O INSUCESSO ESCOLAR DOS ALUNOS DA 5 ª CLASSE, TURMAS A e B DA
Publicado em 10 de junho de 2013 por Fernando Bumba
O INSUCESSO ESCOLAR DOS ALUNOS DA 5 ª CLASSE, TURMAS A e B DA
ESCOLA N° 4 DO MUNICÍPIO DE BUCO- ZAU, A NÍVEL DA LÍNGUA PORTUGUESA
FERNANDO BUMBA
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS EDUCATIAS - ISCE
RESUMO
Este projecto tem como objectivo apresentar estudos que possibilitem romper com ideias inalteráveis sobre o tema do insucesso escolar, apontando possibilidades concretas que levem ao sucesso dos alunos no ensino da disciplina de língua portuguesa. A justificação do mesmo, está na problematizarão feita no decorrer do estudo, relacionando o processo ensino-aprendizagem com o sucesso e insucesso escolar, ou seja, através da procura de alternativas que superem essa lógica persistente no dia-a-dia da escola n°4, município de Buco-Zau, província de Cabinda.
Esta é uma pesquisa exploratória utilizando a investigação acção Espera-se que este projecto nos ajude a compreender as manifestações das verdadeiras causas que levam os alunos ao insucesso escolar nos vários domínios do ensino, isto é, vamos procurar identificar e determinar as manifestações das causas do insucesso escolar dos alunos na disciplina de língua portuguesa na escola n°4 de Buco-Zau, turmas A e B da 5ª classe, definir o insucesso escolar, e, finalmente, propor estratégias que possam minimizar o insucesso escolar no ensino primário e sobre tudo na disciplina sobre a qual o nosso estudo se debruça.
Palavras-chave: Insucesso Escolar, Língua Portuguesa, Supervisão Pedagógica
ABSTRACT
This project aims to present studies that allow breaking with unalterable ideas on the subject of school failure, pointing out concrete possibilities that lead to student success in the teaching of Portuguese language.
The justification of it, is made in the questioning during the study, relating the teaching-learning process with success and failure at school, that is , through searching for alternatives to overcome this persistent logical in the day-to-day of the school nº 4, in Buco-Zau, Cabinda province.
This is an exploratory research using action research. It is expected that this project will help us understand the true causes of events that lead to students failure at school in the various fields of education, that is, we will try to identify and determine the causes of the manifestations of students school failure in the English subject in school No. 4 of Buco-Zau, classes A and B of the 5th class, to define school failure, and finally to propose strategies to minimize school failure in primary education and above all in the subject on which our study is focused.
Key words: School Failure; Portuguese Language; Supervision.
1.INTRODUÇÃO
O presente projecto pretende constituir uma abordagem ao insucesso escolar de um contexto situacional de uma realidade ligada ao insucesso escolar a nível da Língua Portuguesa. Este é um projecto de investigação acção e pretende instituir-se como um espaço privilegiado onde o aluno e o professor se envolvem na resolução de dificuldades de aprendizagem desejavelmente com um grau de autonomia crescente por parte do aluno.
Conscientes da problemática do insucesso escolar na escola nº 4 do Município de Buco-Zau, província de Cabinda, situação considerada por nós muito preocupante, levou-nos à reflexão sobre um trabalho de projecto que pudesse contribuir para solucionar ou minimizar a situação.
Foi neste contexto que começámos por elaborar o diagnóstico, contactando o Director e restantes Docentes da Escola e apresentamos a proposta da implementação do projecto, com o objectivo de compreender as verdadeiras causas que levam os alunos a este fenómeno nos vários domínios do ensino, em especial a Língua Portuguesa.
Considerando, embora, a pertinência da implementação deste projecto, não podemos deixar de ter consciência plena de que determinadas medidas dizem respeito ao poder político central, o que poderá limitar a resolução total do problema subjacente. Ao afirmarmos isto, estamos a dizer que, o poder executivo de um projecto em Angola às vezes passa pela decisão do poder central ou provincial e nunca de uma pessoa singular.
Apesar dos constrangimentos, decidimos avançar com o projecto e após a constatação do problema, definimos a metodologia e instrumentos a utilizar, bem como as estratégias/actividades a implementar.
No nosso trabalho, abordámos a Problemática, definimos os objectivos e as actividades a desenvolver e após a aplicação das técnicas escolhidas de acordo com o projecto, com a aplicação da análise de conteúdo, foi-nos possível discutir os resultados e chegar a conclusões. Na Fundamentação Teórica e com recurso à revisão da literatura reflectimos sobre a Língua Portuguesa, o Insucesso Escolar e a Supervisão Pedagógica.
PROBLEMÁTICA
Descrição do contexto
Breve historial e caracterização da Instituição
A escola n°4 de Buco-Zau situa-se na República de Angola, isto é, no continente africano na zona subsaariana. Angola faz fronteira ao norte com as repúblicas populares do Congo (Brazaville) e Democrática do Congo (Kinshasa). O município em questão fica no interior da província a mais de 128 km da sede capital. É rodeado por um rio designado Luali, dividindo-o dum lado a outro, e este desagua no rio Luango na comuna de Necuto do mesmo Município.
Buco-Zau é município da província de Cabinda e tem aproximadamente 2 115 km² e cerca de 50 mil habitantes. É limitado a Norte pela República do Congo, a Este pelo município de Belize, a Sul pela República Democrática do Congo, e a Oeste pelo município do Cacongo. Em fiote, dialecto local, mbuku significa "centro", "sítio" ou "local" e nzau significa "elefante", um gigante animal que caracteriza a zona norte de Cabinda, embora a longa guerra pela qual Angola passou, tenha diminuído o número destes animais, é possível ainda observá-los casualmente na área do município.
A escola está localizada a 1800 metros do hospital regional e 1200 metros da administração municipal, concretamente no bairro 4 de Fevereiro zona B, próximo da escola de formação profissional do município.
Contexto Humano
A escola n 4 é uma estrutura física pertença do estado angolano, tem regulamento estabelecido pelo ministério da tutela e possui um regulamento interno elaborado pela direcção da escola. Quanto à estrutura funcional, a escola tem uma direcção constituída por um Director, dois Subdirectores, Pedagógico e Administrativo todos nomeados pelo despacho n ° 053/DGDC/06 do Governador Provincial. Tem quarenta e nove professores todos no activo, dos quais vinte e três do sexo masculino e vinte e seis do sexo feminino, sendo, dois que leccionam as turmas em estudo. O pessoal não docente é constituído por seis membros. Tem um total de 1725 alunos dos quais, 872 do sexo masculino e 853 do feminino, sendo que 89 são da 5ª classe, para os quais direccionamos o nosso projecto, numa amostra de 29 alunos seleccionados aleatoriamente.
A escola possui um grupo heterogéneo de professores provenientes de diferentes pontos do país, com atitudes diversificadas quer laboral, quer socialmente, sendo que alguns denotam dificuldades no domínio do conteúdo e das técnicas e métodos do ensino. Têm a média de idade entre os trinta e três a cinquenta e oito anos. Dos 1725 alunos que a escola tem, todos são oriundos de diversas famílias, isto é, de diversos bairros e aldeias do município, com atitudes e comportamentos diferentes, uns tímidos, outros atrevidos, resultado das influências familiares e meio social onde estão inseridos. Esses são os relatos dos professores e alguns pais contactados cordialmente. Isto para muitos pode ser um dos grandes indicadores do insucesso escolar; segundo os professores. Por outro lado, os professores afirmam que alguns alunos chegam ao ponto de faltar ao respeito a alguns professores e seus colegas, questão que os preocupa, porque, todos eles têm apenas uma idade média entre dez a dezoito anos.
No que se refere à distribuição das turmas, cada professor tem uma turma de 45 alunos leccionando neste caso todas as disciplinas do currículo face à reforma educativa que vigora no país. Tencionamos apresentar o nosso projecto à Administração Municipal, à Secretaria Municipal da Educação e a outros indivíduos singulares da sociedade civil, os quais serão envolvidos no projecto.
Contexto Material
A escola n ° 4 tem um edifício construído de raiz à luz do Decreto-lei N° 09/03, de 28/10; artigo 5° n.º 2 desde os anos 2007-2008, a par daquela que já antes existia deixada pelos portugueses, que hoje é considerada escola anexa. Ela apresenta – se com uma boa estrutura quer interna quer externa, é composta por 4 pavilhões constituídos por 16 salas de aulas, incluindo a área administrativa. Tem carteiras, cadeiras e secretárias em todas salas de aulas, embora com tempo se vão degradando. Nos gabinetes dos directores, como na secretaria administrativa ainda encontramos o mobiliário em condições aceitáveis.
No que tange aos equipamentos e ao material didáctico (quadros, mapas, globos e outros para a pratica do ensino e aprendizagem), a situação continua um pouquinho crítica no país, pois que, "muitas escolas não têm carteiras nem cadeiras, quadros pretos e mesas para os professores" (Zivendele, 1990:31 cit. por Zassalas, 2003:29). Apesar de existir mobília, que também está a desagradar – se tal como afirmamos anteriormente, pelo menos é notória a ausência de materiais como computador, impressora e muito mais, que poderia servir – nos de instrumentos facilitadores para a execução do nosso projecto, recorrendo neste caso para todos trabalhos administrativos da escola, pois só existem máquinas de dactilografar que são no total de três. Outros materiais não menos importantes como vassouras, catanas, enxadas e outros para a limpeza da escola, constitui uma realidade.
Contexto Situacional
Este projecto baseou-se integralmente numa situação eminentemente difícil, não só para as futuras gerações, mas, para toda sociedade no geral, isto é, o insucesso escolar. Neste contexto, o futuro para os menores poderá conhecer poucas saídas na resolução de certos problemas que lhes serão exigidos face à dinâmica da sociedade.
Todavia, é evidente que toda a sociedade deve aparecer no combate ao problema mencionado anteriormente, no sentido de transpor-se da história actual do fenómeno num rumo mais abonatório da vida não só do aluno, mas também do professor e da sociedade no seu todo. Por esta razão, elaborou – se uma estratégia que vai servir de intervenção no âmbito do curso de supervisão pedagógica e formação de formadores, no contexto profissional, revelando o problema existente e tentando solucioná-lo. A priori, este, é um projecto que decorrerá desde Junho a Outubro mas que será também um ponto de partida em termos de continuidade, em anos futuros, independentemente da realização deste projecto que funcionará como um alerta para a situação.
Definição do Problema
"Abordar a problemática do insucesso escolar é uma tarefa complexa que implica, por um lado a clarificação do conceito de insucesso escolar e por outro um conhecimento do funcionamento real da escola e do sistema educativo, bem como dos seus intervenientes" (Sil & Victor, 2007). Neste contexto, os professores devem actuar como agentes de mudança tendo em conta as suas percepções e as suas opiniões face à problemática do insucesso escolar dos alunos.
Sendo do conhecimento geral a existência de insucesso escolar nesta Escola, não só por conversas que fomos tendo com colegas que aqui trabalham, mas também por ter sido a escola onde iniciamos a nossas primeiras aprendizagens e onde também trabalhamos, era um problema que nos afectava muito directamente.
Sugiram-nos várias hipóteses que poderiam explicar o insucesso escolar na escola nº 4 do município de Buco-Zau e por tal decidimos não só comprovar a existência do problema, como também tentar implementar estratégias para o solucionar.
Identificação e Delimitação do Problema
Pelos estudos feitos sobre a problemática, e por aquilo que pudemos fazer em termos do trabalho com os professores, a observação directa das aulas, das fichas de avaliações contínua deste ano lectivo 2011, e pela observação das pautas em retrospectiva ao ano transacto, (embora essas não nos ofereçam dados actualizados), podíamos reflectir como seriam os resultados deste ano lectivo 2012.
O trabalho realizado com os alunos, os relatos quer dos professores quer dos alunos, confirmou a existência do insucesso escolar na 5ª classe, isto é, na disciplina de Língua Portuguesa não apenas nas turmas em estudo, mas também em todas turmas e classes daquela instituição escolar, conforme os retratos da Revista ‟Ágora”,nº 2, (p.2, S.A.,s̸d. ); cito: tudo parece que se fale de insucesso, tantas são as suas manifestações e as queixas que lhes são atribuídas. Tanto são também os domínios relativamente aos quais se refere o insucesso.
Deste modo, apresentamos uma sistematização das questões a que tentaremos dar a resposta ao longo do nosso estudo:
1- Que estratégias são necessárias para uma formação continua correspondente às necessidades dos professores da escola n°4 do município sede de Buco-Zau, província de Cabinda?
2- Quais as modalidades a implementar para que haja uma formação contínua especifica que se adeque à realidade dos professores colocados na escola em causaɁ
3- Quais são as causas do insucesso escolar dos alunos da 5ª classe na disciplina de lingua portuguesa naquela instituição escolarɁ
4-Qual é o grau da preocupação dos professores da escola nº 4 no contexto de aquisição das competencias específicas profissionais para a lingua portuguesa?
Estas e outras questões conduzem-nos ao seguinte problema: a possibilidade de superação pedagógica dos professores nas áreas especificas que vise minimizar o insucesso escolar dos alunos na disciplina de língua portuguesa na escola do ensino primário n° 4, turmas A e B, 5ª classe
Problema e suas condicionantes
A escola é, por excelência, um lugar dedicado ao desenvolvimento completo do indivíduo e é onde, a par da família, as crianças e jovens possuem saberes e valores que lhes permitirão formar-se como profissionais e cidadãos activos e participantes na sociedade. Segundo o Gaspar & Diogo (2010.p.10) afirmam que a escola está, simultaneamente, ao serviço do individuo e da sociedade. O individuo é de facto, o primeiro benificiario da educação que recebe. Neste caso, a escola n°4 do município de Buco-Zau, província de Cabinda sendo uma instituição legitimamente vocacionada para o ensino, não descarta a possibilidade de possuir esses requisitos.
Outrossim, os percursos escolares não são, porém, todos iguais e surgem várias situações em que o volume de dificuldades de aprendizagem se acumula conduzindo ao insucesso escolar. A escola em estudo por aquilo que constatamos, procura responder a todos os problemas mas nem sempre as estratégias e técnicas definidas para apoio às aprendizagens surtem os resultados requeridos.
As insuficiências verificadas podem inserir-se no âmbito das estratégias cognitivas, metacognitivas e sócio-afectivas. As dificuldades de gestão da aprendizagem surgem devido a diversos factores, entre os quais poderíamos destacar a perfilhação de métodos de estudo inadequados; dependência significativa face ao professor, professores com cursos diferentes ”improvisados” como os da língua portuguesa o que pode ser indicador de insucesso dos alunos, enfim, alguma incapacidade de auto-avaliação e auto-regulação do processo de aprendizagem; pouco conhecimento acerca de si próprio como aluno e dos métodos de estudo mais eficazes para si; ritmos de aprendizagem diferentes que não se encaixam nos ritmos das aulas normais da língua portuguesa; baixa motivação e baixa auto-estima e insegurança perante as dificuldades.
