LIBERDADE! LIBERDADE! ABRE AS ASAS SOBRE NÓS!

 

O poeta pernambucano José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque (1867–1934) e o músico fluminense Leopoldo Américo Miguez (1850–1902), tomados de lídimo patriotismo quando da composição do HINO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA DO BRASIL, tornaram-no ainda mais magnífico e extraordinário ao sublinharem, no estribilho, esta bela frase: “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós!”

No dia 15 de novembro de 1889 o Brasil, sob a liderança do alagoano Manuel Deodoro da Fonseca (1827–1892), militar, marechal, urgia proclamar a sua República, com o fim de libertar-se definitivamente da monarquia constitucional parlamentarista do Império do Brasil. Proclamada, pois, a República dos Estados Unidos do Brasil, essa denominação vigorou até 1968, quando passou a se chamar República Federativa do Brasil, que vigora até a presente data; e, no primeiro momento, engendrou-se o supracitado Hino, que enfatiza a tão anelada liberdade.

E graças sobretudo ao Senhor nosso Deus, por nos ter dado um País livre e soberano!

Liberdade é a faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria determinação; é o estado ou condição de homem livre, e deve ser tão anelada e buscada quanto o ar que respiramos.

Às vezes damos pouco ou quase nenhum valor à liberdade. Isto porque gozamos plenamente de sua essência, ou seja, ela nos é tão intrínseca que já nos acostumamos a ela, que já não mais sentimos a sua falta, que não mais atentamos para a sua imprescindibilidade. Somente lhe damos o devido valor quando a perdemos...

Todavia, perguntemos a um presidiário, há tempos trancafiado, o que a liberdade significa para ele...

Perguntemos a um povo, subjugado por outro, sobre o valor da liberdade...

Perguntemos a um escravo de um vício qualquer, que possui um mínimo de amor próprio, e que deseja libertar-se dos grilhões do seu vício, se a liberdade faz algum sentido para ele...

Perguntemos a um exilado político, se o desejo de retornar à Pátria que o desprezou constitui-se-lhe na sonhada liberdade...

Perguntemos a uma pessoa que jaz num leito de enfermidade, cercada de cuidados médicos, e que passa os dias observando de sua janela a liberdade, o que ela mais deseja em sua vida...

Perguntemos a um cônjuge que, por motivos alheios à sua vontade, se mantem num vínculo matrimonial deveras infeliz, o que ele pensa sobre a liberdade...

Perguntemos a uma pessoa endividada até à alma, com credores desalmados em seus calcanhares, se há dinheiro que compre a liberdade...

Perguntemos a uma pessoa que, tendo recebido uma ameaça de morte, encontra-se agora longinquamente foragida de sua cidade amada, se a liberdade é por ela sobremaneira almejada...

Perguntemos a uma pessoa que, por motivos alheios à sua vontade, foi aprisionada num antro de prostituição, se a liberdade é a cama em que ela deseja sobremodo repousar a sua alma...

Soltemos um pássaro da inconveniente gaiola e observemos sua reação ante os ares da liberdade...

Certamente essas pessoas, enlevadas pelo imarcescível anelo de liberdade plena, fariam suas as palavras do ator gaúcho Walmor Chagas (1930–2013): “É livre aquele que aprendeu a libertar-se daquilo que o impede de ser livre.”

A verdade é que o homem não foi criado para ser escravo, presidiário, dominado; e sim para DOMINAR: “Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; DOMINAI...” (Gn.1:27,28)

O Senhor Jesus Cristo é o Libertador Supremo: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (Jo.8:36); e, como Supremo Libertador é Ele a Verdade que liberta: “E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará.” (id.v.32). Conhecendo, pois, a Verdade, conhecemos a Jesus; conhecendo a Jesus, conhecemos a Verdade, porquanto Ele é a Verdade (id.1:17; 14:6; 18:37,38).

