RESUMO
O presente artigo aborda o relato de experiências adquiridas durante a aplicabilidade do projeto de intervenção exigência da disciplina de Estágio Supervisionado III, da Universidade Federal de Ouro Preto- Centro de Educação Aberta e a Distância, como uma etapa necessária para a conclusão da formação acadêmica no curso de Pedagogia, onde relata experiências teóricas e metodológicas adquiridas ao longo do projeto de intervenção, bem como visa analisar a importância da inserção de diferentes gêneros textuais que circulam no cotidiano para serem aplicados em sala de aula. Onde seu objetivo é desenvolver a percepção e a compreensão básica dos gêneros textuais, assim como, proporcionar à aquisição de novas habilidades linguísticas de textos específicos. Este artigo faz referência à relevância da leitura em sala de aula, bem como, em sua metodologia foram utilizados os conhecimentos prévios e uma tabela de avaliação diária onde proporcionou flexibilidade ao planejamento, que foi preparado por meio de sequência didática visando a necessidade de formar leitores competentes e consequentemente escritores capazes de produzir textos coerentes e eficazes de acordo a sua especificidade. Assim como, se integra ao PCN de Língua Portuguesa, buscando uma aproximação com a leitura e a escrita para proporcionar a socialização de experiências de lingüísticas, ou seja, sendo a leitura e a escrita um meio de participação social e formação do cidadão letrado, sendo que os resultados obtidos foram satisfatórios, visto que o contato com a diversidade de gêneros textuais proporcionou aos educandos a criar novas hipóteses e propor novas soluções.
PALAVRAS CHAVE: Gêneros textuais, Leitura, Escrita, Letramento, Linguística.
ABSTRACT
This article discusses a report of experiences acquired during the applicability of the intervention project requirement of the discipline of Supervised Internship III, Federal University of Ouro Preto, Center for Open and Distance Education as a necessary step for completing the academic course in of Education, where he relates theoretical and methodological experience acquired during the intervention project and aims to analyze the importance of inclusion of different genres that circulate in everyday life to be used in the classroom. Where your goal is to develop awareness and basic understanding of genre, as well as providing for the acquisition of new language skills specific texts. This article refers to the importance of reading in the classroom and in their methodology were used prior knowledge and an evaluation table which provided flexibility to the daily planning, which was prepared by following the need for teaching aimed at educating readers competent and therefore able writers to produce texts coherent and effective according to its specificity. As if the NCP is part of Portuguese, seeking a rapprochement with reading and writing to provide socialization experiences of language, ie reading and writing is a means of social participation and training of citizens literate, and the results were satisfactory, since the contact with the diversity of genre provided for learners to create new hypotheses and propose new solutions.
KEYWORDS: Genre, Reading, Writing, Literacy, Linguistics.
Introdução
O presente artigo é um relato de experiência da prática pedagógica onde evidencia grande parte de fundamentos teóricos e metodológicos estudados e apresentados durante os estudos de formação acadêmica em pedagogia, com aspectos validam a importância e a relação da teoria com a pratica docente, tornando-se uma etapa de conclusão de curso proposto pela Universidade Federal de Ouro Preto integrado ao Centro de Educação Aberta e a Distância, onde relatam experiências teóricas e metodológicas adquiridas no projeto de intervenção que foi realizado na Escola Municipal Professora Anfrísia Santiago localizada na Rua Cajahiba, nº221, Nova Dias D`Ávila, Dias D`Ávila-Bahia no período de 25/08 à 09/11/10, na turma de 2º ano do ensino fundamental I, com alunos da faixa etária entre sete a nove anos de idade; o projeto "Hora da leitura", enfatizando os diversos gêneros textuais encontrados no cotidiano do aluno, assim, os gêneros textuais se torna um instrumento que possibilita exercer uma ação linguística sobre a realidade.
