1 Introdução 

Entre todos os seres, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa gama de situações que exigem a aplicação de certos conhecimentos adquiridos; somos os únicos capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar nossas próprias experiências e passar para outros seres humanos.

Segundo Bello (2005, p.10): “Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original,sobre um fato ou fenômeno qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana, através de experiências, dos relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos”.

Entre todos os seres, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa gama de situações que exigem a aplicação de certos conhecimentos adquiridos; somos os únicos capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar nossas próprias experiências e passar para outros seres humanos.

A cerca dos conhecimentos adquiridos transformados, revisados e incorporados, esses atingem tamanha complexidade que acaba por criar ramos do próprio conhecimento, buscando-se assim respostas para as ansiedades humanas.

Torna-se também relevante, perceber e identificar ramos do próprio conhecimento como: científico, filosófico e empírico, tornando-se necessário para a compreensão do conhecimento com um todo. Assim como também é de suma importância conceber os meios pelos quais se fundamentam as pesquisas, sendo esta a principal forma de geração, modificação e adaptação das mais diversas formas de conhecimentos.

Portanto a abordagem dos vários conhecimentos, se faz necessário para qualquer um que deseje compreender e aprofundar os mesmos por meio de pesquisas dentro de um dado problema, que permeia seu ambiente e ao qual tenta interpretá-lo e compreende-lo. “O conhecimento apresenta-se como uma transferência das propriedades do objeto para o sujeito”. (Ruiz, João. Metodologia científica).  

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              

2 Conhecimento científico

O Conhecimento científico constitui um conhecimento contingente, pois suas preposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente. O conhecimento é fluente. “A investigação científica se inicia quando se descobre que, os conhecimentos existentes, originários quer das crenças do senso comum, das religiões ou da mitologia, quer das teorias filosóficas ou científicas, são insuficientes e imponentes para explicar os problemas e as dúvidas que surgem". (Lakatos, 1991).

Nesse sentido, iniciar uma investigação científica é reconhecer a crise de um

conhecimento já existente e tentar modificá-lo, ampliá-lo ou substituí-lo, criando um

novo que responda à pergunta existente. Dentro de sua área de interesse o que já está estabelecido e quais as lacunas que existem? Quais os problemas encontrados na prática? Práticas simples cotidianas podem ser repensadas.

Quando paramos para pensar e refletimos sobre a prática, saberemos responder com algumas evidências e levantaremos teorias que justifiquem a primeira questão: O que propor primeiro: o alongamento ou o aquecimento?

E se reconhecermos a “crise” sobre o conhecimento já existente, iniciamos uma investigação científica tentando modificá-lo, ampliá-lo ou substituí-lo, criando um novo que responda à pergunta existente.

O que distingue o conhecimento científico dos outros, principalmente do senso comum, não é o assunto, o tema ou o problema. O que distingue é a forma especial que adota para investigar os problemas. Ambos podem ter o mesmo objeto de conhecimento. A atitude, a postura científica consiste em não dogmatizar os resultados das pesquisas, mas tratá-los como eternas hipóteses que necessitam de constante investigação e revisão crítica intersubjetiva é que torna um conhecimento

objetivo e científico.

Ter espírito científico é estar exercendo esta constante crítica e criatividade em busca permanente da verdade, propondo novas e audaciosas hipóteses e teorias e expondo-as à critica intersubjetiva. O oposto ao espírito científico é o dogmático, que impede a crítica por se julgar auto-suficiente e clarividente na sua compreensão da realidade. O conhecimento científico é construído através de procedimentos que denotem atitude científica, por proporcionar condições de experimentação de suas hipóteses de forma sistemática, controlada e objetiva e ser exposto à crítica intersubjetiva, oferecendo maior segurança e confiabilidade nos seus resultados e maior consciência dos limites de validade de suas teorias.

3 Conhecimento filosófico

 

 

Etimologicamente, a palavra filosofia é grega. É composta por duas outras palavras: philo (derivada de philia: amizade, amor fraterno e respeito entre os iguais) e de sophia (sabedoria, de onde vem à palavra sophos, sábio). Segundo Chauí (1995, p. 19), “Filosofia significa amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber”.

