Cristiano da Silva Senra Pinto

Estamos sempre em constante mudança, nunca paramos de nos aprimorarmos e de adquirir experiências, a cada segundo que se passa aprendemos algo de diferente. A melhor forma de trocarmos experiências e conhecer outras culturas é está aberto ao aprendizado e não ter preconceito de conhecer novas culturas, pois cultura é "um extenso e continuo processo de seleção e filtragem de conhecimentos e experiências, não somente de um individuo, mas, sobretudo de um grupo social". (Machado, 2002, p.31).
O docente moderno necessita pensar mais amplamente além do contexto escolar e pensar no aluno interagido em sua sociedade e sua cultura, trazer a realidade e experiências de vida que o aluno têm para o âmbito escolar, assim tornando mais produtivo o ato de possibilitar o aprendizado, pois "(...) ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção".(Freire, 2010, p.47).


1- Aquisição de Experiências
Nós quando nascemos não trazemos conosco tudo o que seremos ou como nós vamos nos comportar diante de nossa família, amigos ou grupos que vamos conviver. Tudo vem da formação e do meio social que estamos habituados a conviver. A sociedade dita o que seremos, pois devido ao constante relacionamento com o meio e as pessoas desse grupo acabamos de ter características provenientes desse meio.
Cultura não é apenas adquirir informações e conhecimentos, segundo Machado (2002) a cultura,
(...) pressupõe um longo e continuo processo de seleção e filtragem de conhecimentos e experiências, da qual resulta, por assim dizer, um complexo de ideias e símbolos que passa a integrar nossa própria personalidade. (idem, p.22).
Machado (2002) vai além ao dizer que,
(...) o ser humano é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquirida pelas numerosas gerações que o antecedem. A manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e as invenções. Estas não são, pois, o produto de uma ação isolada, mas o resultado do esforço de toda uma comunidade. (idem, p.24).
Todo o comportamento do individuo é justificado pelo meio em que vive e das pessoas que faz parte desse grupo, pois seu grupo possui uma cultura com padrões próprios.
2- Diferenças de Culturas
As culturas têm suas características próprias, diferenciadas umas das outras. Não se pode haver discriminação entre culturas, devendo existir sim o multiculturalismo. Machado (2002) o define como "reconhecer a pluralidade de grupos sociais, étnicos e culturais que a compõe". (idem, p.31).

Segundo Soares (2006) "não podemos tratar a diferença como desigualdade, ou melhor, a diferença deve ser celebrada, enquanto a desigualdade condenada". (Soares, 2006, p.2).


3- Professor Multicultural
Todo o conhecimento e experiências são adquiridos com o nosso passado e não com o futuro, dentro da sociedade em que nós vivemos.
Devemos sempre valorizar nossa cultura e o nosso método de vida, entretanto devemos estar sempre aptos a conhecer e respeitar outras culturas, não podemos ter preconceito a outras culturas, pois conhecimento e sabedoria são uma das coisas mais valiosa que o ser humano pode ter.
Faz parte igualmente do pensar certo a rejeição mais decidida a qualquer forma de discriminação. A prática preconceituosa de raça, de classe, de gênero ofende a substantividade do ser humano e nega radicalmente a democracia.(Freira, 2010, p.36).
Antunes (2003) define relações interpessoais como sendo "o conjunto de procedimentos que, facilitando a comunicação e as linguagens, estabelece laços sólidos nas relações humanas" (p.9).
Todos nós temos problemas, todos nós temos uma identidade única, com personalidade, caráter e cultura que se difere de uma pessoa para outra."Cada pessoa é, e sempre será, um verdadeiro universo de individualidade; suas ações seus motivos, seus sentimentos constituem paradigma único. (Antunes, 2003, p.9)."
Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser sócia e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto. A assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros. É a "outredade" do "não eu", ou do tu, que faz assumir a radicalidade do meu eu. (Freire, 2010, p.41).
Dentro da sala de aula nós convivemos com várias pessoas diferentes e manter um bom relacionamento com todos não é uma tarefa das mais fáceis. O educador precisa bom-senso para contornar algumas situações que ocasionalmente aparecem.
O meu respeito de professor à pessoa do educando, à sua curiosidade, à sua timidez, que não devo agravar com procedimentos inibidores, exige de mim o cultivo da humildade e da tolerância. Como posso respeitar a curiosidade do educando se, carente de humildade e da real compreensão do papel da ignorância na busca do saber, temo revelar o meu desconhecimento?(Freire, 2010, p.67).
Ser aberto a criticas, dar oportunidades aos educandos de expor suas idéias, são caminhos que trazem o aluno para próximo do educador e assim começar a interagir melhor e começar a trocar experiências.
3.1 ? Papel do docente do ensino superior
Segundo Gil (2009) a profissão de professor não é uma tarefa fácil e bastante complexa. Segundo esse autor,
Para que se possa avaliar adequadamente o desempenho de um professor universitário, torna-se necessário identificar os seus papeis, o que não constitui uma tarefa fácil, pois a profissão de professor é bastante complexa, visto que implica o desempenho de múltiplos papeis. Em decorrência ainda dessa profissão, seus papeis tendem a se alterar com muita freqüência. Assim, qualquer tentativa de caracterizar os papéis dos professores universitários tende a ser inevitavelmente incompleta. (idem, p.21).

O papel de educador é fundamental em todas as áreas da vida de um aluno, pois o professor, na maioria das vezes, se torna um exemplo, seja ele um ídolo no qual todos querem seguir ou um carrasco no qual ele será lembrado por toda a vida. Certamente o relacionamento entre alunos e professores contribui para um bem-estar dentro da sala de aula e "o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder aos outros".(Freire, 2010, p.59).
4- Considerações Finais
Nossa vida é comparada ao oceano composto por varias ondas que se seguem e nos mostram o que nos vemos. Assim também caminha a nossa profissão, que está ligado à família, amigos, esportes, em todos os grupos que nós nos relacionamos, tudo interfere em nossa vida profissional e ter um bom relacionamento com alunos, não só dentro de sala de aula, mas fora também é muito importante para a realização pessoal e profissional.
Ser um docente do ensino superior é ser mais que um educador vai muito além de lecionar uma simples matéria na qual foi preparado a dar aula, o campo de atuação é bem mais amplo do que podemos imaginar e o relacionamento entre aluno e professor é papel fundamental para fluir um bom ambiente dentro de sala de aula.















5- Referencias Bibliográficas

ANTUNES, Celso. Relações interpessoais e autoestima: A sala de aula como um espaço do crescimento integral.16 ed. Petropolis: Vozes, 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 41 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2010.


GIL, Antônio Carlos. Didática do Ensino Superior. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
Machado, Cristina Gomes. Multiculturalismo: muito além da riqueza e da diferença. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
Soares, Gloria. Diálogos Inter/multiculturais; rompendo a barreira do silencio. Rio de janeiro, 2006.