"O JOGO DO FAZ DE CONTA DEMOCRÁTICO": (des)caminhos da Gestão Participativa na Escola

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A problematização da temática sobre a democracia no ambiente escolar é relevante nas práticas de gestão , tendo em vista que, administrar bem os recursos matérias e financeiros e liderar pessoas significa alcançar as metas traçadas pela escola, e atingir, com efeito , as metas da educação que o Brasil já traçou por meio do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação )

Segundo Foucault (1999, p.91) se há poder há possibilidade de resistência, pois é uma relação que se pode mudar a qualquer instante. Numa primeira hipótese, pode se dizer que mesmo existindo a vontade de se fazer uma administração transparente e participativa , ainda há mecanismos de resistência à implementação de uma gestão que seja verdadeiramente democrática, e não apenas, um jogo de faz de conta.

Quais serão as mobilizações subjetivas elaboradas pelos sujeitos no cotidiano escolar para a vigência da gestão democrática?

Para Barros (2005 p.87) há mecanismos que são inobserváveis da atividade. O funcionamento de uma escola não depende só do reconhecimento e cumprimento de procedimentos e regulamentos, é preciso existir mobilizações subjetivas para encontrar caminhos.

Escrever sobre a gestão democrática na escola é importante, ao passo que, evidencia a contribuição das discussões levantadas pelos autores do estudo e trazer, com efeito, o entendimento das questões que perpassam a escola atual.

Há muito tempo vivemos a chamada democratização do espaço escolar, onde se observa uma confiança depositada na gestão participativa no sentido de achar que ela resolve todos os problemas do cotidiano escolar.

Que lugar a gestão democrática ocupa no imaginário dos professores? Quais os espaços-tempos que a escola promove para discussão dessa temática?

O objeto de estudo aqui apresentado são as formas de subjetivação e mecanismos de resistências criadas pelos professores, gestores, alunos e demais agentes escolares no que toca a gestão democrática.

O capitalismo produz formas-subjetividade, modelizações subjetivas que envolvem memória, percepção, sensibilidade, relações sociais, práticas educativas e práticas formativas. Ao mesmo tempo essa modelização se choca com modos de subjetivação singulares que, como tal, é recusa, resistência à ela, construindo outras sensibilidades, outros modos de relações entre os humanos, novos modos de produção da existência. (BARROS E OLIVEIRA, 2008)

As modelizações subjetivas criadas por cada participante do cotidiano escolar pode emperrar a implementação de uma gestão participativa. Esses mecanismos dizem respeito ao não comparecimento às reuniões propostas pela equipe pedagógica e ao descaso demonstrado através de palavras proferidas. Quando surgem as mudanças nas organizações, sempre emergem também os grupos informais, e na escola não é diferente.

Quando os gregos inventaram a democracia, eles não podiam imaginar que um dia esse sistema de governo chegaria ao seu ápice num país chamado Brasil, que aqui, abaixo da linha do equador um operário chegaria à presidência da república.

A democracia tem momentos belos e trágicos, ao mesmo tempo em que ela permite a participação de todos os cidadãos, ela também abre fluxos que favorecem a corrupção.

A Gestão Educacional com vistas a ser democrática também cai nos mesmos atropelos que a gestão pública, contudo há relações e conceitos que se estabelecem entre educação e democracia. Essa idéia é confirmada por alguns pensadores.


Ao lado de outras forças sociopolítico-culturais que vem transformando o Brasil, a luta por uma escola pública, universal e de qualidade empreendida pelos educadores brasileiros representa uma expressão peculiar e inseparável da educação, ao mesmo tempo em que se torna uma poderosa contribuição para o processo de democratização do país. (FAVERO E SEMERANO, 2002, P.7)


A postulação de Favero e Semerano ( 2002 ) mostra que a educação quando gerida de forma eficiente tem o poder de fazer emergir a verdadeira democracia. Será? Quanto tempo a escola existe? Todo esse tempo não foi suficiente ainda para fazer nascer uma verdadeira democracia. Será que a escola como está estruturada tem mesmo o poder de gerar mudanças significativas? As ações efetivamente construtivas no âmbito da escola não aparecem porque há mecanismos de resistência bem evidentes no cotidiano escolar.

