Estratégias Interactivas para o ensino do turismo nas escolas moçambicanas

Por: Eduardo Luís Nicoate[1] [email protected]

RESUMO

Objectivos Geral Compreender as estratégias interactivas para o ensino do turismo Metodologias Para a efectivação do trabalho, recorreu-se a revisão bibliográfica de vários autores que tratam sobre o tema, de seguida fez-se a selecção de informações relevantes culminando assim com reedição do trabalho. 

Introdução

Se olharmos para as abordagens de SILVA e SÁ (1990), as estratégias gerais são processos mentais que desempenham um papel importante na aprendizagem, permitindo ao sujeito elevar o nível de realização de uma tarefa para o máximo que está ao seu alcance, uma vez que por seu intermédio ele pode não só controlar o uso da sua competência, com o uso da estratégia mais especificas. Constituindo se com ferramentas cognitivas a sua utilização quando consciente e adequada pode melhorar significativamente o nível de realização e como tal o sucesso escolar.

Num entanto, aplicação das estratégias gerais requer portanto que o indivíduo seja capaz de reflectir sobre os seus próprios processos mentais. Sendo assim, o trabalho vai focalizar de forma sucinta sobre as estratégias interactivas de ensino do turismo, objectivo do uso das estratégias, critérios e princípios de aplicação de estratégias interactivas de ensino do turismo e finalmente far-se-á uma análise profunda do Plano Curricular do Ensino Secundário Geral.     

Estratégias Interactivas para o Ensino de Turismo

Sejam quais forem os objectivos estabelecidos, no ensino - aprendizagem do turismo é imperioso o uso de estratégias com vista a facilitar a passagem dos alunos da situação que se encontram até alcançarem os objectivos fixados tanto os de natureza técnico-profissional como os de desenvolvimento individual como pessoa humana e como agente transformador da sua sociedade. No entanto, o professor deve esclarecer os procedimentos a serem utilizados para facilitar o processo de aprendizagem; a especificação destes procedimentos é feita de forma bastante sintética (BORDENAVE e PEREIRA, 1998:p.83)

Para os autores acima referidos, “estratégias de ensino consideram como sendo um caminho escolhido ou criado pelo professor para direccionar o aluno, portanto numa teorização a ser aplicada na sua pratica educativa”.

Já MASETTO (2003), “estratégias de ensino define como sendo meios utilizados pelo professor para facilitar o processo de aprendizagem dos alunos”.

Portanto, fazendo uma análise profunda dos conceitos abordados por autores acima referidos, eles são unânimes nas suas abordagens; sendo assim, o grupo percebeu que estratégias interactivas do ensino são procedimentos previamente preparados por professor para facilitar a aprendizagem dos alunos.

 Classificação das Estratégias do Ensino de Turismo

Segundo WIKIPÉDIA (15.08.2012), as estratégias podem ser classificadas de diversas formas, as quais podem ajudar o professor a se enquadrar em diferentes situações. Deste modo, elas podem ser classificadas:

Quanto a amplitude as estratégias podem ser:

- Macroestratégia: que correspondem à acção que o professor vai tomar perante o ambiente da turma, tendo em vista a sua missão e propósitos, bem como o resultado do diagnóstico estratégico;

- Estratégia funcional: que corresponde à forma de actuação de uma área funcional do professor, normalmente relacionada ao nível táctico dos alunos;

- Microestratégia ou subestratégia: corresponde à forma de actuação a nível operacional, normalmente relacionada a um desafio, ou a um objectivo a ser alcançado.

Quanto a concentração as estratégias podem ser:

- Estratégia pura: na qual se tem o desenvolvimento específico de uma acção, portanto, processo de ensino - aprendizagem;

- Estratégia conjunta: corresponde a uma combinação de estratégias do professor.

 

Quanto a qualidade dos resultados, estas podem ser:

- Estratégias fortes, que apresentam grandes alterações por parte do professor de acordo com o ambiente encarado na sala de aulas;

- Estratégias fracas: cujos resultados são mais simples para o professor.

 

Quanto aos recursos as estratégias podem ser:

- Estratégias de recursos humanos: em que o grande volume de recursos considerados refere-se ao factor humano;

- Estratégias de recursos não humanos: em que existe predominância de aplicação de recursos materiais e/ou financeiros;

- Estratégias de recursos humanos e não humanos: em que ocorre determinado equilíbrio entre os dois tipos de recursos aplicados.