Na maioria das escolas a escrita ainda é considerada meramente como habilidade motora, ortográfica e repetitiva, onde o educando precisa decodificar pra transcrever. Assim este artigo tem por objetivo descrever experiências vivenciadas por alunos do 2º ano sendo uma turma heterogênea no processo de construção da lecto-escrita , tendo como foco a diversidade das modalidades textuais, bem como desenvolver a compreensão básica do uso dos diferentes gêneros textuais em sala de aula, acrescentando o ensino da língua materna, características linguísticas e discursivas, assim como, ampliar e aprimorar a percepção do ato de ler e escrever consequentemente possibilitando a formação de leitores e produtores de textos eficazes. Ao invés de tentar estabelecer diferença entre fala e escrita chegando à falsa conclusão que ambas compõem uma dicotomia é importante lembrar os alertas de linguístas como Marcuschi, Fávero ET AL, Kock vem fazendo há bastante tempo: oralidade e escrita configuram um continuum topológico, caracterizado pelas particularidades de cada uma dessas modalidades e de outro, pelas semelhanças em diferentes gêneros o que faz com que às vezes se torna difícil definir o limite entre elas. Segundo FÁVERO (2000), a partir dos textos orais produzidos e gravados pelos alunos é possível propor atividades de identificação de tópicos e subtópicos, relacionando-os posteriormente à elaboração de textos escritos para observar como estruturam os parágrafos.
Dessa maneira os gêneros textuais se tornam uma ferramenta indispensável para o processo de ensino aprendizagem, onde busca dois resultados distintos de aprendizagem, por um lado ampliar a capacidade singular do usuário; por outro lado, amplia o seu conhecimento a respeito do objeto sobre a qual a ferramenta é empregada. Sendo assim, o ensino dos diversos gêneros que circulam entre o meio social, transmitem ao aluno um contexto sócio histórico do uso da linguagem. Um dos fatores da escolha do tema é a necessidade de ampliar as competências e habilidades lingüísticas dos diversos gêneros que circulam no cotidiano do aluno, assim como, a utilização desses gêneros na participação social fazendo uso da linguagem e suas especificidades, onde situações comuns do dia a dia são direcionadas as praticas metodológicas em sala de aula, oportunizando uma interação ao currículo escolar e a vivência do discente, fazendo-o argumentar sobre temas propostos emergentes, aprendendo a se apropriar de informações sobre o conteúdo e sobre a estrutura utilizada e linguagem adequada ao gênero, proporcionando uma progressão no domínio da leitura e escrita, associando-a a outros tipos de saberes em outras áreas do conhecimento e meio social.
Contudo um dos eixos norteadores do uso dos gêneros textuais na praxi pedagógica é o PCN da Língua Portuguesa que se refere à importância do ensino dos gêneros textuais para a produção de textos eficazes, fazendo com que a linguagem satisfaça suas necessidades pessoais. Linguístas e teóricos atualmente ressaltam a importância do ensino da língua materna não apenas sob o ponto de vista vocabular, fora do contexto da comunicação. Deve-se ensinar de forma contextualizada considerando aspectos socioculturais, históricos e suas diversidades vocabulares.

Referencial teórico
A sociedade atual exige um cidadão letrado que domine as novas tecnologias, surgindo assim novos desafios para a educação, sendo assim a proposta de intervenção foi de promover a aquisição de conhecimentos dos diferentes gêneros textuais aliado ao PCN de Língua Portuguesa e os pressupostos de Alfabetização e Letramento propostos para a educação formadora de leitores. Nesse sentido as vivências com textos de circulação nos meios sociais são elementos básicos para propor ao educando condições de construir competências e habilidades necessárias a situações diárias como dar um recado, produzir uma lista de supermercado, ler e interpretar um texto, escrever um e-mail, identificar o preço de mercadorias em panfletos, desafios esses que um cidadão parcialmente fora do contexto letrado poderá ficar à margem do processo de construção do conhecimento. Segundo FREIRE (1989, p.13) "a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de "escrevê-lo" ou de "reescrevê-lo", quer dizer, de transformá -lo através de nossa prática consciente", reforça a idéia da importância do ato de ler, percebendo assim a relação entre texto e o contexto. Portanto ao inserir textos do meio social em rodas de leituras e atividades diversificadas em sala de aula, motiva a produção de textos verbais e não verbais para explorar situações de leitura e a especificidade do texto proposto, bem como a novas vivências linguísticas.
A constituição Federal cap.I, artigo 214 cap. ,de I a V, estabelece o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando a articulação e o desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do Poder Público que conduz à: erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento escolar; melhoria da qualidade de ensino; formação do trabalho e promoção humanística, cientifica e tecnológica do país. A erradicação do analfabetismo e a universalização do atendimento escolar promoverão a desigualdade social e a respeito à diversidade cultural. Nesse sentido, a escola deve ser um espaço de convivência onde os saberes são construídos de forma globalizada oferecendo ao educando fazer a leitura não só do meio em que vive, mas, expandindo-a para o mundo.
