JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

SOBE O OLHAR DE PIAGET, VIGOTSKY E WALLON

 

 

Benedita Luciana de Moraes

Cleodineya Moraes de Campos

Valdinéia Alves Santos  

Jussinei da Silva Santos

 

RESUMO

 

 

O presente artigo tem conto objetivo tecer alguns comentários sobre a eficácia dos jogos e das brincadeiras nos processos cognitivo da educação infantil. Sabe-se que estes têm si tornado cada vez mais elementos indispensáveis ao desenvolvimento infantil, e por isto estão presente nos diálogos acadêmicos e formadores na perspectiva de aperfeiçoar esta prática tão salutar. Deste modo procura-se aqui focar a discussão nas contribuições teóricas de Piaget, Vigotsky e Wallon, afim arreferenciarmos uma pratica cada vez mai presente na educação infantil da educação da atualidade.  Este trabalho traz como marcos principal a contribuição destes teóricos para compreensão do quanto é importante que o educador tenha claro o papel dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento infantil. Pois ao que se percebe os jogos e as brincadeira tem se configurado elementos indispensáveis á pratica pedagógica.

 

Palavras-chaves: Educação Infantil. Jogo.  Brinquedo. Brincadeiras.

 

 

 

1-      INTRODUÇÃO

 

 

            A educação do presente século exige cada vez mais de seus  profissionais, formação e conhecimento de práticas que sejam capazes de dinamizar e redimensionar o ensino de crianças pequenas. A educação Infantil em nosso país tem passado por várias transformações onde a prática pedagógica tem recebido influencias positivas na perspectiva de entender o desenvolvimento cognitivo.

As instituições de educação infantil têm de forma cada vez mais freqüente se apropriado dos jogos e das brincadeiras como elemento fundamentais na situação de aprendizagem. Acredita-se que por estarem estes dois elementos mais próximos da realidade das crianças, se constituem ferramentas paradidáticas que assessoram a prática docente. 

Desta forma o que se pretende aqui é mostrar o quanto os jogos e brincadeiras realmente são eficazes quando se trata do processo de desenvolvimento infantil. A metodologia a ser utilizada é da análise bibliográfica, onde estarão colocadas em foco as teorias dos principais autores que aludem esta temática, e que tem influenciado o fazer pedagógico de vários profissionais no Brasil e no mundo. A saber, Piaget, Vigotsky e Wallon. Assim evidenciaremos aqui como estes autores argumentam  sobre a importância dos jogos e das brincadeira para o preparo educacional de crianças pequenas.

 

2-      CENÁRIO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

 

O pós primeira Guerra Mundial foi o pano de fundo para o surgimento das primeiras instituições de educação infantil, todavia neste período critico poucos estudiosos da área educacional se interessaram pela reflexão da educação de crianças pequenas. Talvez pelo fato de que esta estava destinada ao cuidado dos órfãos e desamparada da guerra.

Entre os poucos médicos que se interessaram pela temática se destacou a médica psiquiatra Maria Montessori entre os anos de 1879 – 1952.  Segundo Oliveira (2002) Montessori fazia parte do grupo de médicos que construíram e sistematizaram  a primeira proposta para educação infantil. Em um clinica em Roma a médica era encarregada de avaliar crianças com deficiências mentais, e desta forma elaborou o método de ensino com base no uso de recursos concretos.

Com o aumento da demanda da educação infantil também na Europa e Estados Unidos novas frentes de estudos foram surgindo. Entre outras pode se ver o aparecimento do método de estimulação ao desenvolvimento. Com as crises espancionais e econômicas do século XX, essas teorias ganharam chão e se desenvolveram fortemente por colocarem no foco das discussões os valores sociais e as disputas políticas destacaram-se nesta época os estudos de Freinet, Piaget, Vigotsky, Wallon, cujos pensamentos dos três últimos  estarão mais focalizados neste trabalho.

No Brasil a educação infantil não se de forma diferente de outros países diferente, é de acordo com os cenários políticos vigentes. Na metade do século XIX o fluxo populacional concentrava-se na área rural, onde, por conseguinte a família obedece a uma hierarquia patriarcal, ou seja, o homem prove o necessário a sobrevivência e a mulher cuida da prole. Neste contesto sórdido a educação formal para clientela de 0 a 06 anos era em suma insistente. Já no final do século sob a influência de concepções européias e que se origina os jardins de infância em apoio aos desprovidos financeiramente, e este ideário permaneceu até 1922 quando surge o movimento  da renovação pedagógica  ou escolanovismo.