O insucesso escolar constatado e as dificuldades na língua portuguesa por grande número de alunos, sobretudo no que se refere à leitura, escrita, fala, interpretação e gramática levou-nos a pensar as soluções necessárias para tentarmos minimizar as insuficiências detectadas na escola número 4 do Buco-Zau. Constatou-se que a contribuição directa das aulas de apoio pedagógico acrescido para o sucesso académico dos alunos é ainda insuficiente pois que, não existe uma associação de alunos e nem sequer sabem o que isso é. Esta medida poderia aproximar os alunos, as dificuldades passariam a ser superadas por troca de ideias entre eles não só na disciplina de língua portuguesa, mas sim, nas várias outras disciplinas. Notou-se que em cada 100 pessoas naquela vila, 99% usam com mais frequência a língua nacional sendo a sua língua materna. Também professores sem motivação no trabalho, levando o mesmo factor a ser transmitido ao aluno pois que, o professor é, por excelência, um modelo para o aluno.
Para além disso, a reforma educativa implementada um pouco por todo o país onde existem classes de transição automática, uma delas é a 5ª classe em estudo, constitui, no nosso entender, uma das fontes do insucesso dos alunos nas várias disciplinas do currículo. Sabe-se que, a reforma educativa em qualquer canto do mundo é feita de maneira cautelosa no sentido de não correr risco de despontar o que já existe. Outrossim, é importante saber-se que a educação não pode ser feita fora de um contexto político, econômico e social, o sistema educativa deve, antes de mais, ser considerado como uma rede de internações complexas, que o obrigam a ter em conta a realidade social envolvente, de forma que este não seja considerado como uma ilha no seio dos restantes sistemas sociais ( Mendonça ,2000.p.13)
Uma vez fizemos menção da reforma educativa que caracterizado o conceito educativo em Angola, torna-se pertinente verificarmos a definição verdadeira da reforma. Para o Hans. W. cit. por Almerindo J. A. (1989.p.132), considera que o conceito de reforma educativa implica considerar uma multiplicidade de iniciativas que visam alternações no alcance e natureza da educação, passando ainda por mudanças nos currículos e conteúdos. No caso do Soltis (1990.p.411), as reformas são projetos mais circunscritos, que têm em vista renovar, melhorar ou redirecionar as instituições educativas.
É pois, evidente a necessidade de reflectir já que isto só compete ao governo através do Ministério da Tutela analisar outros modelos da reforma mais moderados, onde alguns elementos inseridos devem ser práticos, pouco volumosos e com qualidades aceitáveis tais como: ensinar o que é possível e não o que está formalmente definido, tornar o ensino mais aplicável e criativo, tornar a língua portuguesa como prática normal e fazer da leitura uma prática familiar, sermos selectivos nas obras literárias, considerar a leitura num desígnio nacional, exigências por parte do professor com envolvimento da sociedade.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Foi nossa preocupação, através da revisão da literatura, consultar obras que nos ajudassem a fundamentar o problema que vamos abordar na realização do nosso projecto e que está ligado ao insucesso Escolar da Língua Portuguesa
Neste contexto procurámos obras especializadas que nos remetessem para esses paradigmas, tendo no entanto o cuidado de fazer uma selecção para evitar a “gula livresca
Insucesso
O insucesso resume-se como sendo um fracasso, os maus resultados adquiridos por um indivíduo em qualquer campo social. É uma insuficiência (Dicionário da Língua Portuguesa, 4ª edição).
Podemos considerar, insucesso escolar como o fraco desempenho quer dos alunos quer dos professores no processo docente educativo. Este fracasso pode consubstanciar-se em factores internos (motivação, vontade, dedicação, determinação…) e externos (as condições que o meio social e familiar oferecerem aos componentes do processo de aprendizagem)
Etimologia do Conceito de Insucesso Escolar
Etimologicamente, a palavra insucesso vem do latim insucessu (m), o que significa ‟Malogro; mau êxito, falta de sucesso , Fontinha .( s̸d) ; ou ainda mau resultado, mau êxito, desastre, fracasso” Costa & Melo (1989). O vocábulo insucesso é habitualmente referenciado por antagonismo ao termo sucesso, que advém do latim sucessu(m), o qual assume, entre outros, os seguintes significados ‟o bom êxito, conclusão ” (op.cit) ou ‟chegada, resultado, triunfo” Machado (1977). Não podemos pois, deixar de constatar, que os termos sucesso e insucesso detêm significados que se opõem aos conceitos de bom e mau que lhes estão subjacentes. Para a Mendonce (2009.p.63), a pesquisa dos termos bom e mau no Dicionário de Língua Portuguesa de Costa e Melo, encontramos ‟bom (....)” que tem bondade; virtuoso; nobre; seguro (....)” e mau: (....) que não tem bons instintos; que exprime maldade; malvado; perverso(....)”. Este autora afirma que na sequencia do exposto, se em termos estritos efetuarmos uma correlação entre os termos bom ̸ sucesso e mau ̸ insucesso, verificamos que os sinônimos evocam sempre atributos pessoais, positivos ou negativos ( Maria Teresa. P. M. pp.60-61. op.cit., p.63). Assim sendo, falando do insucesso na vertente escolar, constitui hoje nas escolas de Angola um fenómeno massivo cuja natureza é determinante, parecendo ser de essência sócio – econômica. Este fenômeno conduz-nos essencialmente a dois tipos de situações que correspondem a outras tantas:
a)-Característica dos alunos.
Neste contexto, a título de exemplo, a escola n°4 é constituída maioritariamente por crianças com idade desadequada ao ano escolar que frequentam. No entanto, muitos desses alunos ficaram retidos uma ou mais vezes nas casas por vários factores, uns de ordem política militar da região, outros da difícil situação econômica e financeira dos país, alguns por não possuírem famílias para os albergar (estamos referindo alunos de origem das aldeias mais recônditas da vila).
Esses factores levam muitos alunos ao insucesso escolar e, em alguns casos ao abandono escolar, pois que, o facto de ter idade avançada em relação a outros meninos é suficiente para existir um desequilíbrio e consequentemente o insucesso.
b)-Característica do meio familiar.
As características da família são importantes para entender as decisões e atitudes das crianças e jovens, quer em relação à escola quer em relação ao meio do convívio familiar. O meio familiar pode influenciar e determinar a situação de insucesso escolar.
As características que mais influenciam o percurso escolar dos alunos parecem ser a escolaridade dos familiares mais próximos e o tipo de profissões e ocupações que estes desempenham. Estes pontos podem condicionar o estilo de vida dos familiares e consequentemente manipular o estilo de vida do aluno.
Causas e Consequencias do Insucesso Escolar
O drama do insucesso escolar é relativamente recente em Cabinda. Foi a partir dos anos noventa que encontrámos as suas primeiras manifestações e que se começou a exigir que as escolas ganhassem dividendos (suborno professor/aluno, venda de folhas das provas pelas direcções das escolas, a não uniformização de emolumento para aquisição de certificados, bem como declarações de estudos, enfim, várias situações menos boas para o progresso da escola). Isto deveu-se à influência do surgimento massivo, dos estrangeiros dos dois Congos, e por razões económicas. Todos, crianças, mulheres e homens iam à busca de "fundos e mundos" para melhor sobrevivência. Dali surgiram desgraças em todas vertentes sociais, uma delas mais afectada é a situação escolar dos alunos que vão enfrentando problemas sérios, levando-o ao insucesso escolar. Por este motivo, vários factores concorrem para o insucesso dos alunos entre os quais, preguiça, e a falta de capacidade ou interesse, embora estes, deixaram de certo modo de ser os únicos aceites como explicação para o insucesso e abandono escolar dos milhares e milhares de crianças e jovens do sistema educativo.
Um estudo feito por um grupo de trabalho de 6 indivíduos da disciplina de área do projecto nomeadamente: Couto, Ferreira, Lourenço, Rocha, Silva e Lourenço, (2009), defendem que,
" as causas do insucesso escolar estão sem dúvida, relacionadas com o ambiente em que o aluno está inserido, ou seja, com o seu meio familiar, social e escolar". Sublinham ainda que, "todos os meios há uma variedade de factores que poderão levar a um caso de insucesso", tais como:
- Meio familiar:
• Precipitação dos pais ao fazerem os seus filhos entrar na escola primária com menos idade;
• Sucessivas transferências de escola para escola por motivos de viagens, profissão dos pais ou mudança de residência;
• Independência dos pais quanto à vocação dos seus filhos;
• Motivos económicos, ou seja, o aluno sente – se como mais uma despesa e por isso, vai trabalhar, e assim, dedica menos tempo ao estudo;
• Mau ambiente entre os pais (sucessivas discussões).
- Meio Social:
• Falta de popularidade entre os colegas;
• Excesso de actividades extracurriculares;
- Meio Escolar:
• Preparação deficiente nos anos escolares antecedentes;
• Falta de estudo e/ou interesse pela escola e matérias leccionadas;
• Mau funcionamento da escola;
• Métodos não eficazes estabelecidos pelos professores para ultrapassar as dificuldades do aluno;
• Elevado número de alunos numa mesma turma.
Essas causas afectam também as escolas de Angola (Cabinda) e, sobretudo no Município para o qual está direccionado o nosso projecto. Para tal, é necessário os alunos tentarem contrariar as situações do tipo, pois que, é a escola somente o lugar vocacionado para formar académica e profissionalmente o homem para a sua estabilidade económica futura. Socialmente o aluno tem o privilégio de propagar as suas experiências em diferentes sentidos. Pensamos que os alunos nem por isso têm a escola como trunfo para resolverem os seus problemas. Para alem das manifestações e das causas que levam os alunos ao insucesso escolar, também, temos a " desmotivação dos alunos, o desinteresse ou mesmo o abandono da escola, uma baixa auto-estima, o afastamento de colegas e amigos, a entrada para o caminho das drogas, tabaco ou álcool e a tendência para a criminalidade" (Andreia et al., 2009), enfim todos concorrem para o insucesso e abandono escolar
Medidas de Combate ao Insucesso Escolar
A definição do insucesso escolar é explicada pelas maiores ou menores capacidades dos alunos, inteligência, pelos seus dotes naturais, pela pertença social e pela maior bagagem que os alunos têm (Perrenoud,2002). Esta definição foi evoluindo ao longo dos tempos e hoje, os pedagogos já estabeleceram alguns casos que podem ser considerados como insucesso propriamente dito tais como:
- Desinteresse do aluno;
- O aluno não gosta da escola;
- Falta de atenção;
- Absentismo;
- Dificuldades de aprendizagem.
Neste caso, de quem é a responsabilidade deste fenómeno?
Vamos considerar que a culpa é de todos aqueles que se envolvem no processo, nomeadamente: aluno, família, a escola, professores, currículos, sistemas educativos e a sociedade (iden). De todos eles, o professor e o aluno são considerados os agentes mais responsáveis pelo insucesso. Pensamos que o professor recusa em fazer parte do problema por ser um dos mais difíceis do ensino. Os professores persistem em assacar a responsabilidade pelo insucesso aos alunos e às suas famílias. Como se o desejo de instrução fosse pensado como já existindo, como se a tarefa do professor consistisse ainda e sempre em transmitir saberes a alunos perfeitamente dispostos a assimilá-los, com excepção de alguns momentos de turbulência ou de fadiga (Perrenoud, 2002). O mesmo autor refere ainda: “Dêem-me alunos que queiram aprender, gostem de aprender, dominem a linguagem escolar e todos os códigos, beneficiem de todos os apoios familiares e eu comprometo-me a eliminar o insucesso escolar”.
Todos são chamados a falar das suas experiencias, mostrando o que valem nas classes de base e não nas classes médias ou superiores, pois que, a base norteia o fim de uma acção. Outrossim, quanto mais experiência melhor, é a contribuição sugestiva de Perrenuod (2002) afirma que:
Um professor de quarenta ou cinquenta anos poderia pensar, de boa
fé, que o sistema educativo que o emprega “tudo fez” para eliminar
o insucesso escolar e as desigualdades sociais com que a educação
se defronta: reformas estruturais, ciclos de orientação,
desenvolvimento da educação pré-primária, diversificação de vias
de ensino além da escolaridade obrigatória, modernização dos
programas, ligação à vida, formação mais exaustiva dos professores,
audiovisuais e novas tecnologias, diálogo mais aberto com as
famílias, respeito pelos direitos dos alunos, sensibilidade em relação
às diferenças culturais, apoio pedagógico, trabalho de grupo pelos
alunos, projectos das escolas …”
É, pois, necessário que todos os responsáveis se mobilizem para o combate, usando esforços de incentivo quer material quer moral para se tentar travar "a velocidade" do fenómeno.
Mendonça (2009),apresenta um conjunto de medidas para diminuir o insucesso escolar, tais como:
• Obrigatoriedade de frequência do Ensino Pré-escolar;
• Funcionamento das escolas do ensino primário em Regime de Tempo Inteiro;
• Funcionamento com mais turmas com Currículos Alternativas;
• Aquisição de competências para a integração no mundo laboral durante a escolaridade obrigatória;
• Redução do número de alunos por turmas;
• Adopção de manuais e programas por ciclo de escolaridade;
• Acompanhamento de cada turma pelos mesmos professores, em cada ciclo de estudo;
• Aplicação de formas de avaliação diversificadas, sem que se valorize em demasia as prova escrita;
• Desenvolvimento de valores cívicos e de cidadania;
• Aproximação entre as escolas e os contextos em que se inserem;
• Desenvolvimento de actividades culturais e desportivas nas escolas;
• Existência de um professor tutor.
Essas e outras são as possíveis medidas que podem minimizar o fenómeno do insucesso escolar no seio dos alunos bem como a utilização de técnicas e métodos variados para combater e/ou o prevenir.
Neste contexto, “o simples acto de falar, ler ou escrever promove novas aprendizagens, quer a nível conceptual, quer a nível linguístico.” (Pocinho & Canavarro, 2009:105)
O Ensino de Língua Portuguesa
Em condições normais, a língua é idioma de um povo. Ela toma duas características: oficial, quando é utilizada no quadro das diversas actividades oficiais; e não oficial, quando a escolha depende de razões políticas, neste caso, é usada pelo povo, mas que não é utilizada em todos os actos oficiais do poder político. Em alguns povos, não pode ser uma língua escolar.
Neste caso, Um percurso teórico sobre a noção de língua, insere-se no âmbito de uma pesquisa que trata de práticas de escrita e/ou escritura na teoria da análise do discurso. ( Nasi, 2007).
Neste texto fazemos uma trajectória da noção de língua, partindo das gramáticas tradicionais e passando pelas abordagens de Saussure e de Chomsky, que respectivamente consideram a língua como um sistema de signos, e como um conjunto de sentenças ( Nasi, 2007). A partir disso, verificamos que os dicionários linguísticos abordam a língua a partir dos conceitos dos autores citados, enfatizando a sua importância como instrumento de comunicação. A realização dessa trajectória de pesquisa tem como objectivo contrapor essas abordagens à noção de língua em Análise de Discurso ( Nasi, 2007)
Ensinar a ler às crianças não significa obrigá- las a decorar o alfabeto e a escrever as vogais e as consoantes de forma padronizada. A leitura é a causa natural da escrita, logo para uma criança, saber ler é dar-lhe o caminho da escrita, interpretação e gramática. O que é necessário é utilizar as técnicas que se encaixem no ensino da lingua potuguesa de modo a formar crianças com um poder criativo aceitavel, capaz de aprender fazendo, pois que, uma criança adquire qualquer compêtencia dado a sua premiabilidade de aprendizagem. Nesta fase a criança facilmente se adapta a qualquer tipo de treinamento que lhe for dado.
