LEMBRANÇAS DE MEU TEMPO DE ESCOLA PÚBLICA

Por José Silvano dos Santos
Para não ser prolixo, vou direto ao ponto.
Os alunos tinham objetivos e perspectivas de futuro, mesmo com as tais dificuldades conjunturais da sociedade como em qualquer outra época, mas àquele período de regime militar pós 64, o ensino e consequentemente os professores eram mais ferrenhos, mas nem por isso desumanos. Estes eram, sobretudo, respeitados socialmente.
De uma sala de aula, por exemplo, de trinta alunos, vinte por cento eram problemas de disciplina dentre outros.
Fazendo um paralelo com o ensino de hoje, agora não mais como aluno, mas como professor, e com o país respirando ares de democracia e com governos civis eleitos pelo voto direto, nota-se claramente uma dialética comportamental, natural do ser humano, porém muito excessiva no que tange à disciplina e aos estudos em si mesmos.
Há uma apatia muito grande com relação ao futuro, é para o estudante tudo uma questão de imediatismo seguido da ausência do pensar, do refletir, isso é um reflexo da sociedade capitalista atual e globalizada e do descartável tecnológico.
A proporção em relação ao passado é a mesma, porém, com uma ressalva: Se no passado os vinte por cento de uma sala de aula eram os problemas, hoje em dia esta porcentagem é referente aos "não-problemas". Partindo disso concluímos que o problema não está na força de vontade de aprender ou não aprender do ser humano, mas no sistema econômico-social-tecnológico neoliberalizante que o envolve. Numa frase: são as infra e superestruturas sociais que condicionam a Educação e suas nuances.
O objetivo do sistema não é formar o cidadão, mas uma massa obediente, passiva e alienada politicamente.