FACULDADE EVANGELICA DO MEIO NORTE-FAEME

Maria Ilza de Oliveira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O ASPECTO DA FILOSOFIA E A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rondon do Pará

2008

 

   
   
 
   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DEDICATÓRIA

Ao meu querido e amado Jesus, razão de toda a minha vida e existência, meu oásis de sabedoria e fiel companheiro nas horas e horas de estudo.

 

 

 

 

EPÍGRAFE

“Se não morre aquele que escreve um livro ou planta uma árvore, com mais razão não morre o educador, que semeia a vida e escreve na alma.”

 

(Brecht)

 

 

RESUMO

Pode se conceituar a filosofia na história da educação como o estudo da ciência que através da reflexão, ela localiza o problema tornando possível a sua delimitação na área de tal ou qual ciência, que pode então analisá-lo e, solucioná-lo. Além disso, enquanto a ciência isola o seu aspecto do contexto e analisa separadamente, a filosofia, embora dirigindo-se às vezes apenas a uma parcela da realidade, insere-a no contexto e a examina em função do conjunto. Entretanto, a presente pesquisa se desenvolveu com o propósito de identificar dificuldades e contribuir com a apresentação de propostas que possam diminuir as deficiências existentes na história da educação, não esquecendo que a eficácia dessa luta pela transformação depende muito da ousadia de experimentar o novo e não apenas idealizá-lo. A essência desse trabalho é encorajar os alunos a pensar e agir reflexivamente por si mesmos, em vez de apenas responder à palavra ou vontade de qualquer figura de autoridade. Isto é necessário em termos de desenvolvimento mental e ético num processo de aprendizagem, onde o indivíduo possa desenvolver seu potencial livremente e explorar as possibilidades para tornar-se construtor do seu próprio conhecimento.

SUMÁRIO

RESUMO  ...........................................................................................................   07

INTRODUÇÃO  ..................................................................................................  09

I – PANORAMA HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO  ...............................................         11

1.1 O ASPECTO FILOSÓFICO NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO  .....................      12

1.2 A EDUCAÇÃO ANTES DA ESCOLA  ..........................................................         13

1.3 A EDUCAÇÃO ESCRAVISTA  .....................................................................          15

1.4 EDUCAÇÃO ROMANA  ...............................................................................            16

1.5 A EDUCAÇÃO MEDIEVAL  ..........................................................................          18

1.6 A EDUCAÇÃO NOVA  ................................................................................. 19

II – AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS QUE SE DEFRONTAM NO CENÁRIO

EDUCACIONAL  ................................................................................................  22

2.1 A TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL  ....................................................        23

2.2 A TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA  ........................................................        24

2.3 A TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA  .......................................................        25

III – EDUCAÇÃO ESCOLAR E SUAS FINALIDADES  .....................................       28

3.1 A EDUCAÇÃO COMO REDENÇÃO, REPRODUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO

DA SOCIEDADE  ................................................................................................ 29

3.2 EDUCAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL  ......................................................        32

3.3 A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO  .............................................       33

3.4 EDUCAÇÃO NO MUNDO GLOBALIZADO E TECNOLÓGICO  ..................     34

3.5 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO E O QUESTIONAMENTO SOBRE O HOMEM 36

CONSIDERAÇÕES FINAIS  ..............................................................................           39

REFERÊNCIAS  ................................................................................................. 41

INTRODUÇÃO

Em se tratando do atual processo de ensino, procuramos realizar uma pesquisa visando investigar quais problemas e dificuldades a escola vem enfrentando hoje, bem como suas origens. A compreensão e a apreciação da filosofia da educação ajudarão a pessoa a compreender sua sociedade. A filosofia tem uma influência profunda sobre a formação e o desenvolvimento de instituições e de valores. Não devemos subestimar a importância de ideias em moldar a sociedade. A filosofia nos ajuda a perceber o que está envolvido nas grandes perguntas que indivíduos e sociedades devem fazer, e também nos ajuda a não nos deixarmos iludir pelas evasivas e omissões das técnicas políticas e publicitárias.

Visto que a filosofia é uma busca da verdade, então, a filosofia contribuirá ao nosso entendimento e do mundo. Além disso, a história demonstra que argumentos e conceitos filosóficos têm desempenhado um papel importante no desenvolvimento da história da educação.

Considerando a abrangência da questão, fundamentou-se a presente pesquisa em estudo bibliográfico analítico da educação primitiva, passando pelo ensino escravista e romano, para ventilar, em seguida, a educação nova e as tendências que interpretam o papel da educação atualmente (redentora, reprodutora e transformadora), considerando sua necessidade institucional e as características e tarefas de sua função social e política, ressaltando ainda as perspectivas, promessas e realidade da escola, analisando finalmente os aspectos da filosofia na história da educação.

Sabe-se que vários fatores influenciam no processo do desenvolvimento da história da educação, na formação e na integração ética e moral dos seres humanos, conscientizando-os da importância da cidadania e também na preservação de valores básicos responsáveis pela construção de uma sociedade verdadeiramente voltada em defender seus direitos e os direitos do próximo.

A educação hoje tem enfrentado muitos conflitos na tentativa de sobrevivência no mundo em que vivemos, na busca da certeza que desempenhou um grande e importante papel na história da humanidade. Apesar da crise moral e ética que a escola vem enfrentando nas últimas décadas, esperamos através desta pesquisa colaborar com a escola na formação e na integração ética e moral dos seres humanos, conscientizando-os da importância da cidadania e também na preservação de valores básicos responsáveis pela construção de uma sociedade voltada a participar e contribuir diretamente com a educação, procurando facilitar uma visão abrangente e introdutória do campo; fornecer fundamentos teóricos e conhecer suas origens históricas, sua evolução e linhas de pensamento, de acordo com as necessidades e influências temporais.

Hoje, a escola é uma das instituições sociais mais resistentes à mudança. Entretanto, embora haja segmentos mais abertos, o corpo docente está mais propenso a conservar do que mudar. Apesar da escola “democrática”, hoje, tentar ocupar um lugar consagrado no Brasil, onde possa ocorrer uma educação justa e igualitária para todos e que tenha como objetivos a necessidade do desenvolvimento cultural do povo, de modo a preparar o indivíduo para o mundo competitivo e moderno.

 


I – PANORAMA HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO

Apesar da crise moral e ética que a educação vem enfrentando nas últimas décadas, tanto no Brasil como na América Latina tem a finalidade de esconder e não de revelar a realidade. O homem é um ser que possui senso ético e uma consciência moral que constantemente avalia e julga as ações. E aí está a elite a confirmar este fato, principalmente quando ao longo da história da educação aplicam-se em elaborar leis quase perfeitas mais distantes da realidade. Ao meu entender, essa tal tendência constitui uma característica fundamental das classes sociais dominantes, ao longo da história da educação.

Ao desenvolver este conteúdo, percebeu-se que a história da educação baseia-se em fatos isolados, preocupando unicamente com armamentos de guerras, batalhas e grandes heróis.

A história nos mostra que, apesar das intensas lutas do seu povo, o Brasil sempre foi mantido numa situação de dependência. Inicialmente, de Portugal; depois, da Inglaterra; por último, dos Estados Unidos. E a educação foi um dos instrumentos de que lançaram mão os sucessivos grupos que ocuparam o poder para promover e preservar essa dependência. Quando não através da exclusão pura e simples, impedindo-se o acesso de grande parte dos brasileiros à escola, por meio de um ensino para a submissão, desprovido da preocupação crítica, tanto em seus conteúdos quanto em seus métodos.

No entanto, procura-se identificar e analisar os principais fatos e ideias que caracterizam a evolução da educação brasileira durante pouco mais de dois séculos, os jesuítas prestaram decisiva contribuição ao processo de colonização do Brasil. Dedicaram-se a duas tarefas principais: a pregação da fé católica e o trabalho educativo.

