcionários, sendo: diretora, 02 Coordenadoras, 04 Professoras, 01 merendeira e 01faxineira.

Segundo a diretora, Geralda Rodrigues da Cruz Bandeira , “O Centro funciona com duas turmas de Pré I e Pré II, atendendo alunos com a faixa etária de 04 a 05 anos, no total de 100 alunos”.

No espaço escolar tem 02 salas de aula, 02 banheiros masculinos e 02 banheiros femininos, 01 secretaria, 01 cozinha, 01 dispensa, 01 cômodo de guardar objetos de limpeza, 01 área, pátio e parquinho.

Através de observação, afirmamos que a instituição de ensino oferece poucos brinquedos pedagógicos e jogos aos alunos, entre os brinquedos vimos: peças pedagógicas de montar, quebra-cabeça, jogo dos comandos, carrinhos, bolas e boliche. Esses brinquedos são oferecidos às crianças em sala de aula, no pátio e no parquinho.

A instituição fica localizada em um local com pouco movimento, não há barulhos ou ruídos que possam ser observados ou mesmo atrapalhar as aulas. No espaço escolar só circula funcionários e alunos, pois o portão da escola só é aberto para receber e entregar os alunos.

Ao refletir sobre as nossas observações, enfatizando a presença do lúdico na escola visitada o que se pode constatar é a ausência de uma proposta pedagógica que  incorpore o lúdico como eixo de trabalho. Realidade esta infelizmente, observada em várias escolas do país.

Através das entrevistas pudemos verificar nas respostas dos educadores, que os mesmos reconhecem a importância da brincadeira, do jogo e do brinquedo como elemento essencial no espaço educacional, mas observamos que na prática eles têm dificuldade de interligar as atividades à ludicidade. O lúdico na escola é aplicado aos alunos como cumprimento da proposta pedagógica para cumprir uma carga horária diariamente.

Levando em consideração nossas observações, percebemos que o professor não usa a ludicidade como um elemento essencial na metodologia das atividades.

A ideia de lúdico na escola ainda não está plenamente desenvolvida, os educadores veem como uma imposição e não como um aliado no processo de ensino aprendizagem. Por exemplo, o vídeo é aplicado às turmas toda semana para cumprir essa rotina, não é algo que é feito aproveitando as potencialidades dessa atividade no desenvolvimento da criança.

De acordo com o fascículo Pedagogia da Infância III, Andrade (1994), em sua discussão sobre o brincar na creche, ressalta que o jogo, em ins­tituições educativas, possui duas facetas, a do livre brincar, o jogo propriamente dito, que não conta com a interferência do adulto, e a faceta do trabalho, isto é, a que se caracteriza pela interferência da escola na atividade lúdica infantil.

Observamos que na instituição analisada, o momento lúdico para os alunos são brincadeiras e brinquedos, jogos e o parquinho, contemplando a faceta do livre brincar.

Ainda nesse fascículo a autora lembra que, para um jogo ser educativo, deve ser, antes de tudo, um jogo.

Ao apoiar-se em Campagne (1989), Andrade (1994) discute o papel do brinquedo no de­senvolvimento infantil e no trabalho pedagógico. Desse modo, destacam as funções do brin­quedo na vida das crianças, especialmente em instituições como as de Educação Infantil.

O brinquedo é, então, considerado um suporte do jogo que, ao ser mediador, permite que a criança teste as situações da vida real, colocando-a em seu nível e em condições seguras e controladas. O brinquedo é caracterizado como um objeto que desperta a curiosidade, exercita a inteligência, permite a invenção, a imaginação e a descoberta.

No momento que as crianças brincam com as peças de montar, a professora aproveita para recortar tarefas, ou dirige outra atividade com outros grupos de crianças, e o grupo que esta brincando com as peças de montar apenas montam, sem nenhum incentivo ou mediação.

Na hora do recreio as crianças correm sem parar em volta da escola, a coordenadora apenas observa para que não briguem ou se machuquem, a diretora coloca um som com músicas infantis que não desperta nenhum interesse nas mesmas, alguns meninos pegam carrinhos, alguns são usados como skate e se espatifam por não suportar o peso da criança.

Na sala de aula alguns brinquedos são usados como uma forma de prender a atenção da criança ou passar o tempo, tanto em sala como na recreação a criança brinca com brinquedos sem nenhuma participação do educando.

Ainda de acordo com o fascículo de Pedagogia da Infância III, o brinquedo, bem como a técnica educativa, é concebido como um terceiro elemento na relação educador-criança, isso porque ambos criam um centro de interesse comum, uma ra­zão para se estar junto, tornando a relação viável, harmoniosa e rentável do ponto de vista da aprendizagem.

Sobre o lugar do educador na relação com a criança e o brinquedo, Andrade (1996, p: 82) destacou dos dizeres de Campagne (1989):

[...] transformado em jogador ele pode se divertir também, ajudar as crianças a compreen­derem as regras, mudar o rumo do jogo, alimentar a imaginação. O brinquedo não deixa o adulto de lado: com uma discreta piscada de olhos ele o convida a se sentar no chão e se divertir na companhia da criança.

Refletindo sobre esses textos, os autores nos deixam bem claro que o brincar no espaço escolar da Educação Infantil mediado pelo professor é repleto de significados pedagógicos e tem a função de desenvolver o processo de ensino aprendizagem.

Capítulo II – Referencial Teórico

           

            As brincadeiras eram utilizadas pelos Maias, Incas, Egípcios e Romanos como meio de transmissão cultural de geração em geração entre esses povos.

            Na Europa do século XX o pensamento da época via a criança como um ser “deficiente”, um “adulto incompleto” e para tanto a ludicidade deveria ser deixada de lado, e as crianças ao invés de brincarem deveriam aprender a serem adultas. E também reinava o discurso higienista, onde os adultos viam as brincadeiras como anti-higiênicas, imorais e baderneiras.

            Em relação à construção social da infância no Brasil, a infância no Brasil é marcada inicialmente pelo regime de escravidão, com isso, as crianças eram impedidas de brincar porque eram obrigadas a trabalhar. Com o passar dos anos, e com o desenvolvimento urbano, a família tipicamente rural muda-se para a cidade, no entanto, as crianças continuam trabalhando, agora elas trabalham nas fábricas. No entanto, percebem-se em nossa cultura brincadeiras portuguesas, africanas e indígenas.

            Essas considerações fazem-se necessárias, para entendermos o pensamento dessa temática que durante muitos anos foi majoritário em nossa sociedade.

            A infância de toda criança em todas as épocas é permeada por jogos, brinquedos e brincadeiras. Aprendemos que toda criança brinca, mesmo aquelas que pensam que quando era criança que brincava, podemos concluir que a sua maneira brincava. Um exemplo, dessa ideia está contido no filme de Amélie Poulain, em linhas gerais Amélie é uma criança parisiense que foi sempre muito solitária, e passou muito tempo da sua vida pensando que não tinha brincado, mas no decorrer do filme percebemos que a sua maneira ela brincou.

            A criança tem a imaginação muito fértil o que fomenta as brincadeiras. Um pedaço de pau vira uma arma, um sabugo de milho vira uma boneca, as nuvens são animais, e assim por diante.

            Cabe destacar as contribuições de Pelosi (2000:33), que enfatiza que:

No início da vida o bebê esta aprendendo a lidar com o próprio corpo e a brincadeira tem um papel importantíssimo nesta aprendizagem, através da troca com o meio.  A brincadeira de exercício é como é chamada a primeira forma de brincadeira que aparece.  Como seu nome diz, a criança brincando exercita seus esquemas sensório-motores e os coordena cada vez melhor.

            Observamos, então que a primeira manifestação da brincadeira na vida da criança é seu próprio corpo.

            A atividade lúdica é manifestada por meio de gestos e movimentos, ou seja, o bebê mexe com as mãos, com os dedos, vira a cabeça de um lado para o outro. No estágio sensório-motor, uma das fases do desenvolvimento humano classificado por Piaget, é por meio da sensação, que a criança elabora a sua percepção de mundo.