Para alguns pedagogos, o desenvolvimento humano resulta da aprendizagem, com base na experiencia ou adaptação ao ambiente, reforçando que "a vida é um continuo processo de aprendizagem: novos eventos e novas experiencias desenvolvem novos padrões de comportamento" (Berger,2003 cit. Por Rodrigues M, 2006:19-20). Neste contexto, surgiu a teoria behaviorista defendendo que os seres humanos em todas as idades aprendem sobre o mundo da mesma maneira que os outros animais: reagindo a aspectos do meio ambiente que acham agradável, dolorosos ou ameaçadora esta teoria centra-se em dois tipos de aprendizagem: o condicionamento clássico (Pavlov, 1849-1936) e posteriormente aplicado em crianças por (Watson, 1878-1958) e o condicionamento operante.
A Formação dos Professores e o Desempenho Escolar
A formação em situações normais é o acto pelo qual o individuo mais experiênte garante despositivos necessários para que o outro com a disposição favoravel se formar (Dicionário de Língua portuguesa, 2011). A capacitação do homem no exercício ou desenvolvimento de algumas competências profissionais, incorporando ao processo educativo aspecto teórico e prático. Ela é feita nas escolas independentemente do tipo de especialidade a optar. No caso dos professores, a sua formação passa nas escolas de formação dos professores ou nos cursos intensivos de superação pedagógica onde são capacitados para um exercício zeloso e inteligente da prática docente educativa.
O professor do ensino de base regular no 1º nível deve possuir conhecimentos científicos suficientes e acima daqueles que são exigidos a nível do ensino primário. No caso do Município de Buco-Zau e, na escola nº4 onde centralizamos o nosso estudo, a estatística indica-nos que a percentagem dos professores que necessitam de formação pedagógica supera o nível dos que em algumas ocasiões já beneficiaram de formações pedagógicas, dos quais, a maior parte deles, 80% dos 100% têm o PUNIV nalguns casos, incompletos.
Do exposto, surge uma pergunta: o nível tecnico-cultural dos docentes primários da escola em questão não estaria na base do insucesso escolar dos seus alunos?
Pensamos que, o professor primário, além dos conhecimentos científicos ou culturais, deve ser portador de muitos conhecimentos psico-pedagógicos que lhe permitiam conhecer todos seus alunos, bem como a forma de transmitir e construir as suas competências e a personalidade.
Passaram 25 anos desde que em Junho (1986) o Ministério da Educação (cit. in Zassalas, 2003:59) afirmava ‟não existir um sistema eficaz e dinâmico de aperfeiçoamento dos docentes principalmente no 1º nível. O problema principal reside justamente na baixa preparação das aulas, no uso de métodos dogmáticos, constatados na maioria dos professores visitados (op.ct.p59). No entanto, é uma situação que até ao momento presente se faz sentir apesar da reforma educativa implementada um pouco por todo o país.
A Supervisão e a Docência
Falar de supervisão implica uma abordagem ampla da visão que ela tem no tratamento de algumas situações em torno das exigências sociais. Como disciplina, no quadro de um sistema formal de ensino e aprendizagem, é um corpo de conhecimentos que permite certas interpretações, análises, orientações, coordenações de tarefas quer pedagógicas quer administrativas, e, simultaneamente classifica e cumpre as necessidades de formação no seu sentido comum e geral.
Um supervisor no processo docente educativo é aquele que tem a missão de observar a pratica docente de um supervisionado e, por conseguinte, interfere positiva e criticamente na relação entre os componentes, visando transformar o conhecimento empírico em conhecimento profissional validado pela sistematização reflexiva.
No conceito da supervisão, o supervisor é alguém que se preocupa em ajudar a crescer o professor; alguém que proporciona aos alunos ambientes formativos estimuladores de um saber didáctico; alguém que sabe abanar quando é preciso; alguém que influencia o processo de socialização, contribuindo para o alargamento da visão de ensino (para alem de mera transmissão de conhecimento), estimulando o auto conhecimento e a reflexão sobre as praticas, transmitindo conhecimentos úteis a pratica profissional (Alarcão. et al. 2010:54).
Na perspectiva, a noção de supervisão remete-se a algumas finalidades que se confinam na essência da supervisão, aparecendo com a função de apoiar e regular o processo formativo (op.cit,p.54):
• A actuação em situações complexas, a exigir adaptabilidade;
• A observação crítica;
• A problematização e a pesquisa;
• O diálogo;
• A experimentação de diferentes papéis;
• O relacionamento plural e multifacetado;
• O autoconhecimento relativo a saberes e práticas.
O Papel do Supervisor
O supervisor tem um papel prático enquanto desencadeador de processos de socialização profissional nos quais os futuros professores vão aprender. Abstenhamo-nos aqui de fazer referências exaustivas ao conceito de supervisão, por entendermos que já todos conhecemos e na perspectiva de diferentes autores, no entanto salientamos que a nossa concepção assenta nas perspectivas defendidas por Alarcão e Tavares (2003) citado por Melo (2004) sem colocarmos de parte as concepções dos outros autores, ao afirmarem: a supervisão ‟como processo em que um professor, em princípio mais experiente e mais informado, orienta um professor ou candidato a professor no seu desenvolvimento humano e profissional”(p.40). Para o autor, o processo de supervisão tem lugar num tempo continuado, pois só assim se justifica a sua definição como processo
Entendemos que, o supervisor é, um professor que acompanha as primeiras experiências de prática do futuro professor, orientando e comandando todas as acções quer da prática quer reflexivas. Na visão do (Toledo cit. por Buriolla, (2003), concebe a supervisão como " uma terapia profissional" (p.60) parece-nos que se configura como algo que se põe em permanente prática, utilizando os meios adequados para atingir o proposto na supervisão, na medida em que Toledo diz, ao lidar-se com o ser humano, deve-se fazer de uma forma mais abrangente com o «outro» com «você mesmo» de «mais inteira» é por isso que ela considera a terapia profissional como «um processo educativo, de mudança» do papel profissional, como algo que deve constantemente ser questionado, debatido, reciclado e que não se esgota no final de um curso profissional.
A visão do Toledo mostra um grau supremo no tratamento da supervisão pois, nela inclui um vasto processo de revisão de padrões estabelecidos socialmente para o indivíduo. (Marta A. Buriolla, 2003:60).
OBJECTIVOS DO PROJECTO
O projecto visa, concretamente, contribuir para o sucesso educativo na totalidade dos alunos não só da escola n ° 4, 5ª classe turma A e B do Município de Buco-Zau, mas também pode servir para as demais escolas, classes e turmas sedeadas na província em causa. Para tal, procuramos com este projecto:
• Compreender as manifestações das verdadeiras causas que levam os alunos ao insucesso escolar nos vários domínios do ensino;
• Definir o insucesso escolar;
• Identificar as causas do insucesso escolar nos alunos da escola n ° 4, 5ª classe, turma A e B na disciplina de Língua portuguesa;
• Propor estratégias que possam minimizar o insucesso escolar dos alunos no estudo da língua portuguesa, ensino primário, escola n ° 4, Município de Buco-Zau, Província de Cabinda.
METODOLOGIA
Procedimentos e Opções Metodológicas
Encontrada a questão a investigar e formulado o problema houve necessidade de um aprofundamento teórico de alguns conceitos fundamentais para a compreensão e preparação do tema a abordar, através de alguma revisão de literatura de autores de referência nas diversas áreas.
O fundamental ainda nesta fase foi a organização de listas de palavras-chave, assim como de fichas de leitura das diferentes obras que foram consultadas, com respectivas anotações e relações possíveis. À medida que se alargou o conhecimento acerca do tema que se iria investigar começaram-se a estabelecer relações fundamentais para desenhar a linha de investigação: ponto de partida, os participantes no projecto e as actividades a adoptar.
Uma vez definidas as questões de investigação procurou-se pensar na forma como iria ser feita a recolha de informação, nomeadamente através de que instrumentos. Novamente aqui se teve que voltar a fazer alguma revisão bibliográfica em matéria de técnicas e metodologias de investigação científica como metodologia estratégica que melhor se adaptasse a um projecto de investigação e escolhemos a investigação acção. Para confirmar que efectivamente este problema do insucesso nestas turmas existe, optamos por fazer observação participante passiva, sendo o investigador a anotar todos os dados observados.
De acordo com Quivy (1992), ‟ Para levar a bom termo o trabalho de observação é preciso poder responder às três perguntas seguintes: Observar o quê? Em quem? Como?”( p.157).
Neste contexto criámos grelhas de observação, tendo em conta os nossos objectivos, que utilizámos em diversos momentos: para registar a actuação quer de alunos, quer de professores e mais tarde para podermos avaliar se após o desenvolvimento das actividades tinha havido alguma melhoria por parte da amostra por nós definida.
No estudo exploratório, foram inquiridos os professores das duas turmas em estudo, isto é, A e B da 5ª classe do ensino primário da escola n°4, através da aplicação de entrevista semi-estruturada, contendo questões relacionadas com causas do insucesso escolar, comportamentos de insucesso observados nos alunos e sentido de eficácia do professor face às técnicas e o domínio dos conteúdos.
Para a construção da entrevista começámos por organizar um guião, para que nos pudéssemos nortear nas questões a formular. De uma forma geral, este estudo revelou que os professores têm um conhecimento significativo das causas geradoras do insucesso escolar e apresentam uma forte percepção acerca dos comportamentos de insucesso manifestados pelos seus alunos.
Ainda para confirmar o referido problema, foram também feitas entrevistas a professores da mesma escola mas não titulares das turmas em estudo. Estas entrevistas decorreram informalmente mas foram de grande utilidade.
Após a aplicação das actividdaes propostas, voltamos a questionar os professores no sentido de saber se houve ou não melhorias e também de forma a aprofundar melhor o tema e, para termos uma melhor percepção, pois certamente em turmas de grande dimensão face ao número de alunos as dificuldades deveriam ser diferentes.
Neste contexto optamos por nos deslocarmos novamente ao local e conversamos com os professores para conseguirmos obter outras informações que nos ajudassem a melhor planificação das estratégias a serem aplicadas.
Após a realização das observações e das entrevistas, escolhemos a Análise de Conteúdo para podermos analisar os resultados obtidos.
Segundo Quivy (1992), “O lugar ocupado pela análise de conteúdo na investigação é cada vez maior, nomeadamente porque oferece a possibilidade de tratar de forma metódica informações e testemunhos que apresentam um certo grau de profundidade e complexidade.” (p.224).
Para a utilização da análise de conteúdo, quer das observações, quer das entrevistas, criámos grelhas contendo categorias, sub-categorias e indicadores, conforme os exemplos que apresentamos.
Partindo dos resultados obtidos (quadros 1, 2 e 3 ) foi-nos possível proceder à análise e discussão dos resultados.
ANÁLISE DE CONTEÚDO
Inventário das Categorias, Subcategorias e Indicadores das Observações
Categorias |
Subcategorias |
Indicadores |
Casos de Insucesso
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Em que áreas da Língua Portuguesa
|
Leitura Escrita Expressão oral Gramática |
Identificação dos factores do insucesso
|
Financeiro |
Falta de material Falta de suporte p/ material Falta de roupa adequada Carências financeiras |
Fome
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Poucos casos Alguns casos Muitos casos |
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Incentivo dos pais |
Participação na vida escolar: Sim Não Pouco Nunca Atribuição de tarefas domésticas aos filhos |
|
Ética Profissional do Professor |
Correcta Incorrecta Incentivos aos alunos |
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Desmotivação do Professor |
Falta de condições de trabalho Desanimo pelos fracos resultados Não domínio de técnicas |
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Desmotivação do aluno |
Poucas intervenções nas aulas Não domínio do Português Desinteresse pela matéria |
|
Falta de material escolar
|
Manuais Textos Lápis Canetas Quadro preto Giz |
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Distância da Escola |
Perto Longe |
ANÁLISE DE CONTEÚDO
Inventário das categorias, Subcategorias e Indicadores das Entrevistas
Categorias |
Subcategorias |
Indicadores |
Existência de insucesso |
Informação do professor |
Sim Não Alguns casos |
Em que áreas da Língua
Portuguesa |
Leitura Escrita Interpretação Gramática Expressão Oral |
|
Causas do Insucesso |
Opinião dos Professores
|
Falta de estudo Dificuldades de base Falta de empenho familiar Cansaço Não domínio do Português |
Formação dos Docentes |
Falta de formação específica Falta de seminários de capacitação |
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Influência familiar |
Atribuição de tarefas aos filhos Falta de incentivo moral Falta de apoio financeiro Distância da escola |
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Estratégias aplicadas |
Actividades diversificadas Leituras Escrita de textos |
|
Soluções para combater o insucesso
|
Por parte dos docentes
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Formação Contínua Aplicação de novas estratégias |
Por parte da família |
Participação na vida escolar Acompanhamento dos filhos Não obrigá-los a tarefas caseiras |
Quadro 1. Análise de conteúdo (observações)
Categorias |
Sub Categorias |
Indicadores |
|
Casos de Insucesso
|
Em que áreas da Língua Portuguesa
|
Leitura/Escrita
A1- Mau A2-Suficiente A3-bom A4-Mau A5-Mau A6-Bom A7-bom A8-bom A9-Mau A10-Mau A11-Mau A12-Suficiente A13-Suficiente A14-Mau A15-Mau A16-Mau A17-Mau A18-Mau A19-Suficiente A20-Bom A21- Mau A22-Mau A23-Mau A24-Mau A25-Suficiente A26-Mau A27-Mau A28-Suficiente A29-bom |
Expressão oral
A1-Mau A2-Mau A3-Normal A4- Mau A5- Mau A6-Normal A7-Normal A8-Normal A9-Normal A10-Mau A11-Mau A12-Mau A13-Normal A14-Normal A15-Mau A16-Normal A17-Mau A18-Mau A19-Mau A20-Normal A21-Mau A22-Nomal A23-Mau A24-Mau A25-Nomal A26-Mau A27-Mau A28-Mau A29-Mau |
Identificação dos factores do insucesso |
Financeiro |
Acerca deste aspecto, denotamos que a maior parte dos alunos vivem com famílias de baixa renda, tirando 8 alunos com condições dos pais minimamente aceitáveis |
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Fome
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• 10 alunos com debilidades físicas o que indicava a presença de fome; • cerca de 5 alunos com uma forte desmotivação; • Em media, cerca de 4 alunos apresentavam-se adoentados em todas observações feitas • Aproximadamente 10 alunos em media estavam sempre disposto na aula |
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Incentivo dos pais |
A1-Sim A2-Não A3-Não A4-Não A5-Não A6-Algumas vezes A7-Não A8-Não A9-Não A10-Não A11-Algumas vezes A12-Sim A13-Não A14-Não A15-Não A16-Não A17-Algumas vezes A18-Algumas vezes A19-Sim A20-Não A21-Não A22-Não A23-Não A24-Sim A25-Não A26-Não A27-Não A28-Não A29-sim
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Ética Profissional do Professor |
P 1- Não tem P 2-Não tem |
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Desmotivação do Professor |
P 1- Sim, desmotivado P 2- Sim |
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Desmotivação do aluno |
A1-Sim A2-Sim A3-Sim A4-Sim A6-Alguns momentos A5-Sim A6-Sim A7-Não A8-Sim A9-Não A10-Sim A11-Alguns momentos A12-Sim A13-Sim A14-Sim A15-Não A16-Alguns momentos A17-Sim A18-Sim A19-Não A20-Sim A21-Não A22-Sim A23-Alguns momentos A24-Sim A25-Sim A26-Sim A27-Não A28-Alguns momentos A29-sim
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Falta de material escolar |
- Observamos que todos professores possuem material escolar -Aos alunos, dos 29 observados denotamos: • 5 só têm manuais de estudo do meio e matemática • 4 têm o manual de leitura, Matemática e estudo do meio • 2 possuem todo material escolar •7 têm manual de matemática, estudo do meio e geografia •12 alunos não possuem sequer um livro, apensa com lapiseiras e cadernos
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Distância da Escola
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A1-Vive a 8km da escola A2- 1km A3- 50 metros A4- 1km A5-10 km A6-11km A7- 12km A8 -13km A9- 5 metros A10- 6 metros A11 – 5 km A12 – 4 km A13- 2 km A14 – 1 km A15 -10 metro A16 – 1 km A17- 1 km A18 – 1km A19-Vive a 3 km da escola A20- 1km A21- 50 metros A22- 1km A23-10 km A24-11metros A25- 2km A26-1km A27- 5 metros A27- 6 metros A28 – 5 km A29 – 2 metro |
A- Indicação do aluno
P- Indicação do professor
Quadro 2. observação e avaliação final das competências dos alunos na leitura/escrita
Avaliação da leitura/ escrita
Aluno |
Bom |
Mau |
Suficiente |
A1 |
|
|
X |
A2 |
x |
|
|
A3 |
x |
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|
A4 |
|
X |
|
A5 |
|
X |
|
A6 |
X |
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A7 |
X |
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A8 |
X |
|
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A9 |
|
X |
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A10 |
|
X |
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A11 |
|
|
X |
A12 |
X |
|
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A13 |
|
|
X |
A14 |
|
X |
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A15 |
|
X |
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A16 |
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X |
A17 |
|
X |
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A18 |
|
X |
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A19 |
|
|
X |
A20 |
X |
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A21 |
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X |
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A22 |
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X |
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A23 |
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X |
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A24 |
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X |
A25 |
|
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X |
A26 |
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X |
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A27 |
|
|
X |
A28 |
X |
|
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A29 |
X |
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A: simboliza o aluno Bom: 9 alunos Mau: 12 alunos Suficiente: 8 alunos
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Quadro 3. observação e avaliação final das competências dos alunos na expressão/oralidade
Alunos |
Bom |
Mau |
Suficiente |
A1 |
|
|
X |
A2 |
|
X |
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A3 |
X |
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A4 |
|
X |
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A5 |
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X |
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A6 |
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|
X |
A7 |
|
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X |
A8 |
X |
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A9 |
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X |
A10 |
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X |
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A11 |
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X |
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A12 |
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X |
A13 |
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X |
A14 |
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X |
A15 |
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X |
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A16 |
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X |
A17 |
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X |
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A18 |
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X |
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A19 |
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X |
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A20 |
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X |
A21 |
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X |
A22 |
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X |
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A23 |
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X |
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A24 |
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X |
A25 |
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X |
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A26 |
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X |
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A27 |
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X |
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A28 |
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X |
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A29 |
|
X |
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A: aluno
Bom: 2
Mau: 16
Sufi: 10
Apresentação do Grupo de Sujeitos
O estudo centra-se num conjunto de dois professores que lecionam nas turmas A e B da 5ª classe e 29 alunos escolhidos aleatoriamente nas duas turmas, constituindo assim a nossa população amostral, ou seja, todos eles fazem parte do nosso projecto, pois reúnem as mesmas características.