A escola de primeiras letras foi um dos instrumentos de que lançaram mão os jesuítas para alcançar seu objetivo mais importante: a difusão e conservação da fé católica entre senhores de engenho, colonos, negros, escravos e índios.

Numerosas transformações políticas, econômicas, sociais e culturais, ocorridas na história da educação, no âmbito do desenvolvimento capitalista, levam a Inglaterra a apoiar a independência das colônias espanholas e portuguesas para dominar mais facilmente seus mercados. No Brasil, o Tratado de 1810 concedeu à Inglaterra uma posição privilegiada.

A década de 1920 marcou um momento de grande discussão na educação brasileira. O modelo até então existente, que dava ênfase à formação das elites, foi colocado em xeque. Em seu lugar, propunha-se a instituição de um sistema nacional de educação, com ênfase na educação básica, no ensino primário, mas formando um todo articulado, do primário ao superior.

Os educadores que participavam dos debates e discussões nutriam um grande entusiasmo pela educação: acreditavam que através dela poderiam modificar a própria sociedade. Por isso, seria necessário montar um moderno e eficiente sistema de educação, em que caberia à esfera federal a responsabilidade fundamental. Seria preciso acabar de vez com a omissão da esfera federal em face dos graves problemas educacionais.

No tocante às competências educacionais, durante a primeira república, viram-se frustrados os ideais republicanos: federação, democracia, convivência social, progresso econômico, independência cultural. A frustração gerou a crise, que repercutiu no campo educacional e levou à Revolução de 1930, responsável por várias transformações educacionais.

1.1 O ASPECTO FILOSÓFICO NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

O aspecto que trata da filosofia na história da educação é observar, examinar, sintetizar, analisar, especular, prescrever e avaliar as atividades que têm tradicionalmente sido o centro dos esforços filosóficos.

Embora a educação seja uma prática social, é necessário que alcance prioridade na organização social que capacita o indivíduo a viver de forma autônoma na sociedade, precisa deixar de ser tratada como um serviço de segunda categoria, de importância subalterna, para tornar-se um setor prioritário.

A filosofia, cada vez mais, ocupa-se com as condições e os princípios do conhecimento que pretende ser racional e verdadeiro: com a origem, a forma e o conteúdo dos valores éticos, políticos, artísticos e cultural com a compreensão das causas e das formas da ilusão e do preconceito no plano individual e coletivo: com as transformações históricas dos conceitos, das ideias e dos valores.

A filosofia volta-se, também, para o estudo da consciência em suas várias modalidades: percepção, imaginação, memória, linguagem, inteligência, experiência, reflexão, comportamento, vontade, desejo e paixões, procurando descrever as formas e os conteúdos dessas modalidades de relação entre o ser humano e o mundo, do ser humano consigo mesmo e com os outros.

A filosofia não é ciência: é uma reflexão crítica sobre os procedimentos e conceitos científicos, é também a busca do fundamento e do sentido da realidade em suas múltiplas formas indagando o que são, qual sua permanência e qual a necessidade interna que as transforma em outras.

A filosofia provoca um estado de inquietação e perplexidade, para culminar numa atitude crítica diante do real; Aristóteles e Platão dizima que a filosofia começa com a perplexidade, ou melhor, com “a atitude assombro do ser humano perante a natureza”.

Não é tão importante pontuar o que e quando diferentes pensadores escreveram suas teses, para julgar-se entendedor dos princípios filosóficos. A filosofia é própria de quem sabe captar e renovar os problemas universais sobre o cosmo e sobre a vida, procurando satisfazer as exigências atuais, significantes por novos e velhos problemas situados em diversos ciclos histórico-culturais.

1.2 A EDUCAÇÃO ANTES DA ESCOLA

Pode-se afirmar que em pleno século XXI, ainda hoje, existem lugares onde não há escolas, mas, no entanto, a educação não deixa de ocorrer, embora ela aconteça por processos diferentes. Veja como exemplo a educação primitiva, não era formal e ocorria de forma espontânea, sem métodos impostos, os conhecimentos e adaptações do meio social ocorriam de maneira natural, com o objetivo de ajustar o indivíduo ao ambiente físico e social por meio das experiências de seus antepassados, sendo que, a família era a base para oferecer os conhecimentos que fossem necessários para que o indivíduo tivesse um aprendizado condizente com o meio em que vive.

Os povos primitivos tinham a imitação como principal forma para adquirir os conhecimentos, nos primeiros anos a imitação era inconsciente, isto é, as crianças utilizavam nas brincadeiras pequenas reproduções dos instrumentos utilizados pelos adultos, conforme o sexo. Na segunda etapa, a imitação torna-se consciente, isto é, as crianças passam a participar das atividades dos adultos e passam a aprender por imitação, não mais como brincadeira e sim como forma de trabalho. Já na fase mais elevada da vida dos povos primitivos, a educação tem um valor especial ao iniciar as cerimônias que são voltadas para os valores morais, filosóficos, religiosos, éticos, sociais e práticos, na medida em que se caracterizava as cerimônias, verificava-se desde o início da adolescência até a admissão do jovem à comunidade adulta da tribo.

As cerimônias de iniciação servem para transmitir aos jovens a explicação do universo e, assim, torná-los capazes de assegurar um satisfatório ajustamento às suas exigências, o indivíduo era moldado conforme os padrões existentes na comunidade que vivia, na medida que a criança ia crescendo, perdia e absorvia tudo o que acontecia na sociedade a qual estava inserido. Estas cerimônias serviam para os adultos repassar aos jovens sua cultura, seu modo de viver e educar através de experiências, costumes e crenças.

Segundo Aníbal Ponce (1998, p. 21), as ideias e os sentimentos dos indivíduos eram impregnados pelas gerações anteriores, das ideias e dos sentimentos elaborados pelas gerações anteriores e submergiam de maneira irresistível numa ordem social que as influenciava e moldava. Nada viam e nada sentiam a não ser através das maneiras consagradas pelo seu grupo. A sua consciência era um fragmento da consciência social que se desenvolvia dentro dela.

Era em torno da coletividade que a educação primitiva girava livremente. O indivíduo ia se adequando ao meio ambiente, adquirindo hábitos e práticas sem que fossem impostas por métodos e formas criadas pelos adultos, aos poucos iam se tornando parte das funções da coletividade, mantendo-se, não obstante as diferenças naturais no mesmo nível dos adultos.

Enquanto a organização genética da sociedade baseia-se na família, a organização política baseia-se na individualidade, com o passar do tempo, a vida primitiva foi se moldando e as novas realidades dos excedentes da produção e a substituição da propriedade comum pela propriedade privada, fizeram surgir a divisão do trabalho em função do sexo e da idade, que antes não existia. Com a transição da sociedade primitiva é que começa a surgir a desintegração dos grupos, vindo a emergir a exploração e as desigualdades sociais, culturais e econômicas, que tornou a maioria submissa aos dirigentes da comunidade. Para tanto, o conhecimento, que outrora era para todos, passou a ser ministrado conforme o desempenho de determinadas funções e os seus detentores começaram a manipulá-lo como fonte de domínio.

Desse modo, as funções de direções passaram a ser patrimônio de um pequeno grupo que defendiam seus interesses.

Assim, os fins da educação deixaram de estar implícitos na estrutura total da família e da comunidade, passando a ser monopolizada pelos poderosos com a intenção de conservar a manter a posição da classe dominante. Para o povo menos favorecido só permitiam o aprendizado tecnicista suficientes para desempenhar os trabalhos grosseiros, enquanto isto, a educação era destinada somente aos filhos da classe dominante. Não havia interesses por parte da classe dominante, que a classe dominada integrassem a família, a comunidade aos conhecimentos científicos.

Para conceituar o modo como as classes exploradoras conseguiram cumprir seus propósitos na antiguidade, tomando como exemplo a Grécia e Roma, onde o segmento dominante se apropriou da transmissão e assimilação do conhecimento que era inicialmente comum a todos, e foi transformado em segredo a ser transmitido apenas àqueles que pertenciam ao grupo dominante.