O conhecimento filosófico trabalha com ideias, relações conceptuais coerentes não redutíveis a realidades materiais. Procura compreender a realidade em seu contexto universal. Propõe fornecer conteúdos reflexivos e lógicos de mudança e transformação da realidade. Indaga sobre o homem e as coisas da vida. É um conhecimento racional, sistemático, geral e crítico.

Por assim dizer, o conhecimento filosófico tem por origem a capacidade de reflexão do homem e por instrumento exclusivo do raciocínio. Como a Ciência não é suficiente para explicar o sentido geral do universo, o homem tenta essa explicação através da Filosofia. Filosofando, ele ultrapassa os limites da Ciência – delimitado pela necessidade da comprovação concreta – para compreender ou interpretar a realidade em sua totalidade. Mediante a Filosofia estabelecemos uma concepção geral do mundo.

Tendo o homem como tema permanente de suas considerações, o filosofar pressupõe a existência de um dado determinado sobre o qual refletir, por isso apóia-se nas ciências.

Mas sua aspiração ultrapassa o dado científico, já que a essência do conhecimento filosófico é a busca do “saber” e não sua posse. Tratando de compreender a realidade dos problemas mais gerais do homem e sua presença no universo, a Filosofia interroga o próprio saber e transforma-o em problema. É, sobretudo, especulativa, no sentido de que suas conclusões carecem de prova material da realidade. Mas, embora a concepção filosófica não ofereça soluções definitivas para numerosas questões formuladas pela mente, ela traduz em ideologia. E como tal influi diretamente na vida concreta do ser humano, orientando sua atividade prática e intelectual.

4 Conhecimento empírico

 

 

Também conhecido como “vulgar”, o conhecimento empírico é o que todas as pessoas adquirem na vida cotidiana, baseado apenas na experiência da vida ou transmitida por alguém. Geralmente é o resultado de experiências de erro e acerto, sem observação metódica nem verificação sistemática, por isso carece de caráter científico. Pode também fazer parte das tradições de uma coletividade, passando de geração para geração.

Não é necessário estudar  Psicologia para se saber se uma pessoa está alegre ou triste. Você conhece o estado de humor dessa pessoa porque empiricamente já passou por muitas experiências de contato com pessoas alegres ou tristes, e já esteve alegre ou triste também. É igualmente empírico o conhecimento que o lavrador iletrado tem das coisas do campo. Ele interpreta a fecundidade do solo, os ventos anunciadores de chuva, o comportamento dos animais. Sabe onde furar um poço para obter água, quando cortar uma árvore para melhor aproveitar sua madeira. Ela pode, inclusiva, apresentar argumentos lógicos para explicar os fatos que conhece, mas seu conhecimento não penetra os fenômenos, permanece na ordem aparente da realidade. Como é fruto da experiência circunstancial, não vai além do fato em si.

Apesar de ser um nível inferior ao científico, o conhecimento vulgar não deve ser menosprezado, pois constitui a base do saber e já existia muito antes do homem imaginar a possibilidade da ciência.

 

4.1 Empirismo na Ciência

Para a ciência, empírico é um tipo de evidência inicial para comprovar alguns métodos científicos, o primeiro passo é a observação, para então fazer uma pesquisa, que é o método científico. Nas ciências, muitas pesquisas são realizadas inicialmente através da observação e da experiência.

 

4.2 Empirismo na Filosofia

Na filosofia, empirismo foi um tema muito debatido pelo filósofo inglês John Locke, no século XVII, onde ele diz que a mente humana é uma espécie de "quadro em branco", onde gravamos diariamente o conhecimento, através das nossas sensações.

Outros filósofos também estudaram o empirismo, como Aristóteles, Francis Bacon, Thomas Hobbes, John Stuart Mill, e através desses estudos surgiram teorias como a teoria do conhecimento.