Este projecto foi desenvolvido em equipa pois, além da participação da amostra, foram distribuídas actividades pelos restantes professores, director pedagógico e o próprio director da escola. Contámos também com a participação da administração municipal e algumas entidades singulares que convidamos a envolverem-se no projecto, assim como os prelectores.
Actividades Propostas
Em termos das actividades agendadas, para tentarmos diminuir o insucesso escolar dos alunos, programamos um conjunto de tarefas que foram realizadas em etapas de acordo com o calendário estabelecido:
•Promover seminário interno escolar de capacitação pedagógica que visa potenciar os professores em vários domínios dos conteúdos, com maior relevância nas técnicas e métodos do ensino da língua portuguesa. Para essa realização, convidamos o professor José Paulo Bungo por ser um profissional experiente da área da língua portuguesa há mais de 15 anos. Outros componentes envolvidos foram todos professores da escola do ensino primário nº 4 de Buco-Zau.
•Organizar pequenas jornadas internas escolares, onde os prelectores em alguns temas foram os próprios alunos como intervenientes no projecto, tendo sido o subdirector pedagógico envolvido para coordenar a actividade. Os temas como «a importância da escrita e da oralidade» bem como «como nasce um bom leitor» foram desenvolvidos por dois alunos da 5ª classe, turma A e B da mesma escola respectivamente. Os temas foram trabalhados e monitorizados pelo pesquizador e os alunos foram ensaiados para a apresentação.
Esta medida teve como objectivo incentivar nos alunos o espírito da leitura, criatividade e tirar o medo de se expressarem perante o público, algo verificado durante as nossas observações.
•Organização de pequena feira de leitura e escrita infantil interna da escola, onde os envolvidos são os alunos da escola, divididos em equipas de competição por turmas, com a participação dos professores. O júri escolhido atribuiu a votação ao grupo vencedor com direito a certificados de mérito e prémios como livros, lapiseiras, lápis, mochilas e outros materiais escolares.
• O júri é constituído pelos seguintes individualidades:
Director da escola: presidente
Subdirector Pedagógico: Vogal
O pesquisador do Projecto: vogal
• Solicitar à turma que se dividam em grupos para debaterem temas escolhidos por inspiracões pessoais, contos, anedotas, peças teatrais, etc, relacionando-o com o processo de aprendizagem, e, compartilhando experiências de forma a criarem o habito da fala, não esquecendo o incentivo ao uso do dicionario.
• criação de um clube de leitura. Neste caso, o professor deve incentivar o aluno a ler textos do seu gosto; dizer ao aluno que seja selectivo na escolha dos conteúdos pois, as pessoas que lêem, lêem porque gostam e o que gostam, não por obrigação;
• Criação de jornal da parede na escola onde os editores foram os alunos, exigindo-lhes procurar noticias que ocorreram a nível municipal, provincial, nacional e internacional. Foi ciclico a todos (29) alunos da turma A e B selecionados aleatoriamente como participantes do projecto. Estes, são indicados semanalmente pela direcção da escola na pessoa do coordenador da actividade que é o próprio director da escola. Provavelmente seja uma maneira dos alunos exibirem as suas qualidades na escrita. As noticias são pautadas numa segunda feira, e substituidas noutra segunda da outra semana. Por ultimo os alunos vão dando opiniões acerca das ocorrencias.
O calendário de todas actividades foi concebido obedecendo às normas didácticas e pedagógicas sem interromper o ciclo normal das aulas.
CRONOGRAMA DAS ACTIVIDADES
Data de Execução |
Actividades |
Responsáveis |
Avaliação |
24/06/2011 |
Realização de seminário interno, de capacitação pedagógica que visou potenciar os professores em vários domínios dos conteúdos, com maior relevância nas té- cnicas e métodos no ensino da Língua Portuguesa. Tema: Postura do Professor e/ou perfil profissional do Professor – Métodos e técnicas no ensino da Língua portuguesa
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Fernando Bumba
José Paulo Bungo |
A participação foi de 40% |
11/07/2011 |
Organização de pequena feira de leitura e escrita infantil na escola, em que os envolvidos sejam os alunos da escola divididos em equipas de competição, por turmas. |
Fernando Bumba Director e Professores da Escola |
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2/08/2011
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Criação do clube de leitura. Foi organizada uma pequena biblioteca escolar e em dias determinados os alunos são incentivados a ler textos a seu gosto, exigindo-se-lhes o uso do dicionário. |
Professores das turmas |
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Durante o mês de Agosto |
Solicitar às turmas da amostra que se dividam em grupos para debaterem temas escolhidos: de motivação pessoal, contos, anedotas ou peças teatrais e que dramatizem ou partilhem com os colegas, de forma a criarem o hábito de se exprimirem em grupo. |
Professores das turmas |
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De 27 de Junho a 30 de Setembro |
Criação do jornal de parede sendo solicitado aos alunos que procurem notícias de âmbito municipal, provincial, nacional ou até internacional. Os alunos foram escolhidos semanalmente pelo Director da escola e o jornal foi sendo construído em equipa. Concluído o jornal os alunos eram convidados a ler, a debater e consultar o dicionário se tivessem alguma dúvida.
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Director da escola e todos os alunos seleccionados como amostra alvo do nosso estudo nas turmas A e B da 5ª classe |
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Recursos
Os recursos são os meios humanos, financeiros e materiais necessários para a execução de qualquer projecto planeado. No caso vertente, temos como recursos disponíveis:
-Recursos Humanos: foram envolvidos no projecto vinte e nove alunos seleccionados aleatoriamente nas duas turmas da 5ª classe em nosso estudo, os dois professores das mesmas turmas em epígrafe, o director da escola e o subdirector pedagógico da mesma, os cinco professores não titulares das turmas em questão e que foram entrevistados informalmente, mas que as suas opiniões foram de grande interesse utilidade. Tencionamos contar com a Secretaria municipal da Educação e alguns membros da administração local de Buco – Zau respectivamente.
-Recursos materiais: para além do computador e outro material fizemos uso de forma selectiva dos manuais da actualidade, revistas especializadas, jornais, dissertações e internet. Demos maior destaque obras que falam directamente das causas do insucesso e as suas possíveis medidas da resolução.
-Recursos financeiros: não foram revelados
CONCLUSÃO
O trabalho de projecto assume um carácter bastante eclético por ser uma metodologia que utiliza a investigação acção, estando os intervenientes a agir directamente na questão a investigar, promovendo-se formas de aprendizagem cooperada e apelando à participação activa e a interacção entre os membros do grupo. No caso vertente este foi um projecto que caracterizou o estudo do insucesso escolar dos alunos numa amostra de 29 alunos escolhidos aleatoriamente nas turmas A e B em representação do universo das dificuldades de todos alunos da escola nº 4 do município de Buco-Zau, província de Cabinda em Angola, bem como das outras escolas.
No desenvolvimento de qualquer trabalho de projecto são fundamentais as vivências e experiências pessoais dos alunos que fazem parte do grupo, independentemente do facto de cada um possuir particularidades de aprendizagem individuais. Durante o trabalho, o grupo soube valorizar as competências e as fraquezas de todos os componentes, sem esquecer a cooperação e entreajuda que concorreu para um único fim, a solução do problema existente.
Após a implementação deste projecto, podemos concluir que parte dos nossos objectivos foram atingidos, pois de uma forma geral os professores têm um conhecimento significativo das causas geradoras do insucesso escolar e apresentam uma forte percepção acerca dos comportamentos de insucesso manifestados pelos seus alunos, conseguimos definir o insucesso escolar e provar a sua existência na escola nº 4 de Buco-Zau e implementamos a maior parte das actividades propostas. Consideramos que o tempo de que dispusemos para a implementação do projecto não foi suficiente no sentido de conseguirmos irradicar o insucesso na língua portuguesa, mas temos consciência de que houve uma melhoria significativa e de que este projecto deverá ter continuidade no próximo ano lectivo.
Notamos também que parecem estar disponíveis para mudanças a operar no contexto educativo, embora houvesse alguma resistência na implementação do projecto, pois, todos foram unânimes em afirmar não terem visto ser implementada ainda uma iniciativa dum projecto de alguém que não esteja envolvido na classe do executivo angolano
Parece-nos que esta questão é da responsabilidade de todos, pois que, os alunos alegam que a culpa do seu insucesso constatado nas nossas observações é da responsabilidade dos professores que têm dificuldades na administração dos conteúdos da língua portuguesa, outros dizem que alguma culpa é atribuída aos pais que às vezes os obrigam a fazer outros trabalhos caseiros justamente na hora da escola.
Por outro lado, os professores não concordam com as afirmações dos alunos e alegam que os alunos não estudam, não têm a cultura da leitura, não fazem tarefas orientadas pelos professores, enfim, alguns transportam uma certa indisciplina para escola.
Para comprovarmos tudo quanto observamos e ouvimos dos alunos e professores, colocamos à prova o comportamento e as atitudes dos ambos, face aos relatórios recebidos, e, para entendermos como isto os levaria a um resultado negativo, ou seja, ao insucesso escolar, sobretudo na disciplina da Língua Portuguesa, optámos por aplicar entrevistas aos professores e realizámos observações aos alunos, para além de lhes termos aplicado alguns exercícios práticos, tais como textos para leitura, pequenos ditados, e o trabalho realizado com as fichas de avaliação continua.
Entre os vários indicadores do insucesso escolar, temos aqueles que se notabilizaram mais, pois, para se tentar melhorar o fenómeno para um sucesso escolar dos alunos, é necessário que haja uma formação específica contínua dos professores não só na disciplina da língua portuguesa, mas também nas outras áreas. Constatamos também que as técnicas do ensino da língua portuguesa são inadequadas, para tal é necessário melhorá-las através da frequência de seminários de capacitação.
Achamos que a leitura deve ser considerada como um designo nacional, existência de programas de massificação de leitura e escrita nas escolas e, procurar incutir no aluno a leitura como um prazer e não uma obrigação. Concluímos também que a disciplina de caligrafia no currículo faz falta, pois que, com ela os alunos conseguiriam manter um nível alto e qualidades na escrita.
Os pais/encarregados de educação deviam estar mais motivados para acompanharem a trajectória escolar dos educandos, ajudando-os nas tarefas escolares, incentivando atitudes e valores capazes de ajudar o aluno desenvolver competências.
A motivação é um factor importante no processo docente educativo, e por ser uma qualidade interna do sujeito, a sociedade no seu todo, entidades governamentais, singulares, igrejas, ONGs, devem ser chamados a estimular sempre que necessário o trabalho quer do professor quer do aluno.
Também concluímos que a falta do material didáctico é um dos fortes factores do insucesso escolar dos alunos, para tal, exortamos o governo e entidades singulares na criação de lugares apropriados para aquisição fácil deste material e a criação de pequenas bibliotecas nas escolas primárias para incentivar os alunos à leitura.
Ao termos concluído que a distância da escola/casa é outro factor que contribui para o absentismo e falta de assiduidade, o ideal seria que pudessem ser construídas mais escolas para ajudar a minorar essas situações.
Acreditamos que com o passar do tempo estes e outros problemas do ensino serão resolvidos, pois diz a sabedoria popular africana que para tudo é preciso “paciência, que é uma árvore cujas raízes são amargas, mas cujos frutos são doces”.
A escola deve ser um ambiente onde cada criança possa sentir-se bem-amada e sempre alegre.
BIBLIOGRAFIA
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Gradiva.
BOGDAN, R. & Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação:
uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.
COSTA & MELO (1989), Dicionário de Língua Portuguesa, 6ª edição,
Poto Editora.