1.3 A EDUCAÇÃO ESCRAVISTA

Ao longo da história no processo de evolução, a educação e a escola são realidades que encontramos nas mais diversas formas, podendo verificar que sempre houve o reconhecimento do significado e da importância da educação à realização de determinados objetivos sociais.

Os espartanos introduziram uma educação que dava aos indivíduos a perfeição física e utilizavam a educação institucionalizada para transmitir às novas gerações os conhecimentos condizentes a seu povo. Quanto aos conhecimentos que não eram significativos para a manutenção da dominação, podiam ser adquiridos por todos.

Segundo Nelson Piletti e Claudino Piletti (2002, p. 29), o objetivo da educação espartana era dar a cada indivíduo da classe dominante um nível de perfeição física, coragem e obediência às leis que os levassem a serem soldados ideais, só assim os espartanos se tornariam um modelo de bravura, vigor e tenacidade.

Atenas tinha uma educação contrária da educação espartana, preocupava-se com a formação completa do homem, colocando o desenvolvimento físico e o intelectual no mesmo nível, levando o povo a acumular um grande número de triunfos militares.

Na “democrática” Atenas, os segmentos dominantes também reconheciam a importância da educação institucionalizada para o desenvolvimento de seus descendentes. A educação era sistematiza e orientada para a cultura e a vida política, é baseada em conhecimentos voltados para a arte de argumentar a oratória. Era preciso saber falar em público e argumentar para convencer os cidadãos, pois só seria considerada uma pessoa culta quem desse mostra de seu repertório de poesias líricas ao ser convidado a alguns banquetes. No entanto, a democracia era patriarcal e escravista, era distribuída apenas para a minoria de homens livres, e esses eram os únicos que poderiam participar da política. Sendo que, a grande maioria era constituída de escravos que não tinham direito á educação e a participar da política

A separação entre a força física e a força mental impunha ao mundo antigo estas duas condições: para trabalhar, era necessário gemer na miséria da escravidão, e, para estudar, era preciso refugiar-se no egoísmo da solidão.

1.4 EDUCAÇÃO ROMANA

Mediante a alguns relatos, pode-se afirmar que os romanos tinham uma mentalidade prática, isto é, procuravam atingir seus objetivos através de resultados concretos adaptando os meios aos fins. Devido a essa praticidade é que o primeiro período da educação especial romana predominava de maneira especial o método de educação prática. A prática na agricultura era a única maneia de que os romanos pobres deveriam ser educados. O aprendizado da agricultura se desenvolvia no nível doméstico; com a guerra, os primeiros ensinamentos eram no campo de exercício, depois na corte general, já na política os jovens adestravam-se assistindo às sessões do senado, onde predominava a oratória, que era o meio mais eficaz de se dedicar à carreira pública, ocupar as magistraturas ao influir poderosamente na vida social.

A educação era o centro para as famílias romanas, dando total contribuição à mulher para essa tarefa e, em outras relacionadas com o lar. Sendo que, em primeiro lugar estava o ancestral da família, depois o da comunidade, só assim eles poderiam manter a tradição de seus costumes e culturas.

Constatou-se que na cultura romana o orador era um filósofo, todas as funções oratórias desempenhadas naquela época eram feitas pelos oradores. Só que com o tempo a oratória se transformou num simples treino para a aquisição da habilidade de falar em público, sem se preocupar com o conteúdo do discurso. Houve a necessidade de se preencher tais deficiências. Surgiram então os estudos da filosofia e direito e se tornou indispensável uma formação sistemática de jurista e do magistrado.

Durante o último período da educação romana, antes o lar era a única escola, anos depois dessa etapa, começaram a surgir escolas elementares, conhecidas como Ludi, isto é, como brinquedo, jogo ou divertimento, que passaram a ministrar os rudimentos das artes de ler, escrever e contar.

À medida que as guerras e o comércio se expandiram, foram fazendo com que ela entrasse em contato com outros povos, provocando novas necessidades às instruções educacionais das escolas gregas de gramática e retórica. Os gramaticais levavam de casa em casa as instruções necessárias à política, dos negócios e as disputas nos tribunais, já os retores ensinavam a cultura especializada que conduzia em linhas retas aos altos cargos oficiais, ministrando um treino complexo em oratória, a eloquência na teoria e na prática. Mas, ao limitar-se à classe mais elevada, a educação romana entrou em decadência, passando a ser substituída pela educação imposta pela primitiva Igreja Católica Apostólica Cristã.

Segundo Larroyo, a velha do ludi-magister já não podia satisfazer por si mesma as novas exigências; junto dela se foi gerando um novo tipo de instituição.

O que mais levou a educação romana ao declínio foi o fato dela ter passado a se limitar à classe mais elevada. A educação já não se destina a ser a educação prática de todo o povo, mas o ornamento de uma sociedade oca, superficial e geralmente corrupta; já não é um estado de desenvolvimento possível para um povo inteiro, ou para o indivíduo de dada categoria, mas a simples obtenção ou mesmo mera insígnia de distinção de uma classe favorecida.

Assim, a educação ministrada pela primitiva Igreja Cristã veio, gradualmente, substituir a decadente educação romana que perdeu a sua importância social.

1.5 A EDUCAÇÃO MEDIEVAL

A Educação Medieval teve como ponto de partida a religião para que viesse utilizar a doutrina da Igreja Cristã e prática do culto pelo elemento intelectual. Já o cristianismo trouxe um novo tipo de educação, com nova concepção de vida e novas normas de comportamento. Apesar das novas normas de comportamento, a maioria da população continuou sem acesso à educação formal e passaram toda a sua vida sem saber escrever e ler.

A Igreja Cristã teve grande domínio na Educação em grande parte do período medieval, assim, ela poderia impor seus métodos e a educação ficaria restrita unicamente às doutrinas da igreja. Sabemos que naquele período as escolas eram mosteiros ou catedrais e os professores eram monges ou padres. Com isso, ficaria fácil para a igreja manipular o povo, impondo suas doutrinas.

Segundo Aníbal Ponce, a esse respeito conta que as escolas monásticas eram de duas categorias: umas destinadas à instrução dos futuros monges, chamada “escolas oblatas”, em que se ministrava a instrução religiosa necessária para a época (...) e outra, destinada à “instrução” da plebe, que eram as verdadeiras escolas monásticas.

Os monges, além de exercer a função de transcrever os manuscritos, contribuíram também com o trabalho de registro do saber da época de As Sete Artes Liberais. Esse conjunto de Artes Liberais foi chamado inicialmente de escolástica, devido ao conjunto do saber que era transmitido nas escolas do tipo clerical, mais tarde deu-se o mesmo nome aos que se dedicavam à filosofia e à teologia. Num sentido mais amplo, pode-se dizer que a escolática é um movimento intelectual oriundo da Idade Média que visava desenvolver e formular as crenças católicas por meio de um sistema lógico que valorizava o raciocínio dedutivo. E foi nessa mesma época que começou a surgir as primeiras universidades, com um fluxo muito grande influências no desenvolvimento cultural, científico e econômico.

Essas universidades estabeleciam suas próprias regras de funcionamento e dentro de seus muros permitia-se total liberdade de pensamento e ensino e se constituíam nos únicos centros culturais e formulados de opinião da época, visto que então não existia a imprensa, nem cooperações políticas em funcionamento regular.

O cristianismo trouxe um novo ideal educacional, enquanto os filósofos gregos davam mais importância ao aspecto intelectual do homem, o cristianismo, pelo contrário, passou a dar maior importância ao aspecto moral. O cristianismo não se baseia na felicidade imediata, nem no de vida da razão; baseia-se na ideia de caridade cristã ou amor, que é a expressão mais individual e completa da personalidade humana.

No Sermão da Montanha, Jesus Cristo instaura uma nova visão do mundo e da vida que contrasta com as culturas precedentes, fundadas num ideal heróico, aristocrático e terreno da existência.