O processo que faz fluir a democracia corre contra a intenção de manutenção de poder tão comum em nossa sociedade. A cultura humana e isso parece universal apresenta uma dinâmica que interfere na vida dos sujeitos com vistas a manter sempre uma sobreposição de um grupo ao outro. A questão do poder é uma grande barreira que em nada ajuda para fazer nascer a verdadeira democracia. Piaget ou Pinochet? No campo da gestão podemos refletir qual a forma de gerir é mais eficiente. Construtivista ou ditatorial? A história social das relações políticas já nos deu a resposta, portanto na escola ainda há um grande fascínio pelas práticas ditatoriais, e muitos ainda acreditam que essa prática sumiu da do cotidiano escolar.

Entretanto o processo que amplia a democratização e contrário à apropriação privada dos mecanismos de poder, resultando em uma contradição: apesar de pessoas participando organizadamente e assim constituindo-se como sujeitos políticos e coletivos, há também a manutenção da apropriação restrita do estado por um pequeno grupo de membros da classe economicamente dominante ou por uma restrita burocracia que o serve. (HORA, 2007, P.25)






Embora ocorra os "vazamentos democráticos ? que podem ser inferidos na citação anterior. A democracia tem na educação uma base para seu fortalecimento. A educação é vista pelos sujeitos democráticos como um espaço de construção da cidadania, onde se pode verificar a liberdade de expressão.

Neste contexto é pertinente apresentar uma abordagem acerca da administração escolar, para que se entenda sua relação com a questão democrática.

A administração escolar apresenta características sustentadas por várias escolas da administração de empresas. Por isso a gestão educacional apresenta uma relação estreita com a gestão empresarial. (HORA ,2007)

Todavia se ma instituição educacional possui objetivos que se diferem de uma empresa não se pode aplicar a risca as mesmas técnicas da gerência cientifica. É evidente que há abordagens da administração que são universais, sendo, portanto passíveis de serem aplicadas em qualquer organização, porém numa escola há metas que extrapolam o alcance de metas organizações, na educação há o compromisso de formar gente, cidadão, sujeitos democráticos.

Tudo é muito bonito escrito nas teses de doutorado, nas dissertações de mestrado e nos inúmeros livros sobre gestão democrática na escola, porém no cotidiano escolar há outras dinâmicas criadas pelos sujeitos da escola que emperram que ocorra a gestão democrática. A escola se destaca por ser um espaço sistematizado de aquisição da aprendizagem, mas está perdida e não sabe se matem o foco em transmitir conhecimento para o mundo do trabalho ou se forma cidadãos, o fato é que ela acaba por não atingir nenhuma das duas metas.



Como fazer democracia numa escola que carece de sentidos?

- Por favor, que caminho devo tomar para sair daqui?
- Isso depende muito bastante de onde você quer chegar, disse o Gato.
- O lugar não me importa muito..., disse Alice.
- Então, não importa que caminho que você vai tomar, disse o Gato.
(Carroll, 1845/1998: 84)

Esta metáfora com a história de Alice permite refletir sobre a função social da escola e as formas de se fazer democracia na escola através de uma gestão participativa.

Qualquer caminho não serve. A escola precisa definir onde quer chegar, ou onde quer que os sujeitos que participam de seu cotidiano cheguem. Isso é fazer democracia. O que ocorre atualmente é que para e escola,assim como para Alice, qualquer caminho serve. É isso que fica explicito nas formas se gerir a escola no Brasil.

Na tentativa de buscar caminhos é preciso refletir : Que mal-estar é esse que tem se apresentado insistentemente no âmbito da escola? Diniz (1998), em seu estudo sobre o sofrimento de mulheres-professoras das séries iniciais do ensino fundamental, refere-se a um insuportável vivido por elas na educação. A subjetividade da mulher nessa profissão foi estudada por essa autora a partir das queixas de professoras, queixas que revelam sua vivência de um profundo mal-estar.

A autora citada nos faz questionar acerca da falácia referente á gestão democrática na escola, pois não dá pra se fazer uma gestão participativa onde os principais agentes são portadores de sofrimento psíquico. Entende-se por gestão participativa aquela que dá voz e ouvido aos sujeitos que compõem a organização. Mas na maioria das escolas brasileiras isso não acontece, ainda há muitos mecanismos de resistência de todos os envolvidos na dinâmica escolar. Os professores não abraçam a causa da gestão democrática alegando que os diretores são muito autoritários e que eles não possuem mais armas pra lutar contra essa tirania. A partir dessa evidencia cabe refletir se a lei da gestão democrática dispara novos comportamentos ou é apenas letra morta.