 

4.3 Empírico Experimental

A Teoria Empírico-Experimental é também conhecida como a Teoria da Persuasão, e foi desenvolvida a partir dos anos 40 e causou o abandono da Teoria Hipodérmica. Essa teoria revê o processo de comunicação como uma forma mecânica e imediata entre o estímulo e a resposta. A teoria empírico-experimental varia entre a concepção que é possível conseguir efeitos importantes se a mensagem transmitida for devidamente estruturada e a noção clara de que muitas vezes não é possível alcançar os efeitos desejados. É possível persuadir os receptores da mensagem se esta se encaixar nos parâmetros utilizados por ele ao interpretar a mensagem.

 

4.4 Empírico Indutivo

Francis Bacon, filósofo inglês do século 16 e 17, foi o fundador do método indutivo de investigação científica. De acordo com Bacon, o método empírico indutivo era o único que capacitaria o homem a subjugar a natureza.

O método empírico indutivo concebe leis de acordo com a observação de fatos, segundo um determinado comportamento observado e a sua generalização. Segundo Francis Bacon, só a observação permite conhecer alguma coisa nova.

5 Hipótese

Hipótese é uma palavra resultante da justaposição dos termos gregos "hypo" (debaixo) e "thesis" (tese), cujo significado nessa língua era atribuído ao que ficava como base ou princípio de sustentação das leis.

Na língua portuguesa, uma hipótese designa qualquer suposição de algo verosímil, possível de ser verificado, a partir da qual se extrai uma conclusão. Popularmente, o termo é geralmente utilizado como sinônimo de "chance" ou "possibilidade" de algo acontecer, como por exemplo, na frase "o colega afirmou que já não havia nenhuma hipótese de trabalharem juntos".

Na Matemática, as hipóteses são o conjunto de condições iniciais a partir das quais, com base num raciocínio lógico, é elaborada a demonstração de um determinado resultado, chegando a uma tese.

5.1 Hipótese científica

As hipóteses científicas, em geral, são as premissas dentro de uma determinada teoria, que podem ser validadas com base em um método científico, contribuindo para a formulação de novas hipóteses.

Uma hipótese científica é uma proposição especulativa que se aceita de forma provisória como ponto de partida de uma investigação. A verdade ou refutação da hipótese é determinada graças a raciocínios ou experiências. Na proposição: "Os cachorros e as sardinhas são peixes", existe uma afirmação falsa e uma verdadeira, sendo que é possível demonstrar que um cachorro é um mamífero e não um peixe.

Se uma hipótese é confirmada, ela se transforma em uma fundamentação de uma teoria científica, se ela é refutada, se transforma em um contra-argumento.

5.2 Hipótese de Gaia

A hipótese de Gaia, da autoria do ambientalista inglês James Lovelock, afirma que o planeta Terra é um superorganismo, dotado de uma capacidade de autoregulação.

5.3 Hipótese Nula

Hipótese nula é um conceito do âmbito da estatística e da probabilidade, que afirma que uma hipótese é considerada verdadeira até que surjam evidências que provem o contrário.

5.4 Hipótese de Riemann

A hipótese de Riemann, formulada pelo matemático alemão Bernhard Riemann, propõe que os zeros da reta crítica não são reais e são dispostos de forma simétrica em relação ao eixo real e em relação à reta crítica.

Esta hipótese relacionada com os números primos é provavelmente um dos problemas não resolvidos mais famosos da matemática. A sua resolução traria grandes mudanças nas áreas da Teoria da Informação e da Física.

6 Método e metodologia

            É comum se utilizarem das palavras método e metodologia como se fossem sinônimos sendo que método é o procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para se conseguir algo. Já a metodologia trata-se do conjunto de procedimentos pelos quais:

a) se propõe problemas científicos e

b) colocam-se à prova as hipóteses científicas.

Tanto o método como a metodologia tem por função facilitar a apresentação (formulação) de problemas e demonstração explicativa. Ajuda a compreender não apenas os resultados, mas também o processo da própria pesquisa.

