PARQUE LIMPO: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PARQUE DE EXPOSIÇÃO EM PICOS-PI 

Clarisse de Jesus Sá

Delmária de Sousa Monteiro Veras[1] 

Resumo

O presente trabalho é fruto de vivencias e observações realizadas pela equipe de estagiarias do curso de Serviço Social da Faculdade R.Sá  sobre a realidade do Bairro Parque de Exposição. Este projeto teve como objetivo sensibilizar a população do bairro para a preservação do meio ambiente a partir da educação ambiental.

Palavras-chave: Preservação Ambiental, Meio Ambiente, Educação Ambiental.

INTRODUÇÃO

           Este artigo foi idealizado através da disciplina estágio supervisionado, que teve por base observações e diálogos com alguns moradores do bairro e incluiu como suporte o diagnostico já existente no bairro, nesta perspectiva podem-se visualizar suas potencialidades e vulnerabilidades. Foi a partir de tais observações que surgiu a iniciativa de desenvolver um projeto que abordasse a questão ambiental no referido local.

O Projeto Parque Limpo a ser desenvolvido na Comunidade, Parque de Exposição, na cidade de Picos – PI tem o intuito de reduzir o acúmulo de lixo nas ruas e terrenos baldios, bem como sensibilizar os moradores do bairro para a preservação do meio ambiente, no qual apresenta diversos problemas em especial à questão do Saneamento Básico.

A Comunidade Parque de Exposição, localizado na zona Leste da cidade de Picos, sofre uma total falta de estruturação física e ambiental. No lugar em questão, há uma dificuldade em relação ao desenvolvimento ambiental, visto que, tal bairro não está contemplado ainda com uma rede de saneamento básico. A ausência do fator culmina em esgotos correndo a céu aberto pelas ruas, atraindo assim insetos e outros animais, para casa dos moradores, além do risco de contaminação e doenças.

O desenvolvimento das ações teve início com a apresentação do projeto as autoridades locais e depois à comunidade; posteriormente houve a realização de palestras para sensibilização dos moradores quanto à correta forma de armazenamento seletivo do lixo, sua seleção e o reaproveitamento dos materiais que possam ser reciclados e reutilizados.

Ainda dentro das ações foi realizado um mutirão para coleta do lixo depositado no bairro que possa ser reciclado, campanha de arborização com o grupo de crianças. E oficinas de reciclagem com o objetivo de capacitar os moradores para a produção de materiais reciclados a serem comercializados no próprio bairro e no município de Picos, gerando uma fonte de renda extra aos moradores.

Por isso é interessante ressaltar diante do relato de KAPAZ (2002), que o projeto de lei sobre a política dos resíduos sólidos propõe que se priorize a reutilização em relação à reciclagem. No Brasil, essa questão representa uma mudança de cultura. Atualmente, o processo de reciclagem está sendo mais valorizado do que a reutilização dos produtos. No entanto, no restante do mundo, a reutilização é um dos principais processos, depois da redução e antes da reciclagem.

Como proposta de realização do Projeto, teve-se o intuito de despertar na comunidade o senso de responsabilidade ambiental e o cuidado de cada cidadão com o meio ambiente, adotando uma nova postura no tratamento do lixo e o seu reaproveitamento como fonte geradora de renda.

DESENVOLVIMENTO

A resolução de trabalhar a educação ambiental nesse projeto de intervenção tem procedência e apoio mínimo nos ensejos que serão elencados no transcursar do projeto. Nesse sentido, convergimos com Teixeira et al (s.a, ANO, p 2)

Nos dias contemporâneos, a questão ambiental passou a ser um objeto de discussão em todos os segmentos da sociedade. A apreensão com as questões ambientais começou a se expandir a partir da Revolução Industrial que energizou a apropriação dos recursos naturais pelos meios de produção. Isto fez com que a problemática ambiental recebesse ampla proeminência no panorama mundial, principalmente, na segunda metade do século XX, cuja maior expressão é o aparecimento do movimento ambientalista. Esse movimento fortaleceu-se e começou a ter evidência na década de 1970, reconhecendo na educação ambiental a probabilidade de dar respostas à problemática ambiental.

