O presente artigo instaurado visa apontar, explicitar, investigar, esclarecer, e ainda, elencar fontes, baseando-se em acontecimentos históricos que permearam e ficaram ocultos no decorrer dos tempos. O foco deste artigo não se restringe ao cunho religioso, mas na historicidade que envolvem o tema.

Os métodos de pesquisa utilizados neste artigo foram: Acontecimentos históricos, bibliografias temáticas.

O Canon  bíblico foi compilado e se estendeu através dos tempos sob diversas óticas diferentes, a saber, várias correntes religiosas chamam para si a autoridade de decidir qual Canon seria de fato o portador da veracidade dos fatos narrados em seu conteúdo, excluindo, eliminando, e ainda, acrescentando textos em razão da precariedade de fontes completas e enxutas que resistiram ao tempo isso se dá pela ausência de rolos ou fragmentos íntegros dos unciais, e textos primitivos . Alguns dos que revindicam à autoridade de autenticar, chancelar a veracidade ou até mesmo definir a abertura e fechamento do Canon, pensam e professam credos e dogmas de forma diferente. Católicos Romanos, Ortodoxos e suas ramificações, protestantes e evangelicanos, divergem entre si em uma queda de braços que aponta fatores diferentes que se propagaram, se adequaram e ainda, se somaram a credos.

A religião adotada pelo Império Romano antes de tornar o cristianismo como religião oficial era o Paganismo. O imperador Romano da época era Constantino.

Em 313 EC, Constantino reinava sobre o Império Romano do Ocidente, enquanto Licínio e Maximino governavam o Império Romano do Oriente. Constantino e Licínio concederam liberdade de religião a todas as pessoas, incluindo os cristãos. Constantino favorecia o cristianismo, acreditando que essa religião unificaria seu império.*

Constantino ficou horrorizado ao descobrir que as igrejas estavam divididas. Ansioso para que chegassem a um consenso, ele decidiu instituir uma doutrina “correta” e daí a impôs às igrejas. Para ganhar a aprovação de Constantino, os bispos tiveram que ajustar suas crenças, e aqueles que fizeram isso foram isentados de alguns impostos e receberam um patrocínio considerável. O historiador Charles Freeman comentou: “Se aceitassem a versão ‘correta’ da doutrina cristã, [os líderes religiosos] teriam acesso não apenas ao céu, mas também a uma grande quantidade de recursos na Terra.” Assim, os clérigos passaram a ter bastante influência nos assuntos do mundo. De acordo com o historiador Arnold Jones, “a Igreja não ganhou só um protetor, ganhou também um dono”.

“A Igreja não ganhou só um protetor, ganhou também um dono.” — Arnold Jones.

 

•          Em 306 EC, Constantino se tornou imperador do Império Romano do Ocidente e, entre 324 e 337 EC, governou tanto o império do Ocidente como o do Oriente.

•          Constantino alegava que, por meio de um sonho ou visão, o Deus dos cristãos tinha prometido ajudá-lo em suas batalhas.

•          Certo de que Deus o tinha ajudado a vencer uma batalha, Constantino “ordenou imediatamente” que uma lança em forma de cruz fosse colocada na mão de uma estátua de si mesmo, que estava “no lugar mais frequentado de Roma”. — Paul Keresztes, historiador.

•          Constantino usava o título pagão pontifex maximus (sumo pontífice), ou sacerdote supremo, e se considerava o soberano absoluto de todas as religiões em seu império.

 “Um bom imperador — até mesmo um bom cristão — mais cedo ou mais tarde teria de escolher entre perder o céu e perder o poder. Constantino tinha acabado de assumir o trono. Por isso, ele estava disposto a fazer de tudo para continuar no poder — até mesmo pecar.” — Richard Rubenstein, professor de relações públicas e de resolução de conflitos.

•          “Sem dúvida, podemos afirmar que, pelo menos na fase final de sua vida, Constantino foi cristão, desde que não levemos em conta a qualidade de seu cristianismo.” — Paul Keresztes, professor de História e de antiguidade clássica.

