UFC-Universidade Federal do Ceará

 FACED- Faculdade de Educação

IV Seminário da linha de pesquisa Desenvolvimento, linguagem e educação da criança- LIDELEC

                     O lúdico na Educação Infantil: uma forma atrativa de ensinar e aprender

 

       Autora: Marília Moreira Pinho

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Co-Autoras: Fcaª Eliana Santos da Silva

                       Maria Eveline Sousa Machado

                                                                          Thatyanny Teixeira Leite Correia da Silva                                       

                                              Orientador: Profº.Dr. Cláudio Marques

RESUMO

O Presente trabalho foi organizado durante a disciplina de Pesquisa Educacional I, onde realizamos discussões em grupo sobre a temática do lúdico na Educação Infantil e uma pesquisa de campo para compreendermos melhor como se constitui esse processo da utilização do lúdico na educação infantil como meio de estimular e/ou desenvolver a aprendizagem das crianças. O tema escolhido tem como finalidade, mostrar a importância do lúdico na educação infantil de crianças com faixa etária entre cinco e seis anos de idade. Nosso objetivo é descrever como os jogos e as brincadeiras são utilizadas para promover o desenvolvimento cognitivo e motor da criança, enfatizando a formação do profissional como um dos fatores necessários para a contribuição das práticas lúdicas em sala de aula. Ressaltamos também o papel das escolas que devem favorecer uma aplicação das atividades lúdicas nas disciplinas, adequando-as a sua estrutura física, para que assim, as aulas tornem-se mais prazerosas e produtivas. A partir disso, procuramos discutir a utilização do lúdico como importante ferramenta pedagógica que possibilita uma melhor interação da criança em sala de aula e com o mundo externo, despertando nela sua criatividade, dinamismo, raciocínio lógico, motricidade, linguagem, além da socialização.

Palavras-chaves: Lúdico. Educação Infantil. Aprendizagem.

 

 

 

                                                       Introdução

A seguinte pesquisa organizou-se em torno do tema lúdico na educação infantil, pois, nos interessamos em conhecer como essa importante ferramenta educativa, contribuía para a aprendizagem de crianças pequenas, qual seu papel na escola e na sala de aula, como ela ajuda o professor em suas atividades. Desse modo, tivemos como embasamento as orientações do professor da disciplina de Pesquisa Educacional I, além de algumas leituras e reflexões a partir de textos relacionados com a temática do lúdico na Educação Infantil. Realizamos também, discussões em grupo e uma pesquisa de campo para compreendermos melhor esse processo de utilização do lúdico na educação infantil de forma a estimular e/ou desenvolver a aprendizagem das crianças.

            O tema escolhido tem como finalidade, mostrar a importância do lúdico na educação infantil de crianças com faixa etária entre cinco e seis anos de idade. Nosso objetivo é descrever como os jogos e as brincadeiras são utilizadas para promover o desenvolvimento cognitivo e motor da criança, enfatizando a formação do profissional como um dos fatores necessários para a contribuição das práticas lúdicas em sala de aula.

Ressaltaremos também o papel das escolas e dos professores que juntos, devem favorecer uma aplicação das atividades lúdicas nas disciplinas, adequando-as a sua estrutura física, com o intuito de tornar as aulas mais prazerosas e produtivas, e assim aumentando o interesse das crianças pelas atividades escolares e conseqüentemente seu rendimento escolar.

A partir disso, procuraremos discutir a utilização do lúdico como ferramenta pedagógica que possibilita uma melhor interação da criança em sala de aula e com o mundo externo, despertando nela sua criatividade, dinamismo, raciocínio lógico, motricidade, linguagem, além da socialização.

  1. O lúdico na Educação Infantil

A palavra lúdico vem do latim e significa brincar. Neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimentos e é relativa também à conduta daquele que joga que brinca e que se diverte. Por sua vez, a função educativa do jogo oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo.  (Santos, et alii.1997.p.7)

            Assim, podemos notar que o termo lúdico, não se refere apenas aos jogos, mas também às brincadeiras e a outros divertimentos que a criança possa ter acesso e a partir dessas situações possa aprender e apreender elementos essenciais para sua compreensão e conhecimento sobre o mundo.