______________DICIONÁRIO de Língua Portuguesa 4ª Edição
FONTINHA. R. Novo Dicionário Etimológico de Língua Portuguesa,
Domingos Barreira, Porto,s.d
GASPAR, P & DIOGO, F. (2010), Sociologia da Educação e
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AFONSO. A.J. (1989), ‟Las políticas de Reforma en la educactión
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MACHADO. J. P.(1977). Dicionário Etimológico de Língua Portuguesa, 3ª
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O INSUCESSO ESCOLAR DOS ALUNOS DA 5 ª CLASSE, TURMAS A e B DA
ESCOLA N° 4 DO MUNICÍPIO DE BUCO- ZAU, A NÍVEL DA LÍNGUA PORTUGUESA
FERNANDO BUMBA
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS EDUCATIAS - ISCE
RESUMO
Este projecto tem como objectivo apresentar estudos que possibilitem romper com ideias inalteráveis sobre o tema do insucesso escolar, apontando possibilidades concretas que levem ao sucesso dos alunos no ensino da disciplina de língua portuguesa. A justificação do mesmo, está na problematizarão feita no decorrer do estudo, relacionando o processo ensino-aprendizagem com o sucesso e insucesso escolar, ou seja, através da procura de alternativas que superem essa lógica persistente no dia-a-dia da escola n°4, município de Buco-Zau, província de Cabinda.
Esta é uma pesquisa exploratória utilizando a investigação acção Espera-se que este projecto nos ajude a compreender as manifestações das verdadeiras causas que levam os alunos ao insucesso escolar nos vários domínios do ensino, isto é, vamos procurar identificar e determinar as manifestações das causas do insucesso escolar dos alunos na disciplina de língua portuguesa na escola n°4 de Buco-Zau, turmas A e B da 5ª classe, definir o insucesso escolar, e, finalmente, propor estratégias que possam minimizar o insucesso escolar no ensino primário e sobre tudo na disciplina sobre a qual o nosso estudo se debruça.
Palavras-chave: Insucesso Escolar, Língua Portuguesa, Supervisão Pedagógica
ABSTRACT
This project aims to present studies that allow breaking with unalterable ideas on the subject of school failure, pointing out concrete possibilities that lead to student success in the teaching of Portuguese language.
The justification of it, is made in the questioning during the study, relating the teaching-learning process with success and failure at school, that is , through searching for alternatives to overcome this persistent logical in the day-to-day of the school nº 4, in Buco-Zau, Cabinda province.
This is an exploratory research using action research. It is expected that this project will help us understand the true causes of events that lead to students failure at school in the various fields of education, that is, we will try to identify and determine the causes of the manifestations of students school failure in the English subject in school No. 4 of Buco-Zau, classes A and B of the 5th class, to define school failure, and finally to propose strategies to minimize school failure in primary education and above all in the subject on which our study is focused.
Key words: School Failure; Portuguese Language; Supervision.
1.INTRODUÇÃO
O presente projecto pretende constituir uma abordagem ao insucesso escolar de um contexto situacional de uma realidade ligada ao insucesso escolar a nível da Língua Portuguesa. Este é um projecto de investigação acção e pretende instituir-se como um espaço privilegiado onde o aluno e o professor se envolvem na resolução de dificuldades de aprendizagem desejavelmente com um grau de autonomia crescente por parte do aluno.
Conscientes da problemática do insucesso escolar na escola nº 4 do Município de Buco-Zau, província de Cabinda, situação considerada por nós muito preocupante, levou-nos à reflexão sobre um trabalho de projecto que pudesse contribuir para solucionar ou minimizar a situação.
Foi neste contexto que começámos por elaborar o diagnóstico, contactando o Director e restantes Docentes da Escola e apresentamos a proposta da implementação do projecto, com o objectivo de compreender as verdadeiras causas que levam os alunos a este fenómeno nos vários domínios do ensino, em especial a Língua Portuguesa.
Considerando, embora, a pertinência da implementação deste projecto, não podemos deixar de ter consciência plena de que determinadas medidas dizem respeito ao poder político central, o que poderá limitar a resolução total do problema subjacente. Ao afirmarmos isto, estamos a dizer que, o poder executivo de um projecto em Angola às vezes passa pela decisão do poder central ou provincial e nunca de uma pessoa singular.
Apesar dos constrangimentos, decidimos avançar com o projecto e após a constatação do problema, definimos a metodologia e instrumentos a utilizar, bem como as estratégias/actividades a implementar.
No nosso trabalho, abordámos a Problemática, definimos os objectivos e as actividades a desenvolver e após a aplicação das técnicas escolhidas de acordo com o projecto, com a aplicação da análise de conteúdo, foi-nos possível discutir os resultados e chegar a conclusões. Na Fundamentação Teórica e com recurso à revisão da literatura reflectimos sobre a Língua Portuguesa, o Insucesso Escolar e a Supervisão Pedagógica.
PROBLEMÁTICA
Descrição do contexto
Breve historial e caracterização da Instituição
A escola n°4 de Buco-Zau situa-se na República de Angola, isto é, no continente africano na zona subsaariana. Angola faz fronteira ao norte com as repúblicas populares do Congo (Brazaville) e Democrática do Congo (Kinshasa). O município em questão fica no interior da província a mais de 128 km da sede capital. É rodeado por um rio designado Luali, dividindo-o dum lado a outro, e este desagua no rio Luango na comuna de Necuto do mesmo Município.
Buco-Zau é município da província de Cabinda e tem aproximadamente 2 115 km² e cerca de 50 mil habitantes. É limitado a Norte pela República do Congo, a Este pelo município de Belize, a Sul pela República Democrática do Congo, e a Oeste pelo município do Cacongo. Em fiote, dialecto local, mbuku significa "centro", "sítio" ou "local" e nzau significa "elefante", um gigante animal que caracteriza a zona norte de Cabinda, embora a longa guerra pela qual Angola passou, tenha diminuído o número destes animais, é possível ainda observá-los casualmente na área do município.
A escola está localizada a 1800 metros do hospital regional e 1200 metros da administração municipal, concretamente no bairro 4 de Fevereiro zona B, próximo da escola de formação profissional do município.
Contexto Humano
A escola n 4 é uma estrutura física pertença do estado angolano, tem regulamento estabelecido pelo ministério da tutela e possui um regulamento interno elaborado pela direcção da escola. Quanto à estrutura funcional, a escola tem uma direcção constituída por um Director, dois Subdirectores, Pedagógico e Administrativo todos nomeados pelo despacho n ° 053/DGDC/06 do Governador Provincial. Tem quarenta e nove professores todos no activo, dos quais vinte e três do sexo masculino e vinte e seis do sexo feminino, sendo, dois que leccionam as turmas em estudo. O pessoal não docente é constituído por seis membros. Tem um total de 1725 alunos dos quais, 872 do sexo masculino e 853 do feminino, sendo que 89 são da 5ª classe, para os quais direccionamos o nosso projecto, numa amostra de 29 alunos seleccionados aleatoriamente.
A escola possui um grupo heterogéneo de professores provenientes de diferentes pontos do país, com atitudes diversificadas quer laboral, quer socialmente, sendo que alguns denotam dificuldades no domínio do conteúdo e das técnicas e métodos do ensino. Têm a média de idade entre os trinta e três a cinquenta e oito anos. Dos 1725 alunos que a escola tem, todos são oriundos de diversas famílias, isto é, de diversos bairros e aldeias do município, com atitudes e comportamentos diferentes, uns tímidos, outros atrevidos, resultado das influências familiares e meio social onde estão inseridos. Esses são os relatos dos professores e alguns pais contactados cordialmente. Isto para muitos pode ser um dos grandes indicadores do insucesso escolar; segundo os professores. Por outro lado, os professores afirmam que alguns alunos chegam ao ponto de faltar ao respeito a alguns professores e seus colegas, questão que os preocupa, porque, todos eles têm apenas uma idade média entre dez a dezoito anos.
No que se refere à distribuição das turmas, cada professor tem uma turma de 45 alunos leccionando neste caso todas as disciplinas do currículo face à reforma educativa que vigora no país. Tencionamos apresentar o nosso projecto à Administração Municipal, à Secretaria Municipal da Educação e a outros indivíduos singulares da sociedade civil, os quais serão envolvidos no projecto.
Contexto Material
A escola n ° 4 tem um edifício construído de raiz à luz do Decreto-lei N° 09/03, de 28/10; artigo 5° n.º 2 desde os anos 2007-2008, a par daquela que já antes existia deixada pelos portugueses, que hoje é considerada escola anexa. Ela apresenta – se com uma boa estrutura quer interna quer externa, é composta por 4 pavilhões constituídos por 16 salas de aulas, incluindo a área administrativa. Tem carteiras, cadeiras e secretárias em todas salas de aulas, embora com tempo se vão degradando. Nos gabinetes dos directores, como na secretaria administrativa ainda encontramos o mobiliário em condições aceitáveis.
No que tange aos equipamentos e ao material didáctico (quadros, mapas, globos e outros para a pratica do ensino e aprendizagem), a situação continua um pouquinho crítica no país, pois que, "muitas escolas não têm carteiras nem cadeiras, quadros pretos e mesas para os professores" (Zivendele, 1990:31 cit. por Zassalas, 2003:29). Apesar de existir mobília, que também está a desagradar – se tal como afirmamos anteriormente, pelo menos é notória a ausência de materiais como computador, impressora e muito mais, que poderia servir – nos de instrumentos facilitadores para a execução do nosso projecto, recorrendo neste caso para todos trabalhos administrativos da escola, pois só existem máquinas de dactilografar que são no total de três. Outros materiais não menos importantes como vassouras, catanas, enxadas e outros para a limpeza da escola, constitui uma realidade.
Contexto Situacional
Este projecto baseou-se integralmente numa situação eminentemente difícil, não só para as futuras gerações, mas, para toda sociedade no geral, isto é, o insucesso escolar. Neste contexto, o futuro para os menores poderá conhecer poucas saídas na resolução de certos problemas que lhes serão exigidos face à dinâmica da sociedade.
Todavia, é evidente que toda a sociedade deve aparecer no combate ao problema mencionado anteriormente, no sentido de transpor-se da história actual do fenómeno num rumo mais abonatório da vida não só do aluno, mas também do professor e da sociedade no seu todo. Por esta razão, elaborou – se uma estratégia que vai servir de intervenção no âmbito do curso de supervisão pedagógica e formação de formadores, no contexto profissional, revelando o problema existente e tentando solucioná-lo. A priori, este, é um projecto que decorrerá desde Junho a Outubro mas que será também um ponto de partida em termos de continuidade, em anos futuros, independentemente da realização deste projecto que funcionará como um alerta para a situação.
Definição do Problema
"Abordar a problemática do insucesso escolar é uma tarefa complexa que implica, por um lado a clarificação do conceito de insucesso escolar e por outro um conhecimento do funcionamento real da escola e do sistema educativo, bem como dos seus intervenientes" (Sil & Victor, 2007). Neste contexto, os professores devem actuar como agentes de mudança tendo em conta as suas percepções e as suas opiniões face à problemática do insucesso escolar dos alunos.
Sendo do conhecimento geral a existência de insucesso escolar nesta Escola, não só por conversas que fomos tendo com colegas que aqui trabalham, mas também por ter sido a escola onde iniciamos a nossas primeiras aprendizagens e onde também trabalhamos, era um problema que nos afectava muito directamente.
Sugiram-nos várias hipóteses que poderiam explicar o insucesso escolar na escola nº 4 do município de Buco-Zau e por tal decidimos não só comprovar a existência do problema, como também tentar implementar estratégias para o solucionar.
Identificação e Delimitação do Problema
Pelos estudos feitos sobre a problemática, e por aquilo que pudemos fazer em termos do trabalho com os professores, a observação directa das aulas, das fichas de avaliações contínua deste ano lectivo 2011, e pela observação das pautas em retrospectiva ao ano transacto, (embora essas não nos ofereçam dados actualizados), podíamos reflectir como seriam os resultados deste ano lectivo 2012.
O trabalho realizado com os alunos, os relatos quer dos professores quer dos alunos, confirmou a existência do insucesso escolar na 5ª classe, isto é, na disciplina de Língua Portuguesa não apenas nas turmas em estudo, mas também em todas turmas e classes daquela instituição escolar, conforme os retratos da Revista ‟Ágora”,nº 2, (p.2, S.A.,s̸d. ); cito: tudo parece que se fale de insucesso, tantas são as suas manifestações e as queixas que lhes são atribuídas. Tanto são também os domínios relativamente aos quais se refere o insucesso.
Deste modo, apresentamos uma sistematização das questões a que tentaremos dar a resposta ao longo do nosso estudo:
1- Que estratégias são necessárias para uma formação continua correspondente às necessidades dos professores da escola n°4 do município sede de Buco-Zau, província de Cabinda?
2- Quais as modalidades a implementar para que haja uma formação contínua especifica que se adeque à realidade dos professores colocados na escola em causaɁ
3- Quais são as causas do insucesso escolar dos alunos da 5ª classe na disciplina de lingua portuguesa naquela instituição escolarɁ
4-Qual é o grau da preocupação dos professores da escola nº 4 no contexto de aquisição das competencias específicas profissionais para a lingua portuguesa?
Estas e outras questões conduzem-nos ao seguinte problema: a possibilidade de superação pedagógica dos professores nas áreas especificas que vise minimizar o insucesso escolar dos alunos na disciplina de língua portuguesa na escola do ensino primário n° 4, turmas A e B, 5ª classe
Problema e suas condicionantes
A escola é, por excelência, um lugar dedicado ao desenvolvimento completo do indivíduo e é onde, a par da família, as crianças e jovens possuem saberes e valores que lhes permitirão formar-se como profissionais e cidadãos activos e participantes na sociedade. Segundo o Gaspar & Diogo (2010.p.10) afirmam que a escola está, simultaneamente, ao serviço do individuo e da sociedade. O individuo é de facto, o primeiro benificiario da educação que recebe. Neste caso, a escola n°4 do município de Buco-Zau, província de Cabinda sendo uma instituição legitimamente vocacionada para o ensino, não descarta a possibilidade de possuir esses requisitos.
Outrossim, os percursos escolares não são, porém, todos iguais e surgem várias situações em que o volume de dificuldades de aprendizagem se acumula conduzindo ao insucesso escolar. A escola em estudo por aquilo que constatamos, procura responder a todos os problemas mas nem sempre as estratégias e técnicas definidas para apoio às aprendizagens surtem os resultados requeridos.
As insuficiências verificadas podem inserir-se no âmbito das estratégias cognitivas, metacognitivas e sócio-afectivas. As dificuldades de gestão da aprendizagem surgem devido a diversos factores, entre os quais poderíamos destacar a perfilhação de métodos de estudo inadequados; dependência significativa face ao professor, professores com cursos diferentes ”improvisados” como os da língua portuguesa o que pode ser indicador de insucesso dos alunos, enfim, alguma incapacidade de auto-avaliação e auto-regulação do processo de aprendizagem; pouco conhecimento acerca de si próprio como aluno e dos métodos de estudo mais eficazes para si; ritmos de aprendizagem diferentes que não se encaixam nos ritmos das aulas normais da língua portuguesa; baixa motivação e baixa auto-estima e insegurança perante as dificuldades.
