"ENTRADAS E SAÍDAS"
MEMORIAL DE FORMAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EDUCACIONAL
SUELY HASE
RA: 052814
e.mail: [email protected]

Turma:074
DIRETORIA DE ENSINO DA REGIÃO DE MIRACATU
2006


Memorial apresentado como conclusão de Curso de Especialização em Gestão Educacional, promovido pela Universidade Estadual de Campinas e a Secretaria de Estado da Educação do Estado de São Paulo, cujo objetivo é narrar como foi construída a minha educação, as suas entradas e saídas nos caminhos percorridos.
CAMPINAS ? 2006.


AGRADECIMENTOS

A meu pai Silvano que desde muito cedo se importou com a minha inserção no mundo da leitura e escrita,

A minha mãe Olinda, por ter perdido noites de sono cuidando da minha saúde,

Aos meus professores, principalmente àqueles que me deixaram saudades,

Á Secretaria de Estado da Educação que proporcionou a oportunidade deste curso,

Aos meus colegas do micro-ônibus, que durante um ano compartilhamos desta experiência de que querer é poder,

Aos professores do Curso de Especialização e Gestão Educacional, que me estimularam e deram subsídios para elaborar este memorial.





SUMÁRIO


1- APRESENTAÇÃO........................................................p.4.

2- A ESTUDANTE............................................................p.5.

3- A UNIVERSITÁRIA...................................................p.11.

4- A PROFESSORA........................................................p.13.

5- A GESTORA...............................................................p.22.

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................p.37.

7- NOTAS EXPLICATIVAS...........................................p.40.

8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................p.40.



A mente que se abre para uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho normal.
(Albert Einstein)

APRESENTAÇÃO
O presente Memorial surgiu da escolha da Modalidade de trabalho de Conclusão do curso de Especialização em Gestão Educacional, e por estar de acordo com a minha liberdade de opinião e expressão. Aqui tive a oportunidade de derramar em palavras todas as minhas ansiedades, alegrias e tristezas na minha trajetória na educação, que se iniciou sob a luz de políticas capitalistas com enfoque na produção econômica.
Hoje me dedico muito ao estudo, leio muito. Tem momento que penso que sei, mas quando leio autores deste curso, com palavras tão perfeitamente construídas, e que me tocam a alma, percebo que muito tenho a aprender. Sempre gostei de decodificar, analisar e de trabalhar com pesquisas, e este curso veio de encontro as minhas expectativas e necessidades.
Passei a ter uma nova visão sobre tecnologia e entender a sua importância para a educação, e principalmente a diferença entre técnica e tecnologia, visto que Tecnologia é uma disciplina pela qual se estudam e se sistematizam os processos técnicos, conforme Bianchini (2003 p. 265).
Acredito nas mudanças e as aceito, e cada "conhecimento" adquirido faz com que me reestruture, sistematize. Repassar os novos conhecimentos adquiridos é a nossa função de educadores, porém de forma consciente e crítica.
Cito em meu trabalho nome de algumas pessoas que considerei oportuno citá-las, por serem importantes na minha vida profissional, por terem me ajudado a caminhar e a inovar minhas práticas educacionais. Pessoas em que me espelhei por admirá-las. Não construímos nossas histórias a sós, sempre tem o "outro" presente em nossas vidas, e é isto que a torna viável, e isso que a torna tão rica.
A ESTUDANTE
Minha casa, aqui eu nasci de parteira, em 1952. Nhá Marica Leite fazia todos os partos da época, fumando seu cachimbo, o quarto ficava com um cheiro horrível. Em 1951 Juquiá enfrentou sua maior enchente, as águas atingiram o primeiro andar da casa. As enchentes fizeram parte de minha infância, papai construía barcos com câmaras cheias, e passeávamos por entre as árvores onde podíamos nos deparar com muitas cobras enroladas em seus galhos, que fugiam da água. Os moradores das casas baixas ficavam alojados nos vagões de trem, para os adultos era uma tortura, mas para nós crianças era uma festa.
Aquela situação nos proporcionava um excelente aprendizado, sabia diferenciar as cobras, remar, e tomar cuidado com a água. Quando a enchente baixava, tudo tinha que ser lavado e desinfetado para não corrermos o risco de epidemias.
Sou a quarta, numa família de nove filhos, meus avós paternos eram alemães que chegaram ao Brasil em 1925. Meu avô era de Dresden e sua profissão era desenhista projetista de automóveis, e minha avó, após casar com meu avô se mudou para Leipzig com ele, mulher culta, elegante e fazia comidas ótimas. Meu pai herdou o gosto de desenhar e pintar, portanto fui criada em meio a livros, músicas clássicas e artes plásticas. Achei importante descrever minhas raízes porque também gosto da arte e, nas horas vagas eu dedico-me a elas, também para justificar que o meio em que a gente é criada, interfere nas nossas escolhas.
Minha avó ficou viúva e foi morar em Santos, e foi lá meu primeiro contato com a televisão. Assisti ao sítio do pica pau amarelo, lembro da musiquinha "sete, sete são quatorze, com mais sete vinte e um, cada dia da semana um programa pim pom pum".
Meu pai sempre proporcionou meu contato com a leitura e a escrita. Minha cidade Juquiá era o ponto final da estrada de ferro Sorocabana, e todos os sábados o trem trazia em seu interior um jornaleiro. Para nós era um dia de festa, pois recebíamos revistinhas da Luluzinha, Bolota, Reizinho, Pato Donald e nos deliciávamos com suas estórias. Estas revistas serviam como um complemento à cartilha, pois praticávamos a leitura, eu e meus oito irmãos.
Naquele tempo, década de 50, não havia pré-escola, mas quando meu irmão mais velho entrou na primeira série do primário eu o acompanhava à escola como ouvinte, e amava isto, porque o caminho que nos levava à escola era o que me encantava. Atravessávamos o rio em uma balsa que era presa por cabos de aço, e percorríamos um caminho de terra ladeado por flores e plantas silvestres, o caminho acompanhava o rio, tinha uma frutinha preta pequena toda cheia de pequenos pelinhos, a conhecia como "titica de galinha", era muito gostosa.
Atravessávamos outra ponte que ligava uma lagoa ao rio, e neste lugar eu sempre via cobras, cobra vidro, que não tinha a cabeça, ou pelo menos eu não via a cabeça dela, e muita cobra d?água. Naquela época existiam muitas cobras aqui na cidade, agora é uma raridade encontrar uma cobra. Das aulas não me lembro nada, lembro só do caminho que levava a escola, talvez porque ele fosse mais interessante e rico em conhecimentos.
De acordo com Veraszto et al (2005, p. 6):
O mundo à nossa volta é muito mais interessante e atraente do que as aulas tradicionais baseadas em conteúdos tratados nos bancos escolares de forma excessivamente formal, com uma abordagem extremamente quantitativa, e o que é pior, muito além da realidade dos nossos alunos.

Por volta de 1956, tivemos a primeira geladeira, era movida por motor a diesel, foi uma alegria ter algo gelado para beber. Antes da geladeira, as carnes eram conservadas dentro da banha de porco, secas em varal, ou ainda defumadas. A energia elétrica era gerada por motor também, e lá pelas dez horas da noite dava um sinal apagando três vezes, que era o aviso para o povo ir dormir.
Da minha primeira série não lembro coisa nenhuma, só sei que fui alfabetizada, e as únicas coisas que marcaram este período foi o desenho da capa da cartilha, minha memória sempre gravou melhor as imagens e os cheiros, lembro do cheiro azedo dos cadernos; adocicado da borracha; e o cheiro de coisa velha que o lápis exalava quando eu o mordia.
Na terceira série, bateu o sinal do recreio e eu saí correndo, desci uma escada que levava para o terreno em torno da escola, que era de chão, chovera e estava apinhado de poça de lama. A sopa era feita atrás da escola, sopa de osso com tutano, o cheiro era divino, era uma sopa deliciosa, na minha pressa em comê-la esbarrei num colega todo arrumadinho e ele tcbum... Estatelou-se no meio na poça de lama. Chiii...Lá vinha bronca. Fui parar na diretoria, meu coração batia forte.
Tivemos a primeira vitrola onde eu podia ouvir as músicas clássicas que meu pai comprava, a música "Sonho de uma noite de verão" de Mendelssohn me encanta, e com ela eu sonhava, deitada no chão da sala, comendo papinha de bolacha doce com café, pelo título da música eu imaginava o cenário como se tivesse em um teatro, e assim eram minhas tardes. Papai era dono do primeiro cinema em Juquiá, e eu me deliciava com os filmes épicos e as comédias de Jerry Lewis.
Além do cinema havia em casa um Projetor de slides, conhecíamos o mundo por ele, e por uma coleção chamada "Mundo Pitoresco". Eram as tecnologias entrando em minha vida que me proporcionavam o contato com o mundo lá fora, o Brasil conhecia-o pelas obras de Machado de Assis e José de Alencar.
Esses conhecimentos informais, eu usava na escola enriquecendo minhas redações. Na quarta série minha carteira era dupla, de madeira, sentava junto com a Rita, a carteira tinha tinteiro fixo nela, e quando nós duas brigávamos, dividíamo-la ao meio e uma não podia ultrapassar o espaço da outra. Uma coisa nos apavorava aquela época, pois quando fazíamos alguma coisa que não agradava o professor, ele nos ameaçava de mandar para o quartinho da caveira. Nunca quis ir para este quartinho, mas tinha curiosidade em ver a caveira.
Hoje sei que esta caveira era o esqueleto que deveria ser usado para o estudo do corpo humano, mas que nunca a vimos em sala de aula, seu uso era apenas para nos aterrorizar. A minha educação em casa foi muita mais rica do que na escola, onde não tínhamos acesso à diversidade de materiais, nem em experiências vivenciadas, o método usado era o da cópia e o da memorização.
Numa sociedade de consumo, os alunos precisam conseguir ver ou serem convencidos de que os conhecimentos que a escola pretende ensinar são importantes. O sistema educacional existente não tem sido capaz de mostrar a utilidade dos conhecimentos que ele tenta ensinar. Essa divergência entre a maneira com que os alunos e o sistema educacional percebem o valor dos conteúdos, tem gerado uma baixa aprendizagem. Os conteúdos têm sido considerados isolados, anômalos e alienantes (BARROS FILHO, 1999; BAZZO,, 2002b em VERASZTO et al, 2005, p. 4).