Segundo Clemente de Alexandria, sustentava que os evangelhos eram o platonismo aperfeiçoado e que Platão era o Moisés helenizado. Ensinou que a filosofia pagã era um “pedagogo para conduzir o mundo a Cristo”.

São Jerônimo, autor da versão da Bíblia para o latim, combateu no campo educacional, a disciplina excessiva no ensino de sua época. Enfatizou também a importância de se respeitar a personalidade do aluno e de se criar, na escola, um ambiente de amizade.

1.6 A EDUCAÇÃO NOVA

O início do século XX foi um período marcado pelos avanços tecnológicos, pelas guerras e revoluções. E, diante de mudanças constantes e rápidas, transformações é que contribuíram de maneira decisiva para o surgimento do novo pensamento pedagógico. Então, a escola foi colocada em um emaranhado de ideias e propostas visando torná-las adequadas aos novos tempos e às novas realidades.

É com base em duas ideias centrais que os educadores começaram a se preocupar com as mudanças que traria uma nova realidade para adequar o ensino a essa realidade, primeiro o aluno passa a ser o centro no contexto do mundo em que vive, como ponto de partida para que seja alcançado os objetivos educacionais, a segunda considera que a construção do conhecimento do aluno deve estar relacionado com a sua vivência do dia a dia, experimentos e pesquisas. Quanto ao professor, seria um orientador e não um mero transmissor de conhecimentos prontos.

A educação ativa proposta pela escola-novista seduzia os intelectuais interessados em unir ensino e trabalho, foi assim que surgiram teóricos, embora com propostas diferentes, priorizando o aluno como centro da educação, métodos adequados à realidade, integração do meio com o trabalho educativo e a valorização das experiências e das práticas. Essa proposta, apesar das preocupações, não foi totalmente positiva, visto que veio acompanhada da ideia da universalização da educação, havendo a necessidade de aplicação de recursos cada vez maiores no ensino, causando queda no nível de qualidade da educação, trazendo à tona inúmeras variantes de ordem econômica, social e psicológica. A esse respeito, a participação das amplas massas da escola média leva a tendência a afrouxar a disciplina do estudo, a provocar “facilidades”.

Nesse sentido, Lênin, citado por Paulo Gheraldelli Jr., sempre preocupado com as artimanhas da burguesia, procurou alertar os educadores mais afoitos quanto às reais consequências que a introdução do modelo escola-novista traria ao processo revolucionário: “Abordaria aqui as acusações, as censuras à velha escola, que constantemente se ouvem o que conduzem não raro a interpretações inteiramente falsas”.

Diz-se que a velha escola era uma velha escola de estudo livresco, uma escola de aprendizado decorado. Isso é verdade, mas, é preciso saber distinguir aquilo que a velha escola tinha de útil para nós, é preciso saber escolher dela aquilo que é necessário para o comunismo.

Portanto, a preocupação de Lênin não estava no sentido de defender a educação tradicional, mas, sim, de não deixar que os chamados “métodos novos” levassem o processo de escolarização ao fracasso, interrompendo a formação de uma geração responsável pela construção do saber.

Com isso, pode-se escrever a aprendizagem como sendo um processo de aquisição e assimilação de novos padrões e novas formas de perceber, ser, pensar e agir.

A educação não só deve adequar-se ao mundo em que se verifica, como também é fator de progresso desse mundo e também é o método fundamental do progresso e da ação social e o professor ao ensinar não só educa indivíduos, mas contribui para formar uma vida social justa. O processo educativo tem dois aspectos: um psicológico e o outro social, que consiste em preparar o indivíduo para as tarefas que desempenhará na sociedade. Cabe à escola tentar harmonizar os dois aspectos, tendo em vista que as potencialidades do aluno só encontram significado dentro de um ambiente social.

Já a pedagoga científica Maria Montessori, concebe a educação como auto-educação, como um processo espontâneo através do qual desenvolve-se na alma da criança o homem que lá estava adormecido, ela propõe à escola um mundo adaptado à criança, em que tudo – móveis, instalações, etc. – tivesse as dimensões da criança e no qual ela dispusesse de numerosos materiais didáticos que lhe possibilitassem educar-se a si mesmo.

II – AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS QUE SE DEFRONTAM NO CENÁRIO EDUCACIONAL

Referindo-se à relação existente entre Pedagogia e Filosofia, mostrando, de um lado, que a pedagogia se delineia a partir de uma posição filosófica definida; e, de outro lado, compreender as perspectivas das relações entre educação e sociedade. Verifica-se que são três as tendências que interpretam o papel da educação na sociedade: educação como redenção, educação como reprodução e educação como transformação da sociedade.

Para desenvolver a abordagem das tendências pedagógicas, utilizamos como critério a posição que cada tendência adota em relação às finalidades sociais a escola. É evidente que tanto as tendências quanto suas manifestações não são puras, nem mutuamente exclusivas, o que, aliás, é a limitação principal de qualquer tentativa de classificação. Em alguns casos, as tendências que se complementam, em outros, divergem. De qualquer modo, a classificação e sua descrição poderão funcionar como um instrumento de análise para o professor avaliar a sua prática de sala de aula.

A exposição das tendências pedagógicas compõe-se de uma caracterização geral das tendências liberal e progressista, seguidas da apresentação das pedagogias que se traduzem e que se manifestam na prática docente.

A educação brasileira, pelo menos nos últimos cinquenta anos, tem sido marcada pelas tendências liberais, nas suas formas ora conservadora, ora renovada. Evidentemente tais tendências se manifestam, concretamente, nas práticas escolares e no ideário pedagógico de muitos professores, ainda que estes não se dêem conta dessa influência.

A pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais, por isso, os indivíduos precisam aprender a se adaptar aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes através do desenvolvimento da cultura individual.

Na tendência tradicional, a pedagogia liberal se caracteriza por acentuar o ensino humanístico, de cultura geral, no qual o aluno é educado para atingir, pelo próprio esforço, sua plena realização como pessoa. Mas a educação é um processo interno, não externo; ela parte das necessidades e interesses individuais necessários para a adaptação ao meio.

A atuação da escola consiste na preparação intelectual e moral dos alunos para assumir sua posição na sociedade. O compromisso da escola é com a cultura, os problemas sociais pertencem à sociedade.

Acentua-se na tendência renovada não-diretiva o papel da escola na formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. O ensino é uma atividade excessivamente valorizada; face ao propósito de favorecer à pessoa um clima de autodesenvolvimento e realização pessoal, o que implica estar bem consigo próprio e com seus semelhantes. O resultado de uma boa educação é muito semelhante ao de uma boa terapia.

Até o momento foi abordada a filosofia nos seus aspectos que se articulam com a pedagogia, tentando compreender seu método e seus desdobramentos. Agora, cabe-nos refletir a instância na qual a pedagogia se traduz em prática docente: a escola propriamente dita.

2.1 A TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL

Parte do princípio de que a melhor forma de adaptar e preparar o indivíduo para vida em sociedade é fazer com que assimile uma série de conhecimentos referentes à cultura e à ciência, acumulados no decorrer do desenvolvimento da civilização humana. Nesse contexto, cabe ao aluno adquirir o maior número possível para, com isso, desenvolver uma função útil à sociedade.

O objetivo da tendência pedagógica tradicional é a transmissão de conhecimentos acumulados no decorrer da história. O caminho cultural em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem. Assim, os menos capazes devem lutar para superar suas dificuldades e conquistar seu lugar junto aos mais capazes. Caso não consigam, devem procurar o ensino mais profissionalizante.

A tendência liberal tradicional predomina a autoridade do professor que exige atitude receptiva dos alunos e impede qualquer comunicação entre eles no decorrer da aula. O professor transmite o conteúdo na forma de verdade a ser absorvida; e é visto como enciclopédia e o aluno como um caderno em branco.

A pedagogia liberal tradicional é viva e atuante em nossas escolas. Na descrição apresentada aqui, incluem-se as escolas religiosas ou leigas, que adotam uma orientação clássico-humanista ou uma orientação humano-científica, sendo que esta se aproxima mais do modelo de escola predominante em nossa história educacional.

