UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB

PROGRAD - ASPES - PARFOR

PROGRAMA DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

 

 

 

 

PROJETO DE OFICINA ARTICULADORA

A Família na Escola: como trabalhá-la na sala de aula?

 

 

 

 

 

 

 

SAÚDE,BA

 2015

 

SUMÁRIO

 

APRESENTAÇÃO..........................................................................................................03

JUSTIFICATIVA............................................................................................................04

OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICOS......................................................................... 05

METODOLOGIA.......................................................................................................... 06

AVALIAÇÃO............................................................................................................... 06

REFERÊNCIAS............................................................................................................ 07

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

APRESENTAÇÃO

 

Família, família,

Papai, mamãe, titia,

Família, família,

Almoça junto todo dia,

Nunca perde essa mania.

Mas quando a filha quer fugir de casa

Precisa descolar um ganha-pão

Filha de família se não casa,

Papai, mamãe, não dão nenhum tostão.

Família ê

Família á.

Família.

Janta junto todo dia,

Nunca perde essa mania.

Mas quando o nenê fica doente

Procura uma farmácia de plantão

O choro do nenê é estridente

Assim não dá pra ver televisão.

Família ê,

Família á,

Família

Cachorro, gato, galinha.

Família, família,

Vive junto todo dia,

Nunca perde essa mania.

A mãe morre de medo de barata

O pai vive com medo de ladrão.

Jogaram inseticida pela casa

Botaram um cadeado no portão.

Família ê,

Família á,

Família.

 

Música – Família (WEA, 1986 – Disco “Cabeça Dinossauro” – compositores Tony Bellotto e Arnaldo Antunes; Intérprete Grupo Titãs).

 


 

A letra da música “Família” apresenta características da instituição social mais próxima da maioria de nós. Na letra da canção, observam-se cenas cotidianas de convivência, de papéis que expressam elementos de conjugalidade e parentesco de uma configuração familiar definida, a da família nuclear convencionalmente composta por papai, mamãe, filha e filho e por alguns familiares próximos: tios, tias, avô e avó.

Esta rede de relações, mediada por afetos e um tipo de moralidade, que há alguns séculos se configurou como a “família ideal”, é criticada pela música. As funções femininas e masculinas também passam pelo crivo da análise. A filha deve casar-se para constituir outra família. A mãe tem medo de barata; o pai, de ladrão. Nesses enunciados, notam-se elementos de constituição típica de gênero – masculino e feminino – formados ou construídos no decorrer dos últimos séculos. Mais especificamente, está clara a dicotomia entre o público e o privado. A mulher e o homem recebem indicativos sociais de como devem conduzir-se e se constituir como sujeitos de identidade de gênero. Cabe à mulher ser afetiva, receptiva, submissa, maternal, cuidar do lar etc.; ao homem, ser agressivo, autoritário, austero, provedor, dominar o “mundo público”, entre outros tantos predicados.

Os elementos constitutivos do cenário familiar, narrado pela letra da canção, são o alvo da análise deste projeto da Oficina articuladora: a Família na Escola: como trabalha-la na sala de aula? Nele buscamos suscitar, o fomento da discussão acerca das representações de família construídas histórica, social e culturalmente. Tendo como foco de trabalho os impactos que essas representações de família produzem nos alunos na realidade cotidiana da sala de aula.

JUSTIFICATIVA

 

“Pra mim, família quer dizer àquelas pessoas que criam

você e criam até você crescer. Nos sustentam, fazem comida,

um monte de coisas legais.”

Lara, 6 anos.

 

Falar de família atualmente é muito complexo, pois não há mais nos dias de hoje, um único modelo de família existente. A família patriarcal e /ou nuclear, onde o pai era mantenedor da casa e a mãe era quem cuidava dos filhos e zelava pela harmonia do lar já não é mais a realidade hegemônica. O que se vê, cada vez mais, é a profusão de novos arranjos familiares.

As crianças de antigamente também parecem diferir das crianças de hoje. Antes as crianças tinham outra educação; tinham uma educação mais rigorosa, na qual o respeito pelos pais, pelos mais velhos, era o que prevalecia; as crianças eram educadas para obedecer, seja aos pais, seja aos professores, em fim, eram disciplinadas. Já as crianças de hoje, não são mais educadas como antes, seja pela correria dos pais por causa da jornada de trabalho, seja pela grande interferência dos novos meios de comunicação social que lhe incutem valores com muito mais rapidez que a escola e/ou a família, como por exemplo: a mídia, os diversos recursos tecnológicos, a Internet, etc.

Philippe Áries em, A criança e a vida familiar no Antigo Regime, demonstrou que a ideia de infância é uma construção social e histórica do Ocidente. Ela não existiu desde sempre. O que hoje entendemos por infância foi sendo elaborado ao longo do tempo na Europa, simultaneamente com mudanças na composição familiar, nas noções de maternidade e paternidade, e no cotidiano e na vida das crianças, inclusive por sua institucionalização pela educação escolar.