O lúdico na educação infantil proporciona à criança estar em contato com o saber de forma prazerosa e ao mesmo tempo necessária para a sua formação intelectual e subjetiva, dando-lhe a oportunidade de transpor sua realidade para um mundo imaginário criado por ela própria. O jogo, por exemplo, é composto por um conjunto de atividades lúdicas que têm o poder de direcionar a criança ao cumprimento de regras, raciocínio lógico, disciplina, respeito ao parceiro podendo desenvolver nela, também a cognição e motricidade em suas ações.

             Desse modo, através dos jogos, o educando explora muito mais sua criatividade, melhora sua conduta no processo ensino – aprendizagem e sua auto-estima. No entanto, o educador deve ter cuidado de como são organizados os jogos em seus fins pedagógicos para que não se transformem em atividade dirigida e manipuladora, pois, se isso ocorrer o jogo deixará de ser jogo, já que não será caracterizado com liberdade e espontaneidade.
            Uma das alternativas adotadas pelos educadores para que este problema da anulação do sentido do Lúdico não aconteça, é evitar a intervenção no jogo, pois, através do Lúdico podem-se trabalhar vários conteúdos ao realizar trabalhos envolvendo contação de histórias, música, teatro, artes visuais, confecções de brinquedos ou jogos de sucatas o que muitas vezes pode ser entrelaçado com assuntos diversos como: o meio ambiente, numerais , leitura, escrita, etc.
            O jogo é a principal atividade durante a infância  e um excelente divertimento educativo no processo de aprendizagem; Jogando é que nos desenvolvemos fisicamente e emocionalmente, ao mesmo tempo que mantemos nossa inteligência e reflexos ativos. Portanto, o jogo não deixa de ser um suporte na ação da aprendizagem.

            Jogar denomina-se “atividade lúdica”, que possui um sistema de regras. Pode ser associado ao termo “brinquedo”, sendo que alguns objetos são denominados como jogo e outros como brinquedo. É uma combinação de liberdade, invenção e limites, contendo regras combinadas previamente ou durante o jogo.

            Jogo é toda e qualquer competição em que as regras são feitas ou criadas num ambiente restrito ou até mesmo de imediato, em contrapartida ao desporto (esporte, no Brasil), em que as regras são universais. Geralmente, os jogos têm poucas regras e estas são simples. Pode envolver um jogador sozinho, dois ou mais jogando cooperativamente

            Já a brincadeira tem caráter livre de regras e objetivos pré-estabelecidos, é solta e despreocupada, o que proporciona certa liberdade. As crianças brincam para gastar energia e se divertirem. Na maioria das vezes, utilizam um brinquedo em seus jogos. Este brinquedo é visto pelos adultos como um objeto auxiliar da brincadeira, mas para as crianças isso vai além, ela o vê como uma fonte de conhecimentos e um "simulador da realidade

Conforme podemos notar a partir da citação de Campos, a importância do brincar e do jogo:

O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os mais remotos tempo. Através deles, a criança desenvolvem a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a auto-estima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor. O jogo, nas suas diversas formas, auxilia no processo ensino-aprendizagem, tanto no desenvolvimento psicomotor, isto é, no desenvolvimento da motricidade fina e ampla, bem como no desenvolvimento de habilidades do pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de decisão, a criatividade, o levantamento de hipóteses, a obtenção e organização de dados e a aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações que, por sua vez, acontecem quando jogamos, quando obedecemos a regras, quando vivenciamos conflitos numa competição, etc.

O professor, enquanto mediador do processo de aprendizagem precisa ter uma formação acerca de como irá usar o lúdico na sala de aula, tendo cuidado para que a atividade proposta não cause constrangimento e nem abra preceitos de discriminação homofóbica para com o aluno.

             Assim o papel do professor é de fundamental importância para a difusão e aplicação de recursos lúdicos. O professor ao se conscientizar das vantagens do lúdico, adequará a determinadas situações de ensino, utilizando-as de acordo com suas necessidades. Uma aula inspirada no lúdico, não é necessariamente aquela que ensina conteúdos com jogos, mas aquela em que as características do brincar estão presentes, influindo no modo de ensinar do professor, na seleção dos conteúdos e no papel do aluno.