Ao selecionar a escola como objeto de reflexão filosófica, não a fazemos de maneira gratuita. A razão é que, à medida que a sociedade humana foi se tornando complexa, teve necessidade de institucionalizar um meio eficiente de transmissão da cultura acumulada, necessária à sua sobrevivência.

Daí que, no nosso caso, a escola, como uma instância de ação, surgida das próprias necessidades históricas de ação, surgida das próprias necessidades históricas da humanidade, adquire um significado especial como uma das instituições onde nossos ideais educacionais podem traduzir-se em prática pedagógica e, pois, em práticas sociais e políticas.

2.2 A TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA

Parte do princípio de que a melhor forma de adaptar e preparar o indivíduo para a vida em sociedade é fazer com que ele, em lugar de apenas acumular conhecimentos, aprenda a formar como eles se criam. A ênfase não está no acúmulo de informações, mas nas formas de métodos que possibilitem chegar a elas.

Para atingir esse fim, a tendência pedagógica renovada propõe a elaboração de pesquisa por parte dos alunos. O objetivo passa a se ensinar os alunos a pesquisar para que possam criar conhecimento, em lugar de recebê-lo pronto, como prega a pedagogia tradicional.

Entretanto, a noção de democracia empregada aqui não se refere à igualdade de oportunidade para todos. A democracia é vista como a liberdade de ascensão social através da competição e, nesse sentido, essa tendência pedagógica também não questiona e não critica os fundamentos da nossa vida social; ela mantém, embora de maneira dissimulada, o objetivo de adaptar o indivíduo à sociedade para não transformá-la e sim adequar às necessidades individuais ao meio social e, para isso, ela deve se organizar de forma a retratar, o quanto possível, a vida. Todo ser dispõe dentro de si mesmo de mecanismos de adaptação progressiva ao meio e de uma consequente integração dessas formas de adaptação no comportamento. À escola cabe suprir as experiências que permitam ao aluno educar-se, num processo ativo de construção e reconstrução do objeto, numa interação entre estruturas cognitivas do indivíduo e estruturas do ambiente.

A motivação depende da força de estimulação do problema e das disposições internas e interesses do aluno. Assim, aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem, sendo o ambiente apenas o meio estimulador.

Os princípios da pedagogia progressista vêm sendo difundidos, em larga escala, nos cursos superiores e muitos professores sofrem sua influência.

A escola é, antes de tudo, um local onde se encaminha o indivíduo a “fazer uso da razão”. Assim, sendo, é obrigação do professor fazer com que todas as suas exigências sejam acompanhadas de justificativas e explicações lógicas, que façam sentido, permitindo o debate com os alunos antes de serem estabelecidas.

A partir das considerações feitas acima, é curioso notar que a ação educativa em uma escola realiza-se através de um grupo de professores. Quanto mais unificada for a ação, melhores serão os resultados. Logo, é necessário que haja entendimento entre os professores, de modo a formarem um todo de ação coerente em seus objetivos de natureza dedutiva.

Todo caráter essencialmente político da educação, recebe contribuição de uma reflexão ética, para a formação moral e para o desenvolvimento de atitudes reflexivas cada vez mais autônomas, mais capazes de posicionar-se e atuar em situações críticas do contexto educacional.

2.3 A TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA

Funciona como modeladora do comportamento humano, prevalecendo o esforço do professor em desenvolver seu estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos alunos. Propõe uma educação centrada no aluno, visando formar sua personalidade através da vivência de experiência que lhe permitem desenvolver características inerentes à sua natureza.

A motivação resulta do desejo de adequação pessoal na busca da auto-realização, suas ideias influenciam em números expressivos de educadores e professores que se dedicam ao aconselhamento de técnicas específicas social e global no contexto lógico e psicológico por especialistas ao conhecimento eliminando-se qualquer sinal de subjetividade. A tecnologia educacional é a aplicação sistemática de princípios científicos, observáveis e mensuráveis na análise da tarefa correspondente aos objetivos educacionais.

As teorias de aprendizagem que fundamentam a pedagogia tecnicista dizem que aprender é uma questão de modificação do desempenho e uma aprendizagem diferente e inserir a escola nos modelos de racionalização do sistema de produção capitalista na aplicação da metodologia tecnicista como planejamento, livros didáticos, procedimentos de avaliação no contexto que configura numa postura tecnicista do professor no exercício profissional com sua postura eclética em torno de princípios pedagógicos assentados nas pedagogias tradicional e renovada.

O termo saber tem hoje, por força das coisas e nela a realidade do uso das técnicas específicas para um amplo sentido de compreender o sistema social e global.

Neste sentido bastante lato, o conceito de saber poderá ser aplicado à aprendizagem de ordem prática e pedagógica, ao mesmo tempo, as determinações de ordem científicas propriamente intelectual e teórica nos conteúdos de ensino.

A escola atua no aperfeiçoamento da ordem social vigente articulando-se diretamente com o sistema produtivo, empregando a ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse imediato é o de produzir indivíduos competentes para o mercado de trabalho, transmitindo eficientemente informações precisas, objetivas e rápidas.

Parte do princípio de que a melhor forma de adaptar o indivíduo à sociedade capitalista é fazer com que receba certas informações a partir do eixo estímulo-resposta. Isto é, o aluno recebe a informação, ao qual deverá apresentar uma resposta adequada.

Cabe aos especialistas em educação elaborar estímulos e programas de ensino. Ao professor, cabe apenas a aplicação desse estímulo e programas na sala de aula. O professor não é visto nem como enciclopédia, nem como orientador, mas sim como o instrutor da máquina de ensino. O professor-instrutor representa o elemento que treina ou adestra o aluno a realizar com êxito uma tarefa qualquer. Entretanto, não há indícios seguros de que os professores da escola pública tenham assimilado a pedagogia tecnicista, pelo menos em termos de ideário. A aplicação da metodologia tecnicista não configura mais para uma postura eclética em torno de princípios pedagógicos assentados nas pedagogias tradicional e renovada.

III – EDUCAÇÃO ESCOLAR E SUAS FINALIDADES

A educação escolar tem como finalidade manter e conservar a sociedade integrando harmonicamente os indivíduos no todo social já existente. Nesse contexto, pode-se afirmar que a educação adquire uma significativa margem de autonomia, interferindo quase de maneira absoluta nos destinos da sociedade.

A educação se manifesta como um instrumento de manutenção ou transformação social. Fundamentando e orientando assim um caminho para que possa cumprir os seus fins.

Neste sentido, a educação é um processo que pretende fazer o recém nascido semelhante aos demais sujeitos da comunidade.

Neste caso, chamamos educação, ao processo de ensino ao qual é submetido o ser humano, desde seu nascimento. E que, adquirindo este acervo cultural, ele seja capaz de viver com autonomia e de modo solidário em sua comunidade.

O ser humano quando nasce, o faz em um contexto definido – espaço, tempo, cultura – é nesta instância que ele se educa. Assim é o conteúdo da educação, conforme os valores, objetivos e aspirações de cada sociedade, o processo básico, todavia, é o mesmo.

Domina-se o conteúdo da educação a tudo o que se ensina e se aprende no processo educativo.

A educação sistemática e escola configuram os eixos essenciais do currículo acadêmico e é preciso ter claro que embora a educação abarque todo o universo cultural de um povo, o conteúdo da educação não é todo o conjunto cultural de uma comunidade, e que, portanto, não se ensina “tudo”, mas apenas o tido como mais importante e indispensável em cada tempo e lugar. Desta forma, os conteúdos da educação, o que se ensina e se aprende, varia conforme a circunstância histórica, uma vez que as necessidades e aspirações de cada grupo são diferentes.

