Introdução

Pouco se conhece sobre a História brasileira e principalmente sobre a sua pré-história. Aprendemos pouco nas escolas sobre os brasileiros que viviam em nosso território antes da chegada dos portugueses.

Quem foram essas pessoas que viveram aqui em grandes grupos e sociedades e quais os tipos de relações tinham? São questionamentos comuns porque não conhecermos corretamente nosso passado.

Da mesma forma, os meios de comunicação não contribuem para que informações sobre arqueologia sejam divulgadas de maneira a ensinar e chamar atenção para a necessidade desse conhecimento.

O presente texto apresenta de forma parcial os resultados das atividades de Educação Patrimonial realizadas no município de São Desidério/BA, compõe-se de um conjunto de ações educativas que foram desenvolvidas de forma integrada ao Programa de Preservação