O escolanovismo foi um movimento pedagógico que discutiu a pré-escola, sobretudo para atendimento aos mais favorecidos e mais tarde na década de 40 surgem também o atendimento cujo foco estava ligado á saúde e filantropia. Com a aprovação da Lei de diretrizes e Bases da educação em 1961 (Lei 4024 61), aumenta-se o fluxo de atendimento em creches, escolas, primário e jardins de infância, o que durou até inicio do século XX.  Posteriormente a Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394 96), vem estabelecer a educação infantil como etapa da educação básica regulamentado-a  e tornando obrigatória a oferta  para clientela 0 a 06 anos.

 Atualmente a educação infantil é dever dos municípios e possui diretrizes nacionais próprias que definem desde suas normas mais elementares até aos currículos, noções pedagógicas de cuidado e ensino. O aumento acelerado do atendimento tem trazido para o foco dos diálogos, na perspectiva de ampliar o atendimento integral, pois na sociedade atual cada vez mais a mulher ocupa espaços no mundo do trabalho.

 

3-      A EDUCAÇÃO INFANTIL E O CONCEITO DE JOGO E BRINCADEIRA

 

ALVES (2007) assevera que o com crianças deve ser capaz de “de gerar confiança e vínculo afetivo entre a criança e o adulto.” Assim, o diálogo sobre a temática inclui uma série de conceitos e que se fazer presente na educação de crianças pequenas. Nestes termos é, pois necessário que se tenha claro o conceito de Jogo e briquedo, pois estes possuem forte ligação com prática pedagógica da educação infantil, todavia devem ser entendidos distintamente no cenário que se instala a favor da aprendizagem.

 

   3.1 O jogo

 

Podemos dizer que jogo tem sua origem pedagógica na teoria de Froebel e se constitui como ferramenta de auxilio e material educativo nas ações pedagógicas da educação infantil. Neste sentido torna-se um forte elemento no desenvolvimento e potencializado de habilidades, estratégias, raciocínio e confiança.

 

3.1.1 O Jogo Piaget

 

O autor traz uma discussão que nos leva a conceber o jogo como “atividade intelectual da criança, e que possibilita a consolidação da inteligência durante o desenvolvimento infantil. Neste sentido ele afirma que:

 

Cada ato de inteligência é definido pelo desequilíbrio entre duas tendências: acomodação e assimilação. Na assimilação, a criança incorpora eventos, objetos ou situações dentro de formas e pensamentos, que constituem as estruturas mentais organizadas. Na acomodação, as estruturas mentais existentes reorganizam-se para incorporar novos aspectos do ambiente externo. Durante o ato de inteligência, o sujeito adapta-se ás exigências do ambiente externo, enquanto, ao mesmo tempo, mantêm sua estrutura mental intacta. O brincar neste caso é identificado pela primazia da assimilação sobre a acomodação. Ou seja, a criança assimila eventos e objetos a suas estruturas mentais (PIAGET, 1998, p.139).

 

Piaget (1978) assevera que o desenvolvimento infantil é acompanhado das manifestações lúdicas, onde o jogo está inserido. Neste desenvolvimento ele demarca três estruturas de Jogo decorrentes da convivência com as regras, a saber:

  1. A.    O jogo de exercício- caracterizado pela repetição dos movimentos, representa a forma inicial do 0 a 2 anos, porém acompanha o individuo por toda a sua vida.( sensório- motor)
  2. B.     O jogo simbólico- surge junto com função simbólica no intuito de estabelecer a diferença do significado e do símbolo. (pré-operatório)
  3. C.    O jogo de regras- Se manifesta logo aos 04 anos com o declínio do simbólico, se desenvolvem por volta dos 7/11 anos, sua evidencia é o interesse da criança pelas regras. (operatório-concreto)

3.1.2 O Jogo Wallon 

Para Wallon, o jogo é importante para desenvolvimento da personalidade humana e está fortemente ligado a motricidade na ação pedagógica. Assim ele acredita que jogo é uma atividade livre que potencializa o desenvolvimento, assim o classifica  em:

a)      Jogos funcionais- consiste na exploração do corpo através dos sentidos. Possibilita a evolução da motricidade;

b)     Jogos de ficção- configura-se pelo faz-de-conta,e as situações imaginarias, é neste momento que surgem as imitações de personagens de sua interação social; 

c)      Jogos de aquisição- acontece deste de muito cedo, é como a criança vai aprendendo e adquirido conhecimento, noção da vida a partir do que vê e ouve;

d)     Jogos de fabricação. Marcados por atividade manual de entretenimento e improviso a partir de uma idéia pré-existente.

