Resumo: O homem e a religião: trabalho de origem teórica   com base no texto “religião” de Anthony Giddens, com finalidade de conhecer as religiões e as religiosidades do homem, e entender como esse processo de crenças, rituais, dogmas, fé e diversidade religiosa acontece no decorrer da História . Seguimos com a metodologia ao qual o trabalho se apresenta, abordamos o homem como um ser dotado de crenças e valores religiosos, ao longo da historia. Discorremos de forma pratica ao longo do trabalho, com uma única finalidade, responder a questão. O que é religião? E suas especificidades.

 

Palavras-chave: Homem. Religião. Religiosidade

 

Abstract: Man and religion: Working theoretical origin and practice based on the text "religion" of Giddens, in order to know the religions and religiousness of man, and understand how this process of belief, dogma, faith and religious diversityIt happens in Pinheiro. We follow the methodology to which the work is presented, approached the man as a being endowed with religious beliefs and values throughout history. We commented above in a practical way throughout the work, with a single purpose, to answer the question. What is religion? And their specificities.

 

Keywords: man. Religion. religiousness

 

Introdução

A religião para os sociólogos é uma atividade muito desafiadora, pois necessita de uma analise pura e objetiva, das diversas crenças existentes. Para o estudo sociológico da religião, se faz necessário uma sensibilidade da qual possibilite uma visão equilibrada das convicções religiosas. A religião para muitos é dada como um sistema cultural que envolve crenças e rituais.

 

[...] A religião é uma forma de cultura. A cultura consiste em crenças, normas, ideias e valores compartilhados que criam uma ideia comum entre grupo de pessoas. Ela compartilha todas as características. (Giddens, 2006 p.03)

[...] A religião envolve crenças que assumem a forma de praticas ritualizada. Todas as religiões, portanto tem um aspecto comportamental- atividades especiais de que os fies participam e que identificam como membros da comunidade  religiosa. (Giddens, 2006,p.03)

 

A religião historicamente é objeto de estudo. Para a sociologia clássica e para seus três grandes teóricos, a religião é uma é uma instituição social que no decorrer dos tempos e com o advento dos tempos modernos, sua significância tradicional diminuiria.

Para Karl Marx; A religião consiste basicamente em concepções culturais produzidos pelo homem e que este mesmo sujeito, atribui a seres divinos. Para ele os seres humanos não conseguem se autocompreender, eles então recorrem a um ser superior que é o “todo poderoso” amoroso, perfeito, onipresente, onipotente. Enquanto o ser humano é falho, repleto de imperfeições.

Marx nunca escreveu sobre o assunto, mas suas principais ideias são baseadas em Ludwing Feuerbach que é um grande autor teológico e filosófico do assunto. Feuerbach atribui à religião o conceito de “alienação” para classificar essa devoção a forças divinas, maiorais, transcendentais que segundo ele é criado pelo próprio ser humano, mas atribuído a seres divinos. Para Feuerbach a compreensão das religiões traria aos seres humanos uma esperança, esperança essa real, quando os seres humanos entenderem realmente que esses valores e essas divindades existentes são construções culturais, feita por eles próprios e que podem ser executadas por aqui mesmo (Terra), deixa de haver uma espera e passa a ter uma efetivação concreta; os seres humanos a partir da ir podem se apropriar dos poderes do cristianismo e realizar aqui mesmo na terra, o que segundo o conceito de alienação seria postergado para outras vidas.

Marx declara ainda que a religião é o opio do povo, segundo sua celebre declaração, Marx atribui a religião como um “freio social”, ou seja, com a exaltação de uma felicidade e gratificações para outra vida, e assim houverá uma resignação aqui na terra das desigualdades sociais, das injustiças. Com um forte teor ideológico a religião em meio a uma sociedade extremamente desigual é em grandes casos uma válvula de escape.

Emile Durkheim passa boa parte de sua vida intelectual estudando acerca do assunto, todavia em seus primeiros trabalhos disse que não apreciava sua significância social. Já Max Weber, voltou seus olhares para estudar as principais religiões mundiais. Em sua celebre obra “A ética protestante e o espirito do capitalismo”, Weber busca compreender o impacto do cristianismo no ocidente. Weber foca muito na questão da mudança social, para ele a religião tem um papel fundamental nessa mudança, religião segundo ele, está longe de ser uma fonte conservadora da sociedade, ao contrario de Marx ele acredita que a religião é um grande ponto de mudanças sociais, um forte exemplo, é no sec. XVI na Europa com as reformas religiosas que promoveram uma grande mudança significativa. No empreendedorismo, no capitalismo em si, os então “protestantes” especificamente os calvinistas, acreditavam que se fossem bem sucedidos nos seus investimentos era um sinal de “benção divinas”, ou seja, acreditavam numa espécie de favoritismo divino.