            De acordo com Haetinger (2005:82), “desde os primeiros anos de vida, os jogos e brincadeiras são nossos mediadores na relação com as coisas do mundo. Do chocalho ao videogame, aprendemos a nos relacionar com o mundo através dos jogos e brincadeiras”.

            A relação do brincar com o desenvolvimento infantil já foi tema de publicação de autores e teorias como a Teoria do Desenvolvimento Intelectual de Piaget e a Teoria Sócio interacionista de Vygotsky, ambas com grande repercussão entre estudiosos e educadores do mundo inteiro.

            Para Piaget, o brincar é uma das atividades fundamentais da criança neste período de desenvolvimento é a brincadeira de faz-de-conta ou o jogo simbólico (Piaget,1978), no qual a criança tem acesso ao símbolo .

            Também a contribuição de Piaget, que no decorrer da sua pesquisa fundamentou-se na ideia de que a criança vai descobrindo o sentido do mundo por meio do contato com pessoas e objetos. Além disso, essa forma de brincar, ajuda a criança a ter uma interação maior com o meio na qual esta inserida, facilitando um maior amadurecimento cognitivo.

            Para Vygotsky que estudou o brincar em diferentes modalidades (como por exemplo, os jogos desportivos), mas debruçou-se de forma especial ao que chamou de jogo de papéis, “no brinquedo a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário: no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade” (VYGOTSKY apud REGO, 1998).

            Vigotski (1994:121-122) afirma que:

“Se ignorarmos as necessidades das crianças e os incentivos que são eficazes para colocá-la em ação, nunca seremos capazes de entender seu avanço de um estágio do desenvolvimento para outro, porque todo avanço está conectado com uma mudança acentuada nas motivações, tendências e incentivos”.

            Oliveira (1993), afirma que Vigotsky trabalha com o brinquedo e que para ele, o brincar é também um domínio da atividade infantil que estabelece claras relações com o desenvolvimento. A autora dá continuidade apresentando que: Comparada com a situação escolar, a situação da brincadeira parece pouco estruturada e sem uma função explícita na promoção de processos de desenvolvimento proximal na criança, tendo enorme influencia em seu desenvolvimento (OLIVEIRA, 1993, p. 65- 66).

            Já em relação à brincadeira, Teixeira e outros (2003:234) esclarecem que,

As brincadeiras são fundamentais na vida da criança, porque são nessas atividades que ela constrói seus valores, socializa-se (...), cria seu mundo, desperta vontade, adquire consciência e sai em busca do outro pela necessidade que tem de companheiros. Portanto, não permitir as brincadeiras será uma violência para o desenvolvimento harmônico das crianças.

            Sendo assim, o brincar é a principal atividade da criança, pois por meio dele, ela interage com o mundo, com os outros e com si mesma.

            Rizzi e Haydt (1987:9) em suas reflexões comentam que “o jogo tem uma função vital para o indivíduo, não só para a distensão e descarga de energia, mas principalmente como forma de assimilação da realidade”. Observando uma criança, vê claramente que o brincar é natural, e que ela não brinca apenas para passar o tempo, porque a brincadeira é a forma que ela encontra para se expressar.

            Ou seja, é muito importante que as crianças brinquem, e a não permissão ao brincar torna-se uma violência contra o desenvolvimento saudável das crianças.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998:28) relata que:

Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas mesmas, as crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que lhes são importantes e significativos.  Propiciando a brincadeira, portanto, cria-se um espaço no qual as crianças podem experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular  sobre  as  pessoas,  os  sentimentos  e  os diversos conhecimentos.

            É necessário, portanto, criar espaços físicos e pedagógicos que contemplem o brincar. Tornando o processo de ensino aprendizagem lúdico e mais prazeroso.

CAPÍTULO III – O novo olhar

            A proposta do terceiro capítulo, é que nós acadêmicos estaríamos retornando  à escola em que fizemos as observações e mantivemos conversas com os profissionais e crianças para efetivamente falarmos sobre o que vimos e vivenciamos naquele espaço em torno do lúdico e o brincar.

            Em face de todos os dados levantados através do estudo de campo. Afirmamos que o lúdico é muito importante no desenvolvimento das crianças.

[...] A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção ao algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo [...] (ALMEIDA, 1995, p.11)

            São de elementar importância que os jogos e as brincadeiras estejam presentes no processo pedagógico, porque os conteúdos podem e devem ser ensinos através de atividades lúdicas.

“O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão do mundo mais real. Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar, analisar, criticar e transformar a realidade. Se bem aplicada e compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a melhoria do ensino, quer na qualificação ou na formação crítica do educando, quer redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade” (DALLABONA, 2011, p.2)

            E, além disso, sabemos que as crianças são feitas para brincar, segundo Rosamilha (1979, p. 77):

“A criança, é antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigos”. 

  

            E concluímos que no Centro Municipal de Educação Infantil “Caminho do Saber” a ideia do lúdico não está plenamente desenvolvido. Porque em entrevista principalmente com as crianças, descobrimos que elas não veem os filmes, jogos pedagógicos que são desenvolvidos dentro da sala de aula, as histórias infantis que são contadas pelos professores, como brincadeira.  Para elas, a ideia de brincar é algo livre e sem regras.

            Perguntado ao um aluno de 03 anos se ele brinca na escola, ele respondeu “Tem hora que eu brinco”, perguntamos brinca de que “de carrinho, de fazenda, trator”, questionamos e na sala de aula você brinca? Ele enfático respondeu: “não”, continuamos, então que horas você brinca? “na hora do recreio”.

            No entanto, os professores, tem consciência da importância do lúdico e afirmam “Por meio das atividades lúdicas, as crianças se interagem, aprendem a socializar, atenção, afetividade, respeito mútuo, coletividade, dinamismo, concentração, percepção”.

            Em relação aos aspectos desenvolvidos por meio das atividades lúdicas, a equipe pedagógica, na pessoa da diretora, pontuou “que os aspectos desenvolvidos são: interação, socialização, desenvolvimento motor, desenvolvimento emocional, linguagem oral e escrita, imaginação, entre outros”.

            Mas gostaríamos de ressaltar que através de nossas observações durante todo o estágio não vimos na prática o lúdico sendo desenvolvido.

            Ao participarmos em Cuiabá, da palestra da profª. Dra. Daniela Barros da Silva Freire Andrade, e principalmente através do projeto “Bugrinho” realizado na Creche Municipal Silva Freire. O Bugrinho é o apelido de infância de Silva Freire, então o projeto foi pensado em levar a comunidade o conhecimento sobre a vida e as obras do patrono da creche e, além disso, proporcionar atividades lúdicas para as crianças que lá estudam.

            Então foi feito um bugrinho de pano, para que as crianças pudessem abraça-lo e brincar. E também são proporcionadas atividades lúdicas em torno do patrono. Levando conhecimento também para as crianças de forma prazerosa.

            Através da palestra observamos que é possível oferecer atividades lúdicas para as crianças para começar devemos pensar em oferecer atividades voltadas para o nome da instituição de ensino. É uma forma de levar conhecimento para as crianças de uma forma livre.

            E também através de toda a vivencia tida em Cuiabá na socialização do Relatório de Estágio, e diante de tudo o que nos foi mostrado através de palestras e da socialização com nossos colegas, que é essencial que as crianças brinquem e cabe a nós educadores propiciar momentos lúdicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Depois de realizada a pesquisa e analisado os dados, concluímos que o estágio e a presença de estagiários na comunidade escolar serviram para fomentar a discussão em torno da ludicidade no contexto escolar, porque é dada pouca importância para o lúdico na instituição pesquisada.

             O nosso ponto de vista sobre o resultado obtido, podemos dizer que já era algo esperado, de que o lúdico não fosse tratado com a importância devida, mas e tínhamos dúvidas sobre como isto acontecia na prática. E nossa sugestão é que o lúdico seja efetivamente implantado nessa instituição de ensino melhorando a qualidade de ensino.