•          Fonte: wol.jw

Após converter o  a religião do império de Paganismo para o Cristianismo, Constantino preconizou sistematizar e organiza-lo, isto se deu através da reunião de teólogos e com isto, a organização de concílios para oficializar seus credos e definir o modelo a ser seguido. No tocante aos concílios, destacaremos alguns para abortar o tema deste artigo:

O Primeiro Concílio de Niceia foi a reunião de um episcopado cristão, na Cidade de Niceia, designado pelo Imperador Constantino no Séc. IV, no ano de 325, d.C.

Dentre os teólogos presentes, estava Atanásio, ferrenho opositor aos Arianos, e também a pregação de Ário que se opunha a visão que viria ser adotada pela ICAR e séculos mais tarde por protestantes e evangelicanos no tocante a  Trindade.

Eusébio foi um dos encarregados para traduzir e moldar os escritos para organização deste cristianismo moldado por Constantino e Atanásio, os Parêntesis Joaninos e outros textos foram selecionados e assim expostos para compilação e validação de doutrinas que muito se assemelhavam ao Paganismo adotado anteriormente pelo Império Romano.

 

Constantino movimentou muito a Igreja durante este período, promoveu mudanças nunca vista ou presenciada no escopo Cristão, a vida de Constantino não era bem um exemplo de prática cristã ou de detendo de jurisdição eclesiástica para aplicar regras, doutrinas e sacramentos no seio da Igreja, para isto, selecionou à seu gosto os notáveis Bispos, deixando de fora,  e, ou perseguindo aqueles a quem não se adaptasse aos seus planos.

O Concílio de Nicéia se deu no ano de 325, d.C, um ano mais tarde, o Imperador Constantino ordenaria a morte de sua Esposa Fausta e seu filho Crispo.

 

“O imperador ordenou um damnatio memoriae de sua esposa e, por isso, nenhuma fonte contemporânea traz destalhes sobre seu destino. Stephenson observa que Eusébio de Cesareia, muito parcial em defesa do imperador, não menciona nem Crispo e nem Fausta em sua Vida de Constantino e chegou a retirar as menções a Crispo da versão final de sua "História Eclesiástica" (HE X.9.4)

 

Notemos as datas em questão, Constantino mesmo depois de proclamar o Cristianismo como religião oficial do Império, promover Concílios para definir os segmentos da Igreja, assassinou filho e esposa no ano de 326 dC. Podemos extrair mais detalhes na bibliografia de A. H. M. Jones, J. R. Martindale, and J.

O livro “O Judaísmo e as Origens do Cristianismo”, de David Flusser, afirma que houve inserção da fórmula trinitariana em Mateus 28:19.

 

“De acordo com todos os manuscrito de Mateus que foram preservados, o Jesus ressuscitado ordenou aos seus discípulos batizar todas as nações “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. A fórmula trinitária franca, aqui, é de fato notável, mas já mostrado que a ordem para batizar e a formula trinitária faltam em todas as citações da passagem de Mateus nos escritos de Eusébio anteriores ao Concilio de Nicéia. O texto de Eusébio de Mateus 28:19-20 antes de Nicéia era o seguinte: “Ide e tornai as nações discípulas em meu nome, ensinando-as a observar tudo o que vos ordenei.” Parece que Eusébio encontrou essa forma do texto nos oráculos da famosa biblioteca cristã em Cesaréia. Esse texto mais curto está completo e coerente. Seu sentido é claro e tem seus méritos óbvios: diz que Jesus ressuscitado ordenou que seus discípulos instruíssem todas as nações em seu nome, o que significa que os discípulos deveriam ensinar a doutrina de seu mestre, depois de sua morte, tal como a receberam dele”.  O Judaísmo e as Origens do Cristianismo”, de David Flusser.

 

 

 

O Comma Iohannevm (ou Comma Johanneum, Parêntese Joanino ou Cláusula Joanina). Este é o nome latino que se dá a um possível acréscimo ao sétimo versículo de I João 5. Ele compreenderia:

“— Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num.” 1 João 5:7-8.

 

            Neste sentido, houveram sérias controvérsias para se definir credos e livros, algumas das bíblias comercializadas até o início dos anos 2000, ainda mantinham estes versículos em itálico, e, ainda, mantinham notas de rodapés onde explicavam a ausência destes textos inseridos nos manuscritos e unciais mais antigos.

           

Para podermos observar os desdobramentos pós Constantino, seria necessário observar algumas das vertentes que surgiram séculos mais tarde, no tocante, o Sola Scriptura, mas para isto, seria necessário abordar alguns credos professados posteriormente.