O insucesso escolar constatado e as dificuldades na língua portuguesa por grande número de alunos, sobretudo no que se refere à leitura, escrita, fala, interpretação e gramática levou-nos a pensar as soluções necessárias para tentarmos minimizar as insuficiências detectadas na escola número 4 do Buco-Zau. Constatou-se que a contribuição directa das aulas de apoio pedagógico acrescido para o sucesso académico dos alunos é ainda insuficiente pois que, não existe uma associação de alunos e nem sequer sabem o que isso é. Esta medida poderia aproximar os alunos, as dificuldades passariam a ser superadas por troca de ideias entre eles não só na disciplina de língua portuguesa, mas sim, nas várias outras disciplinas. Notou-se que em cada 100 pessoas naquela vila, 99% usam com mais frequência a língua nacional sendo a sua língua materna. Também professores sem motivação no trabalho, levando o mesmo factor a ser transmitido ao aluno pois que, o professor é, por excelência, um modelo para o aluno.
Para além disso, a reforma educativa implementada um pouco por todo o país onde existem classes de transição automática, uma delas é a 5ª classe em estudo, constitui, no nosso entender, uma das fontes do insucesso dos alunos nas várias disciplinas do currículo. Sabe-se que, a reforma educativa em qualquer canto do mundo é feita de maneira cautelosa no sentido de não correr risco de despontar o que já existe. Outrossim, é importante saber-se que a educação não pode ser feita fora de um contexto político, econômico e social, o sistema educativa deve, antes de mais, ser considerado como uma rede de internações complexas, que o obrigam a ter em conta a realidade social envolvente, de forma que este não seja considerado como uma ilha no seio dos restantes sistemas sociais ( Mendonça ,2000.p.13)
Uma vez fizemos menção da reforma educativa que caracterizado o conceito educativo em Angola, torna-se pertinente verificarmos a definição verdadeira da reforma. Para o Hans. W. cit. por Almerindo J. A. (1989.p.132), considera que o conceito de reforma educativa implica considerar uma multiplicidade de iniciativas que visam alternações no alcance e natureza da educação, passando ainda por mudanças nos currículos e conteúdos. No caso do Soltis (1990.p.411), as reformas são projetos mais circunscritos, que têm em vista renovar, melhorar ou redirecionar as instituições educativas.
É pois, evidente a necessidade de reflectir já que isto só compete ao governo através do Ministério da Tutela analisar outros modelos da reforma mais moderados, onde alguns elementos inseridos devem ser práticos, pouco volumosos e com qualidades aceitáveis tais como: ensinar o que é possível e não o que está formalmente definido, tornar o ensino mais aplicável e criativo, tornar a língua portuguesa como prática normal e fazer da leitura uma prática familiar, sermos selectivos nas obras literárias, considerar a leitura num desígnio nacional, exigências por parte do professor com envolvimento da sociedade.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Foi nossa preocupação, através da revisão da literatura, consultar obras que nos ajudassem a fundamentar o problema que vamos abordar na realização do nosso projecto e que está ligado ao insucesso Escolar da Língua Portuguesa
Neste contexto procurámos obras especializadas que nos remetessem para esses paradigmas, tendo no entanto o cuidado de fazer uma selecção para evitar a “gula livresca
Insucesso
O insucesso resume-se como sendo um fracasso, os maus resultados adquiridos por um indivíduo em qualquer campo social. É uma insuficiência (Dicionário da Língua Portuguesa, 4ª edição).
Podemos considerar, insucesso escolar como o fraco desempenho quer dos alunos quer dos professores no processo docente educativo. Este fracasso pode consubstanciar-se em factores internos (motivação, vontade, dedicação, determinação…) e externos (as condições que o meio social e familiar oferecerem aos componentes do processo de aprendizagem)
Etimologia do Conceito de Insucesso Escolar
Etimologicamente, a palavra insucesso vem do latim insucessu (m), o que significa ‟Malogro; mau êxito, falta de sucesso , Fontinha .( s̸d) ; ou ainda mau resultado, mau êxito, desastre, fracasso” Costa & Melo (1989). O vocábulo insucesso é habitualmente referenciado por antagonismo ao termo sucesso, que advém do latim sucessu(m), o qual assume, entre outros, os seguintes significados ‟o bom êxito, conclusão ” (op.cit) ou ‟chegada, resultado, triunfo” Machado (1977). Não podemos pois, deixar de constatar, que os termos sucesso e insucesso detêm significados que se opõem aos conceitos de bom e mau que lhes estão subjacentes. Para a Mendonce (2009.p.63), a pesquisa dos termos bom e mau no Dicionário de Língua Portuguesa de Costa e Melo, encontramos ‟bom (....)” que tem bondade; virtuoso; nobre; seguro (....)” e mau: (....) que não tem bons instintos; que exprime maldade; malvado; perverso(....)”. Este autora afirma que na sequencia do exposto, se em termos estritos efetuarmos uma correlação entre os termos bom ̸ sucesso e mau ̸ insucesso, verificamos que os sinônimos evocam sempre atributos pessoais, positivos ou negativos ( Maria Teresa. P. M. pp.60-61. op.cit., p.63). Assim sendo, falando do insucesso na vertente escolar, constitui hoje nas escolas de Angola um fenómeno massivo cuja natureza é determinante, parecendo ser de essência sócio – econômica. Este fenômeno conduz-nos essencialmente a dois tipos de situações que correspondem a outras tantas:
a)-Característica dos alunos.
Neste contexto, a título de exemplo, a escola n°4 é constituída maioritariamente por crianças com idade desadequada ao ano escolar que frequentam. No entanto, muitos desses alunos ficaram retidos uma ou mais vezes nas casas por vários factores, uns de ordem política militar da região, outros da difícil situação econômica e financeira dos país, alguns por não possuírem famílias para os albergar (estamos referindo alunos de origem das aldeias mais recônditas da vila).
Esses factores levam muitos alunos ao insucesso escolar e, em alguns casos ao abandono escolar, pois que, o facto de ter idade avançada em relação a outros meninos é suficiente para existir um desequilíbrio e consequentemente o insucesso.
b)-Característica do meio familiar.
As características da família são importantes para entender as decisões e atitudes das crianças e jovens, quer em relação à escola quer em relação ao meio do convívio familiar. O meio familiar pode influenciar e determinar a situação de insucesso escolar.
As características que mais influenciam o percurso escolar dos alunos parecem ser a escolaridade dos familiares mais próximos e o tipo de profissões e ocupações que estes desempenham. Estes pontos podem condicionar o estilo de vida dos familiares e consequentemente manipular o estilo de vida do aluno.
Causas e Consequencias do Insucesso Escolar
O drama do insucesso escolar é relativamente recente em Cabinda. Foi a partir dos anos noventa que encontrámos as suas primeiras manifestações e que se começou a exigir que as escolas ganhassem dividendos (suborno professor/aluno, venda de folhas das provas pelas direcções das escolas, a não uniformização de emolumento para aquisição de certificados, bem como declarações de estudos, enfim, várias situações menos boas para o progresso da escola). Isto deveu-se à influência do surgimento massivo, dos estrangeiros dos dois Congos, e por razões económicas. Todos, crianças, mulheres e homens iam à busca de "fundos e mundos" para melhor sobrevivência. Dali surgiram desgraças em todas vertentes sociais, uma delas mais afectada é a situação escolar dos alunos que vão enfrentando problemas sérios, levando-o ao insucesso escolar. Por este motivo, vários factores concorrem para o insucesso dos alunos entre os quais, preguiça, e a falta de capacidade ou interesse, embora estes, deixaram de certo modo de ser os únicos aceites como explicação para o insucesso e abandono escolar dos milhares e milhares de crianças e jovens do sistema educativo.
Um estudo feito por um grupo de trabalho de 6 indivíduos da disciplina de área do projecto nomeadamente: Couto, Ferreira, Lourenço, Rocha, Silva e Lourenço, (2009), defendem que,
" as causas do insucesso escolar estão sem dúvida, relacionadas com o ambiente em que o aluno está inserido, ou seja, com o seu meio familiar, social e escolar". Sublinham ainda que, "todos os meios há uma variedade de factores que poderão levar a um caso de insucesso", tais como:
- Meio familiar:
• Precipitação dos pais ao fazerem os seus filhos entrar na escola primária com menos idade;
• Sucessivas transferências de escola para escola por motivos de viagens, profissão dos pais ou mudança de residência;
• Independência dos pais quanto à vocação dos seus filhos;
• Motivos económicos, ou seja, o aluno sente – se como mais uma despesa e por isso, vai trabalhar, e assim, dedica menos tempo ao estudo;
• Mau ambiente entre os pais (sucessivas discussões).
- Meio Social:
• Falta de popularidade entre os colegas;
• Excesso de actividades extracurriculares;
- Meio Escolar:
• Preparação deficiente nos anos escolares antecedentes;
• Falta de estudo e/ou interesse pela escola e matérias leccionadas;
• Mau funcionamento da escola;
• Métodos não eficazes estabelecidos pelos professores para ultrapassar as dificuldades do aluno;
• Elevado número de alunos numa mesma turma.
Essas causas afectam também as escolas de Angola (Cabinda) e, sobretudo no Município para o qual está direccionado o nosso projecto. Para tal, é necessário os alunos tentarem contrariar as situações do tipo, pois que, é a escola somente o lugar vocacionado para formar académica e profissionalmente o homem para a sua estabilidade económica futura. Socialmente o aluno tem o privilégio de propagar as suas experiências em diferentes sentidos. Pensamos que os alunos nem por isso têm a escola como trunfo para resolverem os seus problemas. Para alem das manifestações e das causas que levam os alunos ao insucesso escolar, também, temos a " desmotivação dos alunos, o desinteresse ou mesmo o abandono da escola, uma baixa auto-estima, o afastamento de colegas e amigos, a entrada para o caminho das drogas, tabaco ou álcool e a tendência para a criminalidade" (Andreia et al., 2009), enfim todos concorrem para o insucesso e abandono escolar
Medidas de Combate ao Insucesso Escolar
A definição do insucesso escolar é explicada pelas maiores ou menores capacidades dos alunos, inteligência, pelos seus dotes naturais, pela pertença social e pela maior bagagem que os alunos têm (Perrenoud,2002). Esta definição foi evoluindo ao longo dos tempos e hoje, os pedagogos já estabeleceram alguns casos que podem ser considerados como insucesso propriamente dito tais como:
- Desinteresse do aluno;
- O aluno não gosta da escola;
- Falta de atenção;
- Absentismo;
- Dificuldades de aprendizagem.
Neste caso, de quem é a responsabilidade deste fenómeno?
Vamos considerar que a culpa é de todos aqueles que se envolvem no processo, nomeadamente: aluno, família, a escola, professores, currículos, sistemas educativos e a sociedade (iden). De todos eles, o professor e o aluno são considerados os agentes mais responsáveis pelo insucesso. Pensamos que o professor recusa em fazer parte do problema por ser um dos mais difíceis do ensino. Os professores persistem em assacar a responsabilidade pelo insucesso aos alunos e às suas famílias. Como se o desejo de instrução fosse pensado como já existindo, como se a tarefa do professor consistisse ainda e sempre em transmitir saberes a alunos perfeitamente dispostos a assimilá-los, com excepção de alguns momentos de turbulência ou de fadiga (Perrenoud, 2002). O mesmo autor refere ainda: “Dêem-me alunos que queiram aprender, gostem de aprender, dominem a linguagem escolar e todos os códigos, beneficiem de todos os apoios familiares e eu comprometo-me a eliminar o insucesso escolar”.
Todos são chamados a falar das suas experiencias, mostrando o que valem nas classes de base e não nas classes médias ou superiores, pois que, a base norteia o fim de uma acção. Outrossim, quanto mais experiência melhor, é a contribuição sugestiva de Perrenuod (2002) afirma que:
Um professor de quarenta ou cinquenta anos poderia pensar, de boa
fé, que o sistema educativo que o emprega “tudo fez” para eliminar
o insucesso escolar e as desigualdades sociais com que a educação
se defronta: reformas estruturais, ciclos de orientação,
desenvolvimento da educação pré-primária, diversificação de vias
de ensino além da escolaridade obrigatória, modernização dos
programas, ligação à vida, formação mais exaustiva dos professores,
audiovisuais e novas tecnologias, diálogo mais aberto com as
famílias, respeito pelos direitos dos alunos, sensibilidade em relação
às diferenças culturais, apoio pedagógico, trabalho de grupo pelos
alunos, projectos das escolas …”
É, pois, necessário que todos os responsáveis se mobilizem para o combate, usando esforços de incentivo quer material quer moral para se tentar travar "a velocidade" do fenómeno.
Mendonça (2009),apresenta um conjunto de medidas para diminuir o insucesso escolar, tais como:
• Obrigatoriedade de frequência do Ensino Pré-escolar;
• Funcionamento das escolas do ensino primário em Regime de Tempo Inteiro;
• Funcionamento com mais turmas com Currículos Alternativas;
• Aquisição de competências para a integração no mundo laboral durante a escolaridade obrigatória;
• Redução do número de alunos por turmas;
• Adopção de manuais e programas por ciclo de escolaridade;
• Acompanhamento de cada turma pelos mesmos professores, em cada ciclo de estudo;
• Aplicação de formas de avaliação diversificadas, sem que se valorize em demasia as prova escrita;
• Desenvolvimento de valores cívicos e de cidadania;
• Aproximação entre as escolas e os contextos em que se inserem;
• Desenvolvimento de actividades culturais e desportivas nas escolas;
• Existência de um professor tutor.
Essas e outras são as possíveis medidas que podem minimizar o fenómeno do insucesso escolar no seio dos alunos bem como a utilização de técnicas e métodos variados para combater e/ou o prevenir.
Neste contexto, “o simples acto de falar, ler ou escrever promove novas aprendizagens, quer a nível conceptual, quer a nível linguístico.” (Pocinho & Canavarro, 2009:105)
O Ensino de Língua Portuguesa
Em condições normais, a língua é idioma de um povo. Ela toma duas características: oficial, quando é utilizada no quadro das diversas actividades oficiais; e não oficial, quando a escolha depende de razões políticas, neste caso, é usada pelo povo, mas que não é utilizada em todos os actos oficiais do poder político. Em alguns povos, não pode ser uma língua escolar.
Neste caso, Um percurso teórico sobre a noção de língua, insere-se no âmbito de uma pesquisa que trata de práticas de escrita e/ou escritura na teoria da análise do discurso. ( Nasi, 2007).
Neste texto fazemos uma trajectória da noção de língua, partindo das gramáticas tradicionais e passando pelas abordagens de Saussure e de Chomsky, que respectivamente consideram a língua como um sistema de signos, e como um conjunto de sentenças ( Nasi, 2007). A partir disso, verificamos que os dicionários linguísticos abordam a língua a partir dos conceitos dos autores citados, enfatizando a sua importância como instrumento de comunicação. A realização dessa trajectória de pesquisa tem como objectivo contrapor essas abordagens à noção de língua em Análise de Discurso ( Nasi, 2007)
Ensinar a ler às crianças não significa obrigá- las a decorar o alfabeto e a escrever as vogais e as consoantes de forma padronizada. A leitura é a causa natural da escrita, logo para uma criança, saber ler é dar-lhe o caminho da escrita, interpretação e gramática. O que é necessário é utilizar as técnicas que se encaixem no ensino da lingua potuguesa de modo a formar crianças com um poder criativo aceitavel, capaz de aprender fazendo, pois que, uma criança adquire qualquer compêtencia dado a sua premiabilidade de aprendizagem. Nesta fase a criança facilmente se adapta a qualquer tipo de treinamento que lhe for dado.
