Como professora de projetos de realfabetização e das línguas portuguesa e inglesa da rede pública de ensino, o meu desejo não é cozinhar uma "sopa de letrinhas" e sim dar sentido ?a escrita e ?a leitura. " Uma palavra que não representa uma ideia é uma coisa morta, da mesma forma que uma ideia não incorporada em palavras não passa de uma sombra" vygotsky.
O professor de hoje precisa rever sua missão e seu projeto pedagógico para atender a todos, com ou sem problemas socioeconômicos. Além dessas transformações sociais, existem as culturais, políticas, econômicas e principalmente tecnológicas. Teve-se ao longo dos anos uma defasagem do currículo e dos conteúdos de Língua portuguesa, a falta de relação com a realidade que refletem no baixo aprendizado, as leituras sem reflexão e o problema em comunicar-se. Hoje a rede Municipal do Rio de Janeiro encontra-se com um elevado número de analfabetos funcionais e analfabetos rudimentares no sétimo ano. O professor de hoje reeduca os pais dos educandos. Os alunos não chegam educados de casa para ter uma boa instrução na escola, hoje, os pais depositam seus filhos no espaço escolar sem nenhuma responsabilidade com a escola. O novo papel do professor inclui atender o aluno que não vem pronto de casa para adquirir conhecimento. É necessário também que mude o currículo, pois o aluno não vai se sentir motivado a conhecer algo que não tem relação nenhuma com a vida. É importante levar para a escola a cultura da comunidade.
A sociedade mudou e, hoje, o papel do educador também é dar carinho.
Eu desejo acima de tudo, trazer uma luz para meus alunos através da língua portuguesa, ser alguém que os motive a seguir a refletir a vida e saber interpretar o mundo. Conseguir que eles ultrapassem a barreira da ignorância e façam a diferença neste mundo. Desejo ser a mão que não cansa de ser estendida aqueles alunos carentes e sem perspectiva de vida. Mostrar através da língua um norte para sua liberdade.
A escola tornou-se uma reprodutora de redações segundo os paradigmas escolares da rede pública do Rio de Janeiro. Hoje o corpo docente não percebe quantos alunos autores são podados em salas de aula por que não refletiram as mudanças ao longo do tempo. O que o aluno produz deve ser socializado. O professor deve conhecer mais sobre a imaginação desse sujeito, seus objetivos, repertórios, valores, além do desempenho linguístico, mesmo que carente ou com família desestruturada.
Concluindo, são tantos desejos, mas todos têm a mesma competência: de arriscar com esses alunos e mostrar a eles que eles são competentes e importantes para sociedade. Mostrá-los a realidade e dar a eles voz nas aulas de Português para eles defenderem suas ideias e serem participativos.