Todavia as religiões orientais podem ser obstáculos ao desenvolvimento econômico industrial, uma vez que estas pregavam por doutrinas que evidenciavam que seus fieis abdicassem de bens materiais, e volte para um plano superior de existência espiritual. Para Weber o cristianismo é a religião da salvação, que perpassa desde as mudanças de dogmas religiosos existentes, até o aspecto contestatório que veio com a “nova” religião. Dotada de formas revolucionarias, o cristianismo, trouxe o evangelho da salvação, que outrora nas outras religiões não estava presente, contribuindo assim para uma mudança na ordem existente.

As religiões

 

Há muitas religiões no mundo, algumas politeístas (vários deuses) outras monoteístas (único Deus) Nas sociedades industrializadas ou “modernas” é mais comum encontramos o monoteísmo sendo pregado do que em sociedades menores. As três maiores religiões monoteístas são: Judaísmo, cristianismo e islamismo.

O judaísmo é a mais antiga religião monoteísta de que se tem noticias, surgiu com o povo hebreu, habitantes do antigo Egito, o Egito como sabemos sempre foi politeísta, no entanto o judaísmo baseava-se nos ensinamentos religiosos existentes, mas acreditava-se em um único Deus. Atualmente Israel é o país oficial judaico. O cristianismo a maior religião do mundo começou como uma seita do judaísmo e se espalhou por todo o mundo. Atualmente o cristianismo possui mais de um bilhão de indivíduos dizendo serem cristãos. O cristianismo possui suas divisões que perpassam desde ideologias cristas ate organizações de igrejas.

Já o islamismo é a segunda maior religião do mundo, religião onde se venera “Alá” Deus único e o seu profeta na terra Maomé. Os muçulmanos (fies) seguem o alcorão, espécie de livro sagrado. O islamismo é dividido em duas correntes, os sunitas e os xiitas. Os sunitas além do alcorão, seguem um livro, espécie de manual de códigos morais e ético o “suna”, que os diferencia dos xiitas Os muçulmanos, se encaixam naquilo que Emile Durkheim, chamou de prescrições ritualísticas, eles recebem alguns deveres religiosos, como: peregrinar a Meca pelo menos uma vez na vida, participar do “Ramadã” que é o mês sagrado, onde não se pode consumir alimentos durante o dia, fazer cinco orações diárias voltados a cidade de Meca, na Arábia Saudita.

  (Alcorão)

 

O hinduísmo se encaixa nas religiões denominadas orientais, é a mais antiga religião proeminente em todo o mundo. O hindu é uma religião politeísta, que possuem varias ramificações internas. Os hindus acreditam no ciclo de reencarnação, e possui o sistema de castas, uma espécie de linhagem, que possuem uma hierarquia social.

 As religiões Éticas, aquelas religiões que não possuem profetas e sim lideres carismáticos estão presentes no oriente, o grupo mais conhecidos dessas religiões éticas é o budismo, confucionismo e o taoísmo. O Budismo fundado por Sidatha Gautama, o Buda, que pregava aos seus seguidores, que o ciclo para a salvação seria uma vida de autodisciplina e meditação, onde a finalidade é atingir o “Nirvana” que é a realização espiritual plena. O confucionismo, predominante na China, fundado pelo professor Confuncio, sua visão central seria de adaptar a vida humana a harmonia da natureza. Já o taoísmo visava também a medit6ação e não a violência.

As religiões éticas atualmente possuem seguidores em algumas partes do oriente, no entanto perderam mais sua influência, como produto das oposições governamentais. Uma vez que as religiões também são objetos usados por lideres políticos como dinâmica de poder.

 

 

Igreja, denominação, seita ou culto?    

A sociologia e sua analise, acerca das religiões, tem se preocupado bastante no que se refere a conceitos religiosos eurocêntricos, assim como todo o nosso conhecimento “cientifico” é europeu. A instituição religiosa recebe o conceito de “denominação” que logo pressupõe ser uma organização formal. A sociologia da religião busca criar, uma analise mais comparativa que se enquadrem e que busque compreender as mais diversas formas de expressão religiosa existente. Estabeleceu-se um quadro divisório, as igrejas ficam em um extremo onde são denominadas convencionais, as seitas no ponto intermediário e os cultos em nenhum dos dois. Todas as formas religiosas possuem um numero significativo de fieis, todavia há extensa forma de organização dessas instituições.

