Há tempos é discutido o ensino da Geografia nas escolas brasileiras, tudo ou quase tudo do que é discutido revela a preocupação do Estado que deseja formar cidadãos não críticos, capitalistas e alienados a assuntos pertinentes a situação do povo.
Através deste modo de ensino, quem está no poder ressalta o seu propósito, cidadão mal informado, sem consciência crítica elege os piores governantes colocando no poder pessoas que não se importam com aqueles que os elegeram, com aqueles que não confrontam questões relevantes para a sociedade em que vive.
O estudo da Geografia nas escolas não é muito satisfatório para os profissionais que com ela trabalha nem para os alunos, um envoltório de questões que propicia este fator que se mantêm desde os dias autoritários e nebulosos vividos por este país, pouca ou quase nenhuma preocupação com reciclagem, melhores salários e condições de trabalho.
Ariovaldo Umbelino de Oliveira cita em um de seus valorosos artigos o que Lacoste afirmou: temos uma Geografia sendo produzida nas universidades e "outra geografia" sendo ensinada nas escolas de 1 e 2 graus, a intitulada por ele "geografia dos professores". Esta referencia incita a discussão do diferencial da geografia em cada instituição de ensino uma forma de clara de diferenciação deste ensino enquanto instrução básica e pesquisa/ciência. Seus textos nos remete a pensar algo que até então não pensávamos durante o ensinamento da ciência que estudamos em uma academia e que depois iremos repassar para nossos alunos e futuros cidadãos.
Um fato vivido diariamente por inúmeros professores e que sem dúvida incomoda ambas as partes é o processo educacional que diminui as oportunidades desse profissional de formar sua condição de gerador de conhecimentos, de formador de opiniões.
Devido a todos esses fatores a geografia ensinada e aprendida não motiva nenhuma das duas partes, não debate a realidade atual da sociedade, dos povos, da natureza, não contextualizada o natural e o espacial.
A cada dia nós, profissionais de geografia, professores e educadores deveríamos nos preocupar com a geografia produzida pela escola positivista, que figura de forma ética a analise empírica da realidade como produto do seu conhecimento, essa analogia faz-se necessário para que haja mudanças na nossa maneira de aprender e de ensinar.
A renovação do modo de ensinar pode propiciar novas maneiras para também aprender, traz a reflexão do pensamento geográfico conforme explica a visão dialética que mostra a recuperação de um espaço crítico que geografia deve ter, sendo um método já utilizado e defendido por grandes nomes no âmbito do estudo da geografia (Raimond Guglielmo, Jean Dresh, Lacoste), onde admite-se uma renovação transformadora, uma nova ciência.
A dialética abre um leque avaliativo do processo que permite ao professor deixar de ser, somente alguém que transmite o conhecimento e interaja com o aluno que também muda de mero expectador do que é ensinado e debata de forma consciente e crítica conforme o que a geografia lhe oferece.
A geografia não deve ser nem estar separada das demais ciências, pois estas permitem que a produção do saber geográfico se posicione de maneira ideológica na reflexão crítica da sociedade a cerca do ensino produzido e transmitido do saber em geografia, essa discussão envolve não só o ensino/aprendizagem como também a integração teórico/metodológico.
O ensino e o estudo da geografia enquanto ciência humana remete a realidade da sociedade enquanto parte da natureza, que busca a compreensão do espaço vivido bem como o espaço produzido, o desigual e o contraditório, também de como a classe humana apropria-se e transforma a natureza como se a natureza não fizesse parte do humano.
A busca por ensinamentos de forma crítica e transformadora revelada pela dialética envolve a geografia humana, a organização social, a territorialidade e a apropriação da natureza, onde tal entendimento remeterá os alunos a uma postura crítica frente a realidade da fundamentação cientifica com a realidade.
É através da escola e do ensino que a conscientização crítica se forma e estabelece dentro de um aluno, a geografia deve então estar contida nesse processo, o ensinar seguramente, transforma o aprender, proporciona o processo de amadurecimento de uma sociedade, recria profissionais reais e intelectualmente amadurecidos junto e com essa mesma sociedade agora, amadurecida.
Essa é a geografia social, a que deve estar presente para engrandecimento individual e coletivo de forma simultânea, propiciando crescimento para o saber e o aprender de forma prazerosa para quem ensina/aprende.