A partir de 1980 começou no Brasil um período de abertura política, com conquistas para a sociedade brasileira e para a educação pública. A Constituição Federal de 1988 refletiu a pressão da sociedade civil, que reivindicava um país democrático. Ela apresenta a gestão democrática do ensino público, no art. 206, item VII, que define a sua gratuidade em todos os níveis de ensino e a qualifica como um dever do Estado, reafirmando assim que a educação possui um caráter público. Na lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional se lê o seguinte:

Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extra-escolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
A matriz cultural brasileira está ligada a inúmeros problemas que se referem à escravidão e tantos regimes de exploração. Esses fatores influenciaram e continuam influenciando a maneira de se fazer educação no Brasil.

Afirmar que a educação é política por algum tempo foi motivo de escândalo. A escola no Brasil passou a ser laica, porém se ela está num estado laico não significa que ela tenha que ser neutra e sem visão política.

A educação passa para a criança um modelo social a ser seguido, porém a sociedade não é homogênea ao passo de ter todos os comportamentos controlados pela educação. Neste contexto se pode afirmar que não há na sociedade apenas classes distintas, mas sim classes que se digladiam. Cada grupo social engendra modelos de comportamentos que julgam necessários para a manutenção do perfil que a classe almeja. (CHARLOT, 1986)

Num segundo momento pode se afirmar que a educação é política porque reflete em seu bojo todas as demandas sociais.

Baseado nas teorias freudianas é possível afirmar que a estruturação da personalidade do sujeito se estabelece a partir das normas sociais. Isso permite afirmar que as normas sociais, e neste contexto a educação e a política, tem papel fundamental na formação psíquica do individuo.

A educação também é política na medida em que cabe a escola estabelecer certas normas e atender as demandas da sociedade no que tange a formação das pessoas. A educação nesse sentido carrega a dimensão política por estabelecer modelos sociais e definir papeis para as pessoas.

Os pedagogos não ignoram a dimensão política da educação, pois há grandes nomes que elaboraram suas teorias com base no aspecto político. Portanto a pedagogia não deve mascarar o caráter político da educação. Ela deve atentar para não ser uma reprodutora das ideologias vigentes.

Cabe aqui também problematizar a questão se há alternativas na gestão educacional capaz de romper com idéias tradicionais e propiciar sucesso na formação de um sujeito ético-politico. Conforme (CHAUÍ, 2000), devemos substituir as perguntas do cotidiano por outras perguntas que nos faça pensar, que não tenha respostas imediatas. Acredito que a escola neste sentido pode ajudar o sujeito a se constituir enquanto ser ético e político.

Os vários contextos que envolvem a escola influenciam de maneira sistemática a administração escolar e, com efeito, a gestão educacional democrática. Reconhecer a dependência que a escola tem com a história e a cultura é um passo importante para a construção de saberes acerca do processo de formação do sujeito engajada nas questões éticas e políticas.

Ao se falar sobre gestão democrática da escola não se pode deixar de abordar a ação dos sujeitos envolvidos no cotidiano escolar. A maneira de ser e estar no mundo dos referidos agentes escolares influencia fortemente a implantação de uma gestão democrática.

Se os contextos históricos e culturais estão no bojo da prática educacional torna se relevante saber quais as contribuições que a historia acumulada, a dinâmica social e a cultura que a escola está inserida dão ao processo de formação dos indivíduos que almejam a democracia.. .

Na escola há sempre a preocupação com os modelos usados para que o aluno sinta o desejo de aprender. É uma tarefa difícil, pois o objeto de desejo precisa surgir com solução de uma necessidade. Quando isso acontece o aluno se sente feliz no processo. Neste contexto se faz necessário que a gestão escolar tenha como porto as necessidades dos alunos e o leve para lugares que não imaginava existir.

É preciso que a escola atente para a necessidade de se formar um sujeito que participe efetivamente da vida em sociedade e também para a necessidade não excludente de criar outros interesses nos alunos, professores e outros sujeitos da escola. (BOCH ,1996 ). A partir dessa perspectiva pode nascer o sujeito engajado.

O professor serve para acenar outros horizontes aos alunos. Ele deve ser a seta que conduz a novos conhecimentos, pois é preciso considerar que o professor tem uma bagagem cultural para isso. O papel dele na escola não pode se perder no que se refere às demandas políticas que estão no cotidiano escolar. Nesta tarefa ele deve contar sempre com o apoio de um gestor eficiente.

