Que aprendizes se têm no contexto atual? Talvez a questão não esteja mais na disciplina, mas na valorização daquilo que é proposto ao aluno. O que fazer para atrair o interesse do aluno pela apropriação do conteúdo? Será que eles são bem selecionados? Pelo menos no que concerne ao aprendizado de Línguas, segundo Hubbard, a elaboração do planejamento deve está baseada, sobretudo, nas necessidades do aluno e não, segundo Danilo Godin questiona, em algo que satisfaça apenas as exigências de uma grade curricular exigida pelo sistema de ensino vigente.

   O surgimento de um ser à vida implica numa série de atitudes educacionais que, quando não sequenciadas com coerência e responsabilidade, pode resultar em grandes consequências danosas à formação do ser, no tocante à construção moral na sociedade em que vive. De acordo com Kant, as etapas de uma educação bem sequenciada perpassam as seguintes instruções: Wartung, Disziplin, Unterweisung e Buildung.

   O Wartung seria a aplicação dos cuidados básicos à criança, tais como: amor, higiene e alimentação, que antecede à Disziplin, a qual representa a saída do ser de um estado animal a um estado mais humano; conhecedor de sua razão, independente de sua cor e raça. A Unterweisung compreende a preparação do aprendiz ao seu meio social aos aspectos relativos aos procedimentos comuns ao dia-a-dia, o que podemos chamar de processo de socialização primária e secundária. E, por fim, mas não menos importante, o Buildung que consiste em, juntamente com a sociedade educacional, alcançarem o bem maior: a sabedoria, baseada na justiça e na moralidade.

   A ausência desses processos citados anteriormente na formação do cidadão, traz atrofias que se revelam muito frequentemente nos seguimentos da sociedade como um todo, mas torna-se ainda mais perceptivo no ambiente escolar, por contrastar a função inerente à Escola, que seria a educação de qualidade. Numa sociedade de pais ausentes na qual vivemos, seguir uma educação de qualidade torna-se quase impossível, por várias razões, as quais vão desde o fator emprego até ao mal bastante comum nos dias atuais: a separação de casais; quando não se trata de incompetência educacional, o que segundo Kant, só poderá haver educação de homens se houverem homens educados a educar. Os filhos, em grande maioria, só vêem seus pais ao irem dormir, quando ouvem um cansado boa-noite. E o momento ao diálogo para que possam ser passados os requisitos básicos à sociedade? Prosseguem então à Escola sem uma disciplina básica, para a sobrecarga do Professor em sala - de - aula e ao bullying do dia-a-dia escolar.

   A nossa proposta, portanto, seria a melhora na educação dos pais e/ou responsáveis pela educação do discente através da seguinte estratégia: A primeira semana de aula seria com a presença dos pais e/ou representantes no horário que lhes fossem convenientes, em observação a questão trabalhista. Seriam quatro dias pra falarmos sobre os pontos científicos acima citados – Wartung, Diziplin, Unterwiesung e Buildung – cada dia uma instrução: no primeiro, aspectos sociais tais como: amor, alimentação e higiene; incluindo o regimento escolar e emendas complementares. No segundo dia com a Disziplin; no terceiro dia: aspectos relativos aos procedimentos comuns ao dia-a-dia através da instrução Unterweisung; no quarto dia, aspectos da aprendizagem à perfeição, ou seja, a consciência moral, conhecendo o Buildung. O quinto dia, direcionado à exposição dos conteúdos aos pais pelos Professores, os quais colocariam a importância de cada conteúdo daquele bimestre, para a vida profissional do educando, interdisciplinando-os aos valores humanos e morais; procurando, a partir do entendimento dos pais, levarem aos lares a valorização do bom relacionamento humano em casa, na sociedade e, ao nosso objetivo maior: à própria Escola.

   Qual seria então a causa de compartilharmos aos pais os objetivos dos nossos conteúdos?— "Não seria essa função apenas do Professor? Talvez você se pergunte. Entretanto tem sido conhecida a realidade da maioria dos planejamentos elaborados nas Escolas ao longo dos anos, onde em grande parte, a maior preocupação está em preencher o quantitativo de hora-aula proposto pelo sistema de ensino vigente. A questão "o que aplicar" é vista de forma superficial, levando em conta prioritariamente se o conteúdo estaria adequado a cada série ou não.

    Outro ponto muito importante na questão do planejamento é esquecido, quando se elabora um planejamento de ensino: o fator "Para quê", cuja resposta fica, geralmente, calada apenas na mente do elaborador de determinados planejamentos, levando o aluno a pergunta consigo para o seu futuro profissional. A resposta é, geralmente dada através de um "feedback" de deficiências na prática da vida profissional, causando danos que são , muitas vezes, irreparáveis para o aprendiz. Os objetivos, na maioria dos casos, não são compartilhados com o discente ao serem selecionados.
      Se observarmos o primeiro dia de aula, verificaremos que, quase sempre, possui o seguinte esquema introdutório: "Hoje vamos falar sobre...", seguido do conteúdo a ser aplicado – mais que vivenciado – e prosseguindo com as explicações, exercícios, etc. O que, de praxe, constitui o dia-a-dia da maioria das escolas, nas quais ultimamente já se observa os esforços por parte de alguns em mudar essa realidade teórica numa educação mais prática em conformidade com a vida e suas necessidades sociais e, mais especificamente, profissionais.

   Entretanto, de acordo com Hubbard no livro "(A training course for TEFL, 1993, pág. 37) é importante considerar também os objetivos do discente além do que se julga ser importante ao planejamento. É importante que se tenha bem planejado os objetivos que se deseja alcançar ao longo do ano, todavia é necessário também compartilhar aos alunos e representantes de alunos quais sejam os objetivos de cada matéria no decorrer de cada ano letivo, a fim de que pais e/ou representantes de alunos saibam reinvidicar melhor os conteúdos propostos no início de cada unidade didática, verificando no aprendiz a concepção dos saberes na constatação das competências.

   Os encontros com os pais e/ou representantes seriam repetidos a cada bimestre, e as aulas destas semanas aos alunos deveriam ser dadas pelos seus pais sob a forma de disciplina doméstica motivadora, através de comentários sobre os conteúdos; o que estimularia pais e representantes a uma participação mais efetiva, na formação educacional dos discentes, buscando, dessa forma, a ordem, valorização da Escola por parte dos alunos e, consequentemente, um dos maiores bens dos gregos na educação: a moral.

   Através deste projeto interdisciplinar, poderemos minimizar ou, até mesmo erradicar a questão do Bullying e da indisciplina de uma forma geral, nas Escolas públicas. Valendo salientar que, segundo o grande filósofo Kant: sem o mínimo de disciplina não pode haver a concepção do saber FREITAG (1994, pág. 21); e para Durkhein, a disciplina favorece a criação do autocontrole por parte da criança, facilita o controle social, por parte das instâncias sociais e permite reconhecer a autoridade (de pais e mestres), preparando as crianças para a ordem hierárquica existente na sociedade. FREITAG (1994, pág.39
 Isaías Alves da Cruz
Jab. 22/ 01 / 10

 

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