Uniasselvi – Fameblu – Faculdade Metropolitana de Blumenau

Blumenau, 30 de novembro de 2014.

Autores:          Helen Mary Faust


 

Pesquisas Qualitativas na Educação

 

RESUMO

    A pesquisa qualitativa visa à exploração de opiniões dos entrevistados, e serve para estimulá-los a pensarem livremente sobre algum assunto, objeto ou conceito. Apresenta aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas de maneira mais espontânea. Serve para buscar percepções e entendimento geral sobre uma determinada questão, abrindo espaço para a interpretação e opinião, sem julgar se certo ou errado, dos entrevistados.


Palavras Chave:  Opiniões; pesquisas; entrevistas; abordagens; investigações.

INTRODUÇÃO

     Com o passar dos anos, as pesquisas ganharam mais valor, e reconhecimento, principalmente a pesquisa quantitativa, que muito se vê não só na Antropologia e Sociologia, mas também na Psicologia, Educação e Administração de Empresas. E quanto a expressão "pesquisa qualitativa" entende-se por um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que por sua vez ajudam-nos a descobrir coisas complexas, ou seja, tem por objetivo traduzir, expressar e compreender os fenómenos do mundo social. Vê-se que os estudos qualitativos são feitos nos locais de origem dos dados, por isso esta pesquisa requer muito mais dedicação e aprofundamento do pesquisador em relação ao objeto a ser estudado, pois procuram seguir, de um modo rigoroso, um plano previamente estabelecido, enumerando os dados e usando-os para as estatísticas de análise dos mesmos. Seu foco de interesse é amplo e o ponto de partida é distinto.


1. Pesquisas Qualitativas na Educação

    Para o autor, não existe uma pretensão que sugere a verdade para o campo da pesquisa em educação. O que representaria a busca por uma posição apropriada e não sujeita a qualquer tipo de revisão crítica, mas justamente, para reforçar a possibilidade de existência das diferentes abordagens pelo procedimento comunicativo, revertendo assim diversos problemas ocasionados pela divisão das investigações. É uma proposta que se coloca como uma importante alternativa, para reverter à situação de análise das perspectivas teóricas, em favor de um empenho do discurso intersubjetivo no tratamento de problemas. Até porque o ponto de vista adotado sobre as pesquisas qualitativas é a defesa de seu caráter inevitavelmente posicionado, dada à abolição da neutralidade positivista, o que não significa compactuar com o comportamento dogmático.
    Acredita-se, assim, que a arte de interpretar renovada, propõe sobre o ponto de vista da racionalidade comunicativa, contribuir para exclarecer os limites e possibilidade dos elementos, que dão base aos fundamentos epistemológicos e ontológicos de cada abordagem. A partir de um horizonte comum, como lugar de fala ou possibilidade de aproximação das diversas abordagens teóricas, é possível superar as contrariedades das discussões que acabam criando mais um clima de animosidade do que de concertamento. Na medida em que se compreendem as abordagens qualitativas para além dos seus detalhamentos, portanto, a partir dos enfoques fundamentadores, pode-se fazer a sua associação com o mundo da vida, ultrapassando desse modo à compreensão negativa que poderia provocar a sua relação equivocada com o senso comum.

