O ATO DE BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo ressaltar a importância do ato de brincar na educação infantil busca entender a importância das brincadeiras, dos jogos entre outras atividades lúdicas no universo escolar. É por meio das brincadeiras que a criança tem a oportunidade de aprender, de desenvolver-se, de comunicar-se e interagir uma com as outras e com o mundo, no brincar a criança desenvolve habilidades físicas, psicomotoras, sociais, afetivas e cognitivas. Este estudo fundamentou-se em pesquisas bibliográficas de diferentes pensadores em torno do tema, de artigos, revistas e sites. Desta forma, a pesquisa enfoca o conceito do ato de brincar como um instrumento pedagógico riquíssimo e de suma importância no desenvolvimento e aprendizagem da criança, além de proporcionar momentos lúdicos e prazerosos no desenvolvimento integral da criança.

Palavras-chaves: Brincar. Desenvolvimento. Aprendizagem. Educação infantil.

Abstract

This article aims to highlight the importance of playing in children’s education, trying to understand the importance of play, games and other recreational activities in the school universe. It is through the games that the child has the opportunity to learn, to develop, to communicate and to interact with each other and with the world, in playing the child develops physical, psychomotor, social, affective and cognitive abilities. This study was based on bibliographical research of different thinkers around the theme of articles, magazines and websites. In this way, the research focuses on the concept of play as a very rich and extremely important pedagogical instrument in the development and learning of the child, as well as providing playful and pleasurable moments in the integral development of the child.

Keywords: Play. Development. Learning. Child education.

 

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem o objetivo de esclarecer sobre a importância do “brincar” na educação infantil, mostrando que as brincadeiras, os jogos e outras atividades lúdicas são fundamentais no desenvolvimento integral e na aprendizagem da criança. Fundamentou-se em pesquisas bibliográficas de diferentes pensadores em torno do tema, de artigos, revistas e sites. Definindo o que é brincadeira é necessário ressaltar a importância do brincar para o desenvolvimento integral da criança nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Nesse contexto, o brincar na educação infantil proporciona a criança pensar e analisar sobre sua realidade, cultura e meio em que está inserida. Brincando a criança aprende a conhecer, a fazer, a conviver e a ser, favorecendo o desenvolvimento da autoconfiança, curiosidade, autonomia, linguagem e pensamento.

Ao brincar a criança é capaz de organizar suas competências, de desenvolver valores, princípios e regras. Por tudo isso, surge à importância de educadores especializados que valorizem o ato de brincar, que não vejam as brincadeiras como mero passatempo, pois elas ajudam no desenvolvimento da criança, promovendo processos de socialização e de descoberta de mundo, proporcionando uma aprendizagem significativa e o desenvolvimento físico, mental. Porém, os educadores devem estar cientes de que não é somente o brincar pelo brincar, é necessário que ocorra uma mediação e um brincar direcionado para determinados momentos.

Assim sendo, segundo este estudo os processos de desenvolvimento infantil, apontam que o brincar é uma fonte inesgotável para o desenvolvimento e aprendizagem da criança. Brincar é parte da aprendizagem da criança e que faz toda a diferença para o seu desenvolvimento bem como da importância que o profissional da educação deverá ter ao propor esta atividade em sala de aula.

2. A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Os principais termos utilizados para definir o “brincar” são os jogos, as brincadeiras, os brinquedos, a música, a dança, o teatro. A criança está sempre descobrindo e aprendendo coisas novas ao estar em contato com o meio onde vive, sendo assim o brincar na educação infantil tem função socializadora e integradora. A prática de brincadeiras na pré-escola possuiu suma importância no desenvolvimento e aprendizagem da criança. É brincando que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social, a adquirir sua própria opinião e a respeitar a opinião dos colegas. Ao brincar a criança começa a expressar-se com maior facilidade, aprende a ouvir comparar, concordar e discordar de diversas opiniões percebe a importância de compartilhar, suas alegrias, angústias e imaginações.