Para alguns pedagogos, o desenvolvimento humano resulta da aprendizagem, com base na experiencia ou adaptação ao ambiente, reforçando que "a vida é um continuo processo de aprendizagem: novos eventos e novas experiencias desenvolvem novos padrões de comportamento" (Berger,2003 cit. Por Rodrigues M, 2006:19-20). Neste contexto, surgiu a teoria behaviorista defendendo que os seres humanos em todas as idades aprendem sobre o mundo da mesma maneira que os outros animais: reagindo a aspectos do meio ambiente que acham agradável, dolorosos ou ameaçadora esta teoria centra-se em dois tipos de aprendizagem: o condicionamento clássico (Pavlov, 1849-1936) e posteriormente aplicado em crianças por (Watson, 1878-1958) e o condicionamento operante.
A Formação dos Professores e o Desempenho Escolar
A formação em situações normais é o acto pelo qual o individuo mais experiênte garante despositivos necessários para que o outro com a disposição favoravel se formar (Dicionário de Língua portuguesa, 2011). A capacitação do homem no exercício ou desenvolvimento de algumas competências profissionais, incorporando ao processo educativo aspecto teórico e prático. Ela é feita nas escolas independentemente do tipo de especialidade a optar. No caso dos professores, a sua formação passa nas escolas de formação dos professores ou nos cursos intensivos de superação pedagógica onde são capacitados para um exercício zeloso e inteligente da prática docente educativa.
O professor do ensino de base regular no 1º nível deve possuir conhecimentos científicos suficientes e acima daqueles que são exigidos a nível do ensino primário. No caso do Município de Buco-Zau e, na escola nº4 onde centralizamos o nosso estudo, a estatística indica-nos que a percentagem dos professores que necessitam de formação pedagógica supera o nível dos que em algumas ocasiões já beneficiaram de formações pedagógicas, dos quais, a maior parte deles, 80% dos 100% têm o PUNIV nalguns casos, incompletos.
Do exposto, surge uma pergunta: o nível tecnico-cultural dos docentes primários da escola em questão não estaria na base do insucesso escolar dos seus alunos?
Pensamos que, o professor primário, além dos conhecimentos científicos ou culturais, deve ser portador de muitos conhecimentos psico-pedagógicos que lhe permitiam conhecer todos seus alunos, bem como a forma de transmitir e construir as suas competências e a personalidade.
Passaram 25 anos desde que em Junho (1986) o Ministério da Educação (cit. in Zassalas, 2003:59) afirmava ‟não existir um sistema eficaz e dinâmico de aperfeiçoamento dos docentes principalmente no 1º nível. O problema principal reside justamente na baixa preparação das aulas, no uso de métodos dogmáticos, constatados na maioria dos professores visitados (op.ct.p59). No entanto, é uma situação que até ao momento presente se faz sentir apesar da reforma educativa implementada um pouco por todo o país.
A Supervisão e a Docência
Falar de supervisão implica uma abordagem ampla da visão que ela tem no tratamento de algumas situações em torno das exigências sociais. Como disciplina, no quadro de um sistema formal de ensino e aprendizagem, é um corpo de conhecimentos que permite certas interpretações, análises, orientações, coordenações de tarefas quer pedagógicas quer administrativas, e, simultaneamente classifica e cumpre as necessidades de formação no seu sentido comum e geral.
Um supervisor no processo docente educativo é aquele que tem a missão de observar a pratica docente de um supervisionado e, por conseguinte, interfere positiva e criticamente na relação entre os componentes, visando transformar o conhecimento empírico em conhecimento profissional validado pela sistematização reflexiva.
No conceito da supervisão, o supervisor é alguém que se preocupa em ajudar a crescer o professor; alguém que proporciona aos alunos ambientes formativos estimuladores de um saber didáctico; alguém que sabe abanar quando é preciso; alguém que influencia o processo de socialização, contribuindo para o alargamento da visão de ensino (para alem de mera transmissão de conhecimento), estimulando o auto conhecimento e a reflexão sobre as praticas, transmitindo conhecimentos úteis a pratica profissional (Alarcão. et al. 2010:54).
Na perspectiva, a noção de supervisão remete-se a algumas finalidades que se confinam na essência da supervisão, aparecendo com a função de apoiar e regular o processo formativo (op.cit,p.54):
• A actuação em situações complexas, a exigir adaptabilidade;
• A observação crítica;
• A problematização e a pesquisa;
• O diálogo;
• A experimentação de diferentes papéis;
• O relacionamento plural e multifacetado;
• O autoconhecimento relativo a saberes e práticas.
O Papel do Supervisor
O supervisor tem um papel prático enquanto desencadeador de processos de socialização profissional nos quais os futuros professores vão aprender. Abstenhamo-nos aqui de fazer referências exaustivas ao conceito de supervisão, por entendermos que já todos conhecemos e na perspectiva de diferentes autores, no entanto salientamos que a nossa concepção assenta nas perspectivas defendidas por Alarcão e Tavares (2003) citado por Melo (2004) sem colocarmos de parte as concepções dos outros autores, ao afirmarem: a supervisão ‟como processo em que um professor, em princípio mais experiente e mais informado, orienta um professor ou candidato a professor no seu desenvolvimento humano e profissional”(p.40). Para o autor, o processo de supervisão tem lugar num tempo continuado, pois só assim se justifica a sua definição como processo
Entendemos que, o supervisor é, um professor que acompanha as primeiras experiências de prática do futuro professor, orientando e comandando todas as acções quer da prática quer reflexivas. Na visão do (Toledo cit. por Buriolla, (2003), concebe a supervisão como " uma terapia profissional" (p.60) parece-nos que se configura como algo que se põe em permanente prática, utilizando os meios adequados para atingir o proposto na supervisão, na medida em que Toledo diz, ao lidar-se com o ser humano, deve-se fazer de uma forma mais abrangente com o «outro» com «você mesmo» de «mais inteira» é por isso que ela considera a terapia profissional como «um processo educativo, de mudança» do papel profissional, como algo que deve constantemente ser questionado, debatido, reciclado e que não se esgota no final de um curso profissional.
A visão do Toledo mostra um grau supremo no tratamento da supervisão pois, nela inclui um vasto processo de revisão de padrões estabelecidos socialmente para o indivíduo. (Marta A. Buriolla, 2003:60).
OBJECTIVOS DO PROJECTO
O projecto visa, concretamente, contribuir para o sucesso educativo na totalidade dos alunos não só da escola n ° 4, 5ª classe turma A e B do Município de Buco-Zau, mas também pode servir para as demais escolas, classes e turmas sedeadas na província em causa. Para tal, procuramos com este projecto:
• Compreender as manifestações das verdadeiras causas que levam os alunos ao insucesso escolar nos vários domínios do ensino;
• Definir o insucesso escolar;
• Identificar as causas do insucesso escolar nos alunos da escola n ° 4, 5ª classe, turma A e B na disciplina de Língua portuguesa;
• Propor estratégias que possam minimizar o insucesso escolar dos alunos no estudo da língua portuguesa, ensino primário, escola n ° 4, Município de Buco-Zau, Província de Cabinda.
METODOLOGIA
Procedimentos e Opções Metodológicas
Encontrada a questão a investigar e formulado o problema houve necessidade de um aprofundamento teórico de alguns conceitos fundamentais para a compreensão e preparação do tema a abordar, através de alguma revisão de literatura de autores de referência nas diversas áreas.
O fundamental ainda nesta fase foi a organização de listas de palavras-chave, assim como de fichas de leitura das diferentes obras que foram consultadas, com respectivas anotações e relações possíveis. À medida que se alargou o conhecimento acerca do tema que se iria investigar começaram-se a estabelecer relações fundamentais para desenhar a linha de investigação: ponto de partida, os participantes no projecto e as actividades a adoptar.
Uma vez definidas as questões de investigação procurou-se pensar na forma como iria ser feita a recolha de informação, nomeadamente através de que instrumentos. Novamente aqui se teve que voltar a fazer alguma revisão bibliográfica em matéria de técnicas e metodologias de investigação científica como metodologia estratégica que melhor se adaptasse a um projecto de investigação e escolhemos a investigação acção. Para confirmar que efectivamente este problema do insucesso nestas turmas existe, optamos por fazer observação participante passiva, sendo o investigador a anotar todos os dados observados.
De acordo com Quivy (1992), ‟ Para levar a bom termo o trabalho de observação é preciso poder responder às três perguntas seguintes: Observar o quê? Em quem? Como?”( p.157).
Neste contexto criámos grelhas de observação, tendo em conta os nossos objectivos, que utilizámos em diversos momentos: para registar a actuação quer de alunos, quer de professores e mais tarde para podermos avaliar se após o desenvolvimento das actividades tinha havido alguma melhoria por parte da amostra por nós definida.
No estudo exploratório, foram inquiridos os professores das duas turmas em estudo, isto é, A e B da 5ª classe do ensino primário da escola n°4, através da aplicação de entrevista semi-estruturada, contendo questões relacionadas com causas do insucesso escolar, comportamentos de insucesso observados nos alunos e sentido de eficácia do professor face às técnicas e o domínio dos conteúdos.
Para a construção da entrevista começámos por organizar um guião, para que nos pudéssemos nortear nas questões a formular. De uma forma geral, este estudo revelou que os professores têm um conhecimento significativo das causas geradoras do insucesso escolar e apresentam uma forte percepção acerca dos comportamentos de insucesso manifestados pelos seus alunos.
Ainda para confirmar o referido problema, foram também feitas entrevistas a professores da mesma escola mas não titulares das turmas em estudo. Estas entrevistas decorreram informalmente mas foram de grande utilidade.
Após a aplicação das actividdaes propostas, voltamos a questionar os professores no sentido de saber se houve ou não melhorias e também de forma a aprofundar melhor o tema e, para termos uma melhor percepção, pois certamente em turmas de grande dimensão face ao número de alunos as dificuldades deveriam ser diferentes.
Neste contexto optamos por nos deslocarmos novamente ao local e conversamos com os professores para conseguirmos obter outras informações que nos ajudassem a melhor planificação das estratégias a serem aplicadas.
Após a realização das observações e das entrevistas, escolhemos a Análise de Conteúdo para podermos analisar os resultados obtidos.
Segundo Quivy (1992), “O lugar ocupado pela análise de conteúdo na investigação é cada vez maior, nomeadamente porque oferece a possibilidade de tratar de forma metódica informações e testemunhos que apresentam um certo grau de profundidade e complexidade.” (p.224).
Para a utilização da análise de conteúdo, quer das observações, quer das entrevistas, criámos grelhas contendo categorias, sub-categorias e indicadores, conforme os exemplos que apresentamos.
Partindo dos resultados obtidos (quadros 1, 2 e 3 ) foi-nos possível proceder à análise e discussão dos resultados.
ANÁLISE DE CONTEÚDO
Inventário das Categorias, Subcategorias e Indicadores das Observações
Categorias |
Subcategorias |
Indicadores |
Casos de Insucesso
|
Em que áreas da Língua Portuguesa
|
Leitura Escrita Expressão oral Gramática |
Identificação dos factores do insucesso
|
Financeiro |
Falta de material Falta de suporte p/ material Falta de roupa adequada Carências financeiras |
Fome
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Poucos casos Alguns casos Muitos casos |
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Incentivo dos pais |
Participação na vida escolar: Sim Não Pouco Nunca Atribuição de tarefas domésticas aos filhos |
|
Ética Profissional do Professor |
Correcta Incorrecta Incentivos aos alunos |
|
Desmotivação do Professor |
Falta de condições de trabalho Desanimo pelos fracos resultados Não domínio de técnicas |
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Desmotivação do aluno |
Poucas intervenções nas aulas Não domínio do Português Desinteresse pela matéria |
|
Falta de material escolar
|
Manuais Textos Lápis Canetas Quadro preto Giz |
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Distância da Escola |
Perto Longe |
ANÁLISE DE CONTEÚDO
Inventário das categorias, Subcategorias e Indicadores das Entrevistas
Categorias |
Subcategorias |
Indicadores |
Existência de insucesso |
Informação do professor |
Sim Não Alguns casos |
Em que áreas da Língua
Portuguesa |
Leitura Escrita Interpretação Gramática Expressão Oral |
|
Causas do Insucesso |
Opinião dos Professores
|
Falta de estudo Dificuldades de base Falta de empenho familiar Cansaço Não domínio do Português |
Formação dos Docentes |
Falta de formação específica Falta de seminários de capacitação |
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Influência familiar |
Atribuição de tarefas aos filhos Falta de incentivo moral Falta de apoio financeiro Distância da escola |
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Estratégias aplicadas |
Actividades diversificadas Leituras Escrita de textos |
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Soluções para combater o insucesso
|
Por parte dos docentes
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Formação Contínua Aplicação de novas estratégias |
Por parte da família |
Participação na vida escolar Acompanhamento dos filhos Não obrigá-los a tarefas caseiras |
Quadro 1. Análise de conteúdo (observações)
Categorias |
Sub Categorias |
Indicadores |
|
Casos de Insucesso
|
Em que áreas da Língua Portuguesa
|
Leitura/Escrita
A1- Mau A2-Suficiente A3-bom A4-Mau A5-Mau A6-Bom A7-bom A8-bom A9-Mau A10-Mau A11-Mau A12-Suficiente A13-Suficiente A14-Mau A15-Mau A16-Mau A17-Mau A18-Mau A19-Suficiente A20-Bom A21- Mau A22-Mau A23-Mau A24-Mau A25-Suficiente A26-Mau A27-Mau A28-Suficiente A29-bom |
Expressão oral
A1-Mau A2-Mau A3-Normal A4- Mau A5- Mau A6-Normal A7-Normal A8-Normal A9-Normal A10-Mau A11-Mau A12-Mau A13-Normal A14-Normal A15-Mau A16-Normal A17-Mau A18-Mau A19-Mau A20-Normal A21-Mau A22-Nomal A23-Mau A24-Mau A25-Nomal A26-Mau A27-Mau A28-Mau A29-Mau |
Identificação dos factores do insucesso |
Financeiro |
Acerca deste aspecto, denotamos que a maior parte dos alunos vivem com famílias de baixa renda, tirando 8 alunos com condições dos pais minimamente aceitáveis |
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Fome
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• 10 alunos com debilidades físicas o que indicava a presença de fome; • cerca de 5 alunos com uma forte desmotivação; • Em media, cerca de 4 alunos apresentavam-se adoentados em todas observações feitas • Aproximadamente 10 alunos em media estavam sempre disposto na aula |
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Incentivo dos pais |
A1-Sim A2-Não A3-Não A4-Não A5-Não A6-Algumas vezes A7-Não A8-Não A9-Não A10-Não A11-Algumas vezes A12-Sim A13-Não A14-Não A15-Não A16-Não A17-Algumas vezes A18-Algumas vezes A19-Sim A20-Não A21-Não A22-Não A23-Não A24-Sim A25-Não A26-Não A27-Não A28-Não A29-sim
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Ética Profissional do Professor |
P 1- Não tem P 2-Não tem |
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Desmotivação do Professor |
P 1- Sim, desmotivado P 2- Sim |
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Desmotivação do aluno |
A1-Sim A2-Sim A3-Sim A4-Sim A6-Alguns momentos A5-Sim A6-Sim A7-Não A8-Sim A9-Não A10-Sim A11-Alguns momentos A12-Sim A13-Sim A14-Sim A15-Não A16-Alguns momentos A17-Sim A18-Sim A19-Não A20-Sim A21-Não A22-Sim A23-Alguns momentos A24-Sim A25-Sim A26-Sim A27-Não A28-Alguns momentos A29-sim
|
||
Falta de material escolar |
- Observamos que todos professores possuem material escolar -Aos alunos, dos 29 observados denotamos: • 5 só têm manuais de estudo do meio e matemática • 4 têm o manual de leitura, Matemática e estudo do meio • 2 possuem todo material escolar •7 têm manual de matemática, estudo do meio e geografia •12 alunos não possuem sequer um livro, apensa com lapiseiras e cadernos
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Distância da Escola
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A1-Vive a 8km da escola A2- 1km A3- 50 metros A4- 1km A5-10 km A6-11km A7- 12km A8 -13km A9- 5 metros A10- 6 metros A11 – 5 km A12 – 4 km A13- 2 km A14 – 1 km A15 -10 metro A16 – 1 km A17- 1 km A18 – 1km A19-Vive a 3 km da escola A20- 1km A21- 50 metros A22- 1km A23-10 km A24-11metros A25- 2km A26-1km A27- 5 metros A27- 6 metros A28 – 5 km A29 – 2 metro |
A- Indicação do aluno
P- Indicação do professor
Quadro 2. observação e avaliação final das competências dos alunos na leitura/escrita
Avaliação da leitura/ escrita
Aluno |
Bom |
Mau |
Suficiente |
A1 |
|
|
X |
A2 |
x |
|
|
A3 |
x |
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|
A4 |
|
X |
|
A5 |
|
X |
|
A6 |
X |
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A7 |
X |
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A8 |
X |
|
|
A9 |
|
X |
|
A10 |
|
X |
|
A11 |
|
|
X |
A12 |
X |
|
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A13 |
|
|
X |
A14 |
|
X |
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A15 |
|
X |
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A16 |
|
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X |
A17 |
|
X |
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A18 |
|
X |
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A19 |
|
|
X |
A20 |
X |
|
|
A21 |
|
X |
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A22 |
|
X |
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A23 |
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X |
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A24 |
|
|
X |
A25 |
|
|
X |
A26 |
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X |
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A27 |
|
|
X |
A28 |
X |
|
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A29 |
X |
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A: simboliza o aluno Bom: 9 alunos Mau: 12 alunos Suficiente: 8 alunos
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Quadro 3. observação e avaliação final das competências dos alunos na expressão/oralidade
Alunos |
Bom |
Mau |
Suficiente |
A1 |
|
|
X |
A2 |
|
X |
|
A3 |
X |
|
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A4 |
|
X |
|
A5 |
|
X |
|
A6 |
|
|
X |
A7 |
|
|
X |
A8 |
X |
|
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A9 |
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|
X |
A10 |
|
X |
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A11 |
|
X |
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A12 |
|
|
X |
A13 |
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|
X |
A14 |
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X |
A15 |
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X |
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A16 |
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X |
A17 |
|
X |
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A18 |
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X |
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A19 |
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X |
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A20 |
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X |
A21 |
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X |
A22 |
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X |
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A23 |
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X |
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A24 |
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X |
A25 |
|
X |
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A26 |
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X |
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A27 |
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X |
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A28 |
|
X |
|
A29 |
|
X |
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A: aluno
Bom: 2
Mau: 16
Sufi: 10
Apresentação do Grupo de Sujeitos
O estudo centra-se num conjunto de dois professores que lecionam nas turmas A e B da 5ª classe e 29 alunos escolhidos aleatoriamente nas duas turmas, constituindo assim a nossa população amostral, ou seja, todos eles fazem parte do nosso projecto, pois reúnem as mesmas características.
