Certamente a educação brasileira passa por um momento muito caótico. A falta de recursos e investimentos por parte dos poderes públicos faz com que as escolas e os docentes tenham dificuldades em desenvolver seu papel e com isso, os alunos também são prejudicados. Por isso, é necessário que se faça algumas análises no perfil dos professores para captar as tendências pedagógicas e buscar transformações nas práxis educativas.

As tendências pedagógicas são divididas em duas: liberais e progressistas. A pedagogia liberal é marcada pela preparação do aluno para desempenhar papéis na sociedade a qual está inserido. Com isso o indivíduo tem que se adaptar aos padrões da sociedade de classe. Essa tendência está dividida em quatro, que são: tradicional, que tem o objetivo de transmitir os padrões e as normas dominantes, a renovada, onde a escola assume o propósito de levar o aluno a construir conhecimento, a renovada não diretiva, onde a preocupação está na personalidade do aluno e a tecnicista que enfatiza a profissionalização dos alunos. As tendências pedagógicas progressistas também possuem suas divisões, são elas: a libertadora, que a educação tem o papel de conscientizar e transformar a realidade e os conteúdos são tirados do dia-a-dia dos alunos. A libertaria, onde o programa de ensino foca as lutas sociais e a critico social dos conteúdos, onde diz que a escola tem a tarefa de garantir o conhecer crítico do conhecimento cientifico, tornando-se uma arma de luta.      

Tendo o conhecimento básico das tendências pedagógicas, nota-se que, boa parte dos docentes possui a tendência tradicional de ensinar, já que o objetivo desta tendência é preparar o aluno de forma intelectual e moral para a vida em sociedade e seus métodos são baseados em exposição verbal dos conteúdos, logo remete-se as salas de aula onde os professores passam horas expondo os assuntos. Por mais que muitos métodos de ensino foram desenvolvidos ao logo dos anos, dificilmente haverá um professor que não possui nenhum vestígio da tendência tradicional. Por isso, cabe a cada docente analisar seus perfis e averiguar o que é necessário mudar e acrescentar. Como já defendia Snyders (1974), “é possível pensar que se pode abrir um caminho a uma pedagogia atual; que venha fazer a síntese tradicional e do moderno: síntese e não confusão”. Com essa afirmação fica evidente que o professor não deve usar apenas uma tendência pedagógica isoladamente, mas se apropriar de todas para saber qual será a mais eficaz de acordo com cada contexto.

Em entrevista com uma professora que atua a quatorze anos na rede pública, que ensina do infantil ao quinto ano, que possui magistério e licenciatura em letras portuguesas e trabalha quarenta horas semanais, pode-se notar a pratica pedagógica que a professora possui. Diferente da grande maioria dos professores, a professora entrevistada possui uma tendência pedagógica liberal renovada progressista, seu perfil de ensino, método de trabalho está diretamente relacionado com essa tendência. Nota-se, pelo que é ensinar para a professora. Ensinar é conduzir o aluno na construção do conhecimento e adaptação do mesmo em sociedade. Uma característica da tendência renovada progressista. A professora possui um método de ensino que é propor ao aluno a oportunidade de aprender através de pesquisas, participações em sala de aula e em grupos. Aprender para a professora é contribuir na formação do aluno para que ele não se torne mero repetidor de conceitos, mas alguém que reflita e que saiba expressar-se apropriadamente no convívio do grupo, note que, essa maneira de aprender confronta a tendência tradicional de embutir conteúdos no aluno. A avaliação para ela, é uma reflexão da própria prática educativa do professor, a avaliação é usada como instrumento que possibilita ao aluno tomar consciência de suas dificuldades e também de seus avanços. A relação professor-aluno da tendência renovada progressista mostra que não a lugar privilegiado para o professor, antes auxiliar o desenvolvimento da criança, e isso se encaixa dentro do perfil da professora entrevistada. A educadora avalia para constatar a evolução do aluno e ela avalia de forma bastante renovada, ela não usa apenas provas escritas como a tendência tradicional, mas analisa o comportamento do aluno como: interesse, participação, respeito com os demais colegas e com os professores e até mesmo a forma em que eles se organiza. Realmente muito inovadora dentro de um sistema moldado pelo tradicionalismo. Por fim, a professora faz um feedback e o modo usado é acompanhar de perto o desenvolvimento do aluno e detectar as habilidades.

A partir desta entrevista, evidência que a pratica educativa começa a ganhar nova forma, professores já notam que é preciso mudar a tendência pedagógica, por mais que o sistema educacional não dá suporte necessário para que os docentes possam transformar as práticas educacionais, é importante que os professores comecem a olhar cada necessidade e aplicar seus recursos dentro de cada realidade, e situação.

Conclui-se que, o sistema pode até estar totalmente desinteressado, mas precisa-se de educadores que tenha motivação para fazer a diferença como disse o Lécio Dornas (2002) “tudo pode ser absolutamente correto: aluno presentes, material didático apropriado, ambiente de ensino adequado etc. mas se o professor não estiver preparado e motivado, tudo vai se perder”. Sendo assim, analisar as tendências pedagógicas e o perfil dos profissionais da educação, contribui para que possamos desenvolver da melhor forma possível a práxis educativa levando em consideração cada realidade em que vivemos. Pois como defende Luckesi (1994), “a pedagogia não pode ser bem entendida e praticada na escola que se tenha alguma clareza do seu significado”.

REFERÊNCIAS

LIBÃNEO, José Carlos. Democratização da escola pública. A pedagogia crítico-social dos conteúdos.                                                  Disponível em >https://drive.google.com/file/d/0B3GQrRvm4KXONjhCUDNsd3gweXM/view?pli=1

Dornas, Lécio. Socorro sou professor da escola dominical. 14º ed. São Paulo: Hagnos, 2002.