6.1 Método Indutivo (Empiristas: Bacon, Hobbes, Locke, Hume)

 Indução – processo mental que parte de dados particulares constatados para inferir-se uma verdade geral ou universal não contida na parte analisada. Primeiro os fatos a observar, depois hipóteses a confirmar. Consiste na observação sistemática da  sucessão de fatos da realidade, resultando na explicação do fenômeno. Assim, parte do particular para o geral. Formula leis gerais com base em casos particulares. É o empirismo (fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos).

6.2 Método Dedutivo (Racionalista: Descartes, Spinoza, Leibniz)

Dedução – difere do indutivo por apresentar premissas verdadeiras e por toda a informação já estar, pelo menos implicitamente, nas premissas. Os fenômenos não podem ser explicados sem uma teoria geral ou no mínimo um modelo teórico. Portanto, parte-se da teoria geral para explicar o particular. É o racionalismo (Só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro). Parte de duas premissas, da qual se retira a conclusão.

6.3 Método Hipotético-dedutivo (Popper)

Quando o pesquisador não dispõe de uma teoria (ou explicações insuficientes), ele começa pelo método indutivo para organizar as informações e possibilitar a formulação de uma teoria geral para depois formular e testar as hipóteses e depois utiliza o método dedutivo. Defende em primeiro lugar o problema e a conjectura a serem testadas pela observação. “o cientista, através de uma combinação de observações cuidadosas, hábeis antecipações e intuição científica, alcança um conjunto de postulados que governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz ele as consequências por meio da experimentação e, dessa maneira, refuta os postulados, substituindo-os, quando necessário por outros e assim prossegue”.

6.4 Método Dialético

Dialética <grego>= debater

O método dialético desenvolveu-se em duas fases:

6.4.1 Pré-socrática

Busca da verdade por meio de formulação adequada de perguntas e respostas até se chegar ao ponto crítico do que é falso e verdadeiro. A primeira pergunta é a tese e a resposta é a antítese, até se chegar a verdade que é a síntese.

6.4.2 Contemporânea (Hegeliana) :

Cada fenômeno é um processo em realização, modificando-se e  transformando-se em virtude de leis internas, do seu autodinamismo e das contradições que encerram. Há um encadeamento de processos, de forma que o mundo, o conjunto de todos os processos, onde tudo sofre uma transformação concentrada e progressiva como uma espiral. Os fenômenos trazem em si as contradições; tendem a se transformar no seu contrário.

Em várias oportunidades um processo que se orienta em ritmo quantitativo de repente muda qualitativamente, ou seja, muda de natureza

6.5 Método Sistêmico (Estruturalista)

Parte de um modelo simbólico da estrutura de um fenômeno, descreve e quantifica as relações entre os objetos do modelo com base na realidade. As estruturas pressupõem relações, conexões entre as partes de um fenômeno. Os fluxos respondem pelas relações entre objetos distintos, sendo fluxos de matéria, energia e informação. Cabe também analisar as relações do sistema com seu ambiente externo e com outros sistemas.

6.6 Método histórico

As atuais formas de vida social tem origem no passado. Coloca o fenômeno o contexto histórico-social.

 

6.7 Materialismo Histórico (método dialético)

Doutrina que admite que as condições concretas materiais são suficientes para explicar todos os fenômenos mentais, sociais, históricos.

Baseia-se no marxismo – teoria que afirma que o modo de produção da vida material condiciona o conjunto de todos os processos da vida social, política e espiritual. Utiliza o método dialético que se baseia das teorias de luta de classes e do relacionamento entre o capital e o trabalho.

7 Conceito de Problema

 

Um problema pode ser definido como uma questão que é necessário dar resposta. Quando surge um problema, é necessário pensar de forma a encontrar uma solução para o mesmo. Para alguns problemas já existe solução, contudo a mesma é desconhecida para a pessoa que está na situação problemática - a ausência do saber ou carência de informação é a razão para a existência do problema; existem contudo outros problemas para os quais ainda não existe solução - para estes é necessário descobrir ou inventar uma nova solução. Existem ainda problemas que apenas cada um pode resolver: os problemas existenciais.

