Ainda pouco comum esta curiosa linha de trabalho, que reúne tantas etnias e povos diferentes, é regida pelo equilíbrio evolutivo de Xangô e vem nos trazer a sabedoria do passado. O nosso e o da humanidade.

Eis uma grande verdade: raros são os que buscam o auxílio espiritual quando tudo caminha nos conformes. É no medo, no incerto e, em último caso, na doença que buscamos as casas religiosas. Para o Pai Maior, não importa. Ele, que nunca nos desampara, só aguarda nosso pedido de ajuda. A doença física, como sabemos, não é causa, mas consequência do mental e espiritual em desarmonia.

Todos os guias de Umbanda trabalham com nossa cura física. Cada um em sua legião e falange, do preto-velho ao exu, realizam suas mirongas para nos curar. A sabedoria dos caboclos cura, a perspicácia dos malandros cura, a determinação das pombo-giras cura. Do espiritual para o mental, do mental para o físico. Ensinam e ativam suas magias de acordo com nosso entendimento, vontade e merecimento. Repetimos, é assim que todas as linhas trabalham, curando em sua esfera de atuação.

A linha do Oriente, que trabalha com entidades de civilizações remotas, trabalha com a cura ancestral. São as doenças e as dores que carregamos junto à nossa família, de nossos pais e avós, de gerações até anteriores a eles, de outras vidas que nos unem a eles. É daí que vêm seus arquétipos: guerreiros, homens de lei, mulheres das artes, feiticeiras, curandeiros, iogues, xamãs... de outros tempos, do passado que pouco sabemos, que só temos notícia. Muito parecido com nossas famílias, não é mesmo? Jamais saberemos tudo sobre nossos pais e os que os precederam, como jamais saberemos tudo sobre os Maias, os Persas e os Hebreus.

Mas, mesmo que dentro da tão rica ritualística – que nos diz pelos símbolos, pelos gestos e pelos conselhos –, saber sobre o nosso passado é um privilégio que exige merecimento. É por este motivo que Pai Xangô rege os guias do Oriente. Apenas dentro da Divina Justiça podemos resgatar tamanha cura: a de nossas relações ancestrais. Não do nosso relacionamento atual com o outro, mas do que foi carregado do passado. De nossos vícios em tratar o próximo e interagir com o ambiente.

Isso não significa que vamos para o atendimento dessas entidades esperando saber sobre nossas vidas passadas. Qualquer outro guia pode nos falar sobre elas, mas o mistério do resgate profundo ao passado está na Linha do Oriente. Os ciganos, por exemplo – que também se enquadram nesta linha -, trabalham com oráculos divinatórios, mas nem sempre nos revelam passado ou futuro. Porque nosso resgate, a nossa cura pode estar em saberes muito mais simples, como a consciência do presente.

Um arquétipo menos ligado às adivinhações, como os Romanos, podem incitar sentimentos do passado através da forma enérgica que falam e se movimentam. Ou uma graciosa e perfeccionista Gueixa pode nos trazer a paz que já não nos lembramos em poucos gestos. Saibamos sempre que um guia nunca se movimenta ou fala sem um propósito maior, sem que seja para nos mostrar algo.

Se estivermos passando por uma grande mudança de regeneração planetária, como nos diz o Plano Superior, não podemos deixar o que impede nossa evolução mal resolvido: nossa relação com as pessoas e as situações do passado. Por esta razão, cada vez mais presente nos terreiros, a Linha do Oriente vem em nosso resgate e é por isso que dizemos:

Salve a Linha do Oriente! Salve o Povo da Cura!