[...] sem um trabalho direto de resgate com estas educadoras, e, em alguns casos, de criação de condições para que realizem atividades lúdicas e criadoras, não conseguiremos transformar estas instituições em espaço de construção de crianças criativas, autônomas e felizes e, portanto, capazes de construir um jeito novo de viver. Este trabalho supõe a construção de políticas públicas que entendam a educação no âmbito de uma política cultural, que possibilite às educadoras o acesso aos bens materiais e cultural, que possibilite às educadoras o acesso aos bens materiais e culturais produzidos pela humanidade. Neste contexto, é preciso pensar estratégias tanto de formação continuada para as educadoras de crianças pequenas, quanto de formação inicial das alunas dos cursos de magistério e de pedagogia pré-escolar, que, ao levar em consideração as pessoas que são, suas histórias de vida, seu contexto sociocultural, possibilite a recuperação do lúdico e da capacidade artística. Só assim conseguiremos recuperar nas instituições de educação infantil o lúdico e o criativo. (CERISARA, 2002, p:137)

            Concluímos então, a importância da prática do estágio para a formação do pedagogo, porque antes de sermos efetivamente pedagogos, é fundamental refletirmos sobre o lúdico e o ensinar na educação, e esse estágio nos propiciou exatamente isso. E avaliando o grupo quanto ao comprometimento, empenho, responsabilidade e concretização dos objetivos propostos, concluímos que entendemos a expectativa, porque todos os membros do grupo estavam bem comprometidos e empenhados para fazer o seu melhor no estágio. Foi de fundamental importância para nós a participação no seminário presencial e a participação nas oficinas em Cuiabá, observamos que precisamos de pouco material para oferecer brincadeiras para nossas crianças, devemos seguir a lógica delas de que qualquer objeto vira um brinquedo. E com isso, sem muito recursos podemos oferecer momentos lúdicos para as crianças, basta usarmos nossa imaginação e criatividade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995.

ANDRADE, Daniela Barros da Silva Freire. Pedagogia da Infância III: Educação e Ludicidade./ Daniela Barros da Silva Freire Andrade. Cuiabá: UAB/ EdUFMT, 2013.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: documento introdutório. Brasília, 1998.

CERISARA, B. De como o papai do Céu, o Coelhinho da Páscoa, os anjos e o papai Noel foram viver juntos no céu! In: KISHIMOTO, T. M. (Org.) O brincar e suas teorias. SP: Pioneira, 2002, 123-138.

DALLABONA, Sandra Regina; MENDES, Sueli Maria Schmitt. O lúdico na educação infantil: jogar, brincar, uma forma de educar. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG. Vol. 1 n. 4 – jan – mar/2004.

HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de didática geral. Editora Ática. São Paulo, 2006.

HAETINGER, Max. G. O universo criativo da criança na educação. 2ª edição. Instituto criar; Porto Alegre, 2005.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vigotsky Aprendizado e Desenvolvimento um Processo Sócio Histórico. São Paulo: Scipione, 1993.

PELOSI, M.S. Psicopedagogia: didática aplicada à Psicopedagogia. UFRJ/CFCH, 2000.

PIMENTA, Selma G. O Estágio na Formação de Professores. Unidade Teoria e Prática SP: Cortez, Editora. 1995.


RIZZI, Leonor; HAYDT, Regina Célia. Atividades lúdicas na educação da criança. Editora Ática; São Paulo, 1987.

ROSAMILHA, Nelson. Psicologia do jogo e aprendizagem infantil. São Paulo: Pioneira,1979.

VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 5ª edição. Martins Fontes; São Paulo, 1994.

TEIXEIRA, F.E.C (orgs.); MARTINEZ, A.M; REY, F.L.G et al. Aprendendo a aprender: guia de formação para professores das Séries Iniciais. Uniceub; Brasília, 2003.


Site do IBGE. Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?codmun=521940 Acessado em 22 de abril de 2014.

 

 

 

 

 

 

RELATÓRIO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E ENSINO/ESTÁGIO I

O LÚDICO NO ESPAÇO ESCOLAR

 

MARIA JOSÉ SOUZA CARVALHO

Primeiro Relatório de Práticas Pedagógicas e Ensino/Estágio I – O lúdico no espaço escolar,  apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso, curso de Pedagogia – Modalidade à distância, ano 2014.

SUMÁRIO

  1. INTRODUÇÃO__________________________________________________________ 4

Capítulo I - Apresentação da Escola e descrição da realidade encontrada_____________ 5

Capítulo II - Referencial Teórico______________________________________________ 8

Capítulo III - Um novo olhar_________________________________________________ 11

Considerações Finais_______________________________________________________ 14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS________________________________________ 16

ANEXOS_________________________________________________________________ 18

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

            A disciplina Práticas Pedagógicas, Ensino/ Estágio I – O Lúdico no Espaço Escolar busca oportunizar a nós acadêmicos a vivência da prática docente no intuito de contribuir para o entendimento sobre o fazer pedagógico, situações de ensino, função da escola e da profissão professor.

            Tal prática propicia analisar o processo de ensino aprendizagem, vivência pedagógica e possibilita analisar todo o contexto escolar e educativo, tendo como objeto de reflexão a dinâmica escolar do ensino infantil a partir de referenciais teóricos estudados no decorrer da disciplina. 

Em relação ao exercício da atividade docente, Selma Pimenta (1995) pontua:

“o exercício da atividade docente requer preparo. Este preparo não se esgota em um momento específico da formação, ou através de práticas específicas de ensino. Entre tanto as práticas pedagógicas e ensino contribuem e assumem significado, na medida em que cumprem o papel de compreensão do real (em suas múltiplas determinações) e que colaboram com o fazer pedagógico e de ensino, permitindo a transformação de uma dada realidade, quando necessário”.

            O município de Santa Rita do Araguaia, estado de Goiás, possui uma população de 6.924 (seis mil novecentos e vinte e quatro) habitantes, e área da unidade territorial (km²) de 1.361,768 de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

            Em relação às escolas, a cidade possui 02 escolas municipais e 01 Centro de Educação Infantil, sendo: Escola Municipal João Paula da Cruz, Escola Municipal Romão Martins de Souza e Centro de Educação Infantil Caminho do Saber. E dois colégios estaduais: Colégio Estadual Alfredo Nasser e Colégio Estadual Ivo de Morais Cajango.

            O instituto de ensino escolhido para a realização do estágio foi o Centro de Educação Infantil Caminhos do Saber. O grupo é composto pelos acadêmicos: Kátia Pedrosa de Moraes Ferreira, Maria José Souza Carvalho, Maria Madalena Cardoso Macedo Gomes e Pedro Pereira Martins.

 

Capítulo I - APRESENTAÇÃO DA ESCOLA E DESCRIÇÃO DA REALIDADE ENCONTRADA ACERCA DA PRESENÇA DO LÚDICO NO ESPAÇO ESCOLAR

O Centro Municipal de Educação Infantil “Caminho do Saber” foi fundado no dia 19 de junho do ano de 1991,através da Lei Municipal 556/91.

Funciona em tempo parcial nos turnos Matutino (07h15 às 11h15) e Vespertino (13h15 à 17h15) e conta com 09 funcionários, sendo: diretora, 02 Coordenadoras, 04 Professoras, 01 merendeira e 01faxineira.

Segundo a diretora, Geralda Rodrigues da Cruz Bandeira , “O Centro funciona com duas turmas de Pré I e Pré II, atendendo alunos com a faixa etária de 04 a 05 anos, no total de 100 alunos”.

No espaço escolar tem 02 salas de aula, 02 banheiros masculinos e 02 banheiros femininos, 01 secretaria, 01 cozinha, 01 dispensa, 01 cômodo de guardar objetos de limpeza, 01 área, pátio e parquinho.

Através de observação, afirmamos que a instituição de ensino oferece poucos brinquedos pedagógicos e jogos aos alunos, entre os brinquedos vimos: peças pedagógicas de montar, quebra-cabeça, jogo dos comandos, carrinhos, bolas e boliche. Esses brinquedos são oferecidos às crianças em sala de aula, no pátio e no parquinho.

