Resumo- A asma é uma patologia inflamatória crónica das vias aéreas inferiores, causando obstrução das mesmas e está associada à hiper-reactividade dos brônquios, hipersensibilidade das vias aéreas limitando o fluxo aéreo. Esta patologia, apesar de representar um problema de saúde pública com altos índices de óbitos e elevado impacto socioeconómico no mundo e no país em particular, concretamente no Distrito de Xai-Xai, ainda não existe um medicamento convencional eficaz e seguro para o devido tratamento, isto porque os principais tipos de fármacos utilizados no tratamento da asma são os broncodilatadores e agentes anti-inflamatórios, que aliviam os sintomas de broncoespasmo e diminuem a inflamação das vias aéreas. Entretanto, terapias com esses medicamentos não são totalmente eficazes e provocam efeitos adversos. Em contrapartida, há relatos da doença ou patologia ser tratada na medicina tradicional e é com base neste facto que este estudo tem como objectivo, conhecer as plantas usadas no tratamento tradicional da asma, no Distrito de Xai-Xai. A escolha deste distrito, deve-se ao facto de possuir maior número de Praticantes de Medicina Tradicional (PMTs), que tratam a asma com base em plantas medicinais, segundo a base de dados existente no Instituto de Medicina tradicional (2012 a 2016). Trata-se de um estudo etnobotânico que consistiu no levantamento de três plantas medicinais mais citadas pelos PMTs no tratamento da asma, onde os dados foram obtidos através de discussões com grupos focais (DGFs), usando o inquérito etnobotânico, com perguntas semi-abertas, aos 9 PMTs, escolhidos pelo chefe da Ametramo segundo alguns critérios tais como: idade, residente no Distrito de Xai-Xai há pelo menos 3 meses e experiência no tratamento da asma, tendo-se destacado a raiz da Cotalaria capensis com cerca de 60%, raiz da Ximenia americana com cerca de 25% e caule da Ansellia africana com 15%.

Palavras-chave: Asma, Plantas Medicinais, Distrito de Xai-Xai.

Introdução - Asma é uma doença inflamatória crónica causada por vias aéreas inferiores. É caracterizada pela limitação variável ao fluxo aéreo que pode ser reversível espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes de sibilância, dispneia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao despertar (RODRIGUES, 2007). Durante uma respiração normal, o ar flui livremente através dos pulmões, mas em um indivíduo, cuja asma não está controlada, as vias aéreas encontram-se estreitadas e inflamadas, limitando o fluxo de ar. Isto ocorre devido aos processos de broncaconstrição, pela produção de tampões mucosos e pela inflamação aumentada. Os sintomas apresentados podem variar de hora a hora, de dias, semanas e até meses e sua severidade varia de paciente para paciente (RODRIGUES, 2007).

A asma parece ser resultante de uma interação entre genética, exposição ambiental e outros factores específicos que levam ao desenvolvimento e manutenção dos sintomas. Alterações no ambiente moderno e industrializado parecem, de alguma forma, ser responsáveis pelo aumento da prevalência desta patologia (RODRIGUES, 2007).

“Asma” é uma palavra grega que significa ofegante, dificuldade de respiração. É uma patologia conhecida desde a antiguidade, sendo primeiramente descrita no ano de 2600 a.C. no livro médico Nei Ching, considerado o mais antigo livro sobre medicina interna. Nesta publicação era citada a planta Ma Huang como tratamento para a asma, de onde foi extraída a efedrina no início do século XX. No Egipto antigo, no ano de 1500 a.C., já existiam referências sobre a asma aguda, sendo citada no mais antigo compêndio médico que se tem conhecimento, Os Papiros de Ebers (SAKULA, 1988).

O presente trabalho visa contribuir na descoberta de novas plantas medicinais usadas no tratamento da asma no Distrito de Xai-Xai, como forma de validar o conhecimento da comunidade.