Os problemas podem ser encontrados em todas as áreas do saber e de toda a atividade humana: existem problemas filosóficos, problemas económicos, problemas biológicos, problemas familiares ou existenciais, cada um dos quais com as suas especificidades. Mas, por mais diferentes que sejam os problemas, todos eles apresentam uma característica comum: o facto de representarem uma dificuldades insustentável que é necessário ultrapassar. Segundo Ignacio Izuzquiza todos os problemas apresentam um "carácter de tensão, de não resolução, de ignorância reconhecida, de desafio". O grande ganho com a resolução de um problema é o próprio prazer intelectual de o resolver. O problema faz de tal forma parte de nossa vida que o homem chega mesmo a inventar problemas pelo prazer de os tentar resolver, pelo prazer de jogar com eles. Konrad Lorenz, um célebre psicólogo contemporâneo, afirma mesmo que "as operações criativas que se processam no homem, e só no homem, são um autêntico jogo".

 

8 Resenha

 

 

Você já deve saber que o que nós chamamos "texto" corresponde ao resultado de práticas bastante diversas. Sua certidão de nascimento, um bilhete deixado na porta da geladeira, um editorial publicado em um jornal, o romance à venda nas livrarias, as falas de uma personagem em uma telenovela, tudo é "texto".

Percebe-se, então, o quanto é problemática a definição do que é "texto". Somos mesmo tentados a dizer que qualquer conjunto (ordenado) de palavras ou frases constitui um texto, mas o que se observa é que em geral um texto é muito mais do que isso. Uma certidão de nascimento não é apenas um conjunto ordenado de frases sobre o lugar e a data do seu nascimento e quem são seus pais e avós: essas coisas devem ser ditas de determinada forma, bastante rígida, e assinadas por um tabelião, para que a certidão tenha valor legal. O mesmo acontece com todos os outros tipos de texto. Um conjunto ordenado de frases sobre determinado tema não garante ao editor um editorial: é preciso que esse conjunto ordenado de frases convença o leitor de alguma coisa, pois é exatamente para isso que servem os editoriais. Um bilhete na geladeira que diga apenas "Fui lá com ela e volto em dez minutos" somente se torna interpretável se o leitor compartilha com o autor os referentes de ela, e do momento em que o bilhete foi escrito; se isso não acontece, o bilhete não cumpre a sua função. Enfim: há regras socialmente estabelecidas para a produção de textos, e elas variam de acordo com o tipo de texto a ser produzido. Infringir essas regras pode significar, em muitos casos, produzir textos sem valor legal (caso das certidões, procurações, atas, acordos, etc.) ou produzir textos que não servem para nada (bilhetes que nada informam, ou editorais que não convencem ninguém, por exemplo).

Tudo isso vale também para as resenhas. Assim como para todos os outros textos, há regras para a produção de resenhas. Se você quer que as suas resenhas efetivamente resenhem alguma coisa, se você quer que as suas resenhas possam ser publicadas, se você quer receber boas notas do professor pelas suas resenhas, é fundamental que você siga as regras. Essas regras não são tão rígidas quanto as que governam a produção de textos legais (atas e certidões, por exemplo), e é possível que você encontre interpretações divergentes para as mesmas regras dentro de sua própria Faculdade. Mas é importante que você perceba que, ainda que vagas, as regras existem, e são essas regras que definem o que é e o que não é uma (boa) resenha.

           

8.1 O que é uma resenha?

             Resenha, ou recensão, é, segundo o dicionário, uma "apreciação breve de um livro ou de um escrito”. A definição do dicionário pode ser dividida em três partes, que devem servir de orientação para que você possa entender o que é uma resenha. A primeira parte está representada pela palavra "apreciação"; a segunda parte é a que concerne ao adjetivo "breve"; e a terceira e última parte diz respeito ao sintagma "de um livro ou de um escrito".

            O primeiro elemento a ser destacado nas resenhas é o fato de que tratam, todas elas, de uma apreciação. Ou seja, a resenha tem por finalidade: (1) fazer uma análise, um exame; e (2) emitir um julgamento, uma opinião. O objetivo da resenha é, pois, duplo. A resenha pretende decompor o objeto resenhado em suas unidades constituintes, proceder a um exame pormenorizado, investigá-lo a fundo; e, a partir dessa análise, a resenha deve se posicionar em relação ao objeto resenhado, deve julgá-lo, avaliá-lo. É importante que você perceba que esses dois objetivos estão combinados: para que você tenha elementos para julgar alguma coisa, é preciso que seja feita antes uma análise; e a finalidade da análise é exatamente fornecer elementos para o julgamento. Na resenha, esses dois objetivos são solidários: um não existe sem o outro.