Todas as ações humanas ocorrem através da linguagem, movidas por emoções. Sobretudo apropriar-se da língua não se resume em aprender palavras, soltas sem significados. Implica em conhecer seus significados e com eles os modos pelos quais as pessoas interpretam a realidade e interagem em seu meio sociocultural. Assim a linguagem está presente na construção do desenvolvimento humano, na importância da sua formação de suas ideias e pensamentos. Neste contexto AJURIAGUERRA (1992 apud Rosa Neto, 2002, p.24) refere-se sobre as implicações da linguagem quando aborda sua possibilidade de representar as complexas abstrações que fundamentam nossa sociedade. No desenvolvimento da linguagem, intervêm fatores biológicos e ambientais.
A realização de atividades práticas é uma das formas manifestadas do intelecto humano. Outra forma, muito mais complexa, é o processo discursivo ou lógico-verbal, através do qual o homem, baseando-se nos códigos da linguagem, é capaz de ultrapassar os processos da percepção sensorial, refletir sobre relações simples e complexas, formar conceitos, elaborar hipóteses, conclusões e resolver problemas complicados teoricamente. Dessa maneira, essa forma de pensamento é importante, pois serve como base à assimilação e ao uso dos conhecimentos e como fundamental de atividade cognitiva do homem. Assim o acesso a linguagem na sua essência se caracteriza por um abandono gradual de estruturas elementares da linguagem e do vocabulário que é o próprio, substituindo-o por construções cada vez mais idênticas com a linguagem do adulto.
Para MARCUSCHI (2002, p. 51), até pouco tempo, pensava-se que as habilidades da língua limitavam-se a fala, ler e escrever. Hoje, sabe-se que isso não é suficiente, portanto "precisamos aprender a ver e representar, bem como interpretar algo entre a fala e a escrita, fazendo com que esse contínuo fique ainda mais fluído". Assim a leitura se torna um ato dinâmico, referendado pela utilização dos signos e não apenas sinais impressos para decifrar. O que dá significado à leitura é a escrita relacionada ao seu contexto. VYGOTSKY vê a "[...] leitura como um ato de reconstrução dos processos de produção. Assim as definições citadas referentes à leitura, deixando implícita ou explicita a questão da compreensão do que se lê.
Neste contexto VYGOTSKY, ler não é um ato mecânico de decodificação. No instante em que a decodificação dos signos está presente, a leitura vem impregnada de sentidos e prepondera o significado da palavra. As palavras obtêm seu sentido no contexto do discurso, mudando o contexto e variando o sentido da palavra. Alfabetizar implica em aprender a fazer a leitura do mundo mediante a uma relação dinâmica vinculada à realidade.
Há cerca de 3000 anos a.C. foram encontrados os primeiros escritos na Mesopotâmia. É invariável comunicar-se verbalmente sem referencia de um gênero, assim como a comunicação verbal torna-se impossível se não houver um texto. Os textos trazem em si uma finalidade pratica. Quando escrevemos, expressamos nossas intenções que estão escondidas atrás dos gestos. A produção textual é um ato dinâmico, criativo e dialógico que deve ser incentivado, fundamentado na escola e para além de seus muros. Escrever é uma pratica social reprodutora da realidade, sempre que for praticada deve ter como objetivo a situações de vivencias do aluno, em que o próprio aluno seja capaz de criar hipóteses a cerca de questões da realidade e propor soluções.
Para FERREIRO (1993, p.34) "A fala não se confunde com a escrita. Escrever não é transformar o que se houve em formas gráficas, assim como ler também não equivale a reproduzir com a boca o que o olho reconhece visualmente". A fala e a escrita são realidades diferentes, pois apresentam características formas e recursos expressivos distintos embora ambos lidam com o mesmo objetivo, a língua. Segundo FERREIRO (1987, p.20) "a única forma da escrita que retrata a fala, de maneira a correlacionar univocamente letra e som, é a transcrição fonética".
Estudos realizados por Emília Ferreira (1987) demonstram que as crianças têm suas próprias ideias sobre como se escreve, o que se pensa e formula hipóteses de como esse processo ocorre ao se expressar por meio da escrita. No processo de aquisição da leitura e da escrita as hipóteses vão sendo testadas pelas crianças, até se tornarem alfabetizadas, ou seja, saber quais e quantas letras são necessárias para escrever uma palavra e em que ordem devem ser colocadas para que outras pessoas possam ler.