A instituição fica localizada em um local com pouco movimento, não há barulhos ou ruídos que possam ser observados ou mesmo atrapalhar as aulas. No espaço escolar só circula funcionários e alunos, pois o portão da escola só é aberto para receber e entregar os alunos.

Ao refletir sobre as nossas observações, enfatizando a presença do lúdico na escola visitada o que se pode constatar é a ausência de uma proposta pedagógica que  incorpore o lúdico como eixo de trabalho. Realidade esta infelizmente, observada em várias escolas do país.

Através das entrevistas pudemos verificar nas respostas dos educadores, que os mesmos reconhecem a importância da brincadeira, do jogo e do brinquedo como elemento essencial no espaço educacional, mas observamos que na prática eles têm dificuldade de interligar as atividades à ludicidade. O lúdico na escola é aplicado aos alunos como cumprimento da proposta pedagógica para cumprir uma carga horária diariamente.

Levando em consideração nossas observações, percebemos que o professor não usa a ludicidade como um elemento essencial na metodologia das atividades.

A ideia de lúdico na escola ainda não está plenamente desenvolvida, os educadores veem como uma imposição e não como um aliado no processo de ensino aprendizagem. Por exemplo, o vídeo é aplicado às turmas toda semana para cumprir essa rotina, não é algo que é feito aproveitando as potencialidades dessa atividade no desenvolvimento da criança.

De acordo com o fascículo Pedagogia da Infância III, Andrade (1994), em sua discussão sobre o brincar na creche, ressalta que o jogo, em ins­tituições educativas, possui duas facetas, a do livre brincar, o jogo propriamente dito, que não conta com a interferência do adulto, e a faceta do trabalho, isto é, a que se caracteriza pela interferência da escola na atividade lúdica infantil.

Observamos que na instituição analisada, o momento lúdico para os alunos são brincadeiras e brinquedos, jogos e o parquinho, contemplando a faceta do livre brincar.

Ainda nesse fascículo a autora lembra que, para um jogo ser educativo, deve ser, antes de tudo, um jogo.

Ao apoiar-se em Campagne (1989), Andrade (1994) discute o papel do brinquedo no de­senvolvimento infantil e no trabalho pedagógico. Desse modo, destacam as funções do brin­quedo na vida das crianças, especialmente em instituições como as de Educação Infantil.

O brinquedo é, então, considerado um suporte do jogo que, ao ser mediador, permite que a criança teste as situações da vida real, colocando-a em seu nível e em condições seguras e controladas. O brinquedo é caracterizado como um objeto que desperta a curiosidade, exercita a inteligência, permite a invenção, a imaginação e a descoberta.

No momento que as crianças brincam com as peças de montar, a professora aproveita para recortar tarefas, ou dirige outra atividade com outros grupos de crianças, e o grupo que esta brincando com as peças de montar apenas montam, sem nenhum incentivo ou mediação.

Na hora do recreio as crianças correm sem parar em volta da escola, a coordenadora apenas observa para que não briguem ou se machuquem, a diretora coloca um som com músicas infantis que não desperta nenhum interesse nas mesmas, alguns meninos pegam carrinhos, alguns são usados como skate e se espatifam por não suportar o peso da criança.

Na sala de aula alguns brinquedos são usados como uma forma de prender a atenção da criança ou passar o tempo, tanto em sala como na recreação a criança brinca com brinquedos sem nenhuma participação do educando.

Ainda de acordo com o fascículo de Pedagogia da Infância III, o brinquedo, bem como a técnica educativa, é concebido como um terceiro elemento na relação educador-criança, isso porque ambos criam um centro de interesse comum, uma ra­zão para se estar junto, tornando a relação viável, harmoniosa e rentável do ponto de vista da aprendizagem.

Sobre o lugar do educador na relação com a criança e o brinquedo, Andrade (1996, p: 82) destacou dos dizeres de Campagne (1989):

[...] transformado em jogador ele pode se divertir também, ajudar as crianças a compreen­derem as regras, mudar o rumo do jogo, alimentar a imaginação. O brinquedo não deixa o adulto de lado: com uma discreta piscada de olhos ele o convida a se sentar no chão e se divertir na companhia da criança.

Refletindo sobre esses textos, os autores nos deixam bem claro que o brincar no espaço escolar da Educação Infantil mediado pelo professor é repleto de significados pedagógicos e tem a função de desenvolver o processo de ensino aprendizagem.

Capítulo II – Referencial Teórico

           

            As brincadeiras eram utilizadas pelos Maias, Incas, Egípcios e Romanos como meio de transmissão cultural de geração em geração entre esses povos.

            Na Europa do século XX o pensamento da época via a criança como um ser “deficiente”, um “adulto incompleto” e para tanto a ludicidade deveria ser deixada de lado, e as crianças ao invés de brincarem deveriam aprender a serem adultas. E também reinava o discurso higienista, onde os adultos viam as brincadeiras como anti-higiênicas, imorais e baderneiras.

            Em relação à construção social da infância no Brasil, a infância no Brasil é marcada inicialmente pelo regime de escravidão, com isso, as crianças eram impedidas de brincar porque eram obrigadas a trabalhar. Com o passar dos anos, e com o desenvolvimento urbano, a família tipicamente rural muda-se para a cidade, no entanto, as crianças continuam trabalhando, agora elas trabalham nas fábricas. No entanto, percebem-se em nossa cultura brincadeiras portuguesas, africanas e indígenas.

            Essas considerações fazem-se necessárias, para entendermos o pensamento dessa temática que durante muitos anos foi majoritário em nossa sociedade.

            A infância de toda criança em todas as épocas é permeada por jogos, brinquedos e brincadeiras. Aprendemos que toda criança brinca, mesmo aquelas que pensam que quando era criança que brincava, podemos concluir que a sua maneira brincava. Um exemplo, dessa ideia está contido no filme de Amélie Poulain, em linhas gerais Amélie é uma criança parisiense que foi sempre muito solitária, e passou muito tempo da sua vida pensando que não tinha brincado, mas no decorrer do filme percebemos que a sua maneira ela brincou.

            A criança tem a imaginação muito fértil o que fomenta as brincadeiras. Um pedaço de pau vira uma arma, um sabugo de milho vira uma boneca, as nuvens são animais, e assim por diante.

            Cabe destacar as contribuições de Pelosi (2000:33), que enfatiza que:

No início da vida o bebê esta aprendendo a lidar com o próprio corpo e a brincadeira tem um papel importantíssimo nesta aprendizagem, através da troca com o meio.  A brincadeira de exercício é como é chamada a primeira forma de brincadeira que aparece.  Como seu nome diz, a criança brincando exercita seus esquemas sensório-motores e os coordena cada vez melhor.

            Observamos, então que a primeira manifestação da brincadeira na vida da criança é seu próprio corpo.

            A atividade lúdica é manifestada por meio de gestos e movimentos, ou seja, o bebê mexe com as mãos, com os dedos, vira a cabeça de um lado para o outro. No estágio sensório-motor, uma das fases do desenvolvimento humano classificado por Piaget, é por meio da sensação, que a criança elabora a sua percepção de mundo.

            De acordo com Haetinger (2005:82), “desde os primeiros anos de vida, os jogos e brincadeiras são nossos mediadores na relação com as coisas do mundo. Do chocalho ao videogame, aprendemos a nos relacionar com o mundo através dos jogos e brincadeiras”.

            A relação do brincar com o desenvolvimento infantil já foi tema de publicação de autores e teorias como a Teoria do Desenvolvimento Intelectual de Piaget e a Teoria Sócio interacionista de Vygotsky, ambas com grande repercussão entre estudiosos e educadores do mundo inteiro.

            Para Piaget, o brincar é uma das atividades fundamentais da criança neste período de desenvolvimento é a brincadeira de faz-de-conta ou o jogo simbólico (Piaget,1978), no qual a criança tem acesso ao símbolo .