3.1.3 O Jogo Vygotski

 Suai déia de jogo está meio fundida com a noção geral de brinquedo. O autor acredita que jogo é uma eficaz ferramenta que age no psicológico das crianças e ajuda no desenvolvimento de estratégia para vida. Vygotski elege a situação imaginária como um dos elementos fundamentais dos jogos.

 

O mais simples jogo com regras transforma-se imediatamente numa situação imaginária, no sentido de que, assim que o jogo é regulamentado por certas regras, várias possibilidades de ação são eliminadas. Assim como fomos capazes de mostrar (...) que toda situação imaginária contém regras de uma forma oculta, também, demonstramos o contrário – que todo jogo com regras contém, de forma oculta, uma situação imaginária (VIGOTSKY, 1990, p. 126).

 

3.2 O Brinquedo

 

3.2.1 O Brinquedo em Piaget

 

 

            Piaget é um dos primeiros a conciliar o uso dos brinquedos no desenvolvimento infantil. Para o autor brinquedo é sinônimo de infância e a criança encara-o como sua elementar ferramenta de trabalho tão importante para sua vida. O brinquedo é parte do lúdico e faz parte de toda cultura infantil em qualquer parte do mundo, podendo se configuras das mais variadas formas.

 

 

3.2.2 O Brinquedo em Wallon

 

 

 Wallon (1981),oferece-nos o entendimentos   de que o brinquedo configura-se a partir do real o que nos pressupões contextos sociais favoráveis. Assim o principal eixo organizador do trabalho com jogos são as interações sociais sem as quais a dinâmica de troca de experiência e de conhecimento não acontece. O educador torna-se mediador das relações que estabelece os significados que são muitas vezes atribuídos pela cultura.

 

3.2.3 O Brinquedo em Vygotski

 

O autor defende a idéias de que o brinquedo pode ser um objeto concreto ou imaginário que comporta uma regra real de interação. A criança estabelece estas regras enquanto brinca ou representa, num relacionamento real da situação. Este instrumentaliza a situação que se instala a favor do desenvolvimento infantil. Neste sentido o brinquedo proporciona o desenvolvimento das capacidades cognicentes da criança.

O brinquedo cria na criança uma zona de desenvolvimento proximal, que é por ele definida como a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VIGOTSKY, 1998, p.112).

 

4-      AS BRINCADEIRAS

 

4.1 As Brincadeiras na educação infantil no olhar de Piaget

 

O traço mais importante do olhar piagetiano sob o solo das brincadeiras é de como se caracterizam os espaços, tempo e movimento destas em cada faixa etária do desenvolvimento infantil. Suas idéias estão voltadas para as possibilidades que tem a crianças de recriar o real a partir das brincadeiras. O autor não define muito as diferença entre jogo e brincadeira, levando, pois em consideração que o primeiro pode ser uma ferramenta de atividade intelectual que auxilia na realização do segundo.

Piaget deixa claro também que a vivencia de regras e de situações desafiadoras tem forte contribuição para o desenvolvimento infantil. As brincadeiras devem conter, pois regras de acordo com a faixa etária de cada criança. É importante que não se exceda e se respeite o tempo de cada criança para que não sejam criados outros problemas até mesmo de interação.

 

   4.1 As Brincadeiras na educação infantil no olhar de Wallon

 

Partindo do olhar de Wallon podemos afirmar que a brincadeira é algo inerente a infância e pode ter múltiplas manifestações no mundo infantil. O autor enfoca ainda que a brincadeira se constitui como ferramenta eficaz para o processo de memorização, socialização,  articulação de ideias e espontaneidade.  Neste contexto jogo e brinquedo se fundem e si aliam as brincadeiras infantis numa dinâmica que produz interação social e leva a criança ao desenvolvimento de habilidades.

