RAYANE FERREIRA DA COSTA

RESUMO
A disciplina Língua Portuguesa vem sendo vista como um objeto de estudo de muitas discussões, pois, os conteúdos ministrados nessa disciplina se resumem somente à gramática normativa, onde em vez de ser utilizada de uma forma contextualizada, significativa para o aluno, proporcionando-lhe uma visão mais ampla sobre a sua língua materna, para que ao sair da escola ele saiba dominar, ser consciente das variantes lingüísticas existentes ao seu redor e principalmente saber utilizá-las adequadamente de acordo com o discurso exigido. É verificável que esta não esteja sendo trabalhada como deveria ser, por exemplo, inserida na contextualidade da língua e na práxis textual. No que acontece é simplesmente o ato de depositar nos alunos uma série de regras e nomenclaturas que para o aluno não tem sentido nenhum.

RESUMEN
La asignatura Lengua Portuguesa viene siendo vista como objeto de muchas discusiones, pues los contenidos dados em esa asgnatura se resumen solamente a La gramática normativa, donde em vez de ser utilizada de uma forma contextualizada, significativa para el alumno, proporcionando le una vision mas amplia sobre su lengua materna, para que él al salir de La escuela sepa dominar, estar consciente de las variantes lingüísticas existentes a su alrededor y principalmente saber utilizarlas adequadamente de acuerdo com el discurso exigido. Es para verificar que esta no este siendo trabajada como debaria ser, por ejemplo, inserida em La contextualidade de La lengua y em la práxis textual. En tanto lo que acontece es simplemente el acto de depositar em los alumnos uma série de reglas y nomenclaturas que para o alumno no tienen significativo ninguno.







INTRODUÇÃO


Desde quando a educação se alargou a classe trabalhadora as questões relacionada ao meio pedagógico nunca teve tanta relevância como nos dias de hoje, principalmente quando se trata de currículo e práticas pedagógicas na sala de aula.
Outro ponto muito importante que é alvo de discussão entre os grandes estudiosos da língua materna, como Perini, Saussure entre outros, que, como está sendo ensinada a disciplina Língua Portuguesa nas escolas através da gramática. Sabe-se que a gramática normativa com o passar dos anos, veio conquistando seu espaço, desde o momento em que ela passou a ser exigida nos currículos escolares, e então, a partir daí, surge à grande controvérsia, será que essa gramática está sendo ensinada de forma correta? E porque a disciplina Língua Portuguesa é alvo de tantos preconceitos por parte dos alunos?
É nessa perspectiva que abordar-se-á os aspectos teóricos neste trabalho científico que irão respaldar nossos questionamentos e afirmações. Mediante ao grande índice de insatisfação e desinteresse dos alunos pela disciplina Língua Portuguesa, resovel-se sondar e examinar os motivos que contribuíram para a confirmação desse fato, que tem como intuito de levar-se a todos os participantes do âmbito escolar uma breve reflexão. Possivelmente uma supressão dessas pequenas falhas no ensino escolar. Onde todos os pressupostos mencionados neste trabalho foram fundamentados através de pesquisas bibliográficas, com a utilização de livros, artigos, internet e outras leituras complementares. De modo que exporemos muitos temas polêmicos, mas nos deteremos no processo de priorização da gramática normativa até os dias de hoje e o ensino da gramática na sala de aula.

1 PROCESSO DE PRIORIZAÇÃO DA GRAMÁTICA NORMATIVA ATÉ OS DIAS DE HOJE

Tudo começou no ocidente, quando a Grécia resolveu normatizar a sua língua com o escopo de preservá-la ao longo do tempo, mas também por uma questão de estética. E assim, os romanos seguiram o mesmo exemplo, conceituando-a como a arte do bem escrever.
Seguindo essa mesma linha de pensamento, muitos países passaram a aderir essa novidade, com o objetivo de usá-la como meio de impor e fazer notórias as ideologias intelectuais de uma classe dominante sobre grandes massas populares. E um dos principais motivos que influenciaram na criação de uma gramática normativa no Brasil, foi a proliferação das línguas neolatinas e o desprezo do latim pelas classes baixas, onde as elites se encontraram forçadas a normatizar uma língua tão fluente no meio do povo.
Mas logo no início a grande população não podia ter acesso a essa gramática culta, só quem usufruía eram as pessoas da alta sociedade, porém, com o passar do tempo as coisas foram mudando e no ano de 1950, a classe trabalhadora passou a reivindicar seus direitos, no qual um deles era a educação para seus filhos e a partir desse acontecimento a gramática normativa começou a ganhar o seu prestígio nas escolas até os dias de hoje.
2 ENSINO DA GRAMÁTICA NA SALA DE AULA