            O segundo elemento presente na definição é o adjetivo "breve". A resenha é um texto rápido, pequeno. Você deve fazer a análise e emitir o julgamento em um tempo consideravelmente restrito (geralmente em torno de duas a três laudas em espaço duplo). Isso não significa que sua análise deva ser rasa, superficial, ou que o seu julgamento possa ser precipitado. Não é isso. A principal implicação das limitações de tempo e espaço é que você deve ser seletivo. Você sabe, desde o início, que não vai conseguir esgotar a obra, investigar todos os seus pontos, examinar tudo pormenorizadamente. Logo, você deve eleger um ou outro aspecto mais saliente do texto para análise, deve investigar em detalhe apenas um dos pontos do objeto resenhado, em vez de tentar dar conta de tudo. Mas é importante que a sua escolha recaia sobre um ponto efetivamente relevante do texto, como a tese do autor ou um de seus principais argumentos.

            Por tudo o que foi dito, pode-se dizer que resenha é um tipo de texto em que há, concomitantemente, exigências de forma e de conteúdo:

           

8.1.1 Exigências  de conteúdo

a) Toda resenha deve conter uma síntese, um resumo do texto resenhado, com a apresentação das principais idéias do autor;

b) Toda resenha deve conter uma análise aprofundada de pelo menos um ponto relevante do texto, escolhido pelo resenhista;

c) Toda resenha deve conter um julgamento do texto, feito a partir da análise empreendida no item b).

8.1.2 Exigências de forma

d) A resenha deve ser pequena, ocupando geralmente até três laudas de papel A4 com espaçamento duplo;

e) A resenha é um texto corrido, isto é, não devem ser feitas separações físicas entre as partes da resenha (com a subdivisão do texto em resumo, análise e julgamento, por exemplo);

f) A resenha deve sempre indicar a obra que está sendo resenhada.

8.2 Tipos de resenha

É importante que saiba também que há pelo menos dois tipos de resenha: a resenha descritiva, também chamada técnica, ou científica; e a resenha crítica, também conhecida como opinativa. Nos dois casos, observam-se as mesmas exigências quanto à forma e quanto ao conteúdo listadas no item anterior; o que as diferencia é a natureza do julgamento proferido acerca do texto.

            No item anterior, percebe-se que toda resenha deve conter (a) um resumo, (b) uma análise, e (c) um julgamento. Você pôde ver também que o resumo deve trazer as principais idéias do autor do texto, e que a análise deve decompor pelo menos uma dessas idéias em suas partes constituintes. Os dois procedimentos são equivalentes para todas as resenhas. No entanto, há uma terceira parte, o julgamento, que pode assumir significados bastante diferenciados: o julgamento pode ser entendido como um julgamento de valor, em que se afirma a qualidade do texto (se o texto é bom ou ruim, se vale a pena a leitura ou não); ou o julgamento pode ser entendido como um julgamento de verdade, em que se discute se o autor tem razão ou não, se o que ele diz faz ou não sentido. Os dois julgamentos são próximos, e estão mesmo relacionados, mas é preciso diferenciá-los, para que se possa entender exatamente a diferença entre uma resenha descritiva e uma resenha crítica.

            É preciso compreender, portanto, que há dois tipos de resenha, que cumprem a objetivos diferentes, e que essa diferença está relacionada à maneira como se entende a idéia de "julgamento".

Sendo assim, resenha descritiva, científica, técnica, é aquela cujo objetivo é julgar a verdade das proposições (idéias) do autor, investigar a consistência de seus argumentos e a pertinência de suas conclusões.

