INTRODUÇÃO
A escola, como um espaço para a educação da infância, é também o local em que o sofrimento infantil é sinalizado, pois o sintoma escolar é bastante mobilizador, levando familiares, professores e especialistas a interpretar, questionar, analisar por que a aprendizagem escolar não ocorre. Assim como a Psicopedagogia, os estudos sobre aprendizagem, infância e desenvolvimento humano avançaram muito nas últimas décadas, da mesma forma, o fracasso escolar, as dificuldades e transtornos de aprendizagem também se tornaram alvo de estudos e pesquisas mais recentes. Em uma cultura que, cada vez mais, valoriza a escolarização, enfatizando que lugar de crianças e adolescentes é na escola, seja por teorias, seja pela legislação, o não aprender comove e angustia, gerando tensões emocionais em adultos que convivem com a criança que apresenta dificuldades. Alguns
Vários trabalhos já foram desenvolvidos tendo como tema as dificuldades de aprendizagem, os textos utilizados neste trabalho foram selecionados pelo professor da especialização Psicopedagogia da Universidade do estado do Pará, serão a base deste trabalho.
O FRACASSO ESCOLAR E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
O texto trata sobre o fracasso escolar na escola, mostrando que apesar de se ter progredido bastante no assunto, ainda há muito que se pesquisar sobre o assunto. Mantovanini( 2001) agrupa os grupos que estudam tema em três grupos de reflexão: O primeiro assume o enfoque orgânico, o segundo enfatiza o lado psicológico e a influência do ambiente externo e por último o grupo mais recente que trata as questões da aprendizagem e do fracasso escolar numa perspectiva multidimensional e interdisciplinar. Segundo Patto, (cita Mantovanini) analisar o fracasso escoar implica compreender como as idéias a respeito do que dificuldades de aprendizagem foram produzidas ao longo dos anos, no pensamento educacional brasileiro. Deve-se levar em consideração o contexto do capitalismo, do positivismo entre outros durante o século XIX. Neste período surge a psicologia como ciência tendo como objeto de estudo o comportamento humano. O enfoque orgânico foi o primeiro que serviu como orientação à médicos, educadores entre outros profissionais na definição dos problemas de aprendizagem. Neste enfoque a criança que não conseguia aprender era taxada como "anormal" devida à interpretação de que a causa do seu fracasso era atribuída algumas anomalias anatomo fisiológicas. Já na década de 30 houve algumas mudanças na concepção sobre a dificuldade de aprendizagem, as crianças que demonstravam dificuldades de aprendizagem deixaram de ser consideradas anormais recebendo outra designação "criança problema". Sendo que a causa era o desajuste da família, ou seja, a causa era externe e não orgânica. Na década de 60 serão introduzida no cenário educacional brasileiro ideias da escola Nova. Os escolanovistas buscaram resposta para os problemas educacionais do Brasil contrapondo-se ao ensino tradicional. Nesta visão o problema de aprendizagem passa a ser reduzido a certo "psicologismo". Desloca-se para a criança as causas do fracasso escolar. Na década de 70 surge no Brasil uma tendência que responsabiliza a escola pelos problemas de aprendizagem dos alunos mas não descartava a criança desta responsabilidade. Segundo Patto ( cita Mantovanini) a autora ao ler textos da década de 80 identifica três tipos de afirmações: As dificuldades das crianças pobres advêm das suas condições de vida; A escola pública orienta-se com principio de uma escola para alunos de classe média e a ultima afirmação por serem de classe média os professores não entendem e discriminam seus alunos pobres. Atualmente a maior parte de trabalhos sobre o assunto procura enfatizar a realidade político-social que tem gerado o fracasso escolar, concluindo que apesar da realidade as crianças pobres demonstram capacidade de pensar sobre a realidade e a respeito daquilo que possuem significados para elas. Para finalizar devemos pensar no tipo de avaliação utilizada na escola que serve apenas como instrumento de legitimação do fracasso escolar e a forma discriminatória que muitas escolas tratam as crianças pobres, levando-as ao fracasso escolar.