            Também a contribuição de Piaget, que no decorrer da sua pesquisa fundamentou-se na ideia de que a criança vai descobrindo o sentido do mundo por meio do contato com pessoas e objetos. Além disso, essa forma de brincar, ajuda a criança a ter uma interação maior com o meio na qual esta inserida, facilitando um maior amadurecimento cognitivo.

            Para Vygotsky que estudou o brincar em diferentes modalidades (como por exemplo, os jogos desportivos), mas debruçou-se de forma especial ao que chamou de jogo de papéis, “no brinquedo a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário: no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade” (VYGOTSKY apud REGO, 1998).

            Vigotski (1994:121-122) afirma que:

“Se ignorarmos as necessidades das crianças e os incentivos que são eficazes para colocá-la em ação, nunca seremos capazes de entender seu avanço de um estágio do desenvolvimento para outro, porque todo avanço está conectado com uma mudança acentuada nas motivações, tendências e incentivos”.

            Oliveira (1993), afirma que Vigotsky trabalha com o brinquedo e que para ele, o brincar é também um domínio da atividade infantil que estabelece claras relações com o desenvolvimento. A autora dá continuidade apresentando que: Comparada com a situação escolar, a situação da brincadeira parece pouco estruturada e sem uma função explícita na promoção de processos de desenvolvimento proximal na criança, tendo enorme influencia em seu desenvolvimento (OLIVEIRA, 1993, p. 65- 66).

            Já em relação à brincadeira, Teixeira e outros (2003:234) esclarecem que,

As brincadeiras são fundamentais na vida da criança, porque são nessas atividades que ela constrói seus valores, socializa-se (...), cria seu mundo, desperta vontade, adquire consciência e sai em busca do outro pela necessidade que tem de companheiros. Portanto, não permitir as brincadeiras será uma violência para o desenvolvimento harmônico das crianças.

            Sendo assim, o brincar é a principal atividade da criança, pois por meio dele, ela interage com o mundo, com os outros e com si mesma.

            Rizzi e Haydt (1987:9) em suas reflexões comentam que “o jogo tem uma função vital para o indivíduo, não só para a distensão e descarga de energia, mas principalmente como forma de assimilação da realidade”. Observando uma criança, vê claramente que o brincar é natural, e que ela não brinca apenas para passar o tempo, porque a brincadeira é a forma que ela encontra para se expressar.

            Ou seja, é muito importante que as crianças brinquem, e a não permissão ao brincar torna-se uma violência contra o desenvolvimento saudável das crianças.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998:28) relata que:

Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas mesmas, as crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que lhes são importantes e significativos.  Propiciando a brincadeira, portanto, cria-se um espaço no qual as crianças podem experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular  sobre  as  pessoas,  os  sentimentos  e  os diversos conhecimentos.

            É necessário, portanto, criar espaços físicos e pedagógicos que contemplem o brincar. Tornando o processo de ensino aprendizagem lúdico e mais prazeroso.

CAPÍTULO III – O novo olhar

            A proposta do terceiro capítulo, é que nós acadêmicos estaríamos retornando  à escola em que fizemos as observações e mantivemos conversas com os profissionais e crianças para efetivamente falarmos sobre o que vimos e vivenciamos naquele espaço em torno do lúdico e o brincar.

            Em face de todos os dados levantados através do estudo de campo. Afirmamos que o lúdico é muito importante no desenvolvimento das crianças.

[...] A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção ao algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo [...] (ALMEIDA, 1995, p.11)

            São de elementar importância que os jogos e as brincadeiras estejam presentes no processo pedagógico, porque os conteúdos podem e devem ser ensinos através de atividades lúdicas.

“O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão do mundo mais real. Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar, analisar, criticar e transformar a realidade. Se bem aplicada e compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a melhoria do ensino, quer na qualificação ou na formação crítica do educando, quer redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade” (DALLABONA, 2011, p.2)

            E, além disso, sabemos que as crianças são feitas para brincar, segundo Rosamilha (1979, p. 77):

“A criança, é antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigos”. 

  

            E concluímos que no Centro Municipal de Educação Infantil “Caminho do Saber” a ideia do lúdico não está plenamente desenvolvido. Porque em entrevista principalmente com as crianças, descobrimos que elas não veem os filmes, jogos pedagógicos que são desenvolvidos dentro da sala de aula, as histórias infantis que são contadas pelos professores, como brincadeira.  Para elas, a ideia de brincar é algo livre e sem regras.

            Perguntado ao um aluno de 03 anos se ele brinca na escola, ele respondeu “Tem hora que eu brinco”, perguntamos brinca de que “de carrinho, de fazenda, trator”, questionamos e na sala de aula você brinca? Ele enfático respondeu: “não”, continuamos, então que horas você brinca? “na hora do recreio”.

            No entanto, os professores, tem consciência da importância do lúdico e afirmam “Por meio das atividades lúdicas, as crianças se interagem, aprendem a socializar, atenção, afetividade, respeito mútuo, coletividade, dinamismo, concentração, percepção”.

            Em relação aos aspectos desenvolvidos por meio das atividades lúdicas, a equipe pedagógica, na pessoa da diretora, pontuou “que os aspectos desenvolvidos são: interação, socialização, desenvolvimento motor, desenvolvimento emocional, linguagem oral e escrita, imaginação, entre outros”.

            Mas gostaríamos de ressaltar que através de nossas observações durante todo o estágio não vimos na prática o lúdico sendo desenvolvido.

            Ao participarmos em Cuiabá, da palestra da profª. Dra. Daniela Barros da Silva Freire Andrade, e principalmente através do projeto “Bugrinho” realizado na Creche Municipal Silva Freire. O Bugrinho é o apelido de infância de Silva Freire, então o projeto foi pensado em levar a comunidade o conhecimento sobre a vida e as obras do patrono da creche e, além disso, proporcionar atividades lúdicas para as crianças que lá estudam.

            Então foi feito um bugrinho de pano, para que as crianças pudessem abraça-lo e brincar. E também são proporcionadas atividades lúdicas em torno do patrono. Levando conhecimento também para as crianças de forma prazerosa.

            Através da palestra observamos que é possível oferecer atividades lúdicas para as crianças para começar devemos pensar em oferecer atividades voltadas para o nome da instituição de ensino. É uma forma de levar conhecimento para as crianças de uma forma livre.

            E também através de toda a vivencia tida em Cuiabá na socialização do Relatório de Estágio, e diante de tudo o que nos foi mostrado através de palestras e da socialização com nossos colegas, que é essencial que as crianças brinquem e cabe a nós educadores propiciar momentos lúdicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Depois de realizada a pesquisa e analisado os dados, concluímos que o estágio e a presença de estagiários na comunidade escolar serviram para fomentar a discussão em torno da ludicidade no contexto escolar, porque é dada pouca importância para o lúdico na instituição pesquisada.

             O nosso ponto de vista sobre o resultado obtido, podemos dizer que já era algo esperado, de que o lúdico não fosse tratado com a importância devida, mas e tínhamos dúvidas sobre como isto acontecia na prática. E nossa sugestão é que o lúdico seja efetivamente implantado nessa instituição de ensino melhorando a qualidade de ensino.

[...] sem um trabalho direto de resgate com estas educadoras, e, em alguns casos, de criação de condições para que realizem atividades lúdicas e criadoras, não conseguiremos transformar estas instituições em espaço de construção de crianças criativas, autônomas e felizes e, portanto, capazes de construir um jeito novo de viver. Este trabalho supõe a construção de políticas públicas que entendam a educação no âmbito de uma política cultural, que possibilite às educadoras o acesso aos bens materiais e cultural, que possibilite às educadoras o acesso aos bens materiais e culturais produzidos pela humanidade. Neste contexto, é preciso pensar estratégias tanto de formação continuada para as educadoras de crianças pequenas, quanto de formação inicial das alunas dos cursos de magistério e de pedagogia pré-escolar, que, ao levar em consideração as pessoas que são, suas histórias de vida, seu contexto sociocultural, possibilite a recuperação do lúdico e da capacidade artística. Só assim conseguiremos recuperar nas instituições de educação infantil o lúdico e o criativo. (CERISARA, 2002, p:137)

            Concluímos então, a importância da prática do estágio para a formação do pedagogo, porque antes de sermos efetivamente pedagogos, é fundamental refletirmos sobre o lúdico e o ensinar na educação, e esse estágio nos propiciou exatamente isso. E avaliando o grupo quanto ao comprometimento, empenho, responsabilidade e concretização dos objetivos propostos, concluímos que entendemos a expectativa, porque todos os membros do grupo estavam bem comprometidos e empenhados para fazer o seu melhor no estágio. Foi de fundamental importância para nós a participação no seminário presencial e a participação nas oficinas em Cuiabá, observamos que precisamos de pouco material para oferecer brincadeiras para nossas crianças, devemos seguir a lógica delas de que qualquer objeto vira um brinquedo. E com isso, sem muito recursos podemos oferecer momentos lúdicos para as crianças, basta usarmos nossa imaginação e criatividade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995.