Dessa forma o professor interessado em promover mudanças, como pesquisador

estará em busca de ações educativas eficazes. Utilizando o lúdico, o aprendizado se daria em um ambiente mais agradável, pontuado pela coragem de professores que não tem medo de sonhar. Uma aula que se assemelha ao brincar - atividade livre, criativa, imprevisível, capaz de absorver a pessoa que brinca não centrada na produtividade.

            Assim o professor em suas atividades lúdicas pode utilizar dois tipos de jogos: os motores que são aqueles que desenvolvem a capacidade motora do indivíduo, aprimorando sua agilidade, percepção e equilíbrio diante de atividades diversas. Ex: amarelinha, pega-pega pula corda, etc. E os cognitivos que desenvolvem a capacidade cognitiva do indivíduo, possibilitando uma melhora em seu raciocino, memória, percepção, interação e ao mesmo tempo em sua inteligência. Ex: xadrez quebra- cabeça, dama, dominó, cartas, etc.

            De acordo com (Wulf, 2005, p.38) é através do jogo que a criança pode fruir plenamente o instante presente, exercitar suas capacidades físicas, intelectuais e experimentar coisas fundamentais para o seu futuro.

            Assim, o objetivo do professor ao trabalhar com o lúdico em sala de aula é tomar como princípio educativo a focalização no jogo, já que este, além de estimular a função cognitiva fina, possibilita que a criança detenha para si o conceito de regras e limites que percorrerão por suas vidas. O jogo tem uma grande importância na formação da criança pré – escolar.

De acordo com (Santos et alii, 1997.p.15), o objetivo do jogo é oportunizar a reflexão sobre aspectos que envolvam os temas e sub temas, a fim de que cada participante posicione-se sobre as alternativas apresentadas até que o grupo chegue a uma conclusão coletiva.        

O contexto escolar atualmente está sendo readaptado, pois, foi visto a grande necessidade de se aumentar os recursos pedagógicos. Dentre os aspectos que estão sendo influenciadores desse processo estão as práticas educativas do professor. Este organizará a sala de aula ou o espaço que provocará a busca do conhecimento, de maneira estimulante.

Assim, ao determinar ou delimitar uma atividade lúdica ela deve proporcionar bem- estar à criança, além de possibilitar à ela noções de grupo por meio da interatividade mútua entre os colegas.

A pesquisa de campo

Conforme apresentado na introdução, realizamos uma pesquisa de campo, no qual o método utilizado foi a entrevista semi-estruturada. A entrevista foi realizada em uma escola particular da cidade de Fortaleza, entrevistamos duas professoras, uma da educação infantil, a quem denominaremos de (G.L.P) e duas professoras da pré-escola (A.A.S) e (M.N.O).

Suas respostas contribuíram para desenvolvermos com mais consistência nosso trabalho sobre a influência das práticas lúdicas para o desenvolvimento cognitivo e motor das crianças, com faixa etária entre 05 e 06 anos de idade. Revelaram aspectos importantes para compreendermos como o lúdico está sendo utilizado em sala de aula e a sua importância para a educação das crianças.

O primeiro aspecto avaliado foi com relação à utilização de brincadeiras na escola e as mais importantes para o desenvolvimento cognitivo e motor das crianças. De acordo com as entrevistadas, as brincadeiras mais utilizadas são a amarelinha e massinha. Foram citadas como as mais importantes a brincadeira de roda e as brincadeiras livres; pega-pega, corda...

Como podemos perceber as brincadeiras de roda e as brincadeiras livres, mesmo sendo as mais importantes, elas não são as mais utilizadas, o que revela um contraste nas respostas, quando comparadas.

O outro aspecto avaliado foi a utilização de jogos na escola e os mais importantes para desenvolverem o cognitivo e motor das crianças. As entrevistadas citaram como os mais utilizados os jogos de montagem, jogo de quebra-cabeça, jogo da memória, enfim, jogos que estimulam mais o raciocínio lógico da criança, não citaram jogos que estimulassem a motricidade dos alunos.