A brincadeira também é uma rica fonte de comunicação, até mesmo quando a criança está brincando sozinha, ela faz de conta, imagina que está conversando com alguém, a linguagem é desenvolvida com a ampliação do vocabulário em exercício da pronúncia das próprias palavras. A criança é um ser em constante fase de crescimento capaz de agir, interagir, descobrir e transformar o mundo, com suas habilidades, limitações e potencialidades.

Com base no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, (RCNEI):

A criança é um ser social que nasce com capacidades afetivas, emocionais e cognitivas. Tem o desejo de estar próximas das pessoas e é capaz de interagir e aprender com elas de forma que possa compreender e influenciar seu ambiente. Ampliando suas relações sociais, interações e formas de comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para se expressar. (RCNEI, Brasil, 1998, p.21).

A educação infantil é a base na vida escolar da criança, pois cria condições para que a criança possa conhecer e descobrir novos valores, costume e sentimentos, é por meio das interações sociais e nos processos de socialização que ela desenvolve sua própria identidade e autonomia. O ambiente escolar nessa fase deve conter espaço dinâmico, profissionais especializados e preparados para educação infantil, educadores que valorizem criatividade da criança, que utilizem materiais, brinquedos, músicas, livros, jogos, variados e adequados para cada faixa etária. Ao brincar a criança pensa e analisa sobre sua realidade, cultura e meio em que está inserida, discutindo sobre as regras e papeis sociais. Brincando a criança aprende a conhecer, a fazer, a conviver e a ser, favorecendo o desenvolvimento da autoconfiança, curiosidade, autonomia, linguagem e pensamento.

Para Vigotsky:

O brincar e a fonte de desenvolvimento e aprendizagem, constituindo uma atividade que impulsiona o desenvolvimento, pois a criança se comporta de forma mais avançada do que na vida cotidiana, exercendo os papeis e desenvolvendo ações que mobilizam novos conhecimentos, habilidades e processos de desenvolvimento e aprendizagem. (VIGOTSKY, 1998, p.81).

Brincar é de fundamental importância, pois é a linguagem secreta da criança, enquanto ela brinca, seu conhecimento sobre o mundo se amplia, são nas brincadeiras que ela assume diferentes papéis e representa de acordo com a realidade que ela imagina. Por exemplo: se ela imagina ser uma professora, age como se fosse uma, se imagina ser uma cantora procura imitar essa profissional enquanto brinca. As brincadeiras na educação infantil permitem que a criança se desenvolva em vários aspectos, por esse motivo que ela precisa brincar para poder crescer, socializar e aprender de forma saudável.

Kishimoto afirma que:

O brinquedo propõe um mundo imaginário da criança e do adulto, criador do objeto lúdico. No caso da criança, o imaginário varia conforme a idade: Para a pré-escola de três anos, está carregado de animismo, de cinco a seis anos, integra predominantemente elementos da realidade. (KISHIMOTO, 2000, p. 19).

Dessa forma, o brincar é uma fonte inesgotável para o desenvolvimento e aprendizagem da criança. No brincar a criança sempre se comporta além do comportamento habitual, ela consegue separar o pensamento, ou seja, ela passa a esforçar-se e agir sem sentir cansaço, ela não fica estressada, pois está livre de cobranças, a criança avança, descobre, realiza com alegria, sentindo-se mais capaz, mais confiante em si mesma e disposta a aprender.

3. O ATO DE BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA

A maioria dos pensadores e educadores que trabalham com esse tema ressalta a importância das brincadeiras no processo de aprendizagem e socialização.

Segundo Oliveira:

No brincar, as crianças vão também se constituindo como agentes de sua experiência social, organizando com autonomia suas ações e interações, elaborando planos e formas de ações conjuntas, criando regras de convivência social e de participação nas brincadeiras. (Oliveira, 2000, p. 101).

Ao brincar livremente, a criança é capaz de organizar suas competências de analisar, de desenvolver valores, princípios e regras. Por tudo isso, surge à importância de educadores preparados e especializados, que valorizem o ato de brincar nos primeiros anos de vida da criança.