O educando se reconhece conhecendo os objetos, descobrindo que é capaz de conhecer, assistindo à imersão dos significados em cujo processo se vai tornando também significador crítico. (FREIRE ,1996 )

Paulo freire afirma que é precisa partir da realidade do educando para que se consiga construir uma prática de ensino renovadora. A ética e a política estão presentes na vida de todos os indivíduos e preciso usar esses aspectos da realidade na construção de uma gestão democrática.

No primeiro capitulo de "Pedagogia da Autonomia". Saberes necessários a à Prática Educativa, Paulo Freire afirma que não há docência sem discência. Freud afirmou que a educação é uma profissão impossível. O pensamento destes dois grandes autores se completa quando pensamos a educação como um lugar de eterna construção, como um espaço da dúvida, da capacidade criadora de educando e educador. Neste sentido a questão democrática na escola carece de reflexão sobre que tipo de produção material, social e simbólica a administração de uma escola promove no tempo de sua vigência, e cria a partir daí uma cultura organizacional que não se perde com as sucessivas administrações.

Discutir essa temática, buscando uma relação com o processo de gestão educacional democrática, cultura e sociedade é um grande desafio. E analisando o perfil da gestão educacional na atualidade pode-se perceber que há um longo caminho a percorrer para que a administração centralizadora seja democrática.

Para se fazer uma prática pedagogia que vá de encontro aos reais interesses do educando é preciso estar "antenada" com os pensadores que se inquietam com a educação.

A partir do momento que se tem o individuo tem a consciência de que ela modifica o mundo e o mundo também o modifica sua relação com a vida muda e ela passa a construir novos significados. Esse é o desafio possível da escola na modernidade.
Se nós formos avaliar o significado da palavra DESCAMINHOS, teremos a seguinte definição, segundo um dos dicionários ortográficos brasileiro: - Extravio, sumiço. Desvio do bom caminho Moral. - Agora sim, chegamos a um determinado ponto específico, pois avaliando essas definições, percebemos sobre o que o livro quer nos dizer. E nos deixa bem claro, quais os distúrbios sofridos pela educação brasileira durante décadas em seus cronogramas curriculares e educacionais em nível nacional, estadual, municipal e até mesmo regional e institucional. (TERHORST, 2009)


Na gestão atual da escola brasileira pública há mais descaminhos do que caminhos significativos que levem alunos, professores e comunidade para um porto onde se tenha experiências exitosas.com essa realidade sofrida fazer uma educação significativa é uma tarefa cada vez mais pouco percebida no dia a dia das unidades de ensino.

Freud afirmou que há três profissões impossíveis: a psicanálise, a política e a educação. Na oportunidade do momento analisarei a educação como dita "impossível", pois na uma relação desta postulação freudiana com os conteúdos estudados na pós-graduação.

Segundo Lajonquière (1999) há no imaginário popular que a educação é algo impossível, esse pensamento também habita em muitas mentes que trabalham no magistério. Essa realidade escurece a verdadeira potência que a escola tem na construção da subjetividade humana.

Devido a essa desesperança que assola a educação, em tempo de desencanto surge uma interpretação errada da frase de Freud sobre a educação. O que se nota é que há uma expectativa dos profissionais da educação que a ela seja impossível, e se é impossível não há mais nada pra se fazer.

Freire afirma em Docência e Discência: primeiro capitulo de Pedagogia da Autonomia que ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar a possibilidade para a sua produção ou a sua construção.

Se educar fosse apenas transmitir conhecimentos acumulados em cursos de formação, bastaria ao educador apenas passar para o aluno a técnica aprendida. Entretanto educar extrapola a mera transmissão de conteúdos. O educador, segundo Freire transforma e é transformado. Nesse sentido nasce o desafio da educação. Tal inferência pode ser percebida na polêmica declaração de Freud.

Freire encerra o primeiro capitulo dizendo que ensinar deve estar o tempo todo relacionado com a identidade cultural dos sujeitos.
A experiência histórica, política, cultural e social dos homens e das mulheres jamais pode se dar "virgens" do conflito entre as forças que obstaculizam a busca da assunção de si por parte dos indivíduos e dos grupos e das forças que trabalham em favor daquela assunção. A formação docente que se jugue superior a essas "intrigas" não faz outra coisa senão trabalhar em favor dos obstáculos."FREIRE ( 1996, P.42 )

Ser educador implica em construir e desconstruir o tempo todo. Não há corrente pedagógica que dê conta de abarcar todas as realidades. Em cada tempo e em cada espaço se faz um jeito nove de trabalhar com o aluno. A didática, os recursos e outros meios usados na aprendizagem vão depender da maneira como docente e discente encara o ato de aprender. Essas postulações devem estar o tempo todo nas mentes dos gestores educacionais, pois assim estará se construindo um outro caminho com sujeitos mais confiantes na potência que é a escola quando bem administrada.