“Confissão de Fé de Westminster

 

CAPÍTULO I
DA ESCRITURA SAGRADA 

 

I. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.

Sal. 19: 1-4; Rom. 1: 32, e 2: 1, e 1: 19-20, e 2: 14-15; I Cor. 1:21, e 2:13-14; Heb. 1:1-2; Luc. 1:3-4; Rom. 15:4; Mat. 4:4, 7, 10; Isa. 8: 20; I Tim. 3: I5; II Pedro 1: 19.

II. Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamento, que são os seguintes, todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática:

O VELHO TESTAMENTO

Gênesis 
Êxodo 
Levítico 
Números
Deuteronômio
Josué 
Juízes
Rute 
I Samuel 
II Samuel 
I Reis 
II Reis 
I Crônicas 
II Crônicas 
Esdras 
Neemias 
Ester 

Salmos
Provérbios
Eclesiastes
Cântico dos Cânticos 
Isaías
Jeremias
Lamentações de Jeremias
Ezequiel
Daniel
Oséias 
Joel
Amós
Obadias
Jonas
Miquéias
Naum 
Habacuque
Sofonias
Ageu
Zacarias
Malaquias


O NOVO TESTAMENTO

Mateus 
Marcos
Lucas
João 
Atos
Romanos 
I Coríntios
II Coríntios
Gálatas
Efésios
Filipenses 
Colossenses
I Tessalonicenses
II Tessalonicenses 
I Timóteo
II Timóteo
Tito
Filemon
Hebreus
Tiago
I Pedro
II Pedro
I João 
II João 
III João
Judas
Apocalipse


Ef. 2:20; Apoc. 22:18-19: II Tim. 3:16; Mat. 11:27.

III. Os livros geralmente chamados Apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem parte do cânon da Escritura; não são, portanto, de autoridade na Igreja de Deus, nem de modo algum podem ser aprovados ou empregados senão como escritos humanos.”  ( Confissão de Fé de Westminster) 1643-46.

 

A Confissão de Westminster foi um marco na confissão de fé protestante e um marco para divulgação das doutrinas da Inerrância e infalibilidade bíblica, e notório que nem mesmo Constantino e seus Bispos, ou ainda, mais tarde o episcopados de outros concílios e sínodos, não ousaram instituir esta doutrina que mais tarde viria a ser conhecida entre os protestantes como Sola Scriptura.

A  doutrina da Sola Scriptura estaria fundamentada na ótica da Reforma Protestante sendo uma dos  cinco ensinamentos em        que o protestantismo se apoiou para  difundir seus ensinamentos e bases. Este ensinamento, veio para contrariar a tradição da interpretação do sagrado magistério e tradição apostólica, o que se choca com  os ensinamentos da Igreja Ortodoxa, das Igrejas Orientais, da Igreja Copta, da Igreja Católica e do Anglo-Catolicismo, as quais pregam que a interpretação correta das Sagradas Escrituras dá-se por meio da Tradição Apostólica.

Antes da Reforma os cristãos primitivos não viviam por esta ótica, depois do século XVI a base dos 5 Solas, no tocante, o Sola Scriptura, que apoiou o Livre exame, e livre interpretação, dando forças ao crescimento do protestantismo, angariando seguidores e opositores. Com este implemento,  novos segmentos vieram a se proliferar no seio protestante, dando origem a diversas vertentes eclesiológicas, nas quais podemos destacar os Evangélicos, sendo estes divididos em históricos, pentecostais e neo-pentecostais, todos tendo evoluído através da doutrina da livre interpretação e livre exame.

 

( este Artigo continua...)

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

 

A. H. M. Jones, J. R. Martindale, and J. Morris, The Prosopography of the Later Roman Empire I (Cambridge, 1971) 325-26.

Timothy D. Barnes, The New Empire of Diocletian and Constantine (Cambridge MA, 1982) 9, 33, 34, and 43.

Chris Scarre, Chronicle of the Roman Emperors (London, 1995) 216.

Confissão de Fé de Westminster em PDF.

Bíblia sagrada.

http://www.monergismo.com/textos/cinco_solas/solascriptura_alderi.htm Acessado em 10-12-2017.

http://www.montfort.org.br/concilio-ecumenico-de-trento-2 acessado em 10-12-2017.

wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/102014046