Max Weber cria uma distinção entre igreja e seita. Para ele uma igreja é uma instituição grande e estabelecida como a igreja católica e já a seita seria uma espécie de agrupamento de fieis, que geralmente protesta contra algum aspecto da igreja a qual pertenciam. Um forte exemplo é o luteranismo, geralmente pequenas e ao longo do tempo, passa a se enquadrar no conceito de “denominação” religiosa, denominação é uma seita que se arrefeceu e que se tornou uma instituição. As seitas que sobrevivem por um período maior se tornam uma denominação. Outra forma de expressão religiosa é o “culto” mais ou menos parecido com a seita, o culto é livre, sendo composto por indivíduos que não aceitam os valores da sociedade existente. Não há uma forma preexistente de penetração para o culto, porem os membros adotam alguns modos de comportamentos prescritos.

 

As Mulheres e a religião

Não diferente de outras áreas, a religião ainda é um meio, onde não encontramos muitas mulheres, exercendo cargos, mais elevados na hierarquia da igreja. Elizabeth Cady Stanton, defensora dos direitos da mulher nos EUA, publicou escrituras atualizadas a qual ela chamou de “Bíblia da mulher” segundo Stanton a bíblia possuía um caráter masculinista, e isso acontecia pelo fato da bíblia ter sido escrita por homens, à igreja anglicana foi pioneira por incrível que pareça, estabeleceu um comitê de revisão para atualizar textos bíblicos, no entanto o comitê não possuía sequer uma única mulher.

Historicamente falando a igreja anglicana surge no cenário mundial a partir das reformas religiosas do século XVI, tudo começa com um, certo digamos assim “capricho” de Henrique VIII, ao interpor um pedido ao papa Clemente VII, esse pedido nada mais era que a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão que já durava cerca de 18 anos, com uma simples alegação marxista, da qual revelava uma enorme característica do patriarcalismo existente naquela época, Henrique VIII clamava por um filho “Varão” que Catarina de Aragão não lhe dara. Henrique VIII tinha o desejo de contrair matrimonio com a jovem Ana Bolena, o pedido de anulação/divorcio logo não foi aceito pelo papa que se recursou a cometer tamanha heresia contra os dogmas da igreja católica. Como sabemos naquela época os casamentos nada mais eram que alianças politicas, Catarina de origem espanhola e Henrique inglês nato, sendo a Espanha um país naquele momento um dos maiores seguidores do catolicismo com o Carlos V rei da Espanha aliado do papa, o que a história muitas vezes não nos conta é que Catarina de Aragão era tia de Carlos. Henrique teve tentativas falhas em tentar pedir divorcio ao papa que jamais iria contrariar e apoiar a separação da monarquia inglesa da espanhola. Henrique peticionou e nada conseguiu o que era de se esperar, a alternativa era criar sua própria igreja, naquele momento propicio foi uma cartada de mestre separou-se de Catarina e casou-se com Ana Bolena e confiscou todos os bens da igreja católica na Inglaterra. Com ato de supremacia de 1534 foi instituída a igreja anglicana conservando ainda muitos dogmas da igreja católica e passou a ser a igreja oficial do estado Inglês. A igreja anglicana surge com um desejo patriarcal, o que no decorrer dos séculos iria mudar. Veja!

A igreja anglicana na década de 1990 permitiu que mulheres ocupassem a posição de diácono, todavia não possuíam permissão para conduzir, certos rituais religiosos, como: casamentos, batizados ou ate mesmo, bênçãos aos fieis, sendo permito ordenamentos de mulheres apenas em 1994 e a decisão ainda sofre com oposições de conservadores da igreja anglicana. Que segundo eles a aceitação de mulheres é uma blasfêmia contra a bíblia, uma vez que Jesus quando veio á terra, não escolheu nenhuma mulher pra ser discípula e sim apenas homens. Uma década após, um quinto dos sacerdotes são sacerdotisas.

A igreja católica ainda de bases conservadora, em sua percepção sobre a “tarefa” das mulheres, o papa João Paulo II, incentivou as mulheres a retomarem seus papeis perante a sociedade, o de “Mae” e “Esposa” e atacou as correntes feministas, e proibiu o aborto e métodos contraceptivos, que segundo a igreja católica “SEXO APENAS PARA A REPRODUÇÃO DA ESPECIE” impondo limitação a liberdade feminina.

A questão de gênero perpassa todas as esferas sociais, religiosas, ideológicas. Todavia existem controvérsias, em muitas religiões, seitas, cultos, denominações ou quaisquer que for a terminologia, há presença de mulheres, um grande exemplo a ser mencionado é as religiões de matrizes africanas que é comum vermos mulheres exercendo papeis “Centrais” na hierarquia religiosa.

