Perspectivas de Ensino de Turismo em Moçambique 

Por: Fidélio Vicente Alfredo[1] [email protected],br 

RESUMO 

Este artigo apresenta um estudo sobre Perspectivas de Ensino de Turismo em Moçambique, Tal estudo visa compreender as perspectivas e desafios do ensino do turismo em Moçambique  com vista a incluir  nos programas de ensino conteúdos relacionados com o turismo, Sob ponto de vista metodológico o trabalho é uma pesquisa explicativa com uma abordagem de carácter explicativo. Na qual foram usadas algumas obras referentes ao tema em estudocompreender as perspectivas e desafios do ensino do turismo em Moçambique  com vista a incluir  nos programas de ensino conteúdos relacionados com o turismo, Sob ponto de vista metodológico o trabalho é uma pesquisa explicativa com uma abordagem de carácter explicativo. Na qual foram usadas algumas obras referentes ao tema em estudo é parte integrante de uma série de trabalhos de pesquisa que o autor tem vindo a desenvolver na área de educação, concretamente no ensino da disciplina de Turismo.

Dessa forma, entende-se que este é um campo aberto para férteis discussões que devem ser fomentadas a partir dos estudos sobre a aprendizagem.

Assim, ressalta-se que o trabalho que aqui se apresenta não tem a pretensão de ser conclusivo, mas pretende, essencialmente compreender as perspectivas e desafios do ensino do turismo em Moçambique com vista a incluir nos programas de ensino conteúdos relacionados com o turismo, Sob ponto de vista metodológico o trabalho é uma pesquisa explicativa com uma abordagem de carácter explicativo. Na qual foram usadas algumas obras referentes ao tema em estudo                                                                                      

Palavras-Chave: turismo, currículo, educação 

Introdução

O turismo é uma área recente em Moçambique que tanto precisa-se ainda de compreender a sua dinâmica entre os vários sectores socioeconómicos com as quais se correlaciona. No seu desenrolar, significa de um lado o deslocamento de indivíduos, transformação e consumo do espaço, geração de riqueza e do outro lado, a degradação do meio geográfico devido a sua prática, entre outras consequências que dele podem resultar. Para fazer face as situações adversas acima referidas é prioritária a formação de recursos humanos que directa ou indirectamente poderão gerir os bens e os males da dinâmica turística, sendo assim a a inclusão do turismo nos currículos escolares e tanto como a formação de professores é também uma forma pertinente para o turismo em Moçambique. No entanto, o turismo coloca desafios e perspectivas no âmbito do seu estudo, assunto que abordar-se-á com mais clareza ao longo do desenvolvimento pois 

 Desafios e Perspectivas do Ensino do Turismo em Moçambique

Para Silva (2002) apud SENGULANE et all (2006:23), Uma actividade turística mais ou menos intensa marcou o passado moçambicano, mais precisamente nas últimas décadas do período colonial. Dados disponíveis indicam um fluxo médio anual de 200.000 entradas anuais entre 1962 e 1971, em proveniência sobretudo dos países vizinhos nomeadamente África do Sul e Rodésia do Sul. Depois da independência nacional, em 1975, a orientação política do governo estabelecido inibiu o desenvolvimento do turismo. O turismo era então, visto como uma actividade de elite, o que se opunha aos princípios ideológicos, pois ele representava um risco de “poluição capitalista”. A estas mudanças se juntam os efeitos duma guerra desencadeada alguns anos após a independência, tendo provocado a destruição de várias infra-estruturas turísticas. A partir de finais da década 1980, com a abertura do país ao mercado global, entra-se numa nova era do turismo que, a partir de então, se vem tornando num elemento preponderante na política de desenvolvimento de Moçambique.

O “ressurgimento” desta actividade, foi um processo sem organização nem intervenção das autoridades oficiais. 

Para Silva (2002) apud SENGULANE et all (2006:24-25), De acordo com os discursos governamentais, o turismo deverá permitir uma melhoria do bem-estar da população do país em geral e sobretudo da população dos espaços locais em causa.