Todos nós somos conhecedores da grande importância de conhecermos a nossa língua na sua totalidade, incluindo seu funcionamento e variações que nela podem ocorrer, e por esse motivo foi criada a disciplina Língua Portuguesa para que possamos dominá-la como nossa língua materna e nos aprofundarmos na sua verdadeira essência.
Antes de adentrarmos no assunto ensino da gramática na sala de aula vamos apresentar os tipos de gramáticas existentes em nosso meio.
A primeira é a gramática normativa que segundo Ribeiro (2001, p.148) "é o conjunto sistemático de regras estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos escritores clássicos para reger o falar e o escrever bem." Essa gramática se restringe somente a regras e nomenclaturas gramaticais, nela são trabalhadas somente questões que estão relacionadas à estrutura da escrita e da fala, e podemos ainda afirmar que ela se considera absoluta e inerte, ou seja, ela jamais sofre algum tipo de mudança, e todo enunciado que estiver fora dos seus paradigmas são considerados como errados.
A segunda é denominada de gramática descritiva, pois, ela também se baseia em um conjunto de normas, que tem como suporte a análise de um estudioso aprofundado em expressões lingüísticas, mas tudo isso emparelhado com uma teoria que justifique suas afirmações. E por fim a gramática internalizada ou implícita, é aquela que defende que todos possuem um conhecimento internalizado do certo e o errado gramaticalmente sem termos que recorrer às normas gramaticais, onde também o errado se constitui a partir do momento em que não se torna possível estabelecer uma comunicação.
Será que já paramos para examinar minuciosamente os motivos que levam um aluno a dizer que não gosta da disciplina língua portuguesa? E se formos perguntar o porquê dessa expressão, provavelmente ele irá responder que é por causa das regras que são muito complexas e os conteúdos que não são nenhum pouco significativos pra ele; com base nessa afirmação concluímos que nossas aulas de português estão se limitando somente a gramática normativa. E também podemos verificar que esses alunos de certa forma se queixam com razão, pois, os conteúdos da gramática estudada nas escolas são muito confusas, contraditórias e na maioria das vezes expõem vagâncias e seus conceitos.
Por exemplo, Ela se diz amiga adjetivo
Um amigo fiel substantivo
De acordo com a maioria dos livros didáticos o substantivo é conceituado como uma palavra que pode variar em gênero, número e grau e que dá nome aos seres em geral; e o adjetivo como uma palavra variável, que também varia em gênero número e grau, e que pode caracterizar o substantivo, indicando-lhe qualidade, estado modo de ser ou aspecto. No entanto, se formos observar em certas situações uma mesma palavra classificada como adjetiva deixa de ser adjetivo e passa a ser substantivo, de acordo com o exemplo acima, como podemos explicar isso? No caso da palavra amigo ou amiga é adjetivo ou substantivo?
Outro exemplo é a afirmação de que o verbo "comer" é transitivo, porque de acordo com a gramática ele exige um objeto que possa completar o seu sentido. No entanto, sabemos que o mesmo verbo não recebe a mesma classificação de transitivo, mas sim de intransitivo, como no exemplo citado por Perini:
Sônia já comeu. - intransitivo
Sônia já comeu empadinhas. - transitivo
Outra questão muito debatida é a do sujeito, na sintaxe quando menciona quem são os termos essenciais da oração, o sujeito é colocado como um dos elementos essenciais de uma oração, todavia, nem sempre ele está presente nas orações, como no sujeito indeterminado, oculto e o inexistente, como poderemos explicar essas contradições para nossos alunos?
Além das inúmeras incoerências e confusões apresentadas na gramática, podemos ainda constatar que ela está sendo ensinada de forma errada, pois quando ela se coloca na posição de absolutista e imperialista, ela está automaticamente oprimindo aquele indivíduo falante de uma língua que é heterogênea e possui outras variações lingüísticas além da variedade padrão. Sem mencionar no assassinato da criatividade de uma língua flexível.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas escolas se aprende que para você escrever e falar bem você tem que saber gramática, não se leva ao aluno uma reflexão sobre o verdadeiro objetivo de aprendê-la, ela simplesmente induz o aluno a memorizar quantidade exagerada de nomenclaturas gramaticais sem nenhuma contextualização e por fim é fixada na mente dos educandos que a forma padrão é a única forma de falar e escrever bem.
Uma das primeiras coisas que devemos fazer não é abolir a gramática normativa dos currículos escolares como muitos pensavam, mas adaptá-la as nossas necessidades, procurando contextualizar aquelas normas tão complicadas, tentar proporcionar ao aluno um conhecimento mais amplo da sua língua, ou seja, lhe dando condições de dominá-la para saber usá-la adequadamente em qualquer tipo de situação sem com que se sinta discriminado mediante a um grupo social com uma variedade lingüística diferente, a disciplina língua portuguesa tem que lhe oferecer um leque de opções para que ele possa ter a liberdade de escolher aquela mais adequada tanto para sua fala individual quanto para seu envolvimento com outros grupos sociais, fazendo assim com certeza nossos alunos produzirão melhor seus textos e também conseguirão compreender mais.

REFERÊNCIAS

RIBEIRO, Ormezinda Maria. Ensinar ou não ensinar a gramática na escola Eis a questão. Linguagem e Ensino, v.4, n.1,p, 141-157, 2001. Disponível em: <http://rle.ucpel.tche.br/php/edicoes/v4n1/h_ormezinda.pdf>. Acesso em: 15 de maio 2010.
BECHARA, Evanildo. Ensino de Gramática. Opressão? Liberdade? 11 ed. São Paulo: Ática, 2005.
POSSENTI, Sírio. Porque (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado de Letras/ALB, 1996.
TRAVAGLIA, Carlos Luiz. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. 8ª ed. Cortez: São Paulo, 2002.