Ao assumir aulas de Língua Portuguesa no 2o ano de Secretariado Executivo, já encontrei um programa definido com uma nova concepção de texto, gramática e conteúdos voltados para a tipologia textual e função comunicativa, ou seja, pude supor que mudanças já ocorriam no Departamento de Letras acerca do ensino da língua.

Seminários, debates, discussões, painéis e grupos de estudos constituíam a base da metodologia que deveria ser adotada. O livro básico cujos conteúdos se priorizavam era o Do texto ao texto de Ulisses Infante (1997) e cuja proposta principal era a exploração de textos diversificados como instrumento essencial de estudo. Para mim, tudo já estava devidamente encaminhado em termos de seleção e linha de aplicação dos conteúdos. Faltava apenas o conhecimento da turma para adequar planejamento e avaliações, conforme constava no programa já existente.

Combinei com os alunos os temas essenciais determinados pela ementa do curso e os adequamos às peculiaridades da turma, aos tópicos previstos no programa, de modo que o estudo minucioso dos estilos de textos e suas funções priorizados no livro adotado, permitiam explorar a interpretação e o domínio gramatical, sem abolir a análise lingüística nem a reestruturação de textos originais dos alunos pelos próprios alunos, como era minha intenção.

A experiência enfatizou três eixos básicos: a leitura (vocabulário, fatores de textualidade, contexto), análise lingüística (gramática textual) e a produção de textos (redação em processo) apesar de não estar assim definido no programa do departamento. Cada uma dessas etapas contava com a monitoria de um aluno por equipe que, por sua vez, tinha a minha supervisão, desde a distribuição dos textos contrastivos, a preparação do grupo para exposição e o acompanhamento dos seminários até a avaliação das produções em cada refacção.





Mesmo que essa experiência tenha dado certo, de acordo com o que consta nos relatórios dos alunos e na avaliação dos docentes , ela apresentou algumas falhas devido à falta de originalidade do programa: o conteúdo básico não partiu das prioridades da turma e sim do que se pensava sobre ele; a maioria das atividades foram executadas somente pelos alunos, cabendo à professora mais o papel de avaliadora. Assim, a participação nos debates tornou-se polarizada pela minoria da turma, sobrecarregando os líderes de equipes, ficando a maioria como espectadores, e eu, como coordenadora das atividades, não me senti satisfeita, exercendo apenas a função facilitadora e mediadora.

Conclui que houve interação entre os alunos, bom relacionamento na comunicação entre a professora e os alunos, além de freqüência total e assiduidade dos alunos; porém, a minha postura em relação ao conteúdo deveria ter sido mais decisiva, acrescentando ao programa muito mais do que foi explorado e também exigindo muito mais do que eu e os alunos planejamos, tendo em vista que o único desafio (o que exigiu mais esforço individual) apresentado para o nível da turma foi a elaboração de um ensaio monográfico. Enfim, se a turma já apresentava um bom aproveitamento desde o início do ano letivo, reconheço que foi falha minha não recombinar o programa, ampliando as exigências à medida que cada dificuldade ia sendo superada.

Tendo aprendido cada vez mais com os erros na execução de cada projeto de ensino, com a turma de 1999 venho realizando outras mudanças, desde o planejamento, a seleção dos temas e as propostas para as equipes, considerando primeiramente os desafios, numa tentativa de, a cada passo, apresentar mais dificuldades, visando não nivelar (por baixo) um conteúdo programático facilitado. Aprendi que a intervenção do professor no processo deve ser direcionada para ampliar gradativamente o grau de exigência, conforme as possibilidades da turma e não ser direcionada pelo programa, proposto antecipadamente, pelo risco de não fazer crescer ou de evitar que o aluno acompanhe.