OS CORPOS HUMANOS E A LEI DA GRAVIDADE

 

As providências de Deus para garantir a sanidade mental dos Seus filhos criados para ambiente tridimensional provam que a vida é um milagre

 

 

Muitas são as razões apresentadas pela Ciência para explicar a existência da Lei da Gravidade dos Corpos, e isto não é nenhuma novidade, mesmo nos meios menos cultos. E todas as razões científicas são bem-vindas, e com elas descobrimos uma série de outros fenômenos decorrentes, com os quais já se conhece hoje muito mais coisas sobre a natureza do cosmos, do espaço atmosférico, do tempo, da matéria, da antimatéria, da luz, seja como partícula ou como onda, etc.

Da mesma forma, muitas foram as razões apresentadas para explicar os corpos humanos, as quais vão desde as teorias evolucionistas (que a rigor dizem que os nossos corpos são oriundos de uma série interminável de operações conjugadas “ao acaso”, cuja abrangência vai do átomo à célula e desta ao homem) até as idéias espíritas e espiritualistas, que dão outras razões para a criação do invólucro carnal humano, como reencarnação, milagre de Deus, criação alienígena, panspermia, etc.

Entretanto e com efeito, o mestre CS Lewis deu uma explanação no mínimo curiosa acerca dessas questões, cujo resultado pode unir todas elas numa visão geral de alta contribuição à Teologia e ao entendimento de Deus. Com a mesma descontração com que explicou que uma das funções das árvores é fornecer “figuras e metáforas” para compreensão da vida humana, Lewis insinuou que a Lei da Gravidade foi criada para garantir um mínimo de “sanidade” às consciências incipientes, pois um lugar onde as coisas não caíssem ou não tivessem direção certa para cair, seria simplesmente “pirante”. Noutro livro ele disse que o corpo físico foi criado capaz de sentir tanta dor, com tantas e tão sensíveis terminações nervosas, não apenas para que uma “agressão” pudesse se constituir num crime, mas para que pudéssemos sentir prazeres quase idênticos aos prazeres celestiais, o que causou até inveja nos “anjos”... Porém, o que de fato Lewis disse que constituiu a pérola mais brilhante de suas descobertas, foi quando explicou que o corpo foi criado principalmente para possibilitar a distinção do “eu” consciencial e individual, pois sem uma definição clara da fronteira dos corpos, nenhum ser humano saberia distinguir quando é ele que está falando ou quem estaria a lhe dar ordens ou sugestões.

Parecem coisas simples se olhadas de passagem, como acontece com quase tudo à nossa volta, como retaliação pela irritante desatenção da mente humana. De fato, vê-se tantas outras razões para a existência de árvores (o próprio Jack mostrou isso nas Crônicas de Nárnia, quando as tais se juntaram para formar exércitos) que atribuir-lhes um valor de utilidade “didática” pode parecer até ingratidão e ignorância da parte de Lewis. Igualmente, há tantas outras funções úteis à Força da Gravidade que entendê-la como um remédio para a tontura ou vertigem humanas, ou como um ponto de equilíbrio para o juízo, sem dúvida para o ‘leigo’ isso poria em cheque a própria sanidade de Lewis. Do mesmo modo, a função de alerta e de preservação da vida proporcionada pela dor falam muito mais alto do que a simples possibilidade de se gozar de um prazer infinito, que a rigor nem teria tanta necessidade de tamanho desempenho, pelos riscos de vício constante que enseja. Da mesma forma, há tantas finalidades práticas para o corpo humano que reduzi-lo à mera fronteira distintiva dos egos individuais faz muita gente pensar numa exacerbação de Lewis em relação à fragilidade das almas, como se Deus não as tivesse protegido de seu maior inimigo, o “Separador de nossos irmãos”, como mostrado por trás de todas as separações na Bíblia.

Entretanto e contudo, as razões de Lewis têm o vício de se mostrarem corretas, contra todas as evidências! E ele jamais foi um argumentador desprezador dos argumentos contrários aos seus, pelo contrário, nunca argumentou sem primeiro refutar, com lógica, os contra-argumentos. Mas aqui nem é preciso tanto! Como refutar a lógica subjacente em cada argumento dele? Senão vejamos:

1o – Como uma consciência incipiente, ainda na era dos primatas, poderia ter qualquer noção de equilíbrio e até de localização, se não houvesse gravidade na Terra? Nós mesmos, depois de séculos e séculos de tecnologia, vez por outra erramos em nossa localização, ou caímos repetidamente, quando uma simples tontura nos desorienta o cerebelo ou o nervo ótico.

2o – Como o homem veria a passagem do tempo vivendo apenas com rochas que duram milhões de anos ou com animais que morrem tão cedo? As árvores podem mostrar aos bisnetos o que os bisavós plantaram!

3o – Como um corpo tão frágil quanto a matéria de carne e osso poderia extrair um prazer que apenas seres indestrutíveis de luz e som conseguem gozar? Claro que um diabo perguntará por que dar a pulgas o prazer dos elefantes (?). E a resposta é que ele nunca se abriu plenamente para receber o Prazer Infinito do Pai, cujo Amor operou o milagre de distribuir democraticamente o prazer a todas as suas criaturas (os animais e as plantas também gozam).

4o – Por outro lado, se não houvesse consangüinidade e os corpos fossem gerados via geração espontânea, sem progenitores, como denunciar um pecado maior de ódio se não há pais e mães para serem agredidos e mortos? Ou como os pecadores saberiam que seu pecado chegou ao extremo, se ninguém jamais pudesse tirar a vida de quem lhe a deu? E como Deus poderia apontar para um homem realmente mau, se o máximo que ele fez foi matar um estranho? E como Deus pediria para alguém amar o próximo, se ninguém é tão próximo que jamais tenha ficado nove meses dentro de outrem? Todas essas perguntas são respondidas pela “geração em família”, onde todos nós nascemos da união de duas outras pessoas, ficando estas como marco para a nossa conduta de amor e respeito, mas também como sinal do quanto podemos chegar a ser maus.

5o – Como eu ou você iríamos distinguir o nosso próprio pensamento quando um outro ser humano etéreo (que pode entrar nos pensamentos dos outros) começasse a falar e às vezes até a dar ordens ou sugerir loucuras? E se um outro homem pudesse fazer isso, como a Humanidade inteira poderia ter certeza de que não estava sendo instruída pelo diabo? Quem estaria falando dentro de nossa “cabeça etérea”, nós próprios ou os outros?...

Eis então as respostas de C.S. Lewis, cuja razão, repito, não se refuta. Às vezes as suas próprias perguntas se auto-respondiam. Com efeito, a lógica lewisiana é tão elevada e minuciosa que chega a levantar a suspeita de que ele as tenha recebido da própria Fonte, o Deus em que ele acreditava e acredita. Se o leitor não é um lewisiano, ou pior, não conhece ainda o nosso “Jack” (seu apelido íntimo), convido-o a iniciar a sua aventura pelas obras dele, e lhe garanto ao final encontrar um homem completamente diferente, seja Lewis, seja o leitor.

 

 

Prof. João Valente de Miranda.

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