Isto por volta de 1962. Minha primeira escola se chamava Grupo Escolar da Estação. Teve formatura e conclui a minha primeira etapa na educação.
No ano seguinte fui fazer Exame de Admissão, um ano para me preparar para entrar no Ginásio. O curso de admissão era dado por dois professores, que eram marido e mulher, Dona Suzete e Sr. João, ótimos professores, eu aprendi muito com eles e passei para a primeira série do ginásio, num prédio novinho construído no morro que beira a BR 116¹.
Passei a gostar da escola porque havia aula de educação física que eu adorava. Nossas aulas de educação física às vezes eram feitas fora do período e a fazíamos no campo de futebol, aí eu não gostava, era preciso acordar bem cedo e o campo estava sempre encharcado pelo sereno da madrugada, e o meu tênis branco ficava preto e todo molhado, tínhamos que fazer ginástica, e era só ginástica, não sei para que fazíamos tanta ginástica. Gostava dos jogos, mas nas aulas no campo não havia jogos. Hoje entendo o porquê de tanta ginástica de acordo com Ayoub et al (2005, p.102):
...a partir de 1964, o modelo de corpo produtivo que, conforme Castellani Filho (1993), fora gestado ainda durante o Estado Novo, quando a implantação do padrão econômico de arranjo urbano-industrial em oposição àquele de natureza agrário-exportadora acaba por exigir o adestramento físico do trabalhador como forma de preparação para o trabalho.

Os desfiles naquele tempo eram belíssimos. Na época dos desfiles os preparativos eram o ponto máximo da escola, todos envolvidos, ensaios, confecções de roupas, e quando chegava o dia eu nem conseguia dormir de tanta emoção e ansiedade. Como disse anteriormente, sempre gostei da arte, então eu participava na escola em tudo que envolvesse arte. Dançava o Guarani, vestida de índia, que aprendi com a minha irmã que estudou no Colégio Piracicabano².
Nesta época alguns professores permaneceram marcados em minha memória, uns por serem bons, outros por serem ruins. Meu conceito de bom era aquele professor que me ensinava com dedicação, e pela sua maneira de ponderar comigo, de elucidar minhas dúvidas; ruim era aquele que vivia me dando bronca, que não aceitava erros. Por exemplo, minha professora de arte vivia implicando por eu ficar desenhando durante sua aula, eram desenhos que eu criava, mas ela insistia para que eu fizesse faixas gregas. Eu não gostava, detestava as precisões da régua, gostava da liberdade, dos espaços livres, assim que ela tirava o olho de mim eu fazia meus desenhos livres novamente...
Na quarta série do ginásio, equivalente hoje à oitava série do ensino fundamental, esta professora me deixou de segunda época por meio ponto, naquele tempo se tirava média ponderada. Fui proibida de participar da festa da formatura. E o mais incrível é que me formei em Arte e dei aula durante dezenove anos. O desrespeito à diversidade do aluno sempre foi uma das causas do desinteresse do aluno pela aula.
A escola e a sala de aula abrigam sujeitos com características étnico-culturais diversas; saberes, interesses, valores diferentes.A sala de aula é fundada na diversidade, e o papel do/a professor/a é propiciar que se produza conhecimento dentro desta complexa rede de relações sociais (ANDRADE, 2004, p.212)

Havia outra professora que eu não gostava, não consegui aprender nada com ela, era a de Geografia, ela jogava o apagador em nossas cabeças, se fizéssemos barulho em sua aula. Quando penso nela em minha mente vem à imagem da sua boca falando babaçu...Babaçu... Lembrar da minha vida como aluna me ajudou muito enquanto professora, pois procurava não cometer os mesmos erros do qual os professores que eu não gostava, que na minha concepção, cometeram.
Uma coisa que me intrigava nesta época, era o americanismo existente no país, tudo era cópia deles, eu não gostava daquilo, gostava do guaraná que era nosso, embora aquelas novas tecnologias me encantassem, como as embalagens de plástico, mas o que eu gostava mesmo era de Monteiro Lobato e de nosso Jeca Tatu, embora ele viesse todo achacado, mas adorava ver os animais dele de botas.
Nesta fase da vida, na adolescência, a gente aprende outros tipos de lições, que não estão no Currículo Escolar. Aconteceu na sétima série, me apaixonei pelo professor de Português, ele era um poeta, e com ele aprendi a fazer poesia, declamar, gostar da poesia, e a sofrer a dor do amor.
A UNIVERSITÁRIA
Em 1970 fiz Madureza Colegial em Araraquara, prestei o vestibular em Mogi das Cruzes, passei para o curso de Desenho e Artes Plásticas, e em 1971 com dezenove anos comecei o meu primeiro dos quatro anos de faculdade. Agora chegou a fase difícil dos estudos, pois para quem nascera numa cidade pequena e estudara a vida toda em escola pública; tivera feito madureza colegial; enfim não tinha base nenhuma para o ensino superior, e ainda por cima me vi em uma cidade grande, porque morava em São Paulo, longe da família e com parcos recursos. Morei na Vila Santana na casa de uma Argentina que alugou um quarto para mim, ela tinha dois filhos, um menino e uma menina, a cultura deles era estranha para mim, tudo o que comiam levava molho, onde molhavam o pão e comiam com a mão, aquilo me enjoava. Ela quase não conversava comigo e quando o fazia eu não entendia quase nada daquele linguajar enrolado.
Foi uma época difícil, todo dia embarcava no trem na estação Roosevelt e ia para Mogi das Cruzes, estudava, passava fome, chorava de saudades de minha mãe. Na Faculdade de Mogi descobri que meu professor de Geometria também dava aula da Faculdade de Artes Santa Marcelina em São Paulo e procurei saber com ele da possibilidade de me transferir para lá, ele me disse que a Faculdade era bastante seletiva, mas que se eu tirasse nota 10 (máxima) na prova com ele no final do ano ele intercederia por mim para que eu conseguisse a transferência. Este foi o meu primeiro desafio educacional, foi a partir deste momento que realmente aprendi a estudar. Consegui, e ele cumpriu o prometido fui para a Santa Marcelina.
Mudei de casa, as coisas estavam melhorando, fui para um pensionato em Perdizes, perto da Faculdade, porém como nada é perfeito comecei a ter outros tipos de problemas. O curso era caríssimo, e pra variar eu tinha pouco dinheiro. Materiais absurdamente caros, daí é que entendi o que o professor, que me ajudou dissera com seletivo, o curso era freqüentado por "filhinhas de papai" de São Paulo e do interior. Quanto ao material tive que usar muita criatividade para arrumar formas alternativas e mais baratas para consegui-los e convencer os professores para os aceitarem.
No primeiro dia de aula, o professor solicitou que formássemos grupos, e ninguém me escolheu fiquei triste num canto, e de repente uma aluna lá do fundo da classe chegou perto de mim e propôs que trabalhássemos juntas porque ela também ficou de fora, a Kyomi que se tornou minha amiga durante os quatro anos que fiquei em São Paulo.
Segundo Guacira Lopes Louro em Andrade (2004, p.214) "A escola delimita espaços. Servindo-se de símbolos e códigos, ela afirma o que cada um pode (ou não pode) fazer, ela separa e institui. Informa o ?lugar? dos pequenos e dos grandes,...". A professora que assistira aquela cena de exclusão nada fez, eu e a Kyomi éramos pobres. Isto que aconteceu comigo, acontece no cotidiano das nossas escolas, no entanto muitas vezes ao professores fazem de conta que não nada aconteceu, e não trabalham o fato como tema transversal, que é a questão da discriminação que acontece na escola.
Nos meados de 1972 minha irmã mais velha havia se separado do marido e foi embora para São Paulo, fui morar com ela num apartamento na Bela Vista, a partir desta época as coisas ficaram ótimas, finalmente eu não estava mais sozinha. Ela também gosta de arte e queria entrar também na Santa Marcelina, só que teria que esperar o ano terminar, enquanto isto ela fez um curso na Escola de Arte Panamericana.
O curso lá era totalmente diferente dos moldes de onde eu estava, eles faziam desenhos de nu artístico com modelos ao vivo. A Santa Marcelina, além de ser um colégio de freira, o ensino era tradicional, embasados nos modelos clássicos da arte. Nós tínhamos que desenhar as estudantes do ginásio que vinham servir de modelo todas uniformizadas, e quando a freira não estava olhando eu imaginava a estudante nua e a desenhava, depois escondia o desenho. Por incrível que pareça continuava aquela mesma repressão da minha professora de Arte do Ginásio.
Onde estava a minha liberdade de aprender? Sempre que eu queria fazer de minha forma alguém não deixava, de acordo com Russell (1957, p.21) "A liberdade na educação tem muitos aspectos. Em primeiro de tudo, a liberdade de aprender ou não aprender. Depois a de escolher o que aprender. E na educação mais avançada, a liberdade de opinião". Eu estava numa educação avançada e continuava sem liberdade.
Em 1974, último ano do curso foi um tanto tumultuado. A parte pedagógica do curso da Santa Marcelina foi feita na PUC, e estudei lá. Éramos duas classes, na disciplina de Metodologia e Prática de Ensino, uma turma teria o curso nos moldes tradicionais, e a minha turma faria parte de uma experiência, que era o uso da dramatização fazendo parte da metodologia, não sei qual foi o resultado, pois para nós alunos não passaram resultado nenhum. Uma coisa eu me lembro desta época, alguém me aconselhou para que não ficasse reunida com os alunos da PUC, pois estava havendo algum problema lá e a polícia estava envolvida. Hoje sei que era o Movimento Estudantil, e a USP naquele ano havia criado o Comitê de Defesa dos Presos Políticos da Universidade, e todos os estudantes universitários eram mal vistos pelo Regime Militar.
A PROFESSORA
Comecei a dar aulas em escola do Estado aqui na minha cidade. No meu primeiro dia de aula passei um aperto terrível, suava frio, me concentrei e dei aula, fui bem, pois os alunos ficaram em silêncio me escutando.
Nesta época estava em vigor a Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/71, tivemos capacitações, embora os encaminhamentos ideológicos corressem para o tecnicismo, eu sempre corria para o lado contrário, pois já gostava de contextualizar minhas aulas, falar sobre as produções culturais. Não sei dizer exatamente onde aprendi esta forma de ensinar, pois o ensino na faculdade fora tecnicista, só que sempre fui a favor da verdade, talvez pela forma como fui criada de só falar a verdade; ou de ter sempre praticado arte, pois a arte liberta; ou ainda por ser sempre contrária a coisa obrigada, eu só sei de uma coisa, que ensinava de uma forma diferente que agradava os alunos.
Esta minha forma de ser fez com que eu criasse sempre atrito com os diretores, pois meus alunos cantavam, dançavam, e isto para eles não era ensino, e sim bagunça, e sala que fazia barulho era sala em que os alunos não aprendiam, na concepção deles. Para falar a verdade, eu não me importava muito com as opiniões deles, o que me importava era que os alunos aprendessem o que realmente é arte e como se expressarem através dela. Cabe aqui citar Andrade (2004, p.213):
Na concepção tradicional de educação, há um modelo de cidadão culto, civilizado erudito a ser educado nos padrões tidos como democráticos de convivência social e aptidão para o mercado. (...) Os enunciados pós-críticos questionam ao mesmo tempo a suposta neutralidade dos conhecimentos veiculados pela escola, como pretendem as teorias tradicionais, e a existência de um sujeito autônomo, capaz de desmascarar as ideologias, via educação conscientizadora, como querem as concepções críticas.