Para tal os desafios do ensino do turismo em Moçambique são: 

  • Implantação da actividade turística em Moçambique. Pois, se em 1995, o nível de frequência turística em Moçambique, era estimada em cerca de 160 000 turistas, dois anos depois registou perto de 300 000 entradas (INE, 1999) e, em 2001, 400 000 (MITUR, 2002). No mesmo período, a capacidade de alojamento passou de 7500 a 8500 para alcançar 12.215 camas em 2001 (MITUR, 2002). Ou seja, em cerca de seis anos, o número de turistas quase triplicou, enquanto que a capacidade de acolhimento aumentou, cada ano, em média 759 camas. Assim, parece legítimo interrogar se a população local tem tempo de adaptar-se e o turismo de se inserir na sociedade local. Com efeito, as informações disponíveis relatam situações de conflito entre os diferentes actores do turismo em Moçambique: as populações locais, os operadores turísticos, os turistas, o que pode ser revelador do grau de “coordenação” entre esses actores e do nível de aceitação/rejeição desta actividade pelas populações locais. Ademais, populações de determinados espaços consideram o turismo como uma actividade “estranha” imposta de fora, que “não lhes diz respeito”, ou simplesmente que é uma “actividade dos boers3 ”.

 

  • Pretende-se com o facto de se tratar de um desenvolvimento quase inteiramente dependente do exterior, tanto em termos de investimentos como de turistas. Com efeito o turismo em Moçambique sobrevive graças ao investimento externo. Ora, considerando este facto e o de se tratar de uma actividade, antes de mais nada, para atrair turistas estrangeiros, o turismo não estará a contribuir para provocar o aprofundamento da dependência em relação ao exterior? Trata-se de um meio para promover um verdadeiro desenvolvimento sustentável? Neste ponto convém acrescentar que em Moçambique o turismo é essencialmente de proximidade, tendo como principal país emissor de turistas, a África do Sul. Trata-se, portanto de um turismo “Sul – Sul”, pois as relações dominantes estabelecem-se entre países do chamado “Sul”. Com efeito, por enquanto, se bem que se estejam a desenvolver esforços com vista ao alargamento do Mercado, os espaços de emissão ficam confinados sobretudo aos países vizinhos e a Portugal.

 

  • O terceiro ponto que proponho, resulta das desigualdades promovidas por esta actividade: a) o turismo é uma prática restrita a uma pequena parcela da população, que dispõe de renda excedente para despender em actividades de lazer; b) a actividade turística concentra-se em certos espaços do país, contribuindo para o agravamento dos desequilíbrios espaciais, já bem presentes; c) o turismo faz coabitar lado a lado sociedades com “velocidades” diferentes.

 

  • A última questão diz respeito ao tratamento de matérias sobre o turismo na Geografia Escolar. Sem ignorarmos a importância dos temas actualmente tratados em Geografia, podemos ressaltar que, hoje, o turismo, pelo ritmo de expansão que atinge e aos impactos socioeconómicos que apresenta reivindica, sem dúvida, uma atenção especial na Geografia Escolar. Tanto mais, que acreditamos que, para que o turismo seja uma actividade aceite localmente como as outras actividades “tradicionais”, ele deve ser incluído nos programas escolares. Isto permitirá, acreditamos, uma melhor percepção dos lugares de recepção de turistas e poderá contribuir para que as relações locais com esta “novidade” sejam melhoradas, ao mesmo tempo que esta ajudará a valorizar os recursos locais. Assim sugerimos alguns eixos temáticos que, provavelmente tenham melhores resultados em lugares onde a actividade turística esteja implantada ou em processo de implantação: os espaços turísticos em Moçambique, o turismo e as transformações na paisagem; o turismo e a economia local e nacional, o turismo e seu impacto social, cultural e ambiental.