 

A secularização

Em épocas passadas, até mesmo pouco tempo atrás, era a influencia da igreja um aspecto notável na sociedade, fosse ao âmbito social, politico, a igreja essa senhora de tantas posses um sinônimo de prestigio e poder. Mais o que é a secularização? Para pensadores como Marx, Weber e Durkheim, o processo de secularização consiste em torno de um desaparecimento da religião tradicional, que não encontraria fretas para exercer influencia numa sociedade tida como “Moderna”. Na medida em que as sociedades atuais buscassem respostas para suas interrogações mais rotineiras que fossem nas ciências e nas tecnologias, a religião sofreria assim certo processo de perda de influencia social.

Pesquisas apontam uma queda significativa na assiduidade de “Fieis” a igrejas ou outros órgãos religiosos. Todavia as pesquisas também mostram que a queda em praticas ritualizadas, caiu sim, porém a crença não, o que nos leva a crer, que há sim uma desmotivação, dos indivíduos em relação ao “participar”, mas uma aceitação do crer, o que colabora com a imagem de uma “crença sem pertencimento”. Religiosidade sem religião Existe também os oponentes da tese da secularização, que acreditam que a religião ainda é uma força significativa, embora de formas novas e desconhecidas, que engloba o caso da diversidade religiosa atualmente. Para os defensores da secularização, esses “Novos” movimentos religiosos, que nem são tão novos assim, possuem estruturas periféricas, na medida em que exercem suas influencias, apenas no seu meio e não na sociedade como um todo. Outro aspecto utilizado pelos defensores na hora de elaborar seus argumentos é o da rotatividade, ou seja, as pessoas no momento em que se sentem atraídas para outro movimento, deixam de lado sua crença, digamos assim e passam a vivenciar outro movimento religioso, o que nas religiões tradicionais era mais solido, deixa de ser nos “Novos Movimentos”.

 O debate sociológico acerca do conceito de secularização é muito extenso e por vezes complexo, pelo fato do pouco consenso entorno da tese e de como deve ser abordada. Sabemos que atualmente a religião já não exerce, tanta influencia no meio social, mais o que explica isso? A explicação é complexa como falei anteriormente, e não se conhece o processo desde primórdios. O que podemos afirmar neste pequeno artigo é o caso dos “Países” desenvolvidos, que pode ser explicado pelo avanço das ciências e o uso constante das tecnologias e até mesmo a menor importância em uma vida familiar e das tradições sociais e valores religiosos que outrora era passado de “Pai para filho”.

 

 Avaliando a secularização

Outra duvida recorrente, em torno da secularização é como deve ser avaliada.  A secularização pode ser avaliada de diversas maneiras, algumas de origem bem pragmática como é o caso do “Nível de participação” como a utilização de registros, que podem relatar, qual o numero de indivíduos inseridos na religião ou outro órgão religioso, o numero de praticantes e não praticantes.

A segunda dimensão de analise aborda a observância de quanto às igrejas e outras organizações religiosas mantem influencia social, riqueza e prestigio em comparação com épocas passadas, que sabemos quão grande era o poder exercido por instituições religiosas e saber até que ponto isso ainda ocorre? E como ocorre. Terceira e ultima dimensão envolve crenças, valores a religiosidade! Sabemos que existem pessoas com crenças fortes e sem pertencimento, também sabemos que existem pessoas que vão a instituições religiosas simplesmente porque alguém vai ou por força do habito, mas porem sem crenças e valores fortes, nosso enfoque agora é a religiosidade, analisar com afinco as crenças, os rituais e os valores dos indivíduos é uma tarefa essencial.

 

A religião e a dinâmica de poder

A religião atualmente pode ser vista como organização que compete por seguidores. Para os teóricos clássicos Weber, Marx e Durkheim, a religião pode sofrer danos na medida em que é desafiada por diversos pontos, já para os sociólogos que estudam a religião e o seu principio econômico, argumentam que essa dinâmica aumenta o grau de envolvimento religioso no mundo moderno, por duas razões, essa competição faz com que os lideres e os próprios órgãos religiosos se dediquem a encontrar receitas infalíveis de atrair fieis , por outro lado a diversidade religiosa que pressupõe que haja uma com a qual o individuo, se identifique mais, o que não havia quando a igreja tradicional era imposta. Assim como na dinâmica empresarial a religião possui sua dinâmica de poder, onde competições são travadas em busca de uma “igreja lotada”, Marketing na TV no horário de almoço, pastores, bispos, padres pregam a palavra e oferecem seus livros, publicados nas suas editoras, abençoam corpos com água, criam carnes onde fieis pagam em busca de uma grande conquista, isso tudo hoje é oferecido por meios tecnológicos. Grandes estruturas arquitetônicas são construídas como forma de imposição de poder, seria a religião o grande show business da nova era? Ou será que a secularização predomina? Não sabemos, mais sabemos que a instituições religiosas são sim um grande mercado econômico que emprega milhares de pessoas e que também, perde para outros movimentos que nascem continuamente.