O professor jovem em idade sofre uma certa rejeição tanto por parte dos alunos como dos seus pares até que sejam testados e mostrem suas competências, e o aluno faz isso, testa o novo professor e o professor novo. Certo dia era o meu primeiro dia de aula com uma turma do noturno, onde a maioria era adulta e havia alunos bem mais velhos do que eu entrei na sala, sentei na cadeira do professor, todos os alunos viraram as costas para mim e ficaram olhando para o fundo da sala.
Fiquei atônita, o que fazer numa situação daquela, respirei fundo, e comecei minha aula como se nada tivesse acontecido, devagar foram virando para frente um a um, e por mais incrível que pareça esta foi uma das minhas melhores turmas daquele ano, e até hoje quando me encontram me abraçam e dizem que nunca se esqueceram das coisas que ensinei. Estas são as compensações da nossa profissão, vemos frutos e flores também. Portanto passei no teste.
O professor quando começa sua lida sofre muito, porque é obrigado a pegar aulas picadas, em várias escolas, devido a sua baixa classificação por tempo de serviço. Vive mais na estrada do que dando aula, pula para lá, pula para cá. Morava eu em Registro certa ocasião, e minha primeira aula da manhã era em Miracatu, a 46 km de distância e às sete da manhã, confesso que por várias vezes cochilei atrás da caderneta fazendo a chamada. Situação comparada a esta é a do acúmulo, que por necessidades financeiras, hoje em dia o professor é obrigado a ter, e fica com uma carga horária tão excessiva que tem momento que ele não sabe em que turma está, e em que escola está, pois o excesso de trabalho é tanto que ele não consegue dar uma boa aula e só cumpre a sua carga horária. Paro (1998, p.2) se reporta a situação da educação atual:
É preciso perguntar se a escola não seria mais do que um local para onde afluem crianças e jovens carentes de saber, que são acomodados em edifícios com condições precárias de funcionamento (com falta de material de toda ordem, com salas numerosas, que agridem um mínimo de bom senso pedagógico) e são atendidos por funcionários e professores com salários cada vez mais aviltados (que mal lhes permitem sobreviver, quando mais exercer com competências suas funções). Em outras palavras, para atender o que há por trás do discurso oficial, é preciso indagar a respeito do que é que o Estado está oferecendo na quantidade da qual tanto se vangloria.

Existe uma distância muito grande entre quem faz as regras da educação e quem pratica educação. Muitos que saem da sala de aula esquecem o que fizeram dentro dela. É a luta do nada dá certo contra o tudo dá certo. Não querendo generalizar, pois em todas as regras há exceções. É necessário rever as condições de trabalho do educador, rever sua jornada, reestruturar a escola adequá-la ao educando e ao educador.
Naquele tempo, em torno de 1983 não existia sala ambiente e sempre solicitava aos diretores por onde passava, que gostaria de ter uma sala ambiente para arte, mas nunca fui atendida, só em 1998 consegui ter uma sala ambiente. Professor de arte carrega muito material devido à falta de um livro didático completo, e sempre gostei que os alunos pesquisassem, não tínhamos Internet, A Arte trabalha várias expressões como a corporal, musical, plástica e visual, e isto fazia com que o material que carregava fosse imenso, e era muito difícil carregá-lo, justificava junto aos diretores, mas eles não se interessavam, aliás, não olhavam a arte como importante na escola, tanto que ela chamava-se Atividades e as importantes chamavam-se Disciplinas.
Na concepção deles o importante era Português e a Matemática, e em segundo plano, vinham História, Geografia e Ciências. Dentro do rol das não importantes estavam Artes, o Inglês e Educação Física, como se tudo isto não fizesse parte dos conhecimentos que o aluno necessita.
A pior demonstração desde pouco caso acontecia nos Conselhos de Classe e Série. A discussão girava em torno das "famosas" disciplinas, que no caso eram matérias, eu ficava de lado, quando questionava se eles queriam ouvir meu parecer, simplesmente respondiam que não havia necessidade, pois aquela disciplina não reprovava. Então o que eles queriam? Reprovar? Eu não entendia um conselho daquela forma, achava que os questionamentos ali deveriam ser outros, como porquê do aluno não aprende, porém ninguém me ouvia.
Concordo plenamente com Strazzacappa et al (2005) quando diz:
A arte faz parte do seu humano, é uma de suas maneiras de se desenvolver, criar e recriar mundos, exercitar a sensibilidade, lidar com o diferente, reconhecer a identidade que torna as pessoas únicas e, ao mesmo tempo, pertencentes a uma sociedade, com suas manifestações culturais, festivas, sacras e profanas. Se a arte faz parte do ser humano, por que é tão difícil pensar a arte dentro da escola? Talvez pela própria maneira como este conteúdo foi introduzido e retirado da grade curricular ao longo das diferentes legislações, respondendo aos interesses dominantes muitas vezes pautados mais por questões funcionais que por ideais pedagógicos/educacionais (Barbosa, 1999).