Nos últimos vinte anos as pesquisas têm evoluído no campo da aprendizagem da escrita, como esse conhecimento se constrói que é possível construir texto sem consequentemente grafá-lo e que é possível grafar sem saber produzir o que o individuo se apropria do domínio da linguagem escrita através da leitura. Se a criança não compreende o sistema alfabético da escrita, percebendo que a escrita não é espelho da fala, ela não aprenderá ortografia. Devido a este suporte teórico foram trabalhados os gêneros textuais de circulação de acordo com a demanda da turma, tais como; revista em quadrinhos, capa (imagem), música, lista de supermercado, bilhete, e-mail, propaganda, contos, artigo científico (dengue), revista, jornal e contos. Os dados da intervenção foram registrados no diário de bordo, bem como em uma tabela de avaliação além de serem analisados no âmbito qualitativo e quantitativo estes se apresentaram de acordo com as habilidades de leitura apresentadas durante o período de atividades diagnósticas feitas através de uma tabela de avaliação diária onde era analisados avanços e retrocessos na oralidade, escrita e leitura do aluno diante desses resultados eram direcionadas atividades interdisciplinares para que pudesse contemplar novas habilidades e competências na produção, leitura e compreensão dos gêneros textuais propostos.

Método
O processo ensino aprendizagem deve resultar na permanência do aluno na escola, do seu sucesso mediante o estimulo de suas potencialidades, capacidades, competências e saberes e do respeito à sua realidade social, histórica e diversidade cultural. Dessa maneira ao passo em que refletimos sobre a teoria da atividade humana, percebemos que esta ação deve ser planejada e organizada. No aspecto educativo interessa encontrar concepções que dêem suporte para orientar a prática educativa na superação de suas contradições.
O método é uma forma dialética de organizar o pensamento, de modo que possa criar e fazer relações e associações até então não estabelecidas. Onde esta metodologia é formada de dados verificáveis, onde todo trabalho cientifico deve ser testado e vivenciado mediante experiência, sendo que a pesquisa de campo visa tirar duvidas e obter informações a respeito das situações ou problemas.
O método não deve ser concebido como um conjunto de técnicas, de pessoas que aplicam a qualquer objeto e que devem ser mecanicamente seguidos para se chegar a um determinado fim; ao contrário, precisa-se entendê-lo como uma postura diante da realidade, postura essa que implica sempre as seguintes tarefas indissociáveis: reflexão, conhecimento, interpretação da realidade e sua transformação. Sendo assim, transformar a prática é atuar de forma coletiva e organizada procurando transformá-la na direção desejada.
Dessa maneira o método não dispensa a apreensão, em si mesmo, de cada objeto, o método proporciona para o conhecimento de cada realidade. Ou seja, a prática pedagógica requer uma educação centrada no ser humano, priorizando suas construções coletivas, o aprender respeitando os princípios de igualdade, liberdade, responsabilidade e interatividade. Neste sentido, o ensino possui uma estrutura curricular flexível e reconhece o aluno como agente de seu próprio conhecimento e o professor deve ser o mediador de um processo em que o aluno é o agente.
Neste sentido o projeto teve por objetivo desenvolver a compreensão básica do uso dos diferentes gêneros textuais em sala de aula, acrescentando o ensino da língua materna, características linguísticas e discursivas. Ampliar e aprimorar a percepção do ato de ler e escrever consequentemente possibilitando a formação de leitores e produtores de textos eficazes. Durante o processo de intervenção através das oficinas as atividades foram elaboradas considerando a sequência didática e fazendo algumas alterações quando se fazia necessário, considerando a flexibilidade do planejamento didático. A realidade social, histórica e pluralidade cultural dos alunos foram aspectos relevantes para deslanchá-lo das propostas. As aulas ocorreram mediante situações de leituras silenciosas, dinâmicas e produções textuais nas rodas de leitura.
A cada oficina era apresentada à classe uma modalidade de gênero textual seguindo uma sequência didática, suas principais características mediante momentos de reflexão e construção coletiva e individual de acordo com a tipologia de texto estudado. Com a finalidade de compreensão e identificação da especificidade de cada gênero textual foram propostos textos verbais, não verbais, atividades lúdicas envolvendo jogos, leitura com animação de fantoches, criação e dramatização de texto, no manuseio e leitura de contos, filmes, cantigas de roda, parlendas, trava línguas, quadrinhas, manipulação de instrumentos musicais, criação de uma bandinha releitura e reescrita de textos, construção e exposição de murais informativos e manuseio de rótulos, bulas de remédios, folhetos informativos e embalagens de produtos inerentes a rotina diária dos alunos.