ANDRADE, Daniela Barros da Silva Freire. Pedagogia da Infância III: Educação e Ludicidade./ Daniela Barros da Silva Freire Andrade. Cuiabá: UAB/ EdUFMT, 2013.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: documento introdutório. Brasília, 1998.

CERISARA, B. De como o papai do Céu, o Coelhinho da Páscoa, os anjos e o papai Noel foram viver juntos no céu! In: KISHIMOTO, T. M. (Org.) O brincar e suas teorias. SP: Pioneira, 2002, 123-138.

DALLABONA, Sandra Regina; MENDES, Sueli Maria Schmitt. O lúdico na educação infantil: jogar, brincar, uma forma de educar. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG. Vol. 1 n. 4 – jan – mar/2004.

HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de didática geral. Editora Ática. São Paulo, 2006.

HAETINGER, Max. G. O universo criativo da criança na educação. 2ª edição. Instituto criar; Porto Alegre, 2005.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vigotsky Aprendizado e Desenvolvimento um Processo Sócio Histórico. São Paulo: Scipione, 1993.

PELOSI, M.S. Psicopedagogia: didática aplicada à Psicopedagogia. UFRJ/CFCH, 2000.

PIMENTA, Selma G. O Estágio na Formação de Professores. Unidade Teoria e Prática SP: Cortez, Editora. 1995.


RIZZI, Leonor; HAYDT, Regina Célia. Atividades lúdicas na educação da criança. Editora Ática; São Paulo, 1987.

ROSAMILHA, Nelson. Psicologia do jogo e aprendizagem infantil. São Paulo: Pioneira,1979.

VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 5ª edição. Martins Fontes; São Paulo, 1994.

TEIXEIRA, F.E.C (orgs.); MARTINEZ, A.M; REY, F.L.G et al. Aprendendo a aprender: guia de formação para professores das Séries Iniciais. Uniceub; Brasília, 2003.


Site do IBGE. Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?codmun=521940 Acessado em 22 de abril de 2014.

 

 

 

 

 

 

RELATÓRIO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E ENSINO/ESTÁGIO I

O LÚDICO NO ESPAÇO ESCOLAR

 

MARIA JOSÉ SOUZA CARVALHO

Primeiro Relatório de Práticas Pedagógicas e Ensino/Estágio I – O lúdico no espaço escolar,  apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso, curso de Pedagogia – Modalidade à distância, ano 2014.

SUMÁRIO

  1. INTRODUÇÃO__________________________________________________________ 4

Capítulo I - Apresentação da Escola e descrição da realidade encontrada_____________ 5

Capítulo II - Referencial Teórico______________________________________________ 8

Capítulo III - Um novo olhar_________________________________________________ 11

Considerações Finais_______________________________________________________ 14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS________________________________________ 16

ANEXOS_________________________________________________________________ 18

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

            A disciplina Práticas Pedagógicas, Ensino/ Estágio I – O Lúdico no Espaço Escolar busca oportunizar a nós acadêmicos a vivência da prática docente no intuito de contribuir para o entendimento sobre o fazer pedagógico, situações de ensino, função da escola e da profissão professor.

            Tal prática propicia analisar o processo de ensino aprendizagem, vivência pedagógica e possibilita analisar todo o contexto escolar e educativo, tendo como objeto de reflexão a dinâmica escolar do ensino infantil a partir de referenciais teóricos estudados no decorrer da disciplina. 

Em relação ao exercício da atividade docente, Selma Pimenta (1995) pontua:

“o exercício da atividade docente requer preparo. Este preparo não se esgota em um momento específico da formação, ou através de práticas específicas de ensino. Entre tanto as práticas pedagógicas e ensino contribuem e assumem significado, na medida em que cumprem o papel de compreensão do real (em suas múltiplas determinações) e que colaboram com o fazer pedagógico e de ensino, permitindo a transformação de uma dada realidade, quando necessário”.

            O município de Santa Rita do Araguaia, estado de Goiás, possui uma população de 6.924 (seis mil novecentos e vinte e quatro) habitantes, e área da unidade territorial (km²) de 1.361,768 de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

            Em relação às escolas, a cidade possui 02 escolas municipais e 01 Centro de Educação Infantil, sendo: Escola Municipal João Paula da Cruz, Escola Municipal Romão Martins de Souza e Centro de Educação Infantil Caminho do Saber. E dois colégios estaduais: Colégio Estadual Alfredo Nasser e Colégio Estadual Ivo de Morais Cajango.

            O instituto de ensino escolhido para a realização do estágio foi o Centro de Educação Infantil Caminhos do Saber. O grupo é composto pelos acadêmicos: Kátia Pedrosa de Moraes Ferreira, Maria José Souza Carvalho, Maria Madalena Cardoso Macedo Gomes e Pedro Pereira Martins.

 

Capítulo I - APRESENTAÇÃO DA ESCOLA E DESCRIÇÃO DA REALIDADE ENCONTRADA ACERCA DA PRESENÇA DO LÚDICO NO ESPAÇO ESCOLAR

O Centro Municipal de Educação Infantil “Caminho do Saber” foi fundado no dia 19 de junho do ano de 1991,através da Lei Municipal 556/91.

Funciona em tempo parcial nos turnos Matutino (07h15 às 11h15) e Vespertino (13h15 à 17h15) e conta com 09 funcionários, sendo: diretora, 02 Coordenadoras, 04 Professoras, 01 merendeira e 01faxineira.

Segundo a diretora, Geralda Rodrigues da Cruz Bandeira , “O Centro funciona com duas turmas de Pré I e Pré II, atendendo alunos com a faixa etária de 04 a 05 anos, no total de 100 alunos”.

No espaço escolar tem 02 salas de aula, 02 banheiros masculinos e 02 banheiros femininos, 01 secretaria, 01 cozinha, 01 dispensa, 01 cômodo de guardar objetos de limpeza, 01 área, pátio e parquinho.

Através de observação, afirmamos que a instituição de ensino oferece poucos brinquedos pedagógicos e jogos aos alunos, entre os brinquedos vimos: peças pedagógicas de montar, quebra-cabeça, jogo dos comandos, carrinhos, bolas e boliche. Esses brinquedos são oferecidos às crianças em sala de aula, no pátio e no parquinho.

A instituição fica localizada em um local com pouco movimento, não há barulhos ou ruídos que possam ser observados ou mesmo atrapalhar as aulas. No espaço escolar só circula funcionários e alunos, pois o portão da escola só é aberto para receber e entregar os alunos.

Ao refletir sobre as nossas observações, enfatizando a presença do lúdico na escola visitada o que se pode constatar é a ausência de uma proposta pedagógica que  incorpore o lúdico como eixo de trabalho. Realidade esta infelizmente, observada em várias escolas do país.

Através das entrevistas pudemos verificar nas respostas dos educadores, que os mesmos reconhecem a importância da brincadeira, do jogo e do brinquedo como elemento essencial no espaço educacional, mas observamos que na prática eles têm dificuldade de interligar as atividades à ludicidade. O lúdico na escola é aplicado aos alunos como cumprimento da proposta pedagógica para cumprir uma carga horária diariamente.