Houve estas retiradas e introduções da arte no currículo, e não culpo os diretores de não entendê-la como importante, pois ela não era para ser entendida como parte do currículo que vai construir os conhecimentos no aluno, e sim entendida na maioria das vezes como distração e decorativa.
Em nosso currículo a Arte já passou por várias nomenclaturas como: Desenho, Desenho Geométrico, Desenho Artístico, Artes Industriais, Artes Manuais etc. Passou de tecnicista para humanista. Por ser um curso caro, a rede contava com poucos profissionais habilitados nesta área, ficando ela muitas vezes atribuídas a qualquer professor que tivesse "jeitinho" para a arte, tínhamos então aulas de tricô, crochê, culinária, marcenaria, professores emprestavam livros didáticos e passavam na lousa, aquilo que copiavam do livro, sem entender do assunto, ou só mimeografavam desenhos para que os alunos pintassem sem que estes tivessem o direito de se expressarem livremente, também usavam o "façam um desenho livre", sem objetivo algum.
Hoje temos mais professores habilitados, mas muitos freqüentaram cursos vagos, de final de semana, só porque estavam sobrando muitas aulas de Educação Artística, e o que vemos nas nossas escolas na maioria das vezes é ainda a arte sendo ensinada como funcional, e não como produção cultural.
Merece ser dito que temos professores comprometidos com o ensino da arte, aqueles que fazem a diferença, que compreendem o papel da arte na formação do cidadão na sociedade.
Na escola João Adorno Vassão, havia um laboratório com umas estruturas ótimas, que nunca era usado e que eu cobiçava muito, cheguei à diretora e perguntei se eu poderia usar aquela sala para fazer a Sala Ambiente de arte, pois eu queria trabalhar escultura em argila com os alunos, e o lugar era ideal porque havia pias e uma mesa construída em alvenaria que seria ótima para minhas aulas. Ela me disse que eu teria que consultar a Diretoria de Ensino, interessante é que o diretor nunca tinha autonomia tudo o que eu queria fazer, sempre tinha que consultar a diretoria (a tal estrutura piramidal), em tempo, aquela época chamava-se Delegacia de Ensino. Tudo bem, se era isto que tinha que ser feito eu faria. Lá fui eu pra a Delegacia.
Chegando lá conversei com a supervisora Zuleika Filgueiras, a quem rendo uma homenagem, pois foi uma das melhores profissionais que conheci, e sempre apoiou minhas ousadias, fizemos várias parcerias e com muito sucesso. Fui autorizada, e com a ajuda de meus alunos fizemos a adequação da sala, foi uma fase maravilhosa, e quantas produções em cerâmica os alunos fizeram. Este fato causou um certo desconforto na escola. Usamos um ano a sala, depois disso o professor de biologia solicitou a sala, dizendo-se dono dela. Entreguei, e a sala por muito tempo continuou sem ser usada, mais tarde transformou-se em biblioteca.
Durante este meu percurso como professora tive o prazer de trabalhar com a Educação de Jovens e Adultos, que foi uma modalidade pela qual me apaixonei, e ainda hoje como supervisora cuido da EJA em nossa Diretoria de Ensino. Trabalhar com Jovens e Adultos é tão gratificante, pois o brilho em seus olhos e a ânsia pelo saber é uma constante. Basta entendê-los e respeitar os conhecimentos de vida que já fazem parte de suas bagagens culturais. O que eu procurava atender eram as suas necessidades, o diálogo que mantínhamos era um diálogo da verdade e da contextualização do conteúdo. Deixava bem claro que para fazer arte como produção cultural não é necessário ser artista, mas que era preciso usar a criatividade, e criatividade é uma coisa que já usamos no nosso dia-a-dia.
Em 1986 prestei concurso e me efetivei, escolhi a EE João Adorno Vassão, este ano teve vários cursos de capacitação promovidos pela CENP/SEE, e a arte passou a ser respeitada como integrante do currículo e na formação do aluno, entre os cursos cito: "Teatro como instrumento de Educação"; "Apreciação Musical", e "Extensão Cultural ? Suplência II ? Educação Artística", os diretores também foram orientados a entender a arte na escola, mesmo assim ainda tínhamos problemas com alguns diretores que achavam que aula de arte era bagunça, e que nós professores servíamos para decorar a escola. Estão aí os professores de arte para confirmar, o quanto nós brigamos para que todos mudassem a concepção que tinham sobre a arte.
Casei em 1979, tenho três filhos, e esta fase da minha vida sofri o que todas as mães/professoras sofrem, abandonam seus filhos com empregadas, ou deixam com a sogra ou mãe. Quantas vezes minha sogra levava minha filha mais velha na escola para eu amamentá-la, e também quantas vezes no meio de uma aula o leite do meu peito começava a sobrar, avisando que o bebê estava com fome, então minha blusa ficava toda molhada, e o peito doía muito por estar cheio. Outras vezes não tendo com quem deixar minha filha a levava para a escola, pois esta filha mais velha foi a que mais mamou, até um ano e meio. Soltava ela pela classe, onde ficava engatinhando e seus joelhos ficavam todos sujos. É uma situação constrangedora, porque ela tinha o direito de mamar, e eu precisava trabalhar.
O mais difícil entre filhos e escola, é marido e escola, porque o meu não contribuía com nada e ainda não me deixava participar de Cursos de Capacitação. Situação difícil esta porque a gente acaba não se dedicando direito nem à escola e nem à família. De acordo com Oliveira (2004, p. 1132) "... os professores vêem-se, muitas vezes, constrangidos a tomarem para si a responsabilidade pelo êxito ou insucesso dos programas".
Em 1991, meu ex-marido resolveu ir embora para Feira de Santana na Bahia, solicitei meu afastamento pelo artigo 202 da Lei 10.261/68, para tratar de assuntos particulares, porém através de um Decreto o Governador Orestes Quércia proibiu este tipo de afastamento. Achei injusto e abandonei o cargo, porque não queria pedir minha exoneração. Fui para a Bahia, no entanto a vida lá não deu certo e depois de nove meses retornamos.
De volta a Juquiá, o diretor da escola onde estava meu cargo me chamou dizendo que o Conselho Estadual de Educação estava me convocando para uma audiência. Fui, chegando lá fiquei em frente a uma bancada de Conselheiros que me perguntaram o porquê havia abandonado o cargo, contei-lhes toda a história. E me disseram que haviam investigado minha vida profissional e que só tiveram ótimas referências sobre o meu trabalho e desta forma estavam entregando meu cargo de volta. Obtive meu cargo de volta e as minhas faltas foram justificadas.
Porém outro problema me apareceu, pelo fato de eu ter parado de trabalhar neste período meu ex-marido se acomodou com aquela situação e começou a fazer pressão para que eu abandonasse o emprego e que ficasse em casa para cuidar dos filhos, e da casa. Acabei cedendo e pedi minha exoneração, que foi um grande erro que fiz, pois a minha vida conjugal começou a se degradar e em 1992 acabei me separando. Fiquei desempregada e com três filhos para criar.
Neste espaço de tempo aconteceu uma coisa interessante, prestei um concurso para Investigador de Polícia e passei em quarto lugar, mas no dia da entrevista com o Coronel das tantas, ele viu meu currilum vitae, olhou pra mim e disse:
-O que você quer na polícia? Com uma história dessa dedicada na educação é pra lá que você tem que voltar.
Por alguns anos trabalhei na rede municipal de ensino, onde me proporcionou experiência válida e um olhar crítico para este tipo de educação, que fica nas mãos de alguns governantes que só aplicam dinheiro em determinado projeto se lhe trouxerem retorno político. Em 1997 retornei ao Estado como professora de Educação Artística e em 1998 prestei outro concurso e passei, só que não aceitaram meu diploma da Santa Marcelina, com a alegação de que eu teria que fazer uma complementação para apostilar a nomenclatura Educação Artística em meu diploma, pois aparecia Desenho e Artes Plásticas.
Entrei com recurso, aleguei que já havia me efetivado com aquele mesmo diploma, e que eu tinha dezesseis anos de experiência, também justifiquei que meu curso fora de quatro anos e mais um ano de especialização, o que é que eles queriam mais para provar competência? A arte na escola mudou tantas vezes de nomenclatura para satisfazer as ideologias políticas de poder, eu não concordava que um cursinho de final de semana tivesse mais valor, só que estes beneficiam os interesses econômicos das entidades promovedoras, e do Estado.
No final da história perdi a causa. Fiquei aborrecia, então resolvi me dedicar a minha segunda formação, que é Administração Escolar e Supervisão de ensino. E foi assim que sai da sala de aula contrariada com a forma como é feita nossa lei educacional que é carregada de idéias neoliberais onde só interessa a quantidade, não a qualidade, e a produtividade comparando-se a escola com uma empresa. De acordo com Santos et al (2005, p.172):
O neoliberalismo trouxe uma nova forma de se ver a qualidade educacional, associando-a aos princípios mercadológicos de produtividade e rentabilidade, introduzindo nas escolas a lógica da concorrência. Esse raciocínio baseia-se na crença de que, quanto mais termos "produtivos" se aplicam à educação, mais "produtivo" se torna o sistema educacional (GENTILI, 1994).