As novas tecnologias deram suporte à pratica das ações planejadas. Os alunos participaram de atividades onde foi utilizado o data show, a internet através da pesquisa eletrônica.
Durante a primeira oficina foi trabalhado o livro "Resistência e coragem"; a história de Zumbi dos Palmares.
A capa do livro foi apresentada inicialmente no data show e depois os alunos sentados em circulo manusearam o livro evidenciando interesse e identificando todas as informações que foram apresentadas nas imagens. Logo após, essa etapa iniciou-se uma discussão com questionamentos a respeito do tipo de material que estava sendo manuseado por eles; jornal, revista, rótulo ou livro. A turma foi motivada a identificar o material que estava sendo manuseado assim como, apropriar-se dos detalhes importantes de um livro como a capa e seus detalhes; autor e sua importância para elaboração de um livro onde explicava suas ideias e seu estilo literário e a importância da leitura para a vida do homem.
No primeiro momento senti-me insegura, pois percebi que os alunos não estavam habituados a manusear outros materiais impressos que não fossem os livros didáticos que, eram pouco usados por eles. A proposta foi bem aceita pela turma e resultou sem dúvida, na curiosidade da turma em conhecer a história de Zumbi dos Palmares, assunto que foi programado para a segunda oficina.
Na aula seguinte o livro foi lido gerando discussão na turma onde foi possível identificar alunos descendentes de quilombos, assim como informá-los sobre grupos remanescentes dos quilombos que moram próximo a nossa cidade.
Após a leitura e discussão foi proposto aos alunos que escrevessem no caderno o que entenderam da leitura e da discussão. Ao concluírem as produções alguns leram seus textos expressando suas ideias acerca do que tinham aprendido. Outros escreveram mensagens soltas sem relação com momentos vivenciados anteriormente na sala de aula. Percebi que dois alunos além da fidelidade nas suas escritas, fazendo inferências. Sendo assim ficou esclarecido para os alunos que todo texto tem uma finalidade e uma forma, depender da intenção de quem o escreve e o que rege.
Os alunos entenderam que enquanto lemos, construímos muitas hipóteses a respeito do conteúdo do texto, e elas são construídas, em grande medida, a partir dos nossos conhecimentos prévios, sobre o assunto tratado e da nossa familiaridade com o gênero do texto. Para os PCN`s (Alfabetização, 1999) a relação com o texto é completamente diferente na primeira e na segunda leitura: uma única informação- quem era o personagem principal do texto- torna óbvio que tudo era incontestável. Assim quando acionamos nosso conhecimento prévio sobre o assunto, a leitura torna-se muito mais eficiente, pois podemos atribuir sentido ao que lemos.
Algumas dificuldades foram encontradas durante a realização das atividades pois a unidade escolar nem sempre possuía o recurso necessário para a aplicabilidade do projeto, assim por inúmeras vezes foi utilizado o espaço da UAB, onde eram utilizados os equipamentos tecnológicos necessários, tais como; data show, computadores caixa de som, televisão, DVD. Dessa maneira mediante aos resultados obtidos nas oficinas anteriores ficou evidenciado que esse era o caminha a ser percorrido, proporcionar atividades que fizeram parte da realidade do aluno.
Na quarta oficina foi apresentado à turma um artigo cientifico sobre a dengue.
Os alunos estavam organizados em circulo, cada um recebeu uma cópia do artigo. Depois foi realizada uma leitura dialógica do artigo e a turma através da intervenção foi conduzida para o laboratório de informática (UAB) para reforçar a aprendizagem através de uma pesquisa eletrônica sobre o assunto. Dando sequência na segunda aula iniciou no laboratório onde foi passado um pequeno vídeo com informações necessárias ao combate ao mosquito da dengue, logo após essas medidas foram discutidas já na sala de aula onde foi confeccionado um cartaz informativo sobre os cuidados para evitar a proliferação do mosquito da dengue e os sintomas da doença. No momento de colocar o cartaz em exposição um aluno querendo competir com o outro puxou com força e terminou rasgando o cartaz danificando assim o trabalho de uma aula inteira deixando todos perplexos com o acontecido, logo a professora regente se dispôs pegou o cartas e passou uma fita adesiva para remendar e em alto e bom som disse que no outro dia iríamos fazer outro maior ainda.
