Números e operações nas séries iniciais e o conhecimento empírico do aluno

 Renata Cristine Miranda Pessôa 

                   A proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais ao ensino de Matemática, no qual, dá suporte ao desenvolvimento dos currículos está organizada em blocos: Números e Operações (Aritmética e Álgebra), Espaços e Formas (Geometria), Grandezas e Medidas (Aritmética, Álgebra e Geometria) e Tratamento da Informação (Estatística, Combinatória e Probabilidade). Sendo a educação um processo de construção do conhecimento do aluno, e tendo o educador como seu mediador verifica-se a necessidade de uma abordagem sobre dificuldade de trabalhar o bloco Números e Operações que leve em consideração o conhecimento empírico.

                   No modelo tradicional de educação o professor não consegue fazer com que o aluno faça a referência com o seu cotidiano, pois ocorre a explicação do conteúdo e em seguida verificação, que pode ser feita através de exercícios, teste e outros. Ou seja, o aluno se torna um depósito, um mero reprodutor de conhecimento, fato ocasionado por não haver a associação com a sua realidade. A sociedade atual caracterizada pelos avanços científicos e tecnológicos coloca a escola em uma nova situação, a de proporcionar ao aluno percorrer um caminho pelos seus próprios meios na busca do conhecimento. Sendo assim: 

Numa perspectiva de trabalho em que se considere a criança como protagonista da construção de sua aprendizagem, o papel do professor ganha novas dimensões. Uma faceta desse papel é a de organizador da aprendizagem; para desempenhá-la, além de conhecer as condições socioculturais, expectativas e competência cognitiva dos alunos, precisará escolher o(s) problema(s) que possibilita(m) a construção de conceitos/procedimentos e alimentar o processo de resolução, sempre tendo em vista os objetivos a que se propõe atingir. (BRASIL/MEC/SEF, 1997, p. 30/31)

 

                  Ao trabalhar  números e operações no ensino fundamental, o educador que participa ativamente do processo de ensino-aprendizagem deve levar em consideração o conhecimento empírico da criança, cada um compreende de maneira diferenciada o conteúdo, por causa da sua vivência, pode até parecer um pouco demorado ou trabalhoso esse procedimento, porém a longo prazo será muito eficaz porque o aluno verdadeiramente aprenderá.

 É fundamental ter sempre presente que o aluno aprende mais quando lhe é permitido fazer relações, experiências e ter contato com material concreto. Porém, infelizmente, muitas vezes a escola bloqueia ou dificulta o processo de aprendizagem justamente por impor a transmissão de conhecimentos em matemática de forma estanque, isolada, repetitiva e sem aplicações, não permitindo uma construção e desenvolvimento lógico no educando. (BOERI; VIONE, 2009).

 

               Os alunos das séries iniciais quando estão no processo de descoberta de contagem dos números não conseguem visualizar inicialmente a simbologia dos números, há a necessidade de colocar no papel “um por um” dos itens, por isso, é fundamental que o professor proporcione a criação de diferentes formas de resolução sempre trabalhando o raciocínio e domínio de procedimento. Tornando assim, a busca necessária a  transmissão e a recepção da informação através de metódos que proporcionem a investigação e a participação.

                Como proporcionar ao aluno uma maneira diferenciada de aprender?

“Por meio dos jogos as crianças não apenas vivenciam situações que se repetem, mas aprendem a lidar com símbolos e a pensar por analogia (jogos simbólicos): os significados das coisas passam a ser imaginados por elas. Ao criarem essas analogias, tornam-se produtoras de linguagens, criadoras de convenções, capacitando-se para se submeterem a regras e dar explicações”  (BRASIL/MEC/SEF, 1997, p. 35).

 

                  Os jogos são ferramentas que não podem ser trazidas a sala de aula de forma descontextualizado e  não podem está desvinculados do conteúdo a ser repassado, para serem eficazes o professor deve ter domínio da atividade e objetivos bem elabarados, pois, caso contrário, será objeto de frustração tanto para ele  quanto para o aluno. Esta ferramenta, auxilia no processo de ensino-aprendizagem como é demonstrado no Caderno da Tv Escola: PCN na Escola – Matemática 1, no qual é proposto  a uma classe de 1ª Série (1º Semestre) uma atividade de ordenação numérica: o bingo. Para que ocorrresse a troca de informações os alunos foram organizados em duplas, assim um poderia está dando suporte o outro em momentos de dúvidas, proporcionando a ambos a construção do conhecimento. Um dos diálogos relatados pela professora, que chama a atenção,  acontece entre quando é “cantado” o número 53, a aluna usa o conhecimento da sua realidade para auxiliar a marcação correta, ela informa ao seu companheiro que o número da sua casa é 50, e ele a questiona que não é esse número que procuram, ao fazer uma nova comparação, com o número da casa de sua amiga que no caso é o  57 a aluna pode concluir que a primeira posição em todos os casos permanecia sempre a mesma e bastava substituir a segunda posição que encontrariam o número desejado, ou seja, a associação entre o já conhecido e o novo. Como nem todos os alunos não conseguiram ter um raciocínio que possibilitasse a relação entre a atidade proposta e seu cotidiano, a professora percebeu a necessidade do trabalho com número redondos.

              Conforme Gomes a disciplina de Matemática acaba se tornando um monstro nas mentes dos alunos, devido os educadores praticarem insistentemente metodogogias que dificultam o processo ensino aprendizagem dos educando nos assuntos números e operações nas séries iniciais. E para Blumenthal, o fracasso ocorre porque as inovações trazidas pelos educadores matemáticos são mal interpretas e/ou mal utilizadas em sala de aula.

                Se para o ensino, de modo geral, não existem fórmulas prontas por que acreditar que com a disciplina de matemática seria diferente? A matemática é uma operação de adição, pois ela junta, reúne e acrescenta-se aos diversos saberes.

 Referências

 BOERI, Camila Nicola; VIONE, Márcio Tadeu (2009). Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=167794. Acesso em: 04/05/2010.

 Cadernos da TV Escola: PCN na Escola/Coordenação Geral Vera Maria Arantes. - Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação a Distância, Secretaria de Educação Fundamental, 1998.

 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais : matemática / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.

 BLUMENTHAL, Gladis. Disponível em: http://www.somatematica.com.br/artigos/a3/. Acesso em: 04/05/2010.

 GOMES, Irael Socrátes Hitler Ferreira. Disponível em: http://www.webartigosos.com/articles/17496/1/NUMEROS-E-OPERACOES-NAS-SERIES-INICIAIS-COMO-ENSINAR/pagina1.html. Acesso em: 03/05/2010.