A GESTORA
No final de 1988 fui convidada para ser vice-diretora na E Profª Alice Rodrigues Motta aqui mesmo em Juquiá. Antes já havia feito umas substituições curtas na direção. A escola contava com quarenta e seis classes, e comportavam duas vices. Desenvolvemos ótimos trabalhos nessa escola, aprendi muito ali, já estávamos entrando na era digital da rede. Recebemos os primeiros computadores na escola, instalamos a sala de informática, tivemos o primeiro curso de capacitação o Megatrends. Período da Rose Neubauer na Secretaria da Educação. É interessante registrar aqui as dificuldades que os professores tinham em usar a Sala Ambiente de Informática, e tem até hoje.
Com a implantação das SAIs nas escolas maiores começamos a ter vários problemas e conflitos em frente a esta novidade, como por exemplo: Rejeição de alguns professores por medo da máquina, e medo expor aos alunos a sua insegurança; diretores que impediam seu uso, para não danificá-las; os próprios usuários (professores) com medo de apertar uma tecla errada e estragar o aparelho; alunos com muita facilidade de operar e aprender desta forma buscavam sites pornográficos; uso indevido da sala pelos que se arriscavam a usá-la, sem propósitos educacionais; falta de manutenção e falta de técnicos para consertos; tintas caríssimas e falta de verba para reposição de material; falta de estrutura no uso, enfim, vários transtornos.
Outras capacitações foram colocadas na rede, com softwares prontos para várias disciplinas, porém vinham em número insuficiente. A tecnologia na escola, especificamente na sala de aula pode proporcionar um ensino relacionado com a realidade do aluno e de forma consciente que promovam o desenvolvimento e aprimoramento de uma disposição reflexiva sobre os conhecimentos e os usos tecnológicos para a melhoria da qualidade de vida e para o bem da humanidade.
... o professor deve ter clareza da presença das tecnologias em seu trabalho docente. Desde as tecnologias simbólicas que medeiam sua comunicação com os alunos às tecnologias organizadoras voltadas para a gestão e controle da aprendizagem. E indo mais além, ter a consciência de que outras diferentes tecnologias estão entrando no cenário de sua aula, de seu cotidiano. (BIANCHINI, 2003, p. 267).

Os professores levaram mais tempo para entrar no mundo digital e ainda alguns ainda não os incorporaram em suas práticas. O fato é que quando perceberem a riqueza de instrumento que terão na mão, como o computador, onde os alunos poderão superar os limites da própria imaginação, explorando o mundo virtual e interagindo com ele, certamente tirará proveito no processo ensino-aprendizagem.
Em relação aos alunos, estes têm maior facilidade em lidar com o computador, por outro lado os professores têm medo e dificuldades em manuseá-lo. Neste sentido a escola fica num impasse, hoje os professores já tem consciência de que não são os donos do saber, e que os alunos são repletos de informações, antes mesmo de entrar para a escola.
Como resolver uma questão desta? Se uma aula expositiva, giz, lousa e livros didáticos já não lhes chamam a atenção? Há de se correr atrás do prejuízo, e a utilização da tecnologia é uma saída. O professor deverá competir com as imagens extra-escolar, sistematizá-las e recriá-las como produção do aluno. Contextualizar o conteúdo usando a tecnologia como apoio é também uma saída, pois tornará a aula agradável e ajudará na construção do conhecimento. Contextualizar usando a tecnologia é uma forma de ensinar que agradará, melhor dizendo, estará dentro da realidade do aluno, e o levará a adquirir o conhecimento acadêmico de uma forma como ele está acostumado a ler o mundo.
De acordo com Veraszto et al (2005, p.1) "... A tecnologia demanda uma relação entre a teoria e a prática de forma indissolúvel que permite a acoplação permanente de informações, buscando novas formas, novas técnicas, novos resultados".
Trabalhamos com uma nova geração acostumada com as linguagens tecnológicas, e com as imagens visuais através da Internet, TV, vídeo etc. A escola está desatualizada, as práticas educacionais na sua maioria são tradicionais. Faz-se urgente rever as práticas e atualizá-las, modernizá-las, e o professor aprender a lidar com estas linguagens tecnológicas de forma a despertar o interesse desta nova geração para que se tenha a garantia da aprendizagem escolar tão importante para torná-lo um cidadão pleno.
Temos que ter em mente a prática de uma metodologia investigativa, aí a importância do uso das tecnologias de informação e comunicação. Como salienta Rodrigues (1999, p.76) In Bianchini (2003, p. 267) "A tecnologia é o pano de fundo, o próprio quadro referencial no qual todos os fenômenos sociais ocorrem. Ela molda nossa mentalidade, nossa linguagem, nossa maneira de valorar".
Voltando ao período de vice-diretora. A nova LDB 9.394/96 se fazia sentir em nosso meio. A escola passou a receber mais recursos, passamos a falar, a discutir o Projeto Político Pedagógico, relíquia a que antes o professor não tinha acesso, como também ao Plano Gestão e Regimento Escolar, que já vinham prontos, eram lidos durante o Planejamento para serem aprovados, e os eram, pois aquelas lindas palavras contidas nesses documentos davam o impressão de serem as verdadeiras.
Na verdade ninguém entendia o que aquilo queria dizer, só sabíamos que deviam ser aprovados. A própria postura do diretor ao ler e se referir àqueles documentos nos levavam a crer de que eles eram necessários para o andamento da escola. E o mais incrível nesta história é que hoje após dez anos de nova LDB, ainda temos professores que desconhecem a importância destes documentos para a autonomia da escola, e diretores que ainda os produzem sozinhos só para serem referendados pelo Conselho, dito como representante da comunidade, que é também um assunto questionável.
Explico aqui o porquê disse ser questionável a representatividade da comunidade no Conselho de Escola, porque em muitas vezes estes representantes são escolhidos a dedo, e que assinam uma ata já pronta. O mesmo acontece na "eleição" da Associação de Pais e Mestres, ainda não querendo generalizar, pois existem escolas que funcionam e praticam a democracia em seu interior, fazendo os percursos de construção destes órgãos de maneira democrática e participativa. Não culpo as escolas, mas sim nossas políticas, que enraizaram nas mentes as formas de comando de poder. Cabe aqui citar:
As políticas educacionais implementadas nos anos 90, do século XX sob a indução do Banco Mundial, defendem a autonomia da unidade escolar, porém com outro sentido. Sugerem a descentralização, mas não se orientando para um controle da utilização das verbas públicas pelas localidades próximas à escola, de forma que elas tenham o controle social daquilo que lhes é direito, mas envolvendo a sociedade civil num processo em que vai acontecendo uma crescente desresponsabilização do Estado pelas questões educativas. O fato é que democratizou-se e descentralizou-se o sistema escolar sem fazê-lo. (OLIVEIRA e SILVA 2005, p.24).