Ainda de acordo com Oliveira (2000), “Na situação imaginária, a criança tem a oportunidade de se fazer autônoma, antes as situações e restrições impostas pelo mundo que a cerca.” O brinquedo auxilia nesse processo em que a criança, de forma espontânea e até mesmo inconsciente aprende a seguir regras, como podemos perceber as brincadeiras e os brinquedos é eficaz na interação lúdica e afetiva, a criança que brinca, certamente estará mais preparada emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções dentro do contexto social.

Oliveira acrescenta ainda:

O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o fortalecimento da autonomia da criança e contribuí para a não formação e até a quebra de estrutura defensiva. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a figura materna, mas realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos, e de ser uma mãe boa, forte e confiável. (OLIVEIRA, 2000, p.19).

As brincadeiras não são mero passatempo, elas ajudam no desenvolvimento da criança, promovendo processos de socialização e de descoberta de mundo. Permite que a criança aprenda de forma significativa, proporcionando o desenvolvimento físico, mental. As atividades lúdicas acionam e ativam as funções psico-neurológicos e operações mentais, estimulando o pensamento.

 

4. O ATO BRINCAR E SUAS IMPLICAÇÕES NA APRENDIZAGEM

A aprendizagem depende em grande parte da motivação: as necessidades e os interesses da criança são mais importantes que qualquer outra razão para que ela se dedique a uma atividade. Ser esperta, independente, curiosa, ter iniciativa e confiança em sua capacidade de construir uma idéia própria sobre as coisas, assim como expressar seu pensamento sentimentos com convicção, são características inerentes a personalidade integral das crianças.

As atividades lúdicas, não somente abre uma porta para o mundo social e para as culturas infantis, como se encontra uma rica possibilidade de incentivar seu desenvolvimento. As brincadeiras é alguma forma de divertimento típico da infância, Isto é, uma atividade natural da criança. Brincando a criança se diverte, faz exercício, constrói seu conhecimento e aprende a conviver com seus amiguinhos. Brincar é, portanto, fundamental para a prontidão escolar e o desempenho na escola. Pode igualmente desempenhar um papel importante na preparação para o mundo, além da sala de aula.

Reconhecer o lúdico é reconhecer a linguagem dos nossos tempos, é abrir portas e janelas e deixar que a inclinação vital penetre na escola, espane a poeira, apague as regras da escrita na lousa e acorde nossas crianças do sono.

Segundo Maluf:

O brincar proporcionar a inquisição de novos conhecimentos desenvolve habilidades de forma natural e agradável. Ele é uma das necessidades básicas da criança, é essencial para um bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo. (MALUF, 2003. p. 9).

A brincadeira representa o aprendizado na infância. É uma atuação singular no desenvolvimento humano e um meio para a preparação e a reelaborarão do conhecimento, devem ser aplicada na educação infantil, com a finalidade de ampliação do conhecimento. O brincar faz parte do lúdico e envolve o jogo, o brinquedo, o contar histórias, entre outras atividades. Quando a criança brinca estabelece diferentes vínculos, a brincadeira em si, possibilita que a criança reflita sobre as formas e ações com que as regras sociais são estabelecidas.

Líderes empresariais afirmam que na era do conhecimento, o sucesso dependerá de crianças que possuam um conjunto de habilidades que incluam colaboração – trabalho em equipe, competência social – conteúdo: leitura, matemática, ciências, histórias – comunicação: oral, escrita – criatividade – assumir riscos em aprender com seus erros.

Segundo Vigotsky:

A criança que sempre participar de jogos e brincadeiras grupais saberá trabalhar em grupo, por ter aprendido a aceitar as regras do jogo, saberá também respeitar as normas grupais e sociais. É brincando bastante que a criança vai aprendendo a ser um adulto consciente, capaz de participar e engajar-se na vida de sua comunidade. (VIGOTSKY, 1994, p. 82-83). 