WALLON (2007) argumenta que a partir das brincadeiras e do faz de conta a criança coloca em prática a imitação e a repetição, este processo leva a memorização de sentenças complexas e potencializa a aprendizagem. A dinâmica da brincadeira Lea a criança a compreender o mundo com suas regras a través da imitação.  A saber, a imitação é um processo continuo nas brincadeiras infantis e tem efeitos surpreendentes, “Pois, inicialmente, sua compreensão é apenas uma assimilação do outro a si e de si ao outro, na qual a imitação desempenha precisamente um grande papel. (...) a imitação não é qualquer uma, é muito seletiva na criança.”

E neste sentido o autor assevera como a interpretação do mundo e das coisas a sua volta se dão através da simbologia da brincadeira. Numa sala de aula ou num pátio onde jogos e brincadeiras são elementos importantes na aprendizagem e no desenvolvimento biológico da criança.

 

Esse caráter gratuito de obediência às regras do jogo está longe de ser absoluto definitivo; sua observância pode ter como efeito suprimir o jogo que elas foram feitas para alimentar; pois embora seja verdade que sua significação procede da atividade da qual se tornam guias, elas também podem, inversamente, contribuir para lhe tirar o caráter da brincadeira (WALLON, 2007, p. 64).

 

   4.1 As Brincadeiras na educação infantil no olhar de Vigotsky

 

Já para Vigotsky a imaginação é a regra maior nas situações em jogos e brincadeiras se realizam. Ele enfoca o brincar como situação que leva a criança pequena ao mundo da imaginação. Este mundo imaginário tem regras próprias, não funciona como algo nostálgico, mas se configura a partir das tentativas de novas explorações da mente inovando as práticas sociais infantis.

 Neste sentido ele afirma que a criança possui a habilidade e a força  de “transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que responda às exigências e inclinações da própria criança” (VIGOTSKY, 1990, p.12). Tudo isto leva ás relações interpessoais entre os sujeitos o ele chama de cenário conceitual, ou seja, situações de mediação da cultura e da mente em sistemas de internalizarão de conhecimentos.

Negrine (1994) contribui com o nosso diálogo quando aponta que Vigotsky  é de suma importância que ao se vivenciar uma situação brincadeiras, se possas levar a criança a vivenciar um  jogo de regras. Assim o que está em foco não a força destas regras no que diz respeito a clareza ou quantidade, mas a própria vivencia  num processo evolutivo em que a criança vá compreendendo o uso das mesmas.

 

5-      CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Do mesmo modo que para Wallon e Piaget, a brincadeira se constitui uma forte ferramenta da aprendizagem, Vigotsky também a conceitua como um campo privilegiado. Ambos os teóricos enfatizam que as situações lúdicas se configuram em cenários  de estimulo para o desenvolvimento infantil.

Assim conclui-se que tanto o jogo como o brinquedo são ferramentas que auxiliam os processos lúdicos e vivências de regra pela criança pequena, trazendo estímulos que potencializam o desenvolvimento. É consenso entre os autores em foco que os jogos e as brincadeiras além de aguçarem o raciocínio lógico ajudam na interpretação e formação de conceitos específicos da aprendizagem. Assim podemos dizer que é de suma importância que os jogos e brincadeira se tornem cada vez mais uma prática da educação infantil

 

REFERENCIAL

 

ALVES, Roberta C. P. VERISSÍMO, Maria De La Ó R. Os educadores de creche e o conflito entre cuidar e educar. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, v. 17, n. 1, abr. 2007.

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: Uma Concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil, Petrópolis, RJ: Vozes, 1995

NEGRINE, A. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: PRODIL, 1994, vol. I.

OLIVEIRA, Zilma R. de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. 255 p

 PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 2. e., Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

________Concepção do jogo segundo Piaget disponível em http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/15660/concepcao-do-jogo-segundo-piaget#ixzz3JeQ3WsPeacessado  acessado em 16/11/820114

_________A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand, 1998.

_________ A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho imagem e representação. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 1990.

SILVA, A.V. Faz de conta. Como obter o máximo da imaginação infantil com o mínimo de interferência. Nova Escola. São Paulo, 1996.

VIGOTSKY, L. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996.

________ Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1998 a.

________A formação social da mente. 6. Ed., São Paulo: Livraria Martins Fontes,

1998WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Rio de Janeiro: Andes, 1981

 WALLON, H. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007 (Coleção Psicologia e Pedagogia).