As ações educativas são instrumentos necessários tanto para a sobrevivência do indivíduo como da própria sociedade a qual pertence, e implica um “padrão”, quer dizer, um objetivo, uma finalidade e trata precisamente da construção da pessoa conforme o ideal almejado socialmente. Neste sentido, é uma configuração humana controlada. Assim, por exemplo, se a agressividade não faz parte do “padrão” ou objetivo, a educação tratará de anulá-la, favorecendo, de outro lado, comportamentos dialógicos, tolerantes, respeitosos e convincentes.

Para melhor compreender o que é educação, o educador se norteará através da compreensão, que lhe dará condições de agir de modo consciente da sua prática educativa.

No âmbito educacional, as finalidades metodológicas vêm ganhando cada vez mais espaços. Sabe-se, porém, que essa é a realidade atual, porque os educadores sempre estiveram entre concepções diferentes quanto aos reais objetivos da educação.

Para falar de educação e, necessariamente, falar de ética, política, enfim, de toda uma visão de mundo. A educação não é um conjunto de teorias abstratas a respeito da arte de transmitir conhecimento, e tampouco uma simples prática de reflexão em função de um projeto de homem e de sociedade.

A educação tem como finalidade definir de modo mais precioso o objeto da educação; é guiar o homem no desenvolvimento dinâmico, no curso do qual se constituirá como pessoa humana, é a organização dos recursos biológicos e individuais, e das capacidades de comportamento. Portanto, a educação tem que ser entendida como um processo que possibilita ao homem “construir-se de acordo com o imaginário humano, tido em cada tempo e lugar como ótimo”.

 

 

 

3.1 A EDUCAÇÃO COMO REDENÇÃO, REPRODUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE

Na concepção redentora, pode-se ressaltar que a educação tem a tarefa de ser responsável pela direção da sociedade, de modo a direcionar a vida social, atuando como salvadora, pois é através da educação que o homem pode atuar em sociedade, buscando conhecimentos, experiências, e tem a oportunidade de progredir e retomar o equilíbrio e a harmonia, isto é, a educação fica com a tarefa de recuperar a harmonia e a ordem que só encontra com a dedicação, amor, autoridade, precisão ao desempenhar sua função junto à sociedade vigente, a começar pela educação infantil até a completa formação do indivíduo.

Cabe a nós indagarmos sobre as verdadeiras condições que a educação sempre se mostra na atualidade. Procurando ajudar a corrigir os desvios e mazelas decorrentes dos problemas sociais, políticos, econômicos e religiosos na qual os educadores são ao mesmo tempo instrutor, mediador, orientador, condutor e salvador para curar muitas vezes o puro otimismo ilusório.

Segundo Comênio, citado por Luckesi (1990, p. 39), em sua obra Didática Magna, tratando da Arte Universla de ensinar tudo a todos, deixa claro que, na sua visão, só a educação poderia trazer e recuperar a harmonia que foi perdida, harmonia essa dada por Deus, na criação do mundo, na qual o homem através de seus delírios de quedas, distorções e desvios introduziu o desequilíbrio.

Para Comênio, havia uma ordem, uma harmonia que foi quebrada, e ele lamentava o desequilíbrio social existente da sua época e desequilíbrio consequência da desobediência à harmonia original. Ele não acreditava nas possibilidades de organizar a sociedade através dos adultos, para ele, a redimição seria através da educação das crianças e dos jovens, formando suas mentes e dirigindo suas ações a partir dos ensinamentos. Assim, elas estariam sendo adaptadas ao ideal de sociedade através da educação.

Pode-se perceber que a educação como redenção está voltada para a direção da sociedade, quanto a educação reprodutivista é apenas uma instância dentro da sociedade e a serviço dela, passando a ser um elemento da própria sociedade, determinada por seus condicionantes econômicos, sociais e políticos. A educação é vista como instrumento essencial de reconstrução da democracia no Brasil, com a integração de todos os grupos sociais.

Segundo Althusser, citado por Luckesi (1990, p. 44), a escola atua em sentidos diversos, mas complementares. Tanto a classe de explorados, quanto a de exploradores recebem uma educação de acordo com a situação profissional que ocupa ou ocupará. A educação é oferecida de maneira a assegurar a hegemonia da classe dominante.

O poder dominante é tão forte que não deixa nenhuma possibilidade da escola trabalhar pela transformação da sociedade, sendo a escola somente um instrumento de reprodução e de manutenção do sistema social vigente.

Assim, conforme essa visão, façam o que fizerem os professores – lutem, melhorem suas práticas, seu métodos e materiais, tudo será em vão, porque sempre reproduzimos a ideologia dominante e, pois, a sociedade vigente.

A educação transformadora tem como perspectiva subsidiar a mediação de um projeto social que pode conservar ou transformar a sociedade. Essa tendência pretende demonstrar que é possível compreender a educação perante a sociedade sempre considerando a necessidade e a possibilidade de trabalhar pela democracia, sem deixar de levar em conta seus determinantes e condicionantes.

A tendência transformadora supõe, assim, uma confiança quase inabalável na educação como instrumento de transformação da sociedade. Ilustra bem essa concepção o comentário de Gasset, citado por Ponce (1998, p. 168), se a educação transformadora de uma realidade, de acordo com certa ideia melhor que possuímos e se a educação só pode ser de caráter social, resultará que a Pedagogia é a ciência de transformar sociedades.

Integrada intrinsecamente à estrutura econômica, não será simples à educação e aos educadores efetivar esse projeto transformador na sociedade capitalista, pois esta possui muitos ardis pelo que faz com que a escola se constitua conforme os interesses da luta de classes, o que não favorece as modificações. Nesse sentido, raciocina Saviani:

 

 

O agente transformador da sociedade, atua como mediador, é o meio para se alcançar algum objetivo, lutar por seus ideais, seja na luta contra a marginalidade, prostituição, dentre outros, ou para melhorar a capacitação profissional e intelectual da sociedade, a escola utiliza seus mecanismos para se retornar vigorosamente contra os problemas que acontecem à sociedade. (SAVIANI, 1990, p. 50)

 

 

 

Entretanto, para melhor absorção no processo educacional como um todo, é necessário que aconteça a junção das duas tarefas que cabe à educação perante à sociedade, redimindo e reproduzindo, para então chegar a transformar, juntamente com os procedimentos e técnicas, recursos audiovisuais e tecnológicos, proporcione e assegurem a aprendizagem de maneira eficaz e satisfatória ao corpo docente e discente.

Em resumo, ao analisar o papel da educação como redentora, reprodutora e transformadora da sociedade, percebe-se que é tão forte os elementos que o sistema recebe e também passa para a sociedade, de maneira que, ao ensinar, transmitir conhecimentos, informações, experiências, ou ainda, de servir de instrutora, tendo ou não a participação direta ou indireta do indivíduo, diferentes posturas, metodologias pedagógicas e didáticas se misturam nesse contexto, onde o mais importante é alcançar o objetivo esperado, a expansão e propagação do processo ensino-aprendizagem, onde a educação se faz com educação.

3.2 EDUCAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL

A ética é o estudo dos valores morais e da conduta e preocupa-se em prover valores corretos como base para atitudes corretas; para a civilização mundial o estudo da ética é de grande importância e pode ter o poder de destruir a ordem natural através de processos “pacíficos” industriais ou de eliminar de uma forma mais violente a cultura atual através de uma guerra nuclear. A ciência e a tecnologia por si mesmas são moralmente neutras, mas os usos para os quais são colocadas envolvem considerações éticas.

A ética profissional é o compromisso de o homem respeitar os seus semelhantes, no trato da profissão que exerce. Toda ação profissional visa ao sustento próprio da família, bem como à conservação dos elementos fundamentais da comunidade e desenvolvimento social.

Dessa forma, serão tratados neste conteúdo, aspectos éticos na construção do orientador educacional, no que se refere ao sigilo nas informações sobre os alunos, familiares, professores e demais elementos da escola e da comunidade.