     A direção errada das pesquisas qualitativas na educação, surge como um dos fatores mais importantes, com os  quais são transformadas várias vezes em um palco de batalhas autodestrutivas do que necessariamente num ambiente de saudável convívio democrático e bom para todos.
    Com a ampliação de várias perspectivas de tratamento da pesquisa educacional, não há a necessidade de um aprofundamento teórico. Entretanto, existe uma desconfiança no ambiente acadêmico, de que a pesquisa qualitativa contribua para que a educação empobreça, devido à falta de "rigorosidade" nas pesquisas/investigações.
    "Muitos estudos ditos qualitativos não assam de relatos impressionistas e superficiais que pouco contribuem para a construção do conhecimento e/ou a mudança de práticas  correntes". Alves-Mazzotti (1991, p. 54).
    No ponto de vista de outros autores, como Brito e Leonardo (2001, p. 11), nos ensinam "que o seu desenvolvimento fora do paradigma hegemônico tenha provocado nessas pesquisas um "sofrimento por sua precocidade". Seguindo assim o pensamento sobre o Recuo das Teorias, Moraes (2001) alerta para a informação onde diz que a educação vive o momento de recessão; Enquanto isso Mazzotti e Oliveira (2000) dizem que isso tudo se trata de uma "debandada epistemológica". Mas o que eles querem expressar com tudo isso, todos esses escritores e pesquisadores, é que a falta de educação vive um consenso em torno de um paradigma e uma crise de identidade, pois são tantas as informações que já não se sabem o que é verdade ou não.


1.1 Racionalidade Comunicativa X Senso comum

    O conceito de senso comum, na linha do que propõe Boaventura de Souza e Santos (1989, p34), quando argumenta que a ciência moderna se institui contra o senso comum, porque o considerava como algo enganoso. Porém essa posição não é compartilhada pelas ciências humanas, pois nem todas elas romperam com o senso comum. Mesmo as que promoveram a primeira ruptura dos estudos relativos à origem da natureza e limites do conhecimento não são da mesma opinião, e algumas consideram a sua positividade e outras a sua negatividade.
    A redução do senso comum foi operada pela ciência moderna, a qual se construiu contra o senso comum que o considera superficial e enganoso (Santos, 2006). Não é certo afirmar que o senso comum deva ser abandonado e muito menos esconder o seu caráter conservador. Porém, mais do que isso acredita-se que ele é também um horizonte de sentido, sendo então necessário oportunizar a ampliação da sua "dimensão utópica e libertadora [...] através do dialogo com o conhecimento cientifico" (idem, p.99). Dado então que a sua aproximação com o senso comum não as tornaria improdutivas, antes pelo contrário, serve de apoio, como uma reserva de energias que enriquece o seu acontecer, entende-se que as pesquisas qualitativas parecem não estar realizando esse diálogo adequadamente.
    O senso comum é um conjunto de crença aceitas como verdadeira em determinado meio social, mas cujos membros acreditam que tais supostas verdades são compartilhadas por todas as pessoas.
    Tem como suas principais características: o caráter ilusório – não há a preocupação de procurar erros, se contenta com as aparências; o caráter coletivo – o saber é dividido pelos membros de uma comunidade, permitindo que os indivíduos possam cooperar nas tarefas essenciais à vida social; o caráter subjetivo – não é objetivo: cada indivíduo vê o mundo à sua maneira, formando as suas opiniões, sem a preocupação de testá-las ou de fundamentá-las; o caráter superficial - não aprofunda o seu conhecimento da realidade, fica-se pela superfície, não procurando descobrir as causas dos acontecimentos, ou seja, a sua razão de ser;
    A racionalidade comunicativa, juntamente com sua aproximação com o senso comum não a torna improdutivas, mas sim, serve-lhe de ajuda para enriquecer o trabalho, e assim observa-se que as pesquisas qualitativas parecem não realizar adequadamente esse diálogo.
    Em busca de respostas a essas questões de que as pesquisas qualitativas em educação não se desenvolvem de forma coerente com os seus objetivos, há necessidade de um conhecimento mais aprofundado de seus objetivos, a partir de um estudo da racionalidade comunicativa, segundo Devechi: "tendo em vista a possibilidade de lidar com problemas a partir da comunicação entre os pesquisadores das diferentes perspectivas teóricas" (Devechi, 2008, p. 186), ou seja, não é pretensiosa a idéia de sugerir uma verdade para o campo da pesquisa em educação, o que representa uma aspiração por uma posição indubitável e não sujeita a qualquer tipo de revisão crítica, mas justamente reforçar a possibilidade de diferentes abordagens pelo procedimento comunicativo, revertendo assim diversos problemas ocasionados pela fragmentação das investigações.
     Acredita-se que, assim a hermenêutica reconstrutiva que foi proposta do ponto de vista da racionalidade comunicativa pode contribuir para mostrar os limites e a possibilidade dos elementos que dão base aos fundamentos epistemológicos e ontológicos de cada abordagem.
    Com os estudos, compreende-se as abordagens qualitativas, que, além dos seus detalhamentos, tem-se os enfoques fundamentadores, onde pode-se fazer a sua associação com o mundo da vida, ultrapassando desse modo a compreensão negativa que poderia provocar a sua relação equivocada com o senso comum.