Este projecto foi desenvolvido em equipa pois, além da participação da amostra, foram distribuídas actividades pelos restantes professores, director pedagógico e o próprio director da escola. Contámos também com a participação da administração municipal e algumas entidades singulares que convidamos a envolverem-se no projecto, assim como os prelectores.
Actividades Propostas
Em termos das actividades agendadas, para tentarmos diminuir o insucesso escolar dos alunos, programamos um conjunto de tarefas que foram realizadas em etapas de acordo com o calendário estabelecido:
•Promover seminário interno escolar de capacitação pedagógica que visa potenciar os professores em vários domínios dos conteúdos, com maior relevância nas técnicas e métodos do ensino da língua portuguesa. Para essa realização, convidamos o professor José Paulo Bungo por ser um profissional experiente da área da língua portuguesa há mais de 15 anos. Outros componentes envolvidos foram todos professores da escola do ensino primário nº 4 de Buco-Zau.
•Organizar pequenas jornadas internas escolares, onde os prelectores em alguns temas foram os próprios alunos como intervenientes no projecto, tendo sido o subdirector pedagógico envolvido para coordenar a actividade. Os temas como «a importância da escrita e da oralidade» bem como «como nasce um bom leitor» foram desenvolvidos por dois alunos da 5ª classe, turma A e B da mesma escola respectivamente. Os temas foram trabalhados e monitorizados pelo pesquizador e os alunos foram ensaiados para a apresentação.
Esta medida teve como objectivo incentivar nos alunos o espírito da leitura, criatividade e tirar o medo de se expressarem perante o público, algo verificado durante as nossas observações.
•Organização de pequena feira de leitura e escrita infantil interna da escola, onde os envolvidos são os alunos da escola, divididos em equipas de competição por turmas, com a participação dos professores. O júri escolhido atribuiu a votação ao grupo vencedor com direito a certificados de mérito e prémios como livros, lapiseiras, lápis, mochilas e outros materiais escolares.
• O júri é constituído pelos seguintes individualidades:
Director da escola: presidente
Subdirector Pedagógico: Vogal
O pesquisador do Projecto: vogal
• Solicitar à turma que se dividam em grupos para debaterem temas escolhidos por inspiracões pessoais, contos, anedotas, peças teatrais, etc, relacionando-o com o processo de aprendizagem, e, compartilhando experiências de forma a criarem o habito da fala, não esquecendo o incentivo ao uso do dicionario.
• criação de um clube de leitura. Neste caso, o professor deve incentivar o aluno a ler textos do seu gosto; dizer ao aluno que seja selectivo na escolha dos conteúdos pois, as pessoas que lêem, lêem porque gostam e o que gostam, não por obrigação;
• Criação de jornal da parede na escola onde os editores foram os alunos, exigindo-lhes procurar noticias que ocorreram a nível municipal, provincial, nacional e internacional. Foi ciclico a todos (29) alunos da turma A e B selecionados aleatoriamente como participantes do projecto. Estes, são indicados semanalmente pela direcção da escola na pessoa do coordenador da actividade que é o próprio director da escola. Provavelmente seja uma maneira dos alunos exibirem as suas qualidades na escrita. As noticias são pautadas numa segunda feira, e substituidas noutra segunda da outra semana. Por ultimo os alunos vão dando opiniões acerca das ocorrencias.
O calendário de todas actividades foi concebido obedecendo às normas didácticas e pedagógicas sem interromper o ciclo normal das aulas.
CRONOGRAMA DAS ACTIVIDADES
Data de Execução |
Actividades |
Responsáveis |
Avaliação |
24/06/2011 |
Realização de seminário interno, de capacitação pedagógica que visou potenciar os professores em vários domínios dos conteúdos, com maior relevância nas té- cnicas e métodos no ensino da Língua Portuguesa. Tema: Postura do Professor e/ou perfil profissional do Professor – Métodos e técnicas no ensino da Língua portuguesa
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Fernando Bumba
José Paulo Bungo |
A participação foi de 40% |
11/07/2011 |
Organização de pequena feira de leitura e escrita infantil na escola, em que os envolvidos sejam os alunos da escola divididos em equipas de competição, por turmas. |
Fernando Bumba Director e Professores da Escola |
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2/08/2011
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Criação do clube de leitura. Foi organizada uma pequena biblioteca escolar e em dias determinados os alunos são incentivados a ler textos a seu gosto, exigindo-se-lhes o uso do dicionário. |
Professores das turmas |
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Durante o mês de Agosto |
Solicitar às turmas da amostra que se dividam em grupos para debaterem temas escolhidos: de motivação pessoal, contos, anedotas ou peças teatrais e que dramatizem ou partilhem com os colegas, de forma a criarem o hábito de se exprimirem em grupo. |
Professores das turmas |
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De 27 de Junho a 30 de Setembro |
Criação do jornal de parede sendo solicitado aos alunos que procurem notícias de âmbito municipal, provincial, nacional ou até internacional. Os alunos foram escolhidos semanalmente pelo Director da escola e o jornal foi sendo construído em equipa. Concluído o jornal os alunos eram convidados a ler, a debater e consultar o dicionário se tivessem alguma dúvida.
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Director da escola e todos os alunos seleccionados como amostra alvo do nosso estudo nas turmas A e B da 5ª classe |
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Recursos
Os recursos são os meios humanos, financeiros e materiais necessários para a execução de qualquer projecto planeado. No caso vertente, temos como recursos disponíveis:
-Recursos Humanos: foram envolvidos no projecto vinte e nove alunos seleccionados aleatoriamente nas duas turmas da 5ª classe em nosso estudo, os dois professores das mesmas turmas em epígrafe, o director da escola e o subdirector pedagógico da mesma, os cinco professores não titulares das turmas em questão e que foram entrevistados informalmente, mas que as suas opiniões foram de grande interesse utilidade. Tencionamos contar com a Secretaria municipal da Educação e alguns membros da administração local de Buco – Zau respectivamente.
-Recursos materiais: para além do computador e outro material fizemos uso de forma selectiva dos manuais da actualidade, revistas especializadas, jornais, dissertações e internet. Demos maior destaque obras que falam directamente das causas do insucesso e as suas possíveis medidas da resolução.
-Recursos financeiros: não foram revelados
CONCLUSÃO
O trabalho de projecto assume um carácter bastante eclético por ser uma metodologia que utiliza a investigação acção, estando os intervenientes a agir directamente na questão a investigar, promovendo-se formas de aprendizagem cooperada e apelando à participação activa e a interacção entre os membros do grupo. No caso vertente este foi um projecto que caracterizou o estudo do insucesso escolar dos alunos numa amostra de 29 alunos escolhidos aleatoriamente nas turmas A e B em representação do universo das dificuldades de todos alunos da escola nº 4 do município de Buco-Zau, província de Cabinda em Angola, bem como das outras escolas.
No desenvolvimento de qualquer trabalho de projecto são fundamentais as vivências e experiências pessoais dos alunos que fazem parte do grupo, independentemente do facto de cada um possuir particularidades de aprendizagem individuais. Durante o trabalho, o grupo soube valorizar as competências e as fraquezas de todos os componentes, sem esquecer a cooperação e entreajuda que concorreu para um único fim, a solução do problema existente.
Após a implementação deste projecto, podemos concluir que parte dos nossos objectivos foram atingidos, pois de uma forma geral os professores têm um conhecimento significativo das causas geradoras do insucesso escolar e apresentam uma forte percepção acerca dos comportamentos de insucesso manifestados pelos seus alunos, conseguimos definir o insucesso escolar e provar a sua existência na escola nº 4 de Buco-Zau e implementamos a maior parte das actividades propostas. Consideramos que o tempo de que dispusemos para a implementação do projecto não foi suficiente no sentido de conseguirmos irradicar o insucesso na língua portuguesa, mas temos consciência de que houve uma melhoria significativa e de que este projecto deverá ter continuidade no próximo ano lectivo.
Notamos também que parecem estar disponíveis para mudanças a operar no contexto educativo, embora houvesse alguma resistência na implementação do projecto, pois, todos foram unânimes em afirmar não terem visto ser implementada ainda uma iniciativa dum projecto de alguém que não esteja envolvido na classe do executivo angolano
Parece-nos que esta questão é da responsabilidade de todos, pois que, os alunos alegam que a culpa do seu insucesso constatado nas nossas observações é da responsabilidade dos professores que têm dificuldades na administração dos conteúdos da língua portuguesa, outros dizem que alguma culpa é atribuída aos pais que às vezes os obrigam a fazer outros trabalhos caseiros justamente na hora da escola.
Por outro lado, os professores não concordam com as afirmações dos alunos e alegam que os alunos não estudam, não têm a cultura da leitura, não fazem tarefas orientadas pelos professores, enfim, alguns transportam uma certa indisciplina para escola.
Para comprovarmos tudo quanto observamos e ouvimos dos alunos e professores, colocamos à prova o comportamento e as atitudes dos ambos, face aos relatórios recebidos, e, para entendermos como isto os levaria a um resultado negativo, ou seja, ao insucesso escolar, sobretudo na disciplina da Língua Portuguesa, optámos por aplicar entrevistas aos professores e realizámos observações aos alunos, para além de lhes termos aplicado alguns exercícios práticos, tais como textos para leitura, pequenos ditados, e o trabalho realizado com as fichas de avaliação continua.
Entre os vários indicadores do insucesso escolar, temos aqueles que se notabilizaram mais, pois, para se tentar melhorar o fenómeno para um sucesso escolar dos alunos, é necessário que haja uma formação específica contínua dos professores não só na disciplina da língua portuguesa, mas também nas outras áreas. Constatamos também que as técnicas do ensino da língua portuguesa são inadequadas, para tal é necessário melhorá-las através da frequência de seminários de capacitação.
Achamos que a leitura deve ser considerada como um designo nacional, existência de programas de massificação de leitura e escrita nas escolas e, procurar incutir no aluno a leitura como um prazer e não uma obrigação. Concluímos também que a disciplina de caligrafia no currículo faz falta, pois que, com ela os alunos conseguiriam manter um nível alto e qualidades na escrita.
Os pais/encarregados de educação deviam estar mais motivados para acompanharem a trajectória escolar dos educandos, ajudando-os nas tarefas escolares, incentivando atitudes e valores capazes de ajudar o aluno desenvolver competências.
A motivação é um factor importante no processo docente educativo, e por ser uma qualidade interna do sujeito, a sociedade no seu todo, entidades governamentais, singulares, igrejas, ONGs, devem ser chamados a estimular sempre que necessário o trabalho quer do professor quer do aluno.
Também concluímos que a falta do material didáctico é um dos fortes factores do insucesso escolar dos alunos, para tal, exortamos o governo e entidades singulares na criação de lugares apropriados para aquisição fácil deste material e a criação de pequenas bibliotecas nas escolas primárias para incentivar os alunos à leitura.
Ao termos concluído que a distância da escola/casa é outro factor que contribui para o absentismo e falta de assiduidade, o ideal seria que pudessem ser construídas mais escolas para ajudar a minorar essas situações.
Acreditamos que com o passar do tempo estes e outros problemas do ensino serão resolvidos, pois diz a sabedoria popular africana que para tudo é preciso “paciência, que é uma árvore cujas raízes são amargas, mas cujos frutos são doces”.
A escola deve ser um ambiente onde cada criança possa sentir-se bem-amada e sempre alegre.
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