Ao longo do tempo surgiram muitas teorias sobre aprendizagem, que deferem uma das outras. Todos nós aprendemos o tempo todo. Aqui está uma grande força do brincar: o indivíduo adulto quer que as crianças brinquem a sua maneira aproveitando dessa experiência toda aprendizagem para a qual eles estão prontos naquele momento. A brincadeira em situações educacionais proporciona um meio real de aprendizagem, no contexto escolar, isso professores capazes de compreender onde os alunos estão em sua aprendizagem e desenvolvimento e dá aos professores o ponto de partida para promover novas aprendizagens nos domínios cognitivos e afetivos. A participação em jogos e brincadeiras contribui para a formação de atitudes sociais como: respeito mútuo, cooperação, aceitação as regras, iniciativa pessoal e grupal, senso de responsabilidade e de justiça.

É importante lembrar que o educador, pode planejar e organizar um espaço infantil que esteja coerente e, não contraditório com seus objetivos. O educador precisa estar preparado para a realização das atividades, pois é ele o primeiro recurso desse processo, a escola deve oferecer aos alunos todos os recursos possíveis para progredir. Crianças que freqüentam ambientes que proporcionam o brincar estão aprendendo a lidar com as situações que irão sempre aparecer na sua vida, sendo de extrema importância os pais e os professores, pois estes são intermediários das brincadeiras, e é por meio delas que as crianças vão aprender as regras, os limites, entre outros valores fundamentais para convivência social.

 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim sendo, este artigo nos permite refletir sobre a importância do brincar na educação infantil, tendo sido possível desvelar que o ato de brincar é de extrema importância para o desenvolvimento integral da criança e são elementos indispensáveis ao relacionamento com outras pessoas. Dessa maneira, a criança estabelece com os jogos e as brincadeiras uma relação natural e consegue extravasar suas tristezas e alegrias, angústias, entusiasmos, passividades e agressividades, é por meio da brincadeira que a criança envolve-se um com outros, na visão psicopedagógica isso auxilia na prevenção e diagnóstico de problemas de aprendizagem.

A brincadeira, o brinquedo e o jogo proporcionam mecanismo para desenvolver a memória, a linguagem, a atenção, a percepção, a criatividade e habilidade para melhor desenvolver a aprendizagem. O lúdico enquanto recurso pedagógico na aprendizagem deve ser encarado de forma séria, competente e responsável, tanto para educadores em trabalhos escolares, quanto para psicopedagogos nas intervenções de problemas de aprendizagem. Usado de maneira correta, poderá oportunizar ao educador e ao educando, importantes momentos de aprendizagens em múltiplos aspectos. Na visão da psicopedagoga a importância na aprendizagem, o lúdico vem favorecendo de forma eficaz o pleno desenvolvimento das potencias criativas das crianças, cabendo ao profissional intervir de forma adequada, sem atrapalhar a criatividade da criança.

Portanto, o brincar se destaca novamente para nos revelar que os esquemas que a criança utiliza para organizar as brincadeiras, os jogos, os brinquedos são os mesmos que ela utiliza para lidar como o conhecimento. Nessa perspectiva podemos concluir que é fundamental esse entendimento a fim de que os educadores possam identificar e intervir positivamente nas dificuldades da criança.

6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação e do desporto. Secretaria de educação Fundamental. Referencial curricular nacional para infantil: formação pessoal e social. Brasília: MEC / SEF, V. 01 e 02. 1998, P. 85.

KISHIMOTO, T. M. (org.). Jogo, brinquedo, brincadeiras e a educação. 4ª. Ed. São Paulo: Cortez, 2000.

MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar, prazer e aprendizagem. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

OLIVEIRA, Vera Barros de (org.). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

VIGOTSKY. L.S. A formação Social da mente. 6ª Ed. São Paulo, SP. Martins Fontes Editora LTDA, 1998.

VIGOTSKY, Lev. Semenovich. A formação social da mente. O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 5ª. Ed. São Paulo. Martins Fontes, 1994.