    As abordagens qualitativas têm importância para a educação na medida em que mostram a insuficiência das abordagens quantitativas no sentido puro e que o domínio do objetivo é, desde sempre, dependente de incorporação da subjetividade ou de acordo intersubjetivo, sendo esses elementos historicamente modificáveis.
     Estas pesquisas propõem o transporte dos princípios e regularidades das ciências da natureza para o interior das ciências humanas, além disso, preconizam que o tipo de conhecimento correto é o conhecimento cientifico provado, desmerecendo qualquer outro tipo de conhecimento como anticientífico, Cândido Moraes (1997, p.79) constata, que "cada ciência passou então a criar sua própria metodologia com base nesse referencial", Resumidamente as principais características do modo empírico-quantitativo são: busca os fatos ou as causas, prestando pouca atenção aos estudos subjetivos ou interativos; é o objetivo, excluindo valores, orientando a comprovação; é reducionista, inferencial, hipotética e dedutiva; almeja resultados que podem ser generalizados, utilizando metodologia estática; é fragmentado, aleatório e não leva em consideração o contexto; em síntese é considerado um método escondido atrás de dados metodologicamente exatos.
     Tendo em vista o assunto deste trabalho sobre as pesquisas Qualitativas, primeiramente necessita-se do saber,  pode-se afirmar: a pesquisa qualitativa nada mais é do que uma pesquisa de caráter exploratório, onde tem a função de estimula os entrevistados a pensarem de forma espontânea sobre algum assunto determinado pelo pesquisador. Nesta pesquisa podem-se observar aspectos subjetivos que atinge a motivação não explícita, conscientes ou inconscientes, de maneira espontânea. É usada quando se quer percepções e opiniões sobre a natureza geral de um assunto, abrindo espaço para a interpretação e entendimento de todos.
     É uma pesquisa indutiva, ou seja, o pesquisador desenvolve conceitos, idéias e entendimentos a partir das informações encontradas em sua pesquisa de campo, ao invés de apenas coletar dados em fontes como internet, livros, bibliotecas, etc., para comprovar as teorias, hipóteses e modelos já existentes.
     Este tipo de pesquisa, por vezes, pode ser compreendido como contrária à pesquisa quantitativa, ou seja, considera-se que o conceito de quantidade e qualidade nem sempre são totalmente associados ou dissociados, tendo em vista que se de um lado a quantidade é uma interpretação, uma tradução, um significado atribuído a uma grandeza com que um fenômeno se manifesta, e de outro lado ela precisa ser interpretada qualitativamente, pois, sem relação a algum referencial, não tem significação em si.
       Para aprofundar-se mais em nosso tema sobre as pesquisas qualitativas em educação, sabe-se que não pode ser dependente das inspirações intuitivas e espontâneas, pois devem necessariamente apreender um caminho metodológico que garanta a legitimidade de todo o processo. Essa é a real importância do saber para que haja a escolha correta do tipo de pesquisa, dos métodos e dos instrumentos ou técnicas de pesquisas, porém também é necessário apreender uma concepção teórica que forneça uma visão de conhecimento, de história, de homem e de mundo.
      Alves-Mazzotti (1991, p. 54) diz que "o pesquisador qualitativo precisa planejar seu estudo de modo a obter credibilidade, transferibilidade, consistência e confirmabilidade", isso tudo quando se trata de pesquisa qualitativa, no entanto, acredita-se que o problema maior esteja na dificuldade de compreensão do que realmente é a pesquisa qualitativa em sua teoria mais ampla.
     A proposta deste artigo é ampliar o leque da reflexão sobre as pesquisas qualitativas a educação, em seus diferentes desdobramentos. Em meio a um distanciamento crescente das perspectivas teóricas no tratamento dos problemas educacionais, essa sugestão se coloca como alternativo para assegurar, na diversidade de abordagens, o aprimoramento teórico-método necessário a uma educação bem sucedida. Ela poderia contribuir desse modo, para instaurar, num ambiente sobrecarregado de conflitos, o giro em direção à busca de determinados acordos ou consensos, como ocorreu, por exemplo, quando da incorporação do quantitativo. É isso que possibilita a superação de posturas epistemológicas e ou políticas reducionistas ou marcadamente divergentes, que as distanciam de uma visão normativa enquanto a aproximam do status quão instituído.
     tendo como sua principal característica a interpretação. Nesse sentido, há um interesse em interpretar a situação em estudo sob o olhar dos próprios participantes; A subjetividade é enfatizada. Assim, o foco de interesse é a perspectiva dos informantes; A flexibilidade na conduta do estudo. Não há uma definição a priorizada para as situações; O interesse é no processo e não no resultado. Segue-se uma orientação que objetiva entender a situação em análise; O contexto como intimamente ligado ao comportamento das pessoas na formação da experiência; O reconhecimento de que há uma influência da pesquisa sobre a situação, admitindo-se que o pesquisador também sofre influência da situação de pesquisa.