O comportamento ético em relação às informações sobre alunos, funcionários e pessoas da comunidade é um dos principais aspectos a serem considerados. O professor por ser o continuador da família na escola, deste modo, não pode desconhecer a família nos seus aspectos ativo, social e cultural. Por outro lado, têm obrigações morais e éticas com a escola em que trabalha e com a direção.

A escola é, antes de tudo, um local onde se encaminha o indivíduo a “fazer uso da razão”. Assim sendo, é obrigação do professor fazer com que todas as suas exigências sejam acompanhadas de justificativas e explicações lógicas, que façam sentido, permitindo o debate com os alunos antes de serem estabelecidas.

Todo caráter essencialmente político da educação, recebe contribuição de uma reflexão ética, para a formação moral e para o desenvolvimento de atitudes reflexivas cada vez mais autônomas, mais capazes de posicionar-se e atuar em situações de conflito.

Por essa visão ética, percebe-se que a educação se enquadra nessa unidade, tendo como fator de referência o próprio homem que, por sua vez, se apresenta na concepção como uma unidade da educação libertadora.

3.3 A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO

Considerando que vivemos em uma sociedade globalizadora e sistematizada, na qual aqueles que não reconhecem os códigos da linguagem escrita são inevitavelmente marginalizados na dinâmica das relações sociais. É preciso questionar sobre as práticas pedagógicas e as políticas públicas que favorecem a sociedade como um todo.

Diante de tudo isso, surge a curiosidade de saber como está sendo aplicada a prática pedagógica nesta modalidade de ensino, pois o educador tem grande participação, formando alunos críticos e participativos, conhecedores de seus direitos e deveres para exercer a cidadania.

Que a educação seja o processo através da qual o indivíduo toma a história em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma, acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as consequências de sua escolha.

Enfim, aliados aos desejos e necessidades dos sujeitos estão as exigências do mundo do trabalho e da sociedade em geral. Essa constatação se dá a partir de uma visão não muito otimista a respeito da função desempenhada pela escola na sociedade hoje. Não há dúvidas de que podemos pensar numa escola como instituição que pode construir para a formação social.

Mas, uma coisa é falar das suas potencialidades; falar do que a escola poderia ser, uma realidade que levaria as camadas trabalhadoras a se apropriar do saber que ao longo da história ela vem construindo e conseguindo desenvolver a consciência crítica, uma coisa é a escola poder construir para as transformações sociais, outra seria a de considerar que a escola que aí está esteja cumprindo essa função. Infelizmente, essa escola é assim, reprodutora de certas ideologias dominantes e negadoras dos valores e das diversas culturas da população menos favorecida, é uma colaboradora da injustiça e da exclusão social na medida em que relaciona de acordo a estrutura econômica de cada sujeito/aluno a ela confiado.

Se as circunstâncias do ambiente educacional mudam, é importante que os educadores entendam conscientemente as crenças que governam suas ações, para que fiquem flexíveis ao aplicar os princípios educacionais que se desenvolvem fora de sua cosmovisão. Há tanta liberdade de escolha quanto responsabilidade individual ao aplicar opiniões filosóficas à prática educacional. Esta responsabilidade e liberdade são parte do aspecto profissional do ensinar. Ensinar não é aprender uma fórmula de relacionar-se às pessoas ou seguir um traçado para o desenvolvimento do caráter cristão. É uma arte que requer pensamento e ações responsáveis da parte do educador. Para praticar esta arte, o educador deve ter um entendimento das implicações psicológicas e sociológicas, assim como as filosóficas na interação humana. Esta compreensão é parte fundamental do papel crucial dos pais e dos educadores profissionais.

Para muitos, e, principalmente, os menos favorecidos, a escola é o único meio de subida na vida e que vêem nos estudos a única forma de compreensão das desigualdades sociais.

3.4 EDUCAÇÃO NO MUNDO GLOBALIZADO E TECNOLÓGICO

Em pleno século XXI, vivemos num mundo onde a tecnologia avançada mistura-se com os horrores da miséria. E a ampla parcela da sociedade brasileira de pouca escolaridade e de vida econômica miserável vem enfrentando um modelo de educação que tem deparado com as condições econômicas, levando-os aos desgastes psicológicos e sociológicos.

Está claro, inclusive para esta ampla parcela de pouca escolaridade, que o modelo de educação que vem sendo implantado desde o final da década de 80, e em meio a um processo de reforma da economia e do Estado que se intensificou sob o governo FHC, é parte de um processo de amplitude internacional. No mundo globalizado, seria desatualizado qualquer modelo genuinamente nacional de educação, sobretudo um modelo não fundado nas nações de produtividade, eficiência, “qualidade” – atributos exclusivos da iniciativa privada – e que não priorize a preparação do aluno para a competitividade do mercado nacional e internacional.

O mundo vive um acelerado desenvolvimento, em que a tecnologia está presente em atividades comuns. A escola, para contribuir com sua parcela na formação de indivíduos que possa exercer sua cidadania, participando dos processos de transformação e construção da realidade, deve estar aberta a incorporar novos hábitos, comportamentos, percepções e demandas. Nesse sentido, deve ao mesmo tempo integrar a cultura tecnológica extra-escolar dos alunos e professores ao seu cotidiano para que os alunos possam desenvolver habilidades para utilizar os instrumentos de sua cultura.

O mundo globalizado exige da educação um desenvolvimento crítico do aluno e uma tomada de consciência da interdependência mundial, que lhes permita adquirir habilidades para tratar destas questões.

A educação no mundo globalizado precisa desenvolver nos educandos a capacidade de equilibrar o atendimento das necessidades sociais e econômicas do ser humano com as necessidades de preservação do meio ambiente e dos recursos naturais de maneira que garanta a sustentabilidade da vida no mundo.

A escola do século XXI, deve ser uma escola aberta, que possa possibilitar e abrir a mente das pessoas para que possam pensar mundialmente. Para que haja esse elo, é preciso criar uma forte interação entre os povos através de valores comuns e de uma educação que aproxime o oriente e o ocidente.

A tecnologia tende em levar a escola dos próximos anos a intensificar a compreensão e comunicação de idiomas modernos, pelas ligações e interações entre culturas diferenciadas pelos valores de uma educação que os aproxime. Para que esse fato venha concretizar é necessário que se deixe de lado o paradigma mecânico que até agora foi referência para a ciência.

Como vemos, é clara a importância da educação formal, não-formal, informal, popular... na sociedade, para se construir um mundo melhor do que este que temos. Apropriando-se dos meios oferecidos pelas novas tecnologias e pelo avanço do conhecimento científico, as pessoas, as universidades, os partidos políticos, as organizações populares e de classes, as igrejas, enfim, toda a sociedade organizada, tanto no âmbito nacional quanto no plano internacional, precisam adquirir uma consciência e propor ações políticas a fim de reverter o rumo da globalização, tal como ela se manifesta neste momento.

A era da informação é também a era da educação global, integrada e permanente a serviço da formação de todas as pessoas e não apenas a serviço do mercado de trabalho e do desenvolvimento industrial e empresarial. Afinal, educar quer dizer envolver a pessoa num processo de formação que abrange todas as suas dimensões. A dimensão profissional é apenas uma delas. Por isso, educar não pode ser entendido apenas como preparação para o mercado de trabalho. É também isso, mas, é mais que isso.

3.5 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO E O QUESTIONAMENTO SOBRE O HOMEM

Observa-se que a filosofia é, em parte, uma atividade e uma atitude. Atividade como exame, síntese, especulação, preceito, análise e avaliação; e se elas possuem as atitudes de autoconhecimento, visão ampla, perspicácia e flexibilidade, então eles se confrontarão com alguns princípios básicos relacionados à natureza da realidade, da verdade e dos valores.

A escola existe em um meio educacional complexo e os componentes desse meio podem não estar todos advogando a mesma mensagem relativa à realidade, verdade e valores. Isto, indubitavelmente, enfraquece o impacto da escola e dá aos indivíduos envolvidos no processo uma mensagem deturpada sobre o seu mundo e o que é importante na vida. Deve-se sempre ter em mente que a aprendizagem educação, treinamento e processo escolar ocupam lugar nesta complexidade de forças.