Contudo é possível perceber que o ato de educar é difícil, mas não impossível. A referida "impossibilidade" no sentido freudiano é o maior desafio para os educadores.

No livro Liderança Radical Steve Farber conta uma história muito interessante , onde ele aparece como um dos protagonistas.

O surfista chamado Edg, responsável pelas narrativas mais interessantes do texto, serve na história como um guia que a partir do senso comum dará lições grandiosas sobre liderança.

Os textos trazem a temática do amor como algo primordial na formação de líderes , pois só com o amor é possível produzir energia para continuar caminhando nas organizações de uma forma feliz.

O livro traz também a personagem Janice, que parece por sua vez , estar ali para representar aqueles colaboradores e gestores que estão desanimados com a carreira.

O narrador personagem Steve quer demonstrar a importância de possuir a habilidade de correr riscos.

Muitos profissionais veem no ato de correr risco algo que pode abalar o " lugar seguro " que se encontram. O autor inova ao afirmar que correr riscos é essencial para felicidade na vida pessoal e profissional.

O objetivo de citar essa obra aqui se dá com o intuito de demonstrar que lideres educacionais que se enquadram no perfil mostrado pelo autor são agentes de transformações significativas.

Essa nova consciência que pode nascer nos lideres educacionais podem trazer impacto sobre o ambiente escolar. De acordo com a experiência realizada por administradores em Chicago no bairro de Hawtorne a estrutura física onde o indivíduo trabalha tem grande no tamanho de sua produção. Ele provou que os ambientes mais agradáveis faziam com que os funcionários rendiam mais.

Algo parecido pode ser verificado na educação. Um ambiente escolar adequado funciona como um dos motivadores para a realização das atividades escolares.

Pesquisar sobre gestão democrática na escola tendo como postulação que ela se dá num "jogo de faz de conta" foi significativo, ao passo que as contribuições de cada autor da pesquisa serviram para refletir sobre a pratica da gestão das escolas públicas brasileiras.

A gestão democrática na escola é mesmo um "jogo de faz de conta". Quem habita o cotidiano escolar entende muito bem o que os três autores postularam nesta pesquisa. A administração das escolas busca o tempo todo encobrir as praticam ditatórias elaborando um discurso democrático, mas quem está na escola diariamente percebe que não existe democracia na gestão educacional.

Vivemos no Brasil uma falsa gestão democrática nas relações políticas, se a escola é uma célula da sociedade, haveremos de encontrar nela uma gestão participativa?

Apenas brinca-se de democracia. Enquanto isso os cidadãos tanto na escola quanto em outras instituições, à semelhança de Alice no País das Maravilhas se perdem num mundo sem foco.

Portanto a causa da democracia na escola é difícil e exige muita atenção de toda a sociedade. Gerir com eficiência a coisa pública é dever daquele que está a frente de uma administração. O sucesso dos alunos depende diretamente de uma boa gestão.



Deixar o Diretor(a) tomar as decisões sozinho é jogar no lixo todo o processo da Gestão democrática. Algo que não entendo é como professores, pessoas com cursos de nível superior, muitos com especialização, vários anos no magistério adquirindo experiências valiosas, tornam-se pessoas totalmente submissas não assumindo uma postura de educador autônomo, autoridade, intelectual, agente transformador, propagador de conhecimentos, idéias e ideais. Valores como liberdade, responsabilidade, pontualidade devem ser cultuados. (SILVA, 2009)

As decisões de uma escola são tomadas pelos diretores e não reflete na maioria das vezes a vontade dos professores e dos alunos. Os professores falam tanto em autonomia, mas não tem controle das suas próprias vidas no que tange o lado profissional.

Portanto o " jogo do faz de conta" continua, e para que se mude as regras do jogo é necessário que toda a sociedade se incomode e lute por mudanças significativas. Numa época onde os grupos são cada vez mais esfacelados, ainda há esperança de novas mudanças, e se elas ocorrerem em cada unidade de ensino, com o tempo se somarão e teremos, com efeito, a gestão democrática. Adeus mundo de Alice.


















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