A emergência e consolidação do conceito de infância; as transformações recentes dos arranjos familiares; e a responsabilidade, cada vez maior, que a escola passou a ter no papel de formação social, vem acarretando uma grande crise de excessos de responsabilidades e cobranças. Professores, coordenadores e professores não cessam de reclamar da ausência da família no acompanhamento do processo de aprendizagem de seus filhos. Por outro lado, famílias não cessam também de reclamar sobre a baixa qualidade da formação oferecida a seus filhos.

Neste beco aparentemente sem saída, como pode a escola repensar seu discurso sobre si mesma e sua relação com a família? O que falar dessa família no cotidiano escolar?

 Acreditamos que professores no seu cotidiano escolar, não resolverão a crise que perpassa todo o sistema formativo social (seja da família, seja da escola), mas podem contribuir através da investigação de novas experiências pedagógicas, como esta Oficina Articuladora, para suscitar reflexões, que fomentem nas futuras gerações que continuamente perpassam seus corredores, um comportamento mais crítico e consciente sobre as instituições que diretamente atuam na sua formação social: a família e a própria escola.

OBJETIVO GERAL

 

Sensibilizar nas crianças o entendimento de que a organização familiar é uma construção cultural, histórica e em permanente transformação. Além de estimular a reflexão sobre a necessidade do respeito às diferenças de gênero (papéis de masculino e feminino) na sociedade atual.

 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 

1. Conhecer as representações trazidas pelas crianças do conceito de família.

2. Descontruir o conceito de organização familiar patriarcal e/ou burguesa como modelos ideias de organização familiar.

3. Instigar na criança o respeito à pluralidade de organizações familiares e não de mera “tolerância”.

4. Problematizar as representações de feminino e masculino desiguais que são incutidas nas crianças.

5. Criar situações de vivência para o exercício de respeito às diferenças de gênero.

METODOLOGIA

 

A prática de atividade-meio baseia-se na Metodologia de Projetos, segundo a qual os Professores-alunos responsáveis por esse momento deverão desenvolver atividades de ensino e aprendizagem focadas no lúdico. Com esse método, pretende-se garantir o respeito às características de cada contexto educativo e às diferenças individuais das crianças nesse horário tão peculiar no qual o Cuidar e o Educar se complementam.

A oficina deve ser dinâmica, prazerosa e envolvente, com atividades que contemplem dos mais tímidos aos mais falantes. As estratégias podem atender aos seguintes passos:

  1. Apresentação do grupo e do tema.
  2. Sensibilização.
  1. Provocação: a problematização como ponto de partida
  1. Atividades do grupo – Produção.

v  Reflexão em lugar da memorização pura e simples.

v  Ênfase ao trabalho em grupos.

  1. Apresentação das atividades
  2. Comentários
  3. Síntese / Avaliação

AVALIAÇÃO

Momento crucial para os professores-alunos perceberem se a Oficina atendeu ou não aos objetivos planejados. Além de essencial para saber como os alunos vivenciaram a experiência da Oficina. Deve constar dos seguintes passos:

v  Ficha avaliativa com os participantes da Oficina.

v  Avaliação dos professores-alunos do acompanhamento dos professores-pesquisadores.

v  Avaliação dos professores-pesquisadores do desenvolvimento da Oficina.

v  Construção pelos professores-pesquisadores de um relatório final sobre a Oficina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.

GÉLIS, J. Individualização da criança. In ARIÈS, P; DUBY, G. A história da vida privada. 3ª. Reimpressão. São Paulo: Cia das Letras, 1993.

PERARO, Maria Adenir; BORGES, Fernando Tadeu de Miranda (orgs.). Mulheres e famílias no Brasil. Cuiabá, MT: Carlini & Caniatto, 2005.

DEL PRIORE, Mary (org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 1999.

________________________. A família no Brasil colonial. 4ª. Impressão. São Paulo: Moderna, 2005.

DORNELLES, Leni Vieira. Infâncias que nos escapam. Da criança na rua à criança cyber. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

GALANO, Mônica Haydée. Família e história: a história da família. In CERVENY, Ceneide Maria de Oliveira (org.). Família e... São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.

GONDRA, José Gonçalves (org.). História, infância e escolarização. Rio de Janeiro: 7Letras, 2002.

KULMANN Jr., Moisés; FERNANDES, Rogério. Sobre a história da infância. In FARIA FILHO, Luciano Mendes (org.). A infância e sua educação. Materiais, prática e representações (Portugal e Brasil). Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

LOURO, Guacira Lopes. Pedagogias da sexualidade. In _____. Currículo, gênero e sexualidade. Porto, PT: Porto Editora, 2000.

PEREIRA, Rita Marisa Ribes. Tudo ao mesmo tempo agora: considerações sobre a infância no presente. In FARIA FILHO, Luciano Mendes de (org.). A infância e sua educação. Materiais, prática e representações (Portugal e Brasil). Belo Horizonte: Autêntica, 2004.