ANTÔNIA Maria de Assis. INÊS Maria Paglianari. O professor de inglês Entre a alienação e a emancipação : linguagem e ensino. 4 vol. Mato grosso do sul: Universidade Federal de Mato grosso do sul, p.11-36,2001.

O artigo O Professor de inglês Entre a alienação e a emancipação foi escrito pela professora Maria Inês Pagliari cox e pela Professora Ana Antônia de Assis. Este artigo foi escrito através de um estudo realizado pela Universidade Federal de mato Grosso o qual ocasionou na Publicação do livro Linguagem e Ensino dirigido principalmente aos professores de Língua Inglesa. Tem por objetivo, orientar o professor a saber discerni o que vem a ser realmente uma pedagogia critica, auxiliando-o no seu convívio escolar.
Tal método "Pedagogia crítica" começa a ser aplicado no Brasil através do saudoso professor Paulo Freire. Para o professor, lecionar não era somente aplicar o conteúdo e ensinar, muitas vezes, coisas desnecessárias que nada contribuíam para a educação e para a sociedade. Era um comprometimento bem superior a este. Ensinar, para Freire, estava associado à emancipação das formas de alienação. Com isso, o educador ao ensinar deve se ver livre de preconceitos e de autoritarismos e visar somente a libertação de seus alunos, mostrando-os a verdade e através dela julgar os valores que os rodeiam.
O professor Paulo Freire usava este método no Projeto educação de adultos sendo que este fazia parte do Movimento Popular do Recife na década de sessenta. Seu entendimento era que um povo analfabeto não podia discutir sobre a realidade brasileira e, particularmente, o seu lugar. Com isso, as aulas tinham como cunho, além do conteúdo, discutir a realidade existente e apontar as possíveis causas dos problemas da região. Várias foram as perseguições à Paulo Freire por parte dos políticos da época e, sendo acusado como perturbador da paz na ditadura militar, foi exilado.
Somente em 1979 é que foi promulgada a anistia aos condenados por perturbar os princípios conservadorista. Com a volta dos exilados, principalmente de Paulo Freire, e com o afrouxamento da ditadura militar, a palavra crítica nunca foi tão pronunciada na sociedade brasileira. As Universidades sentiram-se animadas com essa abertura por parte do governo e começaram a disseminar assuntos como: consciência crítica, educação crítica, professor critico, etc.
Seguidores deste pensamento, mas num estado mais avançado começam a difundir a expressão "Pedagogia Crítica". Começa-se a questionar a ideologia que está por traz da linguagem, da história, política. A pedagogia critica coincide com o surgimento da análise do discurso. Tudo o que esta por traz da palavra, que vem carregado de ideologias, seja materialista ou histórico começa a ser questionado.
Entretanto, toda essa revolução acerca da língua materna, consciência crítica, deixou de lado os professores de língua estrangeira. Estes, muitas vezes, eram vistos como alienados a outra cultura, como acríticos políticos, chamados por muitos de "Pelego". Expressão esta dada aos partidos de esquerda da época.
Tal conceito, muito se deve pelo fato de que no aprendizado de língua estrangeira, Inglês, os métodos de aprendizagem valorizavam muito a cultura estrangeira. O método comunicativo tinha como base de ensinamento conversações, pragmáticas. Os diálogos eram situacionais, mas partia do princípio que o sujeito tinha que absorver a cultura estrangeira para compreender melhor a língua e conseguir o aprendizado.
Com o passar dos anos ,esse método começou a ser criticado no mundo todo, porque começou-se a pensar que com isso os países estavam recebendo ideologias e passando a se comportar como um país dominado. Até mesmo a questão do Inglês como Língua neutra começou-se a ser questionado, pois está neutralidade estava embutida de ideologias.
A pedagogia crítica no estudo da Língua inglesa conforme afirma as autoras ainda é incipiente. Os professores de língua estrangeira precisam trabalhar com essas questões desde cedo nas escolas. È muito comum um aluno perguntar porque aprendemos Inglês na escola se os países que falam Inglês não aprendem a nossa. E o professor como sempre diz, por exemplo, que é por causa dos jogos e filmes em Inglês e se soubermos a língua entenderemos mais dos jogos e dos filmes.
Porém, como cita as autoras, uma pedagogia crítica é muito mais que isso. Como diz a própria palavra, Crítica é sabermos discernir o bom do ruim, é termos um entendimento sobre algo. O professor deve debater com os alunos, desde as primeiras aulas de Língua Inglesa, que somente saberemos se o que os outros estão nos passando é bom se entendermos o inimigo. Com isso, poderemos questionar as culturas que vêm de fora juntamente com suas ideologias. Entretanto, antes de tudo, precisamos falar a mesma língua do dominador e, tudo se inicia, com o entendimento de sua língua.
Este artigo foi de grande importância para a minha futura atuação profissional na área de Língua Inglesa. Até então, jamais algum professor em toda a minha trajetória de estudante de Língua Inglesa havia abordado o ensino de Língua Inglesa desta maneira. Penso, após a leitura deste artigo, que o valor que eu dava a Língua Inglesa antes, era uma pensamento de um professor que vivia dominado por outra cultura ou achava que aquela era mais importante que a nossa. Vejo agora que uma das armas que temos em nossas mãos é entendermos a língua Inglesa, mas não como forma de divinamento, mas para compreendermos se o que estamos lidando é de valor para a nossa cultura.
A Pedagogia Crítica foi muito bem exemplificada no movimento Intelectual levantado por Mário de Ândrade. O movimento que se chamava Antropofágico, tinha como princípio absorver o que vinha de fora e adaptar a nossa realidade. È o que nós professores críticos, formadores de opinião, devemos fazer. Devemos mostrar para os nossos alunos, que embora não exista mais países colonizados, através de represárias ,como existia antigamente, hoje através do consumismo pregado pelo capitalismo as nações de primeiro mundo tentam ganhar espaço de várias formas e, uma delas, é através de sua língua e conseqüentemente de sua cultura. Deve haver um ponto de Equilíbrio, a fim de ficarmos a par das novidades que vem de fora, como: tecnologia, medicina, artes, os quais trarão um usufruto para a nação brasileiro e não serão apenas mais um objeto de alienação.
Logo, O professor de língua Inglesa não pode ser considerado como um professor de esquerda como na ditadura era pregado. Nem tão pouco como um ser que vendeu a sua alma a outra nação. Deve sim, ser mais um formador de mentes críticas que tem como objetivo libertar a nossa nação brasileira que desde a colonização vive seguindo modelos estrangeiros e, por isso, sendo dominado pelo sistema capitalista mundial. Se o Inglês é a Língua do Capital mundial, devemos compreendê-la, pois, somente assim, bateremos de Frente com os falantes desta língua e estaremos disputando de igual para igual o mercado mundial.

Juliano Vilmar dos santos

Pedagogia Crítica

Resenha apresentada como requisito parcial para a obtenção da avaliação curricular da disciplina de metodologia de Língua Inglesa, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Humanas.

Professora: Maria Elizabeth da Costa Gama

Itajaí
2007