 

E como perspectiva para o ensino do turismo em Moçambique, na óptica de AVENA (2006:196), surgem as seguintes perspectivas a saber:

  • A educação do turismo, perspectiva no desenvolvimento intelectual da pessoa por meio de literatura específica, conhecimento de outras línguas, informática e um vasto conhecimento em outras culturas;
  • Assegurar o desenvolvimento equitativo, equilibrado, e complementar da indústria do turismo a nível regional;
  • Contribui para o desenvolvimento dos recursos humanos da região, através de criação de emprego e desenvolvimento, especialização em todos os níveis do sector da indústria turística.

 

 

Analise os Programas de Ensino e os Conteúdos Relacionados com o Ensino do Turismo

O turismo é uma actividade recente nosso país com uma importância económica e social, constituindo uns dos pilares para o desenvolvimento. Sendo assim esta actividade esta inclusa nos currículos escolares de modo a criar a capacitação da nossa sociedade.

No ensino secundário geral o turismo é leccionado na 9, 10 e 12a classes obedecendo a seguinte ordem de conteúdos:

Segundo INDE/MINED (2010:16), para 9a classe: corresponde a Unidade 4, com os seguintes conteúdos:

  • Turismo – Conceito;
  • Tipos de turismo (cultural, desportivo, recreativo, literário, religioso, ambiental);
  • Principais centros turísticos do mundo;
  • Importância do turismo;
  • Impacto do turismo.

 

Na perspectiva INDE/MINED (2010:12-13), para a 10a classe: corresponde a Unidade 2, Geografia Económica de Moçambique, com os seguintes conteúdos:

  • Actividade turística em Moçambique:

a) Tipos de turismo

           b) Espaços turísticos;

  • Importância socioeconómica do turismo;
  • Impacto do turismo.

 

Na óptica de INDE/MINED (2010:17), no que concerne a 12a classe: corresponde a Unidade 4, cujos conteúdos são:

  • Turismo – Conceito;
  • Tipos de turismo:

a)      Cultural, recreativo, literário, religioso, ambiental;

  • Classificação do turismo;

a)    Em função de: volume de turistas; direcção do fluxo turístico e amplitude das viagens;

  • Principais centros turísticos do mundo;
  • Importância do turismo;
  • Impacto do turismo.

 

Todavia os conteúdos dispostos no programa do Ensino Secundário Geral (ESG) - 9, 10 e 12a classes, contribuíram durante a formação dos estudantes para a consciencialização dos mesmos sobre o turismo, consoante os objectivos previstos e em particular sobre o turismo em Moçambique, uma vez incluso conteúdos como: espaços turísticos; importância socioeconómica do turismo; impacto do turismo, em Moçambique. Porem importa salientar que nos programas (da 9, 10 e 12a classes) não estão previstos conteúdos sobre o turismo sustentável.

Na actualidade já não é legítimo se não proibido o estudo ou pratica de qualquer actividade ligada ao ambiente (sob ponto de vista geográfico principalmente) sem a questão da sustentabilidade, visto que a relação homem-natureza tem gerado danos ambientais irreparáveis e ate esgotamento de recursos não renováveis, poluição ambiental, reflectindo-se assim este acto sobre a qualidade de vida dos seres humanos e dos Moçambicanos em particular. Não se defende aqui, no entanto, a abordagem da sustentabilidade do turismo em todos os níveis de ESG que leccionam o turismo, mas pelo menos na última classe do ESG (12a classe), visto que os conteúdos obedecem uma hierarquia desde a introdução ate aos conteúdos mais profundos. 

 

 Inclusão nos Programas de Ensino conteúdos Relacionados com o Turismo

Segundo PCESG (2007:46), os conteúdos relacionados com o turismo são encontrados no ESG1, fazendo parte das áreas das actividades práticas e tecnológicas, onde esta área pretende desenvolver competências orientadas para a actividade prática relacionadas com habilidades psico-motoras, estéticas e úteis a vida, numa perspectiva do desenvolvimento integral do homem.

 

Para PCESG (2007:49-50), Moçambique possui um grande potencial turístico que urge desenvolver.