Voltando a LDB. O discurso a partir desta época é feito à base de democracia participativa. Agora dez anos depois estamos presenciando mudanças de fato, reconstruções, reformulações e entendimentos. Porém, neste período a questão mais conflitante é a aceitação da Indicação 9/97, que é a implantação do regime de Progressão Continuada na rede oficial do Estado de São Paulo. Pela forma como foi implantada, sem consulta das bases, foi, ela é muito rejeitada até hoje, criando-se desta forma muitos conflitos entre professores e gestores. Um lado prega que a Progressão Continuada é boa, e o outro lado não aceita alegando que é ruim. Existem até políticos usando a Progressão para culpar o fracasso escolar.
Conforme citação de Aloizio Mercadante "Essa é a progressão do não conhecimento, um pacto da mediocridade onde o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende" (BRAS HENRIQUE-2006-Portal do Estadão).
Um dos fatores do fracasso escolar é a descontinuidade das nossas leis educacionais, que estão mais relacionadas ao poder, do que a necessidade do aluno. É difícil para a rede entender a forma continuada, pois nossas leis educacionais sempre foram segmentadas, anacrônicas, descontextualizadas e disciplinares tendo como princípio a individualidade.
Esta problemática da Progressão eu senti na pele quando em 2000, fui eleita Coordenadora Pedagógica da Alice Rodrigues Motta. Promovi debates para que a divisão agora em ciclos fosse entendida, pois o professor acostumado com a seriação não entendia ciclo, e o porquê de não deveria existir reprovação, pois não era mais série e sim ciclo. E o mais agravante dos casos foi que os professores, não se conformavam em não reprovar, e muitas vezes ouvi a frase, "se não posso reprovar, para que ensinar, pois os alunos passarão mesmo sem saber", o que eles não entendiam que o zelo pela aprendizagem dos alunos a eles pertencia, e que a avaliação tem que ser usada como diagnóstica. Mas infelizmente em nosso meio existem professores tradicionais e saudosistas.
Em 2001 e 2002 o Governo Mario Covas e a Secretaria de Estado da Educação promovem o Circuito Gestão para Gestores da Rede, foram construídos pólos belíssimos como o de Registro no Vale do Ribeira, reformando o antigo KKK³, que foi usado pouquíssimas vezes, no final do Circuito Gestão. Este programa iniciou na rede com promessa de ser um Curso de Especialização, Lato Sensu, e terminou de maneira muito estranha, e sua certificação foi fragmentada. Terminou em 2002, tornando-se capacitador das escolas que tiveram as famosas cores que representavam o fracasso escolar. Nunca foi dada uma satisfação para os gestores do porquê dessas atitudes.
Este ano houve um reboliço na rede, pois a Saresp havia reprovado alunos que já estavam promovidos pelo Conselho de Escola, e o Saresp os reprovou com uma prova de Língua Portuguesa. Estava na época em Eldorado na escola em que havia ingressado, depois conto com mais detalhes sobre o meu ingresso. Os diretores receberam orientações para novamente reunir o Conselho de Classe, e modificar a ata, mandando estes alunos de oitava série para a Recuperação de Ciclo, não concordei com a decisão, reuni o Conselho de Classe, expus a situação e falei que eu era contrária à decisão, pois a decisão do Conselho era soberana, e o aluno havia sido avaliado na soma dos rendimentos obtidos durante um ano todo, e que orientação recebida dos órgãos centrais era uma determinação contrária ao sistema avaliativo contido na LDB e na Indicação 9/97 da Progressão Continuada.
O Conselho concordou e manteve a aprovação dos alunos. As Escolas que acataram a decisão tiveram sérios problemas com as turmas de Recuperação de Ciclo que uma única prova do Saresp, parcial, os havia reprovado. Na síntese elaborada por Varani et al (2005, p.83 e p.85), que destaco pontos oportunos ao meu pensamento:
Em busca de maior produtividade a escola é influenciada por práticas de gestão empresarial que visam a racionalidade, técnica e a medição de qualidade. (...) A avaliação não se esgota na formulação de seus instrumentos de coleta de informações ou de conhecimentos da realidade. Esta é uma etapa que decorre da clareza de objetivos da avaliação (a quê/ quem ela serve?), mas demanda excelente modelo analítico para interpretação das informações, para poder operar/ formular um diagnóstico substantivo das dificuldades e das causas, para poder oferecer subsídios para intervenção/mudança. Sem esta última etapa, não se concretiza o objetivo formativo da avaliação. (BELLONI,I.; BELLONI, J., 2003: 15).

Só que, o que acontece na rede, é que estamos tendo SARESP todos os anos, eu acredito que já deu para perceber que algo está errado com a educação, só que intervenção e principalmente mudanças não estamos vendo acontecer. Este ano, 2006, o SARESP foi suspenso, será que caiu a ficha? O dinheiro que se gasta para constatar uma coisa que já sabemos deveria ser aplicado em ações de mudanças. Não posso negar que as capacitações foram intensificadas, que mudanças nas práticas educativas, também estão acontecendo, mas é pouco precisamos de mais.
Em janeiro de 2002, ingressei como diretora após um concurso exaustivo e ridículo, pois tivemos prova de informática feita sobre pressão de um fiscal que ficava com um cronômetro nos ameaçando em relação ao tempo, esta prova de informática reprovou muitos candidatos que haviam se saído muito bem nas provas objetivas e dissertativas, nos concursos seguintes este tipo de prova foi eliminada. A educação sempre serviu de cobaia para experimentos, quando os experimentos dão errados, retira-se simplesmente sem ninguém receber explicação nenhuma. Criticar o sistema não é o meu objetivo, mas sim relatar o que vi, e o que senti.
Falando em cobaias, teve um ano, por volta de 1998, que até vacina tivemos que tomar. Vocês lembram disso? E pior de tudo, confesso que fui vacinada.
Voltando ao meu ingresso, no dia da escolha presenciei o drama da mulher/esposa/profissional, quando teve de ali naquele momento decidir se ficava com o cargo longe da sua cidade e família, ou pela desistência, pois não havia mais vagas onde queria. Era choro de um lado, discussão de outro, a demora na banca entre seguir sua profissão ou agradar ao marido, era imensa. A mulher trabalhadora sofre pressão de tudo quanto é lado: de marido, de filhos, da sociedade. Muitas vezes ela pensa como mãe, como esposa, e deixa de pensar em si como mulher. Para exemplificar a situação da mulher quanto à discriminação social devemos citar Leite (2005, p. 73):
...como a divisão sexual do trabalho também tem efeitos sobre o treinamento, cumpre considerar que os investimentos empresariais têm impactos muito diferenciados sobre as forças de trabalho masculina e feminina. Conforme relatam os estudos sobre modernização tecnológica e divisão sexual do trabalho (HIRATA, 1994; ABREU, 1993), as mulheres tinham muito menos acesso a programa de treinamento, tendo em vista, entre outros motivos, o fato de que continuavam a se dedicar muito comumente a trabalhos destituídos de conteúdo e realizados em tempos impostos.

A profissão que mais respeita a mulher, ou que mais se adequou a ela é a de professor, tanto é que ela é tida como feminina, visto a quantidade de mulheres nesta profissão. Por ser formada por uma maioria quase que absoluta feminina, a profissional mãe e esposa encontra mais compreensão de seus superiores, que na maioria das vezes também são mulheres.
Sendo do Vale do Ribeira, sobraram para mim duas opções para escolha, a Barra de Turvo na divisa do Estado de São Paulo com o Estado do Paraná, e a Barra do Braço, zona rural do Município de Eldorado Paulista. Escolhi a segunda opção, por ser mais perto, embora diste a 120 quilômetros de Juquiá. Arrumei minha mala e fui embora, aluguei um quarto num hotel no Bairro de Ivaporunduva, este bairro fica à margem do rio que o atravessando chegamos ao Quilombo Ivaporunduva (4), mesmo assim tinha que enfrentar uma estrada de barro de seis quilômetros para chegar à escola. A Barra do Braço é um lugar muito lindo, e abençoado por Deus, fica entre montanhas de um verde úmido, e sons de pássaros, cigarras que transmite uma paz tão desejada neste mundo atual. Vizinho a este lugar tem a Caverna do Diabo (5), que aproveitamos para espaços de conhecimentos em nossos projetos da escola.
Ficar longe de casa é muito difícil, enquanto é dia a gente se envolve nas atividades da escola e o tempo passa, mas quando chega à noite a tristeza e a saudade vem junto com ela. Aproveitei estes momentos de solidão para ler muito e desenhar. Consegui desenvolver um bom trabalho nesta escola. Fiz o levantamento dos alunos com dificuldades de aprendizagens, organizei a equipe da escola, reuni a APM para apresentar as situações financeiras, que tinha inclusive dívidas em posto de gasolina com combustível. Fui até a Diretoria de Ensino e reclamei das dívidas e a resposta que obtive foi "quem pega o cargo, assume os encargos".
De volta a escola apresentei este problema a APM e ao Conselho de Escola e solicitei sugestões para resolvê-lo, e falei que a partir daquela data todas as nossas ações, problemas e conflitos seriam resolvidos juntos. Organizamos a escola, resolvemos as questões dos espaços que não estavam sendo bem aproveitados para uso dos alunos. Estabelecemos metas e planos de acordo com os resultados do SARESP, e do Conselho de Classe, objetivando a melhoria da qualidade do ensino. Aprendi muito nesta escola. A função de diretor é realmente muito satisfatória, pois podemos ver concretizados nossos anseios e sonhos educacionais.
A forma de gestão democrática é a única que possibilita articular as contribuições provenientes das diversas origens visando à criação de relações democráticas no interior das instituições como à construção de um sistema de ensino que se caracteriza pela qualidade do seu trabalho pedagógico. (Bryan 2005, p.50).