A filosofia da educação não está separada da filosofia geral; e parte dela aplicada à educação como uma área específica da busca das realizações humanas.

Apesar de seus pontos de vista diferenciados, as filosofias têm algumas características em comum. Cada uma tem a metafísica como seu interesse primário, cada uma afirma que o universo contém a verdade de uma espécie a priori e objetiva, que espera ser descoberta pelas pessoas, e todas acreditam que ambos os valores e a verdade são eternos e imutáveis em vez de relativos e transitórios.

Em educação, as filosofias tradicionais também têm pontos em comum, assim como diferenças, pois cada uma concebe a educação e a aprendizagem com uma tendência conservadora, pois sua função é transmitir a herança do passado à geração presente.

Todas essas filosofias causaram um impacto sobre a educação contemporânea.

A filosofia na qual esse problema de limitação entre o homem e o poder de Deus se mostra especialmente, é a da origem da terra e da vida, muitos cientistas afirmam que a Terra resulta da explosão de uma massa de origem desconhecida, e que a vida surgiu quando as condições corretas se apresentam. Mas a Teoria da Evolução não é tão segura cientificamente como muita gente pensa, e muitos filósofos têm chamado a atenção para os problemas científicos da evolução.

Até nossos dias, a evolução do ser humano esteve condicionada por uma série de mudanças na espécie, que só foram possíveis devido suas capacidades de pensar e lutar pela superação de suas necessidades, foi enfrentando com o raciocínio, necessidades como alimentação, vestuário ou moradia, que o gênero humano se desenvolveu. É bom lembrar que a consciência que o homem tem do mundo é mais intelectual, pois a consciência é fonte de intencionalidade, não são cognitivas, mas objetivas e práticas. O olhar do homem sobre o mundo é o ato pelo qual o homem experimenta o mundo, percebendo, imaginando, julgando, amando, temendo, etc.

Nas atividades filosóficas contemporâneas, verifica-se uma multiplicidade de tendências, que, na prática, podem ser realizadas as duas: a primeira mais ligada às verdadeiras preocupações, a filosofia procura renovar a compreensão dos seres e de suas características comuns pelo grande progresso do conhecimento sobre o homem e natureza, enquanto a outra, preocupa com os graves problemas da humanidade atual, tenta reorientar as relações entre os homens.

O trabalho leva o ser humano a seguir o caminho da civilização; a partir do momento em que transforma a natureza, o homem também se transforma. A natureza, por sua vez, passa a trazer as marcas da ação humana, ao mesmo em que o gênero humano evoluiu, transformando a natureza através do trabalho, o ser humano também desenvolveu ideias, valores e crenças sobre seu modo de vida. Com isso, podemos afirmar que a educação também é dimensão essencial na evolução do ser humano, pois em cada conquista rumo à civilização também se faz presente a necessidade de transmissão aos semelhantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em resposta ao problema central deste estudo, que questiona o aspecto da filosofia na história da educação, conclui-se que a educação é uma necessidade inerente ao indivíduo, para que o mesmo possa conhecer o mundo que o cerca e para encontrar-se nele. Hoje, constata-se que a educação tende a mudar os caminhos do processo educacional. Compreender a educação em todos os seus aspectos é essencial, pois não pode pensar em educação sem pensar em uma linha de conduta política a que se deve seguir.

Um dos fatores determinantes para essa mudança é a formação ética e moral, que é uma ação educativa, é fundamental para que se alcance as melhorias indispensáveis à qualidade do processo educacional. Se quiser avançar tem que começar a pensar, isto é, ver o todo, não pela simples somatória das partes que compõem a educação, mas pela percepção de que tudo está em tudo, tudo repercute em tudo, permitindo que a educação ocorra com base no diálogo entre as diversas áreas do saber.

Alguns aspectos nesse contexto merecem a atenção dos responsáveis pela história da educação, como a busca da democratização por meio de mudanças, não somente no âmbito da escola, mas, da própria família e da comunidade, visto que as consequências de uma sociedade injusta e discriminatória se refletem diretamente no meio escolar.

É preciso que a escola repense sua prática e encontre novos caminhos e alternativas pedagógicas significativas, buscando meios que levem o indivíduo a uma maior participação junto à educação, na qual, todos os cidadãos num só objetivo possam compartilhar as responsabilidades pela educação da educação, construindo uma sociedade em que seja possível o pleno exercício da cidadania. Para tanto, é necessário que compreendam a realidade em que se insere a história da educação, para que se estabeleça uma atitude permanentemente cooperativa, criativa, autônoma e responsável.

Ao educador cabe, a partir do claro entendimento da realidade presente, compreender os aspectos da filosofia na história da educação e municiar-se de subsídios teóricos e práticos que o habilitem a encarar essa relação com maior segurança.

A questão pedagógica deve ser encarada de um novo modo e incorporada por todos os envolvidos na educação, adquirindo assim, uma nova visão da ação educativa, que deve se caracterizar pelo claro reconhecimento da função social e política da educação, a qual deve ser apta a formar mais que indivíduos: cidadãos.

A tecnologia e o desenvolvimento cultural trouxeram consigo a necessidade de uma nova escola, que seja democrática e estimule a prática cooperativa, oportunizando assim uma renovação completa no modo de organizar e executar a atividade educacional, estabelecendo relações realmente democráticas na história da educação.

Diante disso, a sociedade brasileira, hoje, necessita adaptar-se e responder aos estímulos do progresso tecnológico; buscar respostas para uma realidade que está além do real que o país oferece, mas que o torna conhecido através da globalização, que vem nos reforçar a ideia de que vivemos num estado em que a democracia ainda “tropeça” numa “cultura” que instiga e valoriza o homem como um ser isolado, independente e autosuficiente.

Precisamos construir uma nova realidade. Refletir sobre nossas escolhas e ações, sobre o que faremos de nossas vidas e do mundo em que vivemos, é o primeiro passo. Se queremos um futuro melhor, num país que respeite seu povo, seu passado e seu futuro, não podemos viver como marginais da política, alheios à realidade da maioria e atentos somente ao “mundo” que nos cerca.

Só através de uma consciência de si mesmo como peça importante na construção de um estado democrático é que nos tornaremos verdadeiros seres humanos, pessoas autênticas e imprescindíveis ao planeta.

Este trabalho, apesar de poder servir como fonte de pesquisa, não contém em seu conteúdo verdades únicas e inquestionáveis, pois entende-se o conhecimento como algo em constante transformação, assim como o próprio ser humano, que precisa estar num processo de reflexão sobre si mesmo e sobre o mundo que o cerca.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 31. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.

BUENO, Francisco da Silva. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. 11. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1986.

COTRIN, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

FERREIRA, Nilde Teves. Cidadania – Uma questão para a Educação. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

__________. Imaginário social e Educação. Rio de Janeiro: Gryphus, 1992.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 25. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.

_______. Educação e Mudança. 26. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1995. (Coleção Questões de Nossa Época)

GHIRALDELLI JR., Paulo. O que é Pedagogia. São Paulo: Brasiliense, 1987. (Coleção Primeiros Passos)

GOLDO, Sílvio. Ética e Cidadania – Caminhos da Filosofia. 5. ed. s/c: Papirus, 1999.

KNIGHT, George R. Filosofia e Educação. 1. ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2001.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1990.

NÉRICI, Léidio G. Você e a Educação. São Paulo: Fundo de Cultura, 1967.

PILETTI, Claudino. Filosofia da Educação. São Paulo: s/e, 2002.

PILETTI, Nelson Claudino. História da Educação. São Paulo: Ática, 2002.

PONCE, Aníbal. Educação e luta de classe. 16. ed. São Paulo: Cortez, 1998.

SOUZA, Herbert de; RODRIGUES, Carlos. Ética e Cidadania. Rio de Janeiro: Moderna, 1994.

WHITE, Ellen G. Educação. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1977.