Exemplo de aplicação de uma estratégia: um professor pode por exemplo, informar aos alunos que para alcançarmos os objectivos previstos, serão utilizadas as seguintes estratégias:

- Aulas expositivas e de elaboração conjunta;

- Debates;

- Observação directa;

- Excursões e visitas.

Para MASETTO (2003), as estratégias interactivas do ensino do turismo classificam-se em:

- Estratégias para facilitar trabalho do aluno;

- Estratégias para trabalhar com textos para leitura;

- Estratégias para trabalhar com pesquisa;

Assim, em relação à escolha das estratégias ensino, Masetto sintetiza em três pontos a serem considerados por professor para que possa alcançar seus objectivos. Eis os pontos:

- Utilizar estratégias adequadas para cada objectivo aprendido;

- Dispor de estratégias adequadas para cada grupo de aluno ou para cada turma ou ainda para classe;

- Variá-las no decorrer do processo e ensino - aprendizagem.

Em geral, as estratégias mais adequadas são aquelas que ajudam o professor e aluno à alcançarem os objectivos propostos. É possível afirmar que o ponto central na escolha de uma estratégia do ensino é o conhecimento dos objectivos que se deseja alcançar.

 

 

 

Objectivos do uso das Estratégias interactivas do Ensino de Turismo

 

Um professor por excelência, para que os seus alunos conheçam e utilizem determinados procedimentos para resolverem uma tarefa concreta, obviamente deve usar várias estratégias, por um lado; por outro, o uso das estratégias de ensino visa:

- Facilitar a compreensão e percepção da matéria no processo de ensino e aprendizagem;

- Colaborar na organização do aluno para acompanhamento das actividades propostas;

- Conhecer as matérias que vão ser utilizadas ao longo do ano;

- Facilitar a organização do aluno;

- Promover a comunicação rápida entre o professor e o aluno;

- Colaborar com o aluno no desenvolvimento das actividades.

 

Critérios de Aplicação de Estratégias Interactivas de Ensino do Turismo

Para aplicação de estratégias interactivas de ensino do Turismo é fundamental ter em conta alguns critérios. Assim no que tange aos critérios, LUCKESI (1994), sintetiza alguns critérios, a saber:

- Experiência adquirida pela actuação docente; Replicar modelos observados (de outros professores, leituras); Expositiva – exercícios; Plano de aula previamente elaborado; Tipo de aula (teórico x prático); Relevância do assunto/tema; Condição da turma; Período no semestre; Características da turma; Características do assunto; Objectivos da disciplina; Ementa da disciplina; Nível do aluno; Tipo do aluno.

 

 

 Princípios de Aplicação de Estratégias Interactivas de Ensino do Turismo nas ecola moçambicanas

 

Se olharmos para as abordagens de CHICKERING e GAMSON (1991), salientam que para a boa prática da educação no ensino de turismo e os seus correspondentes inventários de auto-avaliação para professores e instituições de ensino, deve se seguir sete (7) princípios, a saber:

 

- A boa prática encoraja o contacto entre o professor e o aluno: este princípio enfatiza que os professores que encorajam o contacto com os seus alunos, tanto dentro como fora da sala de aula obtêm alunos mais motivados, comprometidos intelectualmente e com melhor desenvolvimento pessoal.

- A boa prática encoraja a cooperação entre os alunos: é mais favorecido quando é resultante de um esforço de equipa, do que quando é resultante de um trabalho isolado.

- A boa prática encoraja a aprendizagem activa: este princípio enfatiza que a aprendizagem activa é encorajada que usam exercícios estruturados, desafios, trabalhos em grupo, estudo de casos ou métodos de aprendizagem individualizados. Esta aprendizagem pode ocorrer também fora da sala, ou seja pode acontecer tanto em grupo como individualmente, estimulando a cooperação entre os alunos.

- A boa prática fornece feedback imediato: enfatiza que para obter um melhor aproveitamento numa determinada classe ou turma, os alunos precisam observar constantemente sua performance. Os momentos de feedback podem ocorrer informalmente durante as aulas ou estar associados à processos formais de avaliação.

- A boa prática enfatiza o tempo da tarefa: salienta que apreender como usar bem o tempo é crítico, tanto para alunos como para professores; as decisões tomadas pelos professores sobre a alocação e o gerenciamento do tempo afectam directamente a aprendizagem dos alunos.

- A boa prática comunica altas expectativas: sintetiza que a manutenção das altas expectativas é importante para todos os tipos de alunos, tanto para os menos preparados ou motivados, como para os mais brilhantes e interessados. Os professores criam um clima organizacional que pode ser desafio para os alunos ou exigir pouco dele

- A boa prática respeita os diversos talentos e diferentes formas de aprendizagem: este princípio enfatiza que a necessidade de o professor reconhecer os diferentes talentos e estilos de aprendizagem que os alunos trazem contigo para a escola.