Levando em consideração nossas observações, percebemos que o professor não usa a ludicidade como um elemento essencial na metodologia das atividades.

A ideia de lúdico na escola ainda não está plenamente desenvolvida, os educadores veem como uma imposição e não como um aliado no processo de ensino aprendizagem. Por exemplo, o vídeo é aplicado às turmas toda semana para cumprir essa rotina, não é algo que é feito aproveitando as potencialidades dessa atividade no desenvolvimento da criança.

De acordo com o fascículo Pedagogia da Infância III, Andrade (1994), em sua discussão sobre o brincar na creche, ressalta que o jogo, em ins­tituições educativas, possui duas facetas, a do livre brincar, o jogo propriamente dito, que não conta com a interferência do adulto, e a faceta do trabalho, isto é, a que se caracteriza pela interferência da escola na atividade lúdica infantil.

Observamos que na instituição analisada, o momento lúdico para os alunos são brincadeiras e brinquedos, jogos e o parquinho, contemplando a faceta do livre brincar.

Ainda nesse fascículo a autora lembra que, para um jogo ser educativo, deve ser, antes de tudo, um jogo.

Ao apoiar-se em Campagne (1989), Andrade (1994) discute o papel do brinquedo no de­senvolvimento infantil e no trabalho pedagógico. Desse modo, destacam as funções do brin­quedo na vida das crianças, especialmente em instituições como as de Educação Infantil.

O brinquedo é, então, considerado um suporte do jogo que, ao ser mediador, permite que a criança teste as situações da vida real, colocando-a em seu nível e em condições seguras e controladas. O brinquedo é caracterizado como um objeto que desperta a curiosidade, exercita a inteligência, permite a invenção, a imaginação e a descoberta.

No momento que as crianças brincam com as peças de montar, a professora aproveita para recortar tarefas, ou dirige outra atividade com outros grupos de crianças, e o grupo que esta brincando com as peças de montar apenas montam, sem nenhum incentivo ou mediação.

Na hora do recreio as crianças correm sem parar em volta da escola, a coordenadora apenas observa para que não briguem ou se machuquem, a diretora coloca um som com músicas infantis que não desperta nenhum interesse nas mesmas, alguns meninos pegam carrinhos, alguns são usados como skate e se espatifam por não suportar o peso da criança.

Na sala de aula alguns brinquedos são usados como uma forma de prender a atenção da criança ou passar o tempo, tanto em sala como na recreação a criança brinca com brinquedos sem nenhuma participação do educando.

Ainda de acordo com o fascículo de Pedagogia da Infância III, o brinquedo, bem como a técnica educativa, é concebido como um terceiro elemento na relação educador-criança, isso porque ambos criam um centro de interesse comum, uma ra­zão para se estar junto, tornando a relação viável, harmoniosa e rentável do ponto de vista da aprendizagem.

Sobre o lugar do educador na relação com a criança e o brinquedo, Andrade (1996, p: 82) destacou dos dizeres de Campagne (1989):

[...] transformado em jogador ele pode se divertir também, ajudar as crianças a compreen­derem as regras, mudar o rumo do jogo, alimentar a imaginação. O brinquedo não deixa o adulto de lado: com uma discreta piscada de olhos ele o convida a se sentar no chão e se divertir na companhia da criança.

Refletindo sobre esses textos, os autores nos deixam bem claro que o brincar no espaço escolar da Educação Infantil mediado pelo professor é repleto de significados pedagógicos e tem a função de desenvolver o processo de ensino aprendizagem.

Capítulo II – Referencial Teórico

           

            As brincadeiras eram utilizadas pelos Maias, Incas, Egípcios e Romanos como meio de transmissão cultural de geração em geração entre esses povos.

            Na Europa do século XX o pensamento da época via a criança como um ser “deficiente”, um “adulto incompleto” e para tanto a ludicidade deveria ser deixada de lado, e as crianças ao invés de brincarem deveriam aprender a serem adultas. E também reinava o discurso higienista, onde os adultos viam as brincadeiras como anti-higiênicas, imorais e baderneiras.

            Em relação à construção social da infância no Brasil, a infância no Brasil é marcada inicialmente pelo regime de escravidão, com isso, as crianças eram impedidas de brincar porque eram obrigadas a trabalhar. Com o passar dos anos, e com o desenvolvimento urbano, a família tipicamente rural muda-se para a cidade, no entanto, as crianças continuam trabalhando, agora elas trabalham nas fábricas. No entanto, percebem-se em nossa cultura brincadeiras portuguesas, africanas e indígenas.

            Essas considerações fazem-se necessárias, para entendermos o pensamento dessa temática que durante muitos anos foi majoritário em nossa sociedade.

            A infância de toda criança em todas as épocas é permeada por jogos, brinquedos e brincadeiras. Aprendemos que toda criança brinca, mesmo aquelas que pensam que quando era criança que brincava, podemos concluir que a sua maneira brincava. Um exemplo, dessa ideia está contido no filme de Amélie Poulain, em linhas gerais Amélie é uma criança parisiense que foi sempre muito solitária, e passou muito tempo da sua vida pensando que não tinha brincado, mas no decorrer do filme percebemos que a sua maneira ela brincou.

            A criança tem a imaginação muito fértil o que fomenta as brincadeiras. Um pedaço de pau vira uma arma, um sabugo de milho vira uma boneca, as nuvens são animais, e assim por diante.

            Cabe destacar as contribuições de Pelosi (2000:33), que enfatiza que:

No início da vida o bebê esta aprendendo a lidar com o próprio corpo e a brincadeira tem um papel importantíssimo nesta aprendizagem, através da troca com o meio.  A brincadeira de exercício é como é chamada a primeira forma de brincadeira que aparece.  Como seu nome diz, a criança brincando exercita seus esquemas sensório-motores e os coordena cada vez melhor.

            Observamos, então que a primeira manifestação da brincadeira na vida da criança é seu próprio corpo.

            A atividade lúdica é manifestada por meio de gestos e movimentos, ou seja, o bebê mexe com as mãos, com os dedos, vira a cabeça de um lado para o outro. No estágio sensório-motor, uma das fases do desenvolvimento humano classificado por Piaget, é por meio da sensação, que a criança elabora a sua percepção de mundo.

            De acordo com Haetinger (2005:82), “desde os primeiros anos de vida, os jogos e brincadeiras são nossos mediadores na relação com as coisas do mundo. Do chocalho ao videogame, aprendemos a nos relacionar com o mundo através dos jogos e brincadeiras”.

            A relação do brincar com o desenvolvimento infantil já foi tema de publicação de autores e teorias como a Teoria do Desenvolvimento Intelectual de Piaget e a Teoria Sócio interacionista de Vygotsky, ambas com grande repercussão entre estudiosos e educadores do mundo inteiro.

            Para Piaget, o brincar é uma das atividades fundamentais da criança neste período de desenvolvimento é a brincadeira de faz-de-conta ou o jogo simbólico (Piaget,1978), no qual a criança tem acesso ao símbolo .

            Também a contribuição de Piaget, que no decorrer da sua pesquisa fundamentou-se na ideia de que a criança vai descobrindo o sentido do mundo por meio do contato com pessoas e objetos. Além disso, essa forma de brincar, ajuda a criança a ter uma interação maior com o meio na qual esta inserida, facilitando um maior amadurecimento cognitivo.

            Para Vygotsky que estudou o brincar em diferentes modalidades (como por exemplo, os jogos desportivos), mas debruçou-se de forma especial ao que chamou de jogo de papéis, “no brinquedo a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário: no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade” (VYGOTSKY apud REGO, 1998).

            Vigotski (1994:121-122) afirma que:

“Se ignorarmos as necessidades das crianças e os incentivos que são eficazes para colocá-la em ação, nunca seremos capazes de entender seu avanço de um estágio do desenvolvimento para outro, porque todo avanço está conectado com uma mudança acentuada nas motivações, tendências e incentivos”.

