Este artigo é um recorte de uma pesquisa de iniciação científica PIBIC/CNPq intitulada "Africanidades e educação escolar no Cariri cearense: estudo da cultura de base africana na Comunidade Chico Gomes - Crato/CE". Buscamos evidenciar neste, a constituição e a trajetória sócio-histórica de mulheres negras dessa localidade, destacando a sua participação nas atividades culturais desenvolvidas na comunidade e as implicações desta participação no processo de construção identitária. Indagamos como as práticas culturais de matriz africana da comunidade estão presentes e contribuem no processo de construção da identidade étnica. Para isso, usamos o aporte teóricometodológico de análise sob o viés sócio-histórico e antropológico coadnuado com as entrevistas semi-estruturadas e observações sistemáticas. Percebemos várias evidências que apontam múltiplas experiências da forte presença da mulher na história e na produção cultural da comunidade. As interlocutoras entrevistadas nesta pesquisa também demonstraram conflitos marcados por aspectos geracionais onde, as gerações mais novas, vem abandonando aos poucos as expressões culturais da localidade. Por outro lado, a presença do grupo cultural Urucongo que reúne a juventude da comunidade em torno da dança e da música foi constantemente referendado pelas moradoras como uma estratégia para a consolidação da identidade da comunidade bem como, para a preservação da cultura negra da localidade. As atividades culturais desenvolvidas pelo grupo Urucongo, tem contribuído de forma incisiva no processo afirmativo da identidade étnica, bem como, na consolidação de um espaço da educação não formal no Chico Gomes. Para tanto, entendemos que a educação escolar deve instrumentalizar-se a partir dessas vivências empreendidas pelo negro caririense a fim de proporcionar ao seu educando uma aprendizagem positiva da sua história e cultura.

Palavras Chave: Mulher negra. Cultura de base africana. Cariri cearense. Identidade afrodescendente.