 

 

Análise do Plano Curricular do Ensino Secundário Geral com vista a aplicação das estratégias de ensino de turismo em Moçambique

 

 No que tange à analise do plano curricular no ensino secundário geral, nota se que a geografia é leccionada em todos os ciclos, por um lado, por outro, os objectivos traçados para cada ciclo são todos iguais, porque todos tem em vista aplicação e a consolidação do conhecimentos anteriores, tendo em vista o desenvolvimento integral do aluno com a capacidade, habilidades e atitudes na perspectiva continua dos conteúdos ou para a sua inserção na vida laboral.

Contudo, a componente turismo é abordado nos dois ciclos, mais no 1º ciclo só se fala do turismo na 9ª e 10ª classe, já no 2º ciclo só aborda se aspectos de turismo na 12ª classe porque estes incluem somente aspectos económicos. Porém, nota se algumas anomalias quanto o seu enquadramento no plano e os conteúdos abordados, isto entre 9ª, 10ª e 12ª classes, se não vejamos, os conteúdos da 9ª e 12ª classes, do 1º e 2º ciclo respectivamente são todos iguais, onde o 1º fazem menção do conceito, tipos de turismo, classificação do turismo, principais centros turísticos do mundo, importância do turismo e finalmente impactos desta actividade e ambas encontram se na quarta (4ª) unidade.

Para os conteúdos da 10ª classe, são totalmente diferentes, somente retratam assuntos de Moçambique, mais também encontram se na 4ª unidade. Porém, constatou-se um aspecto muito pertinente na organização dos conteúdos da 10ª classe onde primeiro faz se menção da actividade turística, o grupo tem um ponto de vista diferente, de opinião que primeiro devia se conceituar esta actividade, conhecer os tipos de turismo e depois conhecidos estes aspectos, abordariam se outros.

 

 

Conclusão

 Na opinião do autor, estratégias interactivas do ensino - são procedimentos previamente preparados por professor para facilitar a aprendizagem dos alunos compreende – se então, que as estratégias e as técnicas são recursos que agregam valores no processo de ensino do Turismo e que só terão importância se estiverem ligados directamente ligados aos objectivos aprendidos. Contudo, é possível afirmar que o ponto central na escolha de uma estratégia interactiva de ensino do Turismo é o conhecimento dos objectivos que se deseja alcançar.

No entanto, as estratégias interactivas do ensino podem ser classificadas de diversas formas, as quais podem ajudar o professor a se enquadrar em diferentes situações. Sendo assim, uma das formas de as classificar é: quanto à amplitude, à concentração, à qualidade dos resultados e à qualidade dos recursos aplicados. Porém, feita uma avaliação profunda, compreende – se que o objectivo primordial do uso das estratégias interactivas de ensino do Turismo, é obviamente facilitar a percepção e compreensão da matéria no processo de ensino – aprendizagem.

Para aplicação de estratégias interactivas de ensino do Turismo é fundamental ter em conta vários critérios, dentre outros: experiencia do professor, tipo de aula, condições de turma, tipo de aluno. Não obstante, há que ter em consideração sete princípios, a saber: a boa prática encoraja o contacto entre o professor e o aluno, a boa prática encoraja a cooperação entre os alunos, a boa prática encoraja a aprendizagem activa, a boa prática fornece feedback imediato, a boa prática enfatiza o tempo da tarefa, a boa prática comunica altas expectativas e a boa prática respeita os diversos talentos e diferentes formas de aprendizagem.

 

Bibliografia

 

BORDENAVE, J. D e PEREIRA, A.M. Estratégias de Ensino – Aprendizagem. Petrópolis:

      Ed. Vozes. 1986.

CHICKERING, A.W e GAMSON, Z. F. Applying the Seven principles for good practice in

      Undergraduate education. San Francisco: Jossey – Bass. 1991. New Directions for

      Teaching and Learning nº4.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo: Cortez, 1994.

 

MASETTO, Abreu, M. C. professor universitário em aula pratica e princípios teóricos. ed.

      Associado. São Paulo. 1985.

SILVA, Adelina Lopes da e SÁ, Isabel de, Saber Estudar e Estudar para Saber. 2ª edição. Porto Editora, LDA.1997.



[1] Licenciado em ensino de geografia e Docente da Universidade Pedagógica-Quelimane