BAIXO RENDIMENTO ESCOLAR: UMA VISÃO A PARTIR DO PROFESSOR
O texto de Carvalho(2000) trás a questão da aprendizagem no espaço escolar. A autora faz uma reflexão sobre alguns pontos levantados por quatro professores de série inicias da rede pública que identificaram quais crianças que mais transmitiam preocupação aos professores. Segundo a autora a escola se mostra como espaço no qual a criança precisa além de aprender os conteúdos, principalmente a escrita, a leitura e o calculo, precisa ter bons comportamento em relação aos seus amigos e professores. Em relação a dificuldades de aprendizagem há crianças que acabam sendo estigmatizada e até mesmo excluída ao apresentar este problema, com isso a escola acaba fortalecendo o processo de discriminação social, tendo, portanto como conseqüência o aumento da violência principalmente nos centros urbanos. Segundo Shapiro(cita Carvalho 2000) a escola é um dos elementos da rede de relações sociais que envolve a criança e seu desenvolvimento , portanto deve ser vista como uma agencia de promoção de avanço ou atraso nesse desenvolvimento.
Segundo Carvalho (2000) a expectativa do professor no inicio do ano letivo é sempre de ter alunos interessados e que conseguem seguir as regras de sala de aula, que saibam utilizar os materiais escolares, essa preocupação pareceu a principal no relato dos professores. Porém segundo a autora é preciso entender que a questão interpessoal é fundamental no processo de aprendizagem. No momento que for percebido na criança dificuldades de aprendizagem é ideal que a ajuda externa seja complementada pela professora, ou seja, é importante que o professor perceba que ele tem os instrumentos e os recursos para desempenhar-se em sua tarefa, mas que também precisa de ajuda.
RELAÇÃO ENTRE OS TEXTOS UTILIZADOS NO TRABALHO
Os dois textos apresentados tratam sobre as dificuldades de aprendizagem no espaço escolar. Enquanto o primeiro tornou-se como se fosse uma base teórica para analisar o segundo que apresenta a prática, a realidade de professores que relatam dificuldades de crianças em sala de aula.
È importante observar que durante a leitura dos relatos dos professores, percebemos os tipos de grupos citados pelo primeiro texto, ou seja, enquanto professores expressam em suas falas que a dificuldades de aprendizagem se dava por fatores orgânicos, como doenças apresentados por algumas crianças que acabavam dificultando sua aprendizagem, outro professor relata que a dificuldade ocorre por fatores externos familiares que refletem no espaço escolar e ainda o professor que culpa a escola e o professor que não soube lhe dá com a criança e por fim o último que direciona a culpa toda para a criança.
O professor ao ser frustrado acaba estigmatizando o aluno. Pois o que se percebeu ao se fazer a relação dos texto é que o professor não leva em consideração a subjetividade de cada criança, o que interessa ao professor e ter alunos que apenas reproduza o ideal do professor tornando o processo da aprendizagem para muitos alunos difícil, fazendo com que essa rejeição do aluno de não querer ser igual a todos venha a refleti em suas ações e em sua aprendizagem.
Durante a leitura professores acabam taxando algumas crianças como "anormais", ou seja, não se comportam, não agem segundo a vontade do professor e da sociedade. A escola pública orienta-se com principio de uma escola para alunos de classe média e a ultima afirmação por serem de classe média os professores não entendem e discriminam seus alunos pobres, esta fala encontra-se no primeiro texto e ao ler o segundo texto percebemos na realidade do professor que sempre compara seus filhos às crianças da escola pública, como se tentasse mostrar que aqueles alunos não aprendem por não apresentarem capacidade e por serem pobres.
CONCLUSÃO
São vários fatores citados pelos professores que influência na aprendizagem da criança, o professor fala da família, atribuiu o fracasso do aluno aos recursos cognitivos, como conseqüência do meio social em que vive, ou seja, a culpalização do outro pelas dificuldades enfrentadas se torna um mecanismo utilizado por professores para diminuir a ansiedade frente às situações difíceis a serem enfrentadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, A. M. P. de. Baixo Rendimento escolar: uma visão do professor. In: FUNAYAMA, C. A. (Org.) Problemas de aprendizagem: enfoque multidisciplinar. Campinas: Alínea, 2000.
MANTOVANINI, Maria Cristina. Professores e alunos problema: um círculo vicioso. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.