O mundo servil tem um conceito rotundamente errôneo sobre a liberdade. Certa vez, o missionário batista Salomão Luiz Ginsburg (1867–1927) viajava tranquilamente em sua charrete, quando decidiu dar carona a um viandante. A conversa entre os dois fluía naturalmente, momento em que Salomão começou a falar-lhe de Cristo. Lá pelas tantas, ao perguntar ao carona se ele gostaria de receber a Jesus Cristo como seu Único Salvador e Senhor, a resposta foi negativa. O viajante disse-lhe que se considerava um homem livre, uma vez que, segundo ele, o discipulado de Jesus prende a pessoa a mandamentos e doutrinas. Salomão, percebendo que ele era fumante, pediu-lhe então a sua carteira de cigarros, e a deteve consigo, enquanto continuava falando-lhe de Cristo...

Decorrido algum tempo, não conseguindo mais controlar o desejo de baforar sua fumaça excessivamente fedorenta, o viciado pediu a Salomão que lhe devolvesse o seu maço de cigarros. O missionário não hesitou em perguntar-lhe: “Acaso você não me disse, ainda há pouco, que é um homem livre? Então, como você ainda se mantem acorrentado a um vício tão danoso?”

Aquele homem, evidentemente, gozava da liberdade segundo o mundo. Da liberdade (livre arbítrio) que a pessoa tem de se aprisionar àquilo que a impede de ser, de fato, livre. Da liberdade de se cometer o que é antagônico à Verdadeira Liberdade. Da falsa liberdade, cujo sinônimo é ESCRAVIDÃO AO PECADO. Assim escreveu o Apóstolo Pedro: “Prometendo-lhes LIBERDADE, quando eles mesmos são escravos da corrupção; porque de quem um homem é vencido, do mesmo é feito escravo.” (2Pd.2:19)

Portanto, nunca se coaduna o liberto com o libertino. E nunca, em hipótese alguma, se separa o liberto do Libertador Supremo: “Se, pois, o Filho vos libertar, VERDADEIRAMENTE SEREIS LIVRES.” (Jo.8:36). Verdadeiramente livre significa livre de verdade; e, uma vez livre, para sempre livre!

Disse-nos o Senhor Jesus Cristo: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para PROCLAMAR LIBERTAÇÃO aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para PÔR EM LIBERDADE os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor.” (Lc.4:18,19)

A grande obra de satanás é aprisionar as pessoas na masmorra do sofrimento, mas “para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo.” (1Jo.3:8). Assim, destruindo as obras do diabo, Jesus solta da prisão os cativos: “E estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava encurvada, e não podia de modo algum endireitar-se. Vendo-a Jesus, chamou-a, e disse-lhe: Mulher, estás LIVRE da tua enfermidade; (…) E não devia ser SOLTA desta prisão, no dia de sábado, esta que é filha de Abraão, a qual há dezoito anos satanás tinha presa?” (Lc.13:11,12,16)

O Senhor Jesus Cristo soltou da prisão satânica a pobre mulher; porém, muito mais importante do que a libertação da prisão da mazela, é a libertação da prisão da perdição eterna! Nada, mas absolutamente nada é mais importante e mais glorioso do que uma alma livre da condenação vindoura: “E esperardes dos céus a seu Filho, a quem Ele ressuscitou dentre os mortos, a saber, JESUS, QUE NOS LIVRA DA IRA VINDOURA.” (1Ts.1:10)