Contudo o principal propósito das atividades realizadas foi fazer com que os alunos ampliassem seus conhecimentos, construíssem hipóteses e percebessem as variações linguísticas do texto e a sua função social de transmitir informações, assim como a importância da tecnologia como meio de pesquisa e informação. Dessa maneira a proposta está de acordo com o PCN de Língua Portuguesa (Brasil, 2001 , p. 30), "são os textos que favorecem a reflexão critica e imaginativa, o exercício de formas de pensamento mais elaboradas e abstratas, os mais vitais para a plena participação numa sociedade letrada", são os pressupostos de Alfabetização e Letramento propostos para a educação do ensino fundamental. Segundo MARCUSCHI (2002) "os gêneros são concebidos como fenômenos históricos profundamente ligados à vida social e cultural dos sujeitos, são flexíveis, dinâmicos e surgem a partir das necessidades dos homens, das atividades sociais culturais e inovações tecnológicas".

Apresentação e análise de resultados
Ao longo do processo, desempenho e respostas não são para punir, mas para perceber e identificar em que situação se encontra o aluno observando suas habilidades de ouvir, falar, ler e escrever como objeto de verificação, onde foi desenvolvida uma tabela de avaliação diária verificando avanços e retrocessos na oralidade, leitura e escrita direcionando assim a sequência didática a ser seguida durante a intervenção em sala de aula. Visto que, a construção do conhecimento apóia-se num sistema que resulta em equilibração sucessivas fazendo com que o educando, sujeito do conhecimento assimile, acomode, e alcance um novo equilíbrio e assim sucessivamente. A relação entre sujeito e objeto conduz o sujeito a criar situações que o conduzam à apropriação do objeto. Dessa maneira as instituições educacionais possuem uma pratica de produção textual que se torna redutora da linguagem e da escrita, por que pressupõe o aluno produtor de texto para alcançar uma pontuação, não priorizando a produção pura e simplesmente do conhecimento, e sim determinando em sua maioria um conhecimento pronto e acabado onde são levadas em consideração exigências gramaticais e erros na produção textual, dessa forma a análise linguística e os conhecimentos agregados a partir da produção não são levados em consideração. Com este pensamento foi tabulado da seguinte forma os avanços e retrocessos da turma.

Estes dados foram adquiridos seguindo a orientação de uma ficha de avaliação diária e individual, onde relatam a avaliação de 18 discentes da turma de 2º ano. Onde as orientações analisadas relatam avanços significativos na compreensão básica dos gêneros textuais, bem como, avanços na oralidade, leitura e escrita dos gêneros propostos.
Em outro momento do processo de ensino aprendizagem foram analisados a sequência lógica do texto, bem como, as características do texto indicado.

Neste caso o sucesso foi maior por ter sido gêneros que estavam relativamente presentes no cotidiano do aluno, bem como, foi sendo associados ao conhecimento prévio da turma, começando assim a visualizar de forma diferente, relacionando as informações observadas pelas diferentes mídias (televisão, rádio, internet) que vem de encontro com a referência de Paulo Freire que descreve que a leitura da palavra precede a leitura de mundo. Outro ponto implícito ao pensamento de MARCUSCHI, onde se refere à necessidade de aprender a ver e representar interpretando o processo de fala e escrita sendo mais contínuo.
Outro momento de análise e avaliação da praxi pedagógica foi relativo a leitura se os enunciados foram compreendidos, se utilizavam dos conhecimentos prévios para antecipar respostas e formular hipóteses.

Neste caso foram analisados com maior ênfase se os discentes conseguiram identificar os aspectos mais significativos do texto, bem como relacionavam aos conhecimentos prévios que possibilitava a antecipação de certas respostas referentes ao gênero proposto, assim como criar hipóteses e propor novas soluções.
Considerações finais
Contudo o trabalho realizado na turma de 2º ano do ensino fundamental proporcionou um suporte na pratica da formação do curso de pedagogia, bem como possibilitou a associação da teoria com a prática, sendo uma complementação significativa neste percurso de formação acadêmica, onde foi comprovada a importância da inserção de gêneros textuais na pratica da sala de aula não somente como um mero ato de ler, mais sim procurar compreender suas especificidades, enfatizando suas particularidades, bem como a sua importância no contexto social e na formação cidadã, visando promover a aprendizagem progressiva da linguagem adequada de cada gênero, associando assim a outras habilidades e saberes necessários para a compreensão e utilização dos gêneros diversos que circulam no meio social.
Neste caso, indica-se esta prática continua de gêneros textuais diversos em sala de aula, auxiliando assim uma pratica não tão inovadora mais que possibilita significativos avanços na promoção da aprendizagem significativa e contextualizada como indica os pressupostos de um cidadão letrado.

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