A aprendizagem do Turismo no ESG1 visa desenvolver competências que permitam os alunos:

  • Conhecer as perspectivas de desenvolvimento do turismo e os principais locais (destinos) turísticos em Moçambique;
  • Conhecer o impacto do turismo na economia, na sociedade e sobre o ambiente.
  • Reconhecer a importância do turismo no desenvolvimento do país;
  • Conhecer o papel do capital humano para o desenvolvimento do turismo;
  • Conhecer produtos de turismo de Moçambique;
  • Aplicar as competências desenvolvidas na disciplina de Noções de Empreendedorismo na identificação de oportunidades, na área de Turismo.

 

Para PCESG (2007:63), a aprendizagem do Turismo no ESG2 fazendo parte das disciplinas profissionalizantes, aprofundará as competências desenvolvidas no ESG1 e poderá iniciar o estudo desta disciplina caso não tenha sido sua opção no ESG1. Neste sentido, o seu ensino visa levar os alunos a:

  • Reconhecer a importância do turismo no desenvolvimento do país;
  • Conhecer produtos de turismo de Moçambique;
  • Conhecer as tendências da hotelaria e as agências de Viagem e Tour –Operadores;
  • Reconhecer o impacto do turismo na economia;
  • Conhecer o papel do capital humano para o desenvolvimento do turismo;
  • Reconhecer as sinergias do turismo, cultura e meio ambiente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conclusão

O turismo permite uma melhoria do bem-estar da população do país em geral, para tal os desafios do ensino do turismo em Moçambique colocam-se desde a Implantação da actividade turística no país. Pois, de 1995 a 2001 o nível de frequência turística em Moçambique o número de turistas quase triplicou, enquanto que a capacidade de acolhimento aumentou, cada ano, em média 759 camas. Com efeito, surgem conflitos entre os diferentes actores do turismo em Moçambique: as populações locais, os operadores turísticos, os turistas, Ademais, populações de determinados espaços consideram o turismo como uma actividade “estranha” imposta de fora, que “não lhes diz respeito”, ou simplesmente que é uma “actividade dos boers3 ”. E o segundo desafio tornar o turismo como uma actividade económica praticada por Moçambicanos em vez de estrangeiros. O terceiro desafio centra-se em fazer com que esta actividade seja realizada em todo país e não em pontos do país, pois pode haver desequilíbrios no desenvolvimento do país. Entre outros aspectos.

 

Sendo assim constituem perspectivas de educação do turismo, o desenvolvimento intelectual da pessoa por meio de literatura específica, conhecimento de outras línguas, informática e um vasto conhecimento em outras culturas; Assegurar o desenvolvimento equitativo, equilibrado, e complementar da indústria do turismo a nível regional; Contribui para o desenvolvimento dos recursos humanos da região, através de criação de emprego e desenvolvimento, especialização em todos os níveis do sector da indústria turística.

Em relação aos conteúdos, pode-se dizer que adequam-se a cada nível porem na se3 verifica a inclusão da sustentabilidade na abordagem turística.

No que tange a formação de professores com domínio na área de turismo em Moçambique, e de salientar que no nosso país existe universidades a formar pessoal nesta área, como a UEM, UP entre outras.

A UEM que foi a pioneira, tendo a sua sede em Inhambane, enquanto a UP introduziu neste novo currículo a formação de professores de geografia com habilidade em turismo, visto que e uma actividade que ano após ano esta merecendo atenção, tanto no seu desenvolvimento económico, social, assim como no campo da educação.

Bibliografias

AVEVA, Biagio, M. turismo, Educação e Acolhimento um novo olhar; 1a edição; Editora Roca, São Paulo; 2006 

INDE/MINED; Geografia, Programa da 9ª Classe; ©INDE/MINED; Moçambique; 2010 

INDE/MINED; Geografia, Programa da 10ª Classe; ©INDE/MINED; Moçambique; 2010 

IND, o trabalho tem como propósito “ Perspectivas e Desafios do Ensino do Turismo em Moçambique.”


[1] Licenciado em Ensino de Geografia