 


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

    Conclui-se que as pesquisas qualitativas são essenciais para a educação. É de suma importância o conhecimento e a utilização adequada das suas abordagens, com base na análise de suas configurações, ensinando a dimensão entre o sujeito e o objeto, as concepções do mundo a que nos cerca, podendo, assim, auxiliar no processo de recuperação da sua credibilidade e confiabilidade na educação. E com essa evolução do saber a investigação atenciosa de dados reais, sem correr o risco da redução ao objetivismo ou ao subjetivismo, pois ambos são elementos necessários às práticas de pesquisa bem-sucedidas.
    A grande procura de tratamento das questões da educação, a partir do universo da linguagem, da comunicação ou da busca do entendimento mútuo é própria do "senso comum esclarecido". Nesse sentido, a critica em relação a abordagens que tendem a valorizar o esforço no sentido contrário, relativa e a absolutamente incongruência entre os diversos discursos, torna-se uma alternativa para uma educação bem-sucedida.

  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 

REVISTA Brasileira de Educação. Rio de Janeiro - RJ, 2010. Apresenta: Sobre a proximidade do senso comum das pesquisas qualitativas em educação: positividade ou simples decadência? Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782010000100010> Acesso em: 29 out. 2014.

PORTAL da Educação. Apresenta principais características da pesquisa qualitativa. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/38229/principais-caracteristicas-da-pesquisa-qualitativa#ixzz3HYfKkVq0> Acesso em 29 out.2014.

CARDOSO, José Miguel. Pesquisa qualitativa: características, usos e possibilidades. Pastoral Gadget, São Paulo, 8 nov, 2010. Disponível em: <http://pastoral-gadget.blogspot.com.br/2010/11/pesquisa-qualitativa-caracteristicas.html> Acesso em 29 out.2014.

LUDKE, Menga; André, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2003. Disponível em: <http://www.lite.fe.unicamp.br/papet/2003/ep145/pesq.htm> Acesso em 29 out.2014

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DOM BOSCO. Apresenta Superando o senso comum. Disponível em <https://docs.google.com/presentation/d/1OkQzgwlXmp6Ab6rcocCUgn07T1LRuJyFlDVAAoTvJZ0/edit?pli=1#slide=id.p14> Acesso em 11 nov.1014.

TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.