            Resenha crítica, opinativa, é aquela cujo objetivo é julgar o valor do texto, a sua beleza, a sua relevância. Responde basicamente à pergunta:

             Em ambos os casos, é importante salientar que esses julgamentos (de valor ou de verdade) devem ser sustentados por elementos retirados do texto através de sua análise.

9 Considerações finais

O fim do conhecimento é alcançar uma verdade objetiva, sendo essa induzida a transformar o próprio pensamento humano e suas ações por um novo prisma intelectual. Ao produzir novas informações , o homem assimila o mundo ao redor, através de um processo dialético baseado na contemplação, sensação, percepção e representação do conhecimento adquirido, para a codificação do mesmo.

Para Galliano (1979, pp. 24­30), “o conhecimento científico: é racional e objetivo; atém­-se aos fatos; transcende aos fatos; é analítico; requer exatidão e clareza; é comunicável; é verificável; depende de investigação metódica; busca e aplica leis; é explicativo; pode fazer predições; é aberto; é útil”.

O conhecimento humano é em sua essência a busca por respostas aos problemas que se provém das relações entre a realidade vivida e o sujeito. Sendo assim, lança-se mão da pesquisa para se compreender e apreender os principais de funcionamentos de algo. Para Gil (2009, p.17), “a pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema”.

Sendo os métodos e metodologias primordiais para se ter informações verossímeis e plausíveis. O pesquisador no ato de formação de sua problemática e mais tarde de sua hipótese, precisa usar métodos cientificamente aceitos na busca pela compreensão do mundo. Pois se a forma pela qual ele chegou a sua proposição carecer de cientificidade, suas conclusões e achados terão pouca ou nenhuma validade científica.

            De acordo com RICHARDSON (1999), antes de escrever um projeto, o pesquisador deve decidir qual corrente epistemológica o orientará e estudar - dentro do quadro escolhido - as aproximações ao fenômeno. Isto significa revisar o conhecimento acumulado até o momento. Deve-se realizar uma interpretação do fenômeno - histórica ou atualizada - analisando suas diversas perspectivas, mediante referência ao que já se escreveu. A partir daí é que o pesquisador formulará o problema, as hipóteses, e dirá quais serão as suas contribuições, teóricas e práticas.

            Portanto a precariedade da hipótese só pode se embasar em dados reconhecidos cientificamente. Para RUDIO (1978), “hipótese é uma suposição que se faz na tentativa de explicar o que se desconhece. Esta suposição tem por característica o fato de ser provisória, devendo, portanto, ser testada para a verificação de sua validade. Trata-se de antecipar um conhecimento na expectativa de que possa ser comprovado.”.

            A pesquisa é a forma pela qual não somente se cria novos saberes, mas principalmente se aperfeiçoa e aglutina novas informações a saberes já existentes.

Segundo LUDKE e ANDRÉ (1986), “para realizar uma pesquisa é preciso promover um confronto entre o dados, as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele. Trata-se de construir uma porção do saber. Esse conhecimento é não só fruto da curiosidade, da inquietação, da inteligência e da atividade investigativa do pesquisador, mas também da continuação do que foi elaborado e sistematizado pelos que já trabalharam o assunto anteriormente”.

10. Referencias

 

 

LAKATOS, Eva Maria ; MARCONI, Marina A., "Metodologia Científica", Editora Atlas S.A., São Paulo SP. 1991

LAKATOS, Eva Maria ; MARCONI, Marina A., "Fundamentos da metodologia ciêntífica", 6º Ed. Editora Atlas, São Paulo. 2009.

GALLIANO, A. Guilherme. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Karper & Row do Brasil. [s. d.].

CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 3. ed. São Paulo: Ática, 1995.
 

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21ª ed. rev. e ampl.. São Paulo: Cortez,2000. p. 53

FERREIRA, A. B. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Nova Fronteira, 1996.

GARCEZ, Lucília H. do C. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p.23-45

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. 207 p.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

SANTOS, Antônio Raimundo dos. Metodologia científica: a construção do conhecimento. Rio de Janeiro: DP & A, 1999.

VERA, Armando Asti. Metodologia da pesquisa científica. São Paulo: Globo, 1989.