Um tempo depois consegui vir para minha cidade, para substituir na EE Prof. Oswaldo Florêncio, estava em casa novamente. Porém trabalhar nesta escola foi um desafio maior. É uma escola central e trabalha com o ciclo II do Ensino Fundamental, e Ensino Médio. A escola acabara de passar por uma reforma no prédio e seus alunos durante um ano ficaram em classes fora do prédio, usando os espaços da Igreja Católica, da Igreja Presbiteriana e da Câmara Municipal. Estavam acostumados a ir e vir à hora que quisessem, a matar aula, pois não existia forma de controlar a freqüência dos mesmos. Não falamos aqui de controle num sentido autoritário, mas sim no sentido organizacional. O trabalho educacional tinha sido precário devido a esta situação.
Era novamente necessário envolver a comunidade para colocar em ordem àquela panacéia. Além dos alunos encontramos funcionários fora da função, professores acostumados a não cumprir o horário, chegavam atrasados, saiam antes do término das aulas, alunos rebeldes. Eram tantos problemas que somente um trabalho desenvolvido de formas coletivas, democráticas e de envolvimento que garantisse uma co-responsabilidade, é que nos tirariam daquela situação. Neste tumulto anterior muita coisa do patrimônio fora roubado. Mas graças a um trabalho em equipe que durou um ano conseguimos colocar as coisas em ordem.
Nesta escola desenvolvemos muitos projetos voltados para a melhoria da qualidade do ensino, voltados para a melhoria e preservação do meio ambiente, da ética, e a construção da cidadania consciente e ativa. Infelizmente a rotatividade, e o espírito egoísta da não continuidade das construções educacionais, interrompem os processos, seccionando, mudando de direção ou até mesmo os estagnando. Isto é uma coisa que vemos nas Políticas Educacionais do Estado, é uma cultura do "eu faço melhor", ou "não darei o prazer ao gestor anterior de provar que estava correto", ou ainda a cultura "do poder".
Para que não houvesse estas mudanças administrativas seria necessário que se fizesse uma administração voltada para os interesses da comunidade permeado num Projeto Político Pedagógico que envolvesse todos como co-responsáveis para que a escola criasse uma autonomia e identidade tal, que todos os que chegassem se ajustariam a esta realidade e não tivessem meios de implantar o individualismo. Na pretensão de tornar claro o meu pensamento cito Ganzeli (2005, p.17):
É preciso ter claros os limites que o conceito de cultura organizacional encerra. Segundo Teixeira (2002), p.33), permeando todas as unidades das organização, na busca de produzir consensos sobre comportamentos e atitudes desejáveis para o sucesso organizacional, a cultura representa uma possibilidade de controle totalizante que anula qualquer consciência de antagonismo nela existente. (...) A administração relevante ocupa-se, a partir da compreensão da cultura presente na unidade escolar, por organizar um conjunto de ações que valorizem o bem-estar de todos os envolvidos. O reconhecimento da existência de vários "sistemas de valores" no âmbito da unidade escolar pressupõe a prática da gestão participativa.
Não quero dizer que uma escola não precisa de gestor, precisa sim, porém ela precisa de objetivos, metas e rumos, que levem seu barco no rumo definido, e não fique a deriva, a escola necessita criar sua identidade.
Minha experiência como diretora de escola foi curta em tempo, mas foi rica em conhecimentos, em pouco espaço de tempo passei por várias escolas, mas em cada uma que chegava me sentia pertencente, porque parto do princípio de que escolas e alunos são os mesmos não importa o endereço, e sim o processo educacional. Consegui em 2003 me remover para a E.E. de Itariri, no município de Itariri, lugar de onde guardarei lembranças e saudades, pois fui bem recebida por toda a Comunidade, e cujo aprendizado que obtive lá me fez crescer muito.
Lá conheci uma escola estruturada no Projeto Político Pedagógico, conheci a solidariedade humana e o carinho. Meu grande amigo e irmão Valmir, que com sua longa experiência como gestor me ensinou a prática pedagógica, e os grandes conhecimentos pedagógicos da minha querida amiga Francisca, que tem uma história de vida toda dedicada à educação. Se eu fosse citar o nome de todos poderia ser injusta com alguém, que minha memória me traísse, cito apenas os dois, pois foram: meu Vice e a minha Coordenadora Pedagógica, e juntos trabalhávamos numa perfeita sincronia. Sai desta escola porque já estava trilhando outros caminhos na minha vida profissional, que é o caminho da supervisão escolar.
Deixei de ser diretora, mas dentre todos os cargos que passei este é o que mais respeito pela importância que a Escola tem na formação do cidadão, e pelo prazer que ela nos dá como construtores do conhecimento e da cultura da sociedade. Lombardi (2005, p.4) define muito bem a escola:
... considero-a como uma instituição que exerce um papel de fundamental importância na sociedade: ela é forjadora dos seres sociais que a sociedade necessita; é ela quem cuida das gerações mais jovens, notadamente quando os adultos não podem exercer esse papel por terem que trabalhar para garantir a produção de toda a riqueza social; é ela a responsável pela socialização das informações e ideologias que cimentam todo o constructo social; é ela a responsável pela transmissão dos saberes produzidos e acumulados pela sociedade, etc.

O que o professor Lombardi quis dizer, é que a escola não pode desviar-se de sua função de ensinar, e que não devemos deixar "atribuir à escola tamanha importância, a ponto de transformá-la em panacéia para todos os males de nossa sociedade".
Em 2004. Abertura da inscrição de concurso para supervisor de ensino. Consegui os textos, as legislações, emprestei de um, de outro e comecei a estudar muito, não saia para nada. No dia da prova tivemos até que colocar nossas impressões digitais na mesma, e havia um questionário sobre nossa vida particular para responder. Consegui passar. No dia da escolha não consegui escolher na minha região, então escolhi Taboão da Serra. É uma emoção muito grande quando a gente passa em um concurso e toma posse de um cargo.
Lá em Taboão tive os mesmos problemas de quando uma pessoa que é de fora, e ingressa em algum lugar tirando os amigos que ali estavam. Fui testada desde o meu primeiro dia de trabalho. Morei lá por um mês na casa de minha irmã, depois deste tempo consegui vir pela Resolução 63 em substituição ao cargo que é da supervisora afastada para Dirigente de Ensino.
Nesta situação é que me encontro hoje, pois não consegui remoção. A situação de substituto é meio incomoda, pois a gente fica com uma quantidade maior de escolas, tenho sete escolas sob minha mediação, em lugares extremos, e em minha cidade somente uma, sendo que existem mais escolas. Quanto a isto não me incomodo, pois gosto muito de trabalhar junto às escolas numa parceria de construção do trabalho pedagógico, e das mediações referentes à aprendizagem dos alunos.
Respeito muito o trabalho do diretor de escola, pois é o de maior responsabilidade, porque tem que gestar uma escola em toda a circunstância. Ele tem que entender um pouco de economia, da assistência social, da pedagogia é lógico, lidar com as relações humanas, que não é fácil, entender um pouco de construção, pois as reformas através de licitações são complicadas. Enfim o diretor lida com variados conflitos e problemas dentro da escola, o trabalho burocrático é o seu maior inimigo, e sempre ter que atender solicitações para ontem. É muito bom o educador ter passado por todos as funções existentes no sistema educacional, pois assim consegue entender os dramas dos atores.
Quase sempre tenho discussões quando ouço algum gestor ser criticado, porque infelizmente existem pessoas que quando estão num cargo superior esquecem que um dia foram professores e diretores, isto se é que foram. A humanidade, e a compreensão são necessárias nas relações sociais. Gosto muito do termo que Ganzelli (2005, p.17) usa em seu texto referindo-se à administração:
A administração relevante "é uma derivação conceitual de formulações interacionistas recentes e atuais no campo da teoria organizacional e administrativa preocupadas com as características culturais e os valores éticos que definem o desenvolvimento humano sustentável e a qualidade de ida na educação e na sociedade" (SANDER, 1995, p.50).

Assim como a administração deve ser relevante, a mediação supervisora também deve tomar esta atitude, uma atitude dialógica, de apoio e acessória, pois o objetivo maior das relações é a construção de uma educação de qualidade. Como supervisor nós temos a oportunidade de estar tendo uma visão global das acontecências, e estar proporcionando as trocas de experiências através de formulações interacionistas.
O supervisor tem a oportunidade de estar estudando, analisando, participando e mediando de forma construtiva a rede em que está inserido. Aproveitando os estudos feitos com o Progestão (6), formamos grupos de estudos com as escolas dos municípios, onde temos a oportunidade de estarmos contextualizando estes conhecimentos. Somamos a esta ação os conhecimentos adquiridos no curso de Especialização em Gestão Educacional (7), que nos tem dado subsídios de análise e compreensão.
Acompanho minhas escolas, na construção dos Projetos Políticos Pedagógicos, mediando para que realmente sejam construídos com a participação das comunidades. Com os diretores nós temos visto mudanças extraordinárias e gratificantes, estamos sentindo uma sensação de liberdade, e o de ser "pai do filho".
Interessante que esta ação de estudo com os diretores, no início eu tinha como objetivo capacitá-los, só que à medida que ela foi acontecendo começou a mudar de rumo, pois a cada tema refletido gerava discussões, reflexões e contextualizações, pois parávamos discutíamos aqueles problemas levantados que estavam acontecendo na escola, e trocávamos experiências, até que um dia um diretor falou: -Isto não é uma capacitação, mas é uma HTPC de nós diretores. Todos concordaram com aquela mudança, pois realmente era um horário de trabalho pedagógico. A democracia participativa nos leva ao rumo certo daquilo que queremos atingir, e a soma dos conhecimentos torna nossas práticas bem mais fáceis.
Neste grupo de estudos quase todos estavam fazendo o Curso de Especialização em Gestão Escolar da Unicamp, e este fator foi de suma importância para as nossas reflexões, pois falávamos a mesma linguagem, e tornávamos cada vez mais críticos e conscientes daquilo que discutíamos.
Uma outra experiência gratificante como supervisora aconteceu na EE João Adorno Vassão com os alunos da EJA no noturno. Sabemos que a Educação de Jovens e Adultos faz parte das Políticas Compensatórias, tenho trabalhado com esta modalidade deste como professora, diretora, e como supervisora fica sob minha responsabilidade, quanto a sua estruturação e acompanhamento. Os alunos da EJA são diferentes, pois eles gostam da aula no estilo tradicional, não gostam de novidade, e seus objetivos eram somente receber a certificação para ingressarem no mundo do trabalho, ou para atender a uma exigência da profissão. E há muito tempo eu vinha trabalhando a mudança de concepção, e que eles passassem a ver a educação com o desejo de conhecimento e entendendo as novas formas metodológicas, a que muitas vezes eles chamavam de infantil.
Começamos a envolvê-los em todas as decisões da escola, fazer com que tivessem um olhar vendo a escola como um todo. E hoje já estamos vendo o fruto do nosso trabalho, pois os alunos participam de tudo que a escola promove, participam do Conselho de Classe, analisando e refletindo sobre a construção da aprendizagem, e passaram a ter um novo objetivo educacional que é o de aprender sempre como ponto importante para sua construção como cidadão ativo. Promovem sarau, participam da elaboração de mostras culturais, promovem a cultura expondo seus textos, seus trabalhos e suas pinturas. É emocionante acompanhar esta mudança.
De acordo com Volpe et al (2005, p.35), no que se refere a EJA:
Propomos, desta forma, a retomada dos Círculos de Cultura, para que possamos ampliar o espaço de participação da EJA na escola, enriquecendo as atividades e relações pedagógicas com base na participação dos alunos nos diferentes espaços e tempos escolares. Considerar tal pressuposto significa tornar o espaço da escola privilegiado para realização de planejamento dialógico e construção do projeto político pedagógico, influenciando e definindo as políticas públicas educacionais a partir do que acontece na instituição escolar.

