1 INTRODUÇÃO

 Na nossa infância,estamos cheios de curiosidades e sonhos, que com o passar do tempo vão se tornando concretos ou cada vez mais distantes. Nos primeiros dias de aula, conhecemos novos colegas e passamos a conhecer culturas diferentes. No entanto, aqueles sonhos magníficos por vezes são deixados de lado. Passamos a conhecer as primeiras letras, em seguida, as palavras, depois frases, textos, entre outros. Neste processo, somos submetidos às várias regras da gramática tradicional. Somos conduzidos a aprender e a seguir rigorosamente as concordâncias, as regências, as classes gramaticais etc.. Sabemos que o ensino não é feito só de livros, cadernos e lápis, mas de todo um ambiente que possibilita o aluno a desenvolver sua capacidade intelectual e de interação, afinal, “a educação é intrinsecamente articulada às relações sociais mais amplas, podendo contribuir para sua manutenção, como para sua transformação” como afirma a Conferência Nacional de Educação (CONAE, 2013, p. 58).

Percebemos que durante a produção de um texto, ou seja, no momento chave para o aluno externar sua capacidade na modalidade discursiva em sala de aula, ele se torna um sujeito passivo e segue um roteiro traçado pelo professor que diz qual o tema, quantas linhas, entre outras coisas. Sendo assim, o aluno se preocupa tanto com a forma que deixa de lado o cuidado com o conteúdo, desprezando sua criatividade, suas ideias e, com isto, torna esse processo mecânico, fugindo ao de uma educação com qualidade como propõe a CONAE (2013, p. 58) que diz que “a educação de qualidade visa à emancipação dos sujeitos sociais e não guarda em si mesma um conjunto de critérios que a delimite”.

O ensino de Língua Portuguesa assume, pois, grande importância na formação de um bom escritor. É principalmente através dessa prática que as competências e habilidades de cada discente poderão ser desenvolvidas. Entretanto, percebemos que os gêneros textuais, em especial, o Jornal Escolar, tão rico em recursos promotores de compreensão e interpretação que poderão culminar num aluno capaz de produzir bons textos, nem sempre são suficientemente explorados no ensino de Língua Portuguesa. Esse gênero escolhido abre espaço à produção textual, à leitura, ao desenvolvimento da oralidade, e das relações interpessoais, além de promover a circulação de informações, entre outros benefícios. Por isso, torna-se imprescindível sua existência e desenvolvimento nas instituições dedicadas ao Ensino Médio, fase final do ensino básico.

Dessa forma, o trabalho com o jornal no meio escolar é um passo elevado para o desenvolvimento e ou aprimoramento da língua escrita, como também para o desencadeamento do espírito crítico e participativo do estudante. Os membros envolvidos, após muitos estudos e pesquisas, tornam-se pessoas com um vasto conhecimento que ultrapassa o espaço escolar. Vimos, pois, esse gênero, como uma alternativa viável a qualquer escola, já que sua exposição final ao público alvo pode ser desde a forma de áudio até a forma de impresso eletronicamente ou mesmo manual (em forma de mural afixado no corredor da escola). Por essas razões, elegemos este tema, com o intuito de relacionar o Jornal Escolar ao aprimoramento da competência discursiva, com foco nos alunos do primeiro ano do Ensino Médio para a elaboração de nosso trabalho monográfico.

A existência de projetos como o Jornal Escolar, nas instituições de Ensino Médio justifica-se ainda por ser cada vez maior o número de alunos que chegam, quando chegam, ao ensino superior (segundo dados da CONAE, 2013, a taxa líquida da população com idade entre 18 a 24 anos, na educação superior, não ultrapassa os 14%) e demonstram-se incapazes de produzir um texto que, além de genuinamente seu, transmita ao leitor desse texto algo que evidencie conhecimento, criatividade e principalmente maturidade; que deixe claro que o escritor do texto foi devidamente preparado, ambientado com o mundo da escrita, que como nós acadêmicos concluintes de ensino superior, bem sabemos ser de fundamental importância para a vida estudantil de qualquer indivíduo que pretenda percorrer o caminho da graduação, da pós-graduação, mestrado, doutorado, ou simplesmente garantir um lugar no mercado de trabalho que também, há tempos, vem aumentando as exigências quanto à formação do profissional que contrata.

A nossa hipótese é que o Jornal Escolar desponta-se como um importante espaço para o desenvolvimento das práticas relacionadas ao eficiente ensino de Língua Portuguesa, especialmente no que diz respeito à competência discursiva.

Escolhemos como campo de aplicação, o Centro de Ensino Maria do Socorro Coelho Cabral (CEMSCC) por acreditarmos ser este um trabalho bastante empolgante e curioso e por sabermos que nesta escola não há um Jornal Escolar. Portanto, estamos trazendo algo novo para aqueles alunos, o que acreditamos que seja um fator positivo para despertar o interesse deles e contribuir de forma ativa na realização do projeto.

Assim, o nosso projeto visa encontrar respostas para problemáticas como: por que ter um Jornal Escolar numa instituição de Ensino Médio; como o gênero textual Jornal Escolar pode ser explorado no ensino de Língua Portuguesa, no Ensino Médio; qual a relação do Jornal Escolar com o desenvolvimento da capacidade da escrita; e até que ponto o Jornal Escolar pode ajudar nas relações interpessoais e comunicativas desses alunos do Ensino Médio. 14

 Temos, com esse projeto, o objetivo geral de ampliar o campo de ensino de Língua Portuguesa com enfoque no desenvolvimento da competência discursiva no Ensino Médio, através do gênero textual Jornal Escolar. Os objetivos específicos são: mostrar ao corpo docente e discente a importância dos trabalhos com variados gêneros textuais; criar um sistema de produção do Jornal Escolar que promova a circulação de informações no meio escolar além de desenvolver as habilidades de leitura para o desenvolvimento da escrita. Na tentativa de alcançar esses objetivos, aplicamos um projeto de pesquisação no Centro de Ensino Maria do Socorro Coelho Cabral.

 Esta monografia está organizada da seguinte forma: na primeira parte discorremos sobre os referenciais teóricos que embasam essa proposta pedagógica; na segunda parte, descrevemos e analisamos as experiências vivenciadas na etapa de aplicação do projeto com o Jornal Escolar no CEMSCC; na terceira parte, apresentamos nossa proposta de aplicação do Jornal Escolar nas práticas didáticas voltadas aos alunos de Ensino Médio; por fim, nas Considerações Finais, reafirmamos nossa hipótese quanto à relevância do uso do gênero textual Jornal Escolar no ensino de Língua Portuguesa, especificamente no aprimoramento da competência discursiva dos discentes de Ensino Médio.