Paulo, o Apóstolo dos Gentios, que pode perfeitamente ser chamado de o Apóstolo da Liberdade, legou-nos a Epístola aos Gálatas, que é a Carta Magna da Liberdade. Assim escreveu ele, no ferrenho combate ao exclusivismo dos judaizantes contemporâneos seus, e também aos hodiernos opositores da Liberdade Plena: “O qual se deu a si mesmo por nossos pecados, PARA NOS LIVRAR do presente século mau, segundo a vontade de nosso Deus e Pai. (…) E isto por causa dos falsos irmãos intrusos, os quais furtivamente entraram a espiar a nossa LIBERDADE, que temos em Cristo Jesus, para nos escravizar. (…) Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da LIVRE. Todavia o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da LIVRE, por promessa. (…) Mas a Jerusalém que é de cima é LIVRE; a qual é nossa mãe. (…) Que diz, porém, a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da LIVRE. Pelo que, irmãos, não somos filhos da escrava, mas da LIVRE. (…) Para a LIBERDADE Cristo nos LIBERTOU; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jugo de escravidão. (…) Porque vós, irmãos, fostes chamados à LIBERDADE. Mas não useis de LIBERDADE para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros.” (Gl.1:4; 2:4; 4:22,23,26,30,31; 5:1,13)

Dirigindo-se ainda aos filhos de Deus, Paulo diz: “LIBERTOS do pecado, fostes feitos servos da justiça. (…) Mas agora, LIBERTOS do pecado, e feitos servos de Deus; tendes o vosso fruto para a santificação, e por fim a Vida Eterna.” (Rm.6:18,22). E prossegue, dizendo que nós somos escravos libertos porque escravos de Cristo: “Pois aquele que foi chamado no Senhor, mesmo sendo escravo, é um LIBERTO do Senhor; e assim também o que foi chamado sendo livre, escravo é de Cristo.” (1Co.7:22). Sim, somos escravos de Cristo, embora libertos, porque nEle, no Senhor, há Liberdade: “Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há LIBERDADE.” (2Co.3:17). Libertos que somos do pecado, este Espírito, que é o Senhor, em Cristo Jesus nos livrou também da morte, visto que Ele é o Espírito da Vida: “Porque a lei do Espírito da Vida, em Cristo Jesus, te LIVROU da lei do pecado e da morte.” (Rm.8:2)

Por ser do Senhor a Liberdade, porquanto “onde está o Espírito do Senhor aí há LIBERDADE.” (2Co.3:17), e o Senhor, que é o Espírito, está sempre conosco (Mt.28:20; Jo.14:16-18,26), a liberdade deve ser apregoada por nós, já livres do pecado e da morte (Rm.8:2), a todos os habitantes da terra (Lv.25:10); e, assim como o Senhor Jesus Cristo a proclama (Lc.4:18), devemos igualmente proclamá-la ao nosso próximo (Jr.34:15,17); devemos, outrossim, viver a nossa Liberdade Cristã “pregando o reino de Deus e ensinando as coisas concernentes ao Senhor Jesus Cristo, com toda a LIBERDADE, sem impedimento algum.” (At.28:31), “porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo o bem, façais emudecer a ignorância dos homens insensatos, como LIVRES, e não tendo a LIBERDADE como capa da malícia, mas como servos de Deus.” (1Pd.2:15,16); e esta abençoada e abençoadora obra de proclamação da Liberdade, com perseverança, confere-nos a bem-aventurança no que fizermos: “Entretanto, aquele que atenta bem para a lei perfeita, a da LIBERDADE, e nela persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas executor da obra, este será bem-aventurado no que fizer.” (Tg.1:25)

Concluo dizendo que, assim como no nosso glorioso passado, num êxtase de pura brasilidade, proclamamos a liberdade quando dissemos, com todas as forças dos nossos pulmões: “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós!”, usemos agora tão somente a força da nossa fé para permitirmos ao Senhor Jesus Cristo proclamar a Liberdade em nossos corações, “na esperança de que também a própria criação há de ser LIBERTA do cativeiro da corrupção, para a LIBERDADE DA GLÓRIA DOS FILHOS DE DEUS.” (Rm.8:21)

Prouvera a Deus que todos nós anelemos dizer, inste a tempo e fora de tempo: Liberdade do Senhor e Salvador Jesus Cristo! Liberdade do Senhor e Salvador Jesus Cristo! Abre as asas sobre nós! Amém!

Lázaro Justo Jacinto