            Oliveira (1993), afirma que Vigotsky trabalha com o brinquedo e que para ele, o brincar é também um domínio da atividade infantil que estabelece claras relações com o desenvolvimento. A autora dá continuidade apresentando que: Comparada com a situação escolar, a situação da brincadeira parece pouco estruturada e sem uma função explícita na promoção de processos de desenvolvimento proximal na criança, tendo enorme influencia em seu desenvolvimento (OLIVEIRA, 1993, p. 65- 66).

            Já em relação à brincadeira, Teixeira e outros (2003:234) esclarecem que,

As brincadeiras são fundamentais na vida da criança, porque são nessas atividades que ela constrói seus valores, socializa-se (...), cria seu mundo, desperta vontade, adquire consciência e sai em busca do outro pela necessidade que tem de companheiros. Portanto, não permitir as brincadeiras será uma violência para o desenvolvimento harmônico das crianças.

            Sendo assim, o brincar é a principal atividade da criança, pois por meio dele, ela interage com o mundo, com os outros e com si mesma.

            Rizzi e Haydt (1987:9) em suas reflexões comentam que “o jogo tem uma função vital para o indivíduo, não só para a distensão e descarga de energia, mas principalmente como forma de assimilação da realidade”. Observando uma criança, vê claramente que o brincar é natural, e que ela não brinca apenas para passar o tempo, porque a brincadeira é a forma que ela encontra para se expressar.

            Ou seja, é muito importante que as crianças brinquem, e a não permissão ao brincar torna-se uma violência contra o desenvolvimento saudável das crianças.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998:28) relata que:

Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas mesmas, as crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que lhes são importantes e significativos.  Propiciando a brincadeira, portanto, cria-se um espaço no qual as crianças podem experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular  sobre  as  pessoas,  os  sentimentos  e  os diversos conhecimentos.

            É necessário, portanto, criar espaços físicos e pedagógicos que contemplem o brincar. Tornando o processo de ensino aprendizagem lúdico e mais prazeroso.

CAPÍTULO III – O novo olhar

            A proposta do terceiro capítulo, é que nós acadêmicos estaríamos retornando  à escola em que fizemos as observações e mantivemos conversas com os profissionais e crianças para efetivamente falarmos sobre o que vimos e vivenciamos naquele espaço em torno do lúdico e o brincar.

            Em face de todos os dados levantados através do estudo de campo. Afirmamos que o lúdico é muito importante no desenvolvimento das crianças.

[...] A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção ao algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo [...] (ALMEIDA, 1995, p.11)

            São de elementar importância que os jogos e as brincadeiras estejam presentes no processo pedagógico, porque os conteúdos podem e devem ser ensinos através de atividades lúdicas.

“O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão do mundo mais real. Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar, analisar, criticar e transformar a realidade. Se bem aplicada e compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a melhoria do ensino, quer na qualificação ou na formação crítica do educando, quer redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade” (DALLABONA, 2011, p.2)

            E, além disso, sabemos que as crianças são feitas para brincar, segundo Rosamilha (1979, p. 77):

“A criança, é antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigos”. 

  

            E concluímos que no Centro Municipal de Educação Infantil “Caminho do Saber” a ideia do lúdico não está plenamente desenvolvido. Porque em entrevista principalmente com as crianças, descobrimos que elas não veem os filmes, jogos pedagógicos que são desenvolvidos dentro da sala de aula, as histórias infantis que são contadas pelos professores, como brincadeira.  Para elas, a ideia de brincar é algo livre e sem regras.

            Perguntado ao um aluno de 03 anos se ele brinca na escola, ele respondeu “Tem hora que eu brinco”, perguntamos brinca de que “de carrinho, de fazenda, trator”, questionamos e na sala de aula você brinca? Ele enfático respondeu: “não”, continuamos, então que horas você brinca? “na hora do recreio”.

            No entanto, os professores, tem consciência da importância do lúdico e afirmam “Por meio das atividades lúdicas, as crianças se interagem, aprendem a socializar, atenção, afetividade, respeito mútuo, coletividade, dinamismo, concentração, percepção”.

            Em relação aos aspectos desenvolvidos por meio das atividades lúdicas, a equipe pedagógica, na pessoa da diretora, pontuou “que os aspectos desenvolvidos são: interação, socialização, desenvolvimento motor, desenvolvimento emocional, linguagem oral e escrita, imaginação, entre outros”.

            Mas gostaríamos de ressaltar que através de nossas observações durante todo o estágio não vimos na prática o lúdico sendo desenvolvido.

            Ao participarmos em Cuiabá, da palestra da profª. Dra. Daniela Barros da Silva Freire Andrade, e principalmente através do projeto “Bugrinho” realizado na Creche Municipal Silva Freire. O Bugrinho é o apelido de infância de Silva Freire, então o projeto foi pensado em levar a comunidade o conhecimento sobre a vida e as obras do patrono da creche e, além disso, proporcionar atividades lúdicas para as crianças que lá estudam.

            Então foi feito um bugrinho de pano, para que as crianças pudessem abraça-lo e brincar. E também são proporcionadas atividades lúdicas em torno do patrono. Levando conhecimento também para as crianças de forma prazerosa.

            Através da palestra observamos que é possível oferecer atividades lúdicas para as crianças para começar devemos pensar em oferecer atividades voltadas para o nome da instituição de ensino. É uma forma de levar conhecimento para as crianças de uma forma livre.

            E também através de toda a vivencia tida em Cuiabá na socialização do Relatório de Estágio, e diante de tudo o que nos foi mostrado através de palestras e da socialização com nossos colegas, que é essencial que as crianças brinquem e cabe a nós educadores propiciar momentos lúdicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Depois de realizada a pesquisa e analisado os dados, concluímos que o estágio e a presença de estagiários na comunidade escolar serviram para fomentar a discussão em torno da ludicidade no contexto escolar, porque é dada pouca importância para o lúdico na instituição pesquisada.

             O nosso ponto de vista sobre o resultado obtido, podemos dizer que já era algo esperado, de que o lúdico não fosse tratado com a importância devida, mas e tínhamos dúvidas sobre como isto acontecia na prática. E nossa sugestão é que o lúdico seja efetivamente implantado nessa instituição de ensino melhorando a qualidade de ensino.

[...] sem um trabalho direto de resgate com estas educadoras, e, em alguns casos, de criação de condições para que realizem atividades lúdicas e criadoras, não conseguiremos transformar estas instituições em espaço de construção de crianças criativas, autônomas e felizes e, portanto, capazes de construir um jeito novo de viver. Este trabalho supõe a construção de políticas públicas que entendam a educação no âmbito de uma política cultural, que possibilite às educadoras o acesso aos bens materiais e cultural, que possibilite às educadoras o acesso aos bens materiais e culturais produzidos pela humanidade. Neste contexto, é preciso pensar estratégias tanto de formação continuada para as educadoras de crianças pequenas, quanto de formação inicial das alunas dos cursos de magistério e de pedagogia pré-escolar, que, ao levar em consideração as pessoas que são, suas histórias de vida, seu contexto sociocultural, possibilite a recuperação do lúdico e da capacidade artística. Só assim conseguiremos recuperar nas instituições de educação infantil o lúdico e o criativo. (CERISARA, 2002, p:137)

            Concluímos então, a importância da prática do estágio para a formação do pedagogo, porque antes de sermos efetivamente pedagogos, é fundamental refletirmos sobre o lúdico e o ensinar na educação, e esse estágio nos propiciou exatamente isso. E avaliando o grupo quanto ao comprometimento, empenho, responsabilidade e concretização dos objetivos propostos, concluímos que entendemos a expectativa, porque todos os membros do grupo estavam bem comprometidos e empenhados para fazer o seu melhor no estágio. Foi de fundamental importância para nós a participação no seminário presencial e a participação nas oficinas em Cuiabá, observamos que precisamos de pouco material para oferecer brincadeiras para nossas crianças, devemos seguir a lógica delas de que qualquer objeto vira um brinquedo. E com isso, sem muito recursos podemos oferecer momentos lúdicos para as crianças, basta usarmos nossa imaginação e criatividade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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Site do IBGE. Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?codmun=521940 Acessado em 22 de abril de 2014.