Estamos na busca de um aluno que possa sentir-se pertencente da construção das políticas sócio-cultural, pois a ato de ensinar e aprender é um ato político. A educação deixou de ser depositária para ser interativa, e a escola tem que aproveitar os conhecimentos que os alunos já trazem para a escola, principalmente os alunos da EJA que chegam ricos em conhecimento de vida, pois já são trabalhadores, pais, mães e cidadãos conscientes.
Estávamos recebendo várias reclamações de uma determinada professora que trabalhava com uma turma de EJA da segunda série do ensino médio. Fomos assistir a uma aula dela, eu e um ATP de LP, pois ela era professora de LP, verificamos que o problema dela era a forma como tratava os alunos, não respeitando seus conhecimentos e impondo suas concepções. Após a aula conversamos com a professora e a orientamos que ela deveria aproveitar o potencial da classe e adequar seu trabalho respeitando estes conhecimentos. Nesta turma tinha funcionário chefe do cartório eleitoral, investigador de polícia, funcionário público municipal, segurança de banco entre outros. Perguntei a professora se ela conhecia os alunos, e o que sabia da vida cidadã deles. E como sua resposta foi negativa, sugeri que ela fizesse uma pesquisa sobre eles, e a partir daí ela contextualizasse o seu conteúdo. Ela assim o fez, e a partir deste dia o trabalho dela mudou, os alunos passaram a participar da aula e juntos construíram o conhecimento. Nunca mais recebi reclamação desta turma, e a professora se apaixonou por trabalhar com EJA, e toda a vez que nos encontramos ela tem alguma experiência nova para me relatar.
São experiências assim que nos dão compensação na nossa profissão, que nos levam a ousar, a sermos diferentes, a buscar formas de práticas de construção democrática onde todos sejam beneficiados por ela. Neste trecho não poderia deixar de citar o mestre Paulo Freire (1982, p. 101) In Volpe (2005, p.35):
Eu agora diria a nós, como educadores e educadoras: ai daqueles e daquelas, entre nós, que pararem com sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem de denunciar e de anunciar. Ai daqueles e daquelas que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e com o agora, ai daqueles que em lugar desta viagem constante ao amanhã, se atrelem a um passado de exploração e de rotina.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Minha vida na educação como aluna, como professora, como diretora, e como supervisora foi cheia de paixões, desesperanças, esperanças, agruras, tristezas e alegrias, no entanto quando escrevi sobre ela tive a constatação de que existem mais fatos positivos do que negativos, e isto explica o porquê fiquei tanto tempo na educação e nunca a abandonei.
A experiência que obtive gosto de reparti-la com todos os envolvidos na educação, o que me leva a relembrar um fato ocorrido enquanto diretora. Tínhamos uma classe de sexta série que dava muito trabalho para os professores, pois não queriam aprender e a aula naquela classe era uma guerra de palavrões, aviãozinho e giz. Reunimos todos os professores e resolvemos fazer um projeto especial para aquela classe em que o objetivo imediato era conhecê-los, e os professores deveriam usar práticas educacionais diferenciadas que despertassem o interesse dos alunos.
Certo dia uma professora entrou irritada na minha sala dizendo que uma outra professora estava copiando sua aula através do caderno de uma aluna que era filha da professora que estava copiando. Fiquei ouvindo ela falar, esperei que se acalmasse, então lhe falei de ela devia sentir-se orgulhosa daquele fato, pois se alguém estava copiando seu trabalho é porque era bom e se era bom ela devia compartilhar a sua experiência, porque como alguém poderia avaliá-lo se ela não o propagasse, e que vantagem ela levava em esconder aquele segredo. Pedi que refletisse sobre o assunto. A partir daquele dia a professora nas HTPCs passou a divulgar sua experiência. Do que adianta nossas experiências e vivências se não as compartilharmos, isto é democracia, é deixar de ser individualista.
...de nada adiantaria acumularmos conhecimentos, lermos pilhas de livros e gastarmos todo nosso tempo estudando se todo esse conhecimento não nos levasse ao descaminho de nós mesmos, se não nos conduzisse a transformações do que somos e de quem somos, se não nos direcionasse a reinvenções das formas de nos relacionar com o outro em sua radical diferença conosco ? sem querer assimilar, dominar ou corrigir o modo de ser alheio. (SOUZA, 2005, p.236)

Um fato de suma importância para nós gestores é lembrar que a escola é um pequeno mundo que representa a sociedade, e de lá é que surgirão os futuros líderes do país. O educador é sempre reconhecido em qualquer lugar que ele esteja, isto foi uma coisa que sempre me intrigou, e hoje eu tenho a resposta. Somos denunciados pela nossa maneira de conversar, pois falamos sempre como se estivéssemos ensinando.
Dizer o quanto este curso de Especialização em Gestão Educacional foi importante para mim é uma redundância visto que o tempo todo ele esteve constante no meu memorial. Eu tenho a experiência, e este curso me deu subsídios para identificá-la no tempo e no espaço, e refletir sobre elas.
O mais gratificante para mim neste curso foi o de aprender a escrever, e de como escrever. Foi a todo o momento poder contextualizar a teoria e prática, conforme a proposta de Bairro-Escola cita da por Neto (2005, Prefácio) "... a tarefa primordial do educador é promover a compreensão do real significado do conhecimento, algo que se adquire no dinâmico processo do aprender fazendo". Foi à ampliação dos horizontes e a tomada de novas decisões, e o que mais me tocou foi aprender a importância de se fazer o registro, porque este registro faz parte da nossa identidade.
Como finalização deste memorial não poderia deixar de registrar as nossas viagens que durante um ano fizemos à Campinas, num micro ônibus. Fica aqui registrado: as nossas desavenças, perseveranças, cansaço, as dificuldades e a união que nos fez vencer todas as agruras. Uma trilha educativa onde a marca registrada era o biscoito de polvilho, o amendoim e o troféu do último a chegar. Foi com piadas, risos, sono e paradas, que o tempo passava e chegávamos ao nosso destino.


NOTAS EXPLICATIVAS:
1- A construção da BR 116, que liga São Paulo ao Paraná, se deu entre 1957 e 1960.
2- Colégio Piracicabano, localizado em Piracicaba, estado de São Paulo, foi construído e sustentado pelas mulheres metodistas norte americanas em 1884.
3- O prédio do KKKK, construído numa área de 3.000 metros quadrados em estilo arquitetônico inglês, localiza-se em Registro, Estado de São Paulo é o marco da colonização japonesa foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Estado de São Paulo
4- Ivaporunduva ? Comunidade Quilombola situada no Município de Eldorado no Vale do Ribeira, estado de São Paulo. É a mais antiga Comunidade do Vale.
5- Caverna do diabo - É a maior caverna do Estado de São Paulo e fica na cidade de Eldorado , distante 248 km da capital paulista.
6- Progestão ? Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolar, promovido pela CONSED/SEE/CENP 2005/2006.
7- Curso de especialização em Gestão Educacional, promovido pela SEE/UNICAMP 2005/2006.

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