Quando perguntadas sobre o espaço, se este era suficiente e adequado com o objetivo de promover as atividades lúdicas, elas responderam de forma divergente, uma das entrevistadas (G.L.P), revelou que o espaço é adequado e suficiente, por se tratar da educação infantil, as crianças pequenas, não precisavam de muito espaço para brincar, a sala e o pátio são espaços suficientes.

Entretanto as outras entrevistadas ficaram em dúvida quanto ao espaço, a professora (A.A.S) alegou que este muitas vezes era adequado para as atividades lúdicas dirigidas, mas se tratando de brincadeiras livres, o espaço se tornava insuficiente, por conta do grande número de alunos. Enquanto (M.N.O) ressaltou que o espaço não era adequado, por ser pequeno, e sem estruturas para suportar tantos alunos, além de possuir várias salas, o que acaba tomando o espaço das brincadeiras livres, que segundo ela, são as brincadeiras que as crianças mais gostam.

Outro questionamento que fizemos às professoras foi com relação à valorização do lúdico na escola como estratégia para desenvolver o cognitivo e motor das crianças. Assim, quando indagadas a respeito disso, todas as entrevistadas responderam que sim, a escola valoriza o lúdico como meio de causar maior interação entre todas as crianças. Além de que elas notam que o comportamento das crianças muda, elas se divertem mais e sentem prazer em brincar, principalmente quando são competitivas, assim na sala há uma disposição maior por parte das crianças para aprender. De acordo com os sujeitos entrevistados a aula flui bem melhor.       

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com esta pesquisa concluímos que o lúdico tem grande importância no processo de ensino e aprendizagem da educação infantil, sendo que um simples jogo ou brincadeira podem estimular o aprendizado de diversas formas, seja através da motivação, socialização, interação, cognição, ou motricidade.

Dessa forma, confrontamos o material teórico com a pesquisa de campo e observamos que por mais que os jogos e brincadeiras sejam utilizados em sala de aula, eles nem sempre são abordados de forma lúdica, devido à falta de incentivo e recursos disponibilizados pela escola, além da falta de interesse do próprio educador que não cria estratégias de jogos e brincadeiras com intenção lúdica para estimular cada vez mais a aprendizagem das crianças.

Podemos notar que o lúdico embora seja uma alternativa para o pedagogo, esse método nem sempre é utilizado, o que se predomina nas escolas ainda hoje como aspecto mais importante para a educação das crianças, parecem serem os conteúdos, não que estes sejam menos importantes, mas as brincadeiras e jogos, se trabalhadas com intenção educativa, podem contribuir bastante e de forma significativa para que a criança desenvolva-se cognitivamente, e não apenas neste aspecto intelectual, mas também no que diz respeito à motricidade, aos seus movimentos, valorizando a lateralidade, a dinâmica espacial, a coletividade, a atenção, enfim, aspectos importantes para que a criança aprenda e desenvolva-se mais feliz.

E para que as práticas lúdicas sejam cada vez mais utilizadas como estímulo à aprendizagem dos alunos, cabe à escola em primeiro lugar e ao educador, para que planejem juntos, formas interessantes de educarem seus alunos, motivando-os constantemente a aprenderem e a participarem das atividades que propõem no contexto escolar, de forma a incentivar no aluno seu papel individual e coletivo, demonstrando a ele a importância da interação, do ato de criar regras e de respeitar essas regras, de imaginar e se deixar encantar por um mundo mágico  que as brincadeiras e jogos possuem e que contribuem na sua construção da sua subjetividade.

 

SANTOS, Santa et alii Cruz, Dulce. O lúdico na formação. 6ª Ed. Rio de Janeiro. Vozes. 1997.

WULF, Christoph. Antropologia da Educação. São Paulo. Alínea. 2005.

SITES:

O Conceito de Brincadeira.

 Disponível em www.wikipédia.org.

 Acesso em 28 de agosto de 2011

CENTRO REFERENCIAL. O Lúdico.

Disponível em www.centrorefeducacional.com.br .

Acesso em: 20 agosto de 2011

CAMPOS, Maria Célia Rabello Malta. A importância do jogo no processo de aprendizagem.

Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/entrevistas/entrevista.asp?entrID=39

Acesso em: 25/08/2011

Livro x ludicidade

Disponível em: http://brinqueeaprenda.blogspot.com/

Acesso: 24/08/2011