No Brasil, foi também a partir da década de 1970 que a educação ambiental começou a se estabelecer nos meios educacionais com a criação dos primeiros cursos de pós-graduação em ecologia. Este processo foi se intensificando por meios legais, de modo que instituíram a necessidade de incluir conteúdos ecológicos nos diversos níveis de formação educacional, proporcionando a criação de vários cursos universitários e passaram a incluir a educação ambiental em seus currículos (BRASIL, 2007).

Como afirma Teixeira et al (s.a) recentemente, observar-se no Brasil, uma substancial produção de projetos, pesquisas e propostas teóricas, produzidos por diferentes segmentos da sociedade, tais como: universidades, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e diferentes grupos sociais, que vêm crescendo, contribuindo para a constituição de um campo de estudo e pesquisa da educação ambiental.

A educação ambiental, como campo teórico em construção, tem sido apropriada de forma diferenciada por diversos autores, com discursos e referenciais teóricos variados, elaborando diversas maneiras de conceber e praticar a ação educativa neste campo. Por outro lado, diversos documentos oficiais, internacionais e nacionais, valorizam a educação ambiental diante da preocupação com a problemática ambiental, principalmente no que diz respeito à degradação dos recursos naturais do planeta. Todos esses sujeitos sociais reconhecem na educação ambiental uma das possibilidades de proporcionar a melhoria na qualidade de vida a partir de ações educativas que ocasionem mudanças nas relações entre o homem e o meio sócio-ambiental (TEIXEIRA et al, s.a, p 2).

Segundo a Lei nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981, dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e de outras providências. Em seu artigo segundo sustenta a idéia de que a Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana atendido nos princípios do artigo, a partir disto, justifica-se o nosso estudo.

Outro aspecto relevante a essa temática é o manejo correto do lixo, pois como afirma Rosa et al ( 2010 apud Zacarias,2000) a situação atual da sociedade é marcada por um problema: o crescente acúmulo de lixo, que são descartados inadequadamente no ambiente. O autor ainda alerta em números para a conjuntura do Brasil, que possui 40% do seu lixo descartados em lugares inapropriados em rios, canais, córregos e praias.

E neste contexto diante dos relatos de moradores e observações realizadas no bairro, sentiu-se a necessidade de trabalhar o tema abordado devido à grande quantidade de lixo nas ruas. Sabemos que é importante trabalhar em parceria com a Prefeitura Municipal e todos os seus órgãos relacionados a essa problemática, e a comunidade para que haja a coleta seletiva do lixo, mas também a educação dos moradores nesse âmbito é essencial para que os mesmos não joguem lixo nas ruas e nos esgotos a céu aberto, sensibilizando-os para obterem melhorias de vida.

Outra proposta do Projeto Parque Limpo foi a arborização que como afirma Mello Filho (1985), traz inúmeros benefícios como a sua função química, ou seja, a absorção do gás carbônico e liberação do oxigênio, melhorando a qualidade do ar urbano, função física que é a oferta de sombra, absorção de ruídos e proteção térmica, função paisagística ,isto é, quebra da monotonia da paisagem, pelos diferentes aspectos e texturas, função ecológica  ou abrigo e alimento aos animais e função psicológica que traz bem estar às pessoas proporcionadas pelas massas verdes.

E por toda essa discussão elencada e a realidade observada no bairro Parque de Exposição, viu-se a necessidade de se trabalhar a educação ambiental no que diz respeito à disseminação do conhecimento sobre o meio ambiente, a fim de contribuir para sua preservação e utilização sustentável dos seus recursos. Deve-se enfatizar as grandes catástrofes naturais que têm assolado o mundo nas últimas décadas, devido a essa não-preservação. Este ponto é protagonista neste plano de ação para que possam ser realizadas atividades que fomentem a educação ambiental tão necessária para esta comunidade.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No desenvolver do projeto foram idealizadas ações como mobilizar as famílias residentes nesta comunidade para o manejo correto do lixo e suas implicações na saúde da população. Trabalhou-se com os grupos de Convivência e Fortalecimento de Vinculo (SCFV) existentes no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Parque de Exposição, com oficinas para ensinar aos moradores técnicas de reciclagem do lixo inorgânico de modo que se transforme em uma atividade lucrativa.

          Sendo realizado um mutirão de limpeza no bairro para coleta de materiais específicos que possam transforma-se em uma atividade lucrativa, e à implantação de tambores de coleta seletiva. Desse modo foi realizada como uma das ações do projeto a arborização, que teve como intuito despertar os moradores do bairro, sobre a relevância e os benefícios de um bairro arborizado. Nesta perspectiva abordamos a relevância do meio ambiente para o bem estar da população e os seus benefícios, para que a mesma venha a se sensibilizar a respeito dessa temática.  

Desta forma a prática pedagógica do Serviço Social contribui no sentido de transformação e emancipação dos usuários, podendo contribuir para a informação e a promoção de sujeitos mais questionadores da realidade social. Pois a dimensão pedagógica do Serviço Social está vinculada à intervenção do assistente social na maneira de agir e de pensar da sociedade e aos elementos políticos e culturais da luta pela hegemonia, visto que está inserido nos processos diferenciados de organização e reorganização da cultura.

E nesse sentido, entende-se, como caminho principal para transformação, a educação que, segundo Gramsci (1999), é o principal meio para que sujeito acrítico se transforme em sujeitos conscientes.  

           

                Neste viés de discussão foram realizadas palestras educativas sobre a questão ambiental, ensinando aos moradores a realizarem a coleta seletiva do lixo. Deste modo é importante ressaltar a suma importância do arcabouço teórico metodológico, na relação teoria-prática enquanto futuros profissionais. Dentro dessa ótica, trabalhar a questão ambiental no bairro foi um desafio para a equipe, porem os resultados alcançados foram além das expectativas.

O projeto parque limpo logrou êxito em todas as suas propostas, havendo participação efetiva da comunidade e da mídia local no processo de desenvolvimento.

 

 REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

COLAVITTI, Fernanda. Revista Galileu: Cadernos Ambiente. O que fazer com o lixo. Junho de 2003. v. 143. Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,6993,ECT545690-1939,00.html.

VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade ambiental: ISSO 1400. 10 ed. São Paulo: Senac, 2002.

 

BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Diário Oficial (da) República Federativa do Brasil,

Brasília, DF, 28 abril 1999. Disponível em: <http:/www.mma.gov.br>. Acesso em: 16 de Junho 2011. 

 

BRASIL (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Ed. Brasília. Lei nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981 - Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e outras providências.

 

MELLO FILHO, L.E. Arborização urbana. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE

ARBORIZAÇÃO URBANA, 1, Porto Alegre, 1985. Anais. Porto Alegre. p.117-127. 1985.

TEIXEIRA, L.A et al. Referenciais teóricos da pesquisa em educação ambiental em trabalhos acadêmicos. – São Paulo: USP, s.A, p2.

ROSA, J.C. S et al. O acúmulo de lixo no aglomerado da Serra: uma visão de comunidades do entorno do Parque Municipal das Mangabeiras. – Revista Sinapse Ambiental V7 N2, PUC, Minas Gerais, 2010. Disponível em: <http:/www.redeapasul.com.br>. Acesso em: 19 de outubro de 2011.

KAPAZ E., Rumos da política nacional de resíduos sólidos, Jornal Plastivida.

Seção publicações e vídeos. São Paulo, Jun. 2001, Disponível em:<www.plastivida.org.br> Acesso em  Outubro de 2011.

GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.

 

 

 

 



[1] Graduandasem Serviço Social de Instituto de Educação Superior Raimundo Sá – IERSA