1. 1.      Práticas de Ensino: Como é, e como deveria ser.

 Ivanilda da Silva Cunha

Graduanda Pedagogia - UERJ/CEDERJ

    Temos uma máxima que corre de boca em boca que diz: “Na prática a teoria é outra.” E com o tempo, com as muitas tentativas frustradas, me parece que todos acabam acreditando mesmo nisso. E então, diz que se na teoria tudo é muito lindo, mas não funciona na prática. Vemos essas afirmações, entre nossos colegas de estudos, mesmo aqueles que não estão vivendo a realidade escolar como docentes, ou docentes auxiliares. Há muitos que reclamam que a própria vivência universitária se contradiz, principalmente no sistema EAD, pois, os profissionais que elaboram as provas, não nos conhecem, não sabem a realidade de cada um de nós, logo , as tão difundidas ideias de provas contextualizadas, que prezem o conhecimento do aluno ficam apenas a cargo da nossa futura prática docente. Então como ter uma prática para a transformação, se vivenciamos uma prática de manutenção do status quo?

Em  filosofia da Educação, fica muito evidente, que o objetivo da formação do professor, busca uma prática autônoma, não alienada, que traga mudanças reais para a sociedade que nos cerca. Então ronda o nosso pensamento, como uma pulga atrás da orelha, a pergunta: “como fazer?”

   Maurílio Lima Júnior e Siomara Borba, ressaltam que: “[...] a formação docente, mais do que transmitir teorias, técnicas e métodos pedagógicos , compreende o exercício da autonomia.” (LIMA JUNIOR, e BORBA, 2010,P. 32); mas só exerce autonomia quem encontra oportunidade de exercitá-la. Ninguém se torna autônomo de uma hora para outra. Isso exige a aquisição de um pilar da educação que é aprender a aprender, e porque não aprender a ser , a ter e conviver. É sabendo quem somos, o que temos, e o que podemos, é que conseguimos superar as concepções opressoras educacionais que vivenciamos, ou mesmo praticamos, antes de conseguirmos nos libertar. Paulo Freire diz que a educação é libertadora, em seu livro Pedagogia do     Oprimido, ele nos leva a pensar sobre o reconhecer que somos oprimidos , e com isso possibilitar uma “luta” pela libertação: “É que, se os homens são esses seres da busca e se sua vocação ontológica é humanizar-se, podem, cedo ou tarde , perceber a contradição em que a “educação bancária” pretende mantê-los e engajar-se na luta por sua libertação.”(FREIRE, 1987,p.35)

   É essa luta que um professor deve fomentar nos discentes, uma luta pela (trans) formação.  É sair da zona de acomodação, e partir em busca do novo, para que as melhorias tão sonhadas, tornem-se uma realidade para nós. É “encarar” as novas tecnologias, se não conhecemos que passemos então a conhecer, celulares, computadores, tabletes, etc. É possibilitar uma flexibilização do tempo e espaço, mudar para melhorar. Por que todas as atividades tem que acontecer só na sala de aula, com cada coisa no seu tempo? Por que não ouvir os discentes? Então vão surgindo assim os muitos porquês.

    O aporte teórico nós temos, e chegamos à escola, cheios de entusiasmo e vontade de fazer diferente, com nossos pensamentos regados por educadores, sociólogos, pensadores, todos com uma posição crítica em relação ao sistema, e uma possibilidade de melhorá-lo. E de repente, nos sentimos impotentes. Engessados. Sufocados. E toda concepção que tínhamos se esvai. Mas por quê? Faltou determinação, ou a prática de ensino que deveria proporcionar a articulação entre a teoria e prática foram insuficientes?  Mas se foi insuficiente, de quem é a responsabilidade? Dos discentes, que devem exercer sua autonomia, e buscar essa articulação da teoria com a prática; dos docentes, que devem fomentar com maior intensidade a necessidade desta, uma vez que a próprio estágio pode fornecer esta articulação? Vamos deixar esses questionamentos sem respostas prontas, permitindo assim uma reflexão interna, pessoal, sem a influência de algo estagnado, afinal de contas, a educação deve ser como um rio, as águas devem sempre correr. Por mais que as águas fluam numa direção única, o rio sempre será rio, porém com águas novas. Assim devemos pensar a educação, sempre será educação, mas deve ter águas novas correndo em seus leitos.

Referências Bibliográficas

LIMA JÚNIOR, M.; BORBA, S.Filosofia e Educação. 2.ed. Rio de Janeiro:Fundação CECIERJ,2010. P.32

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido.17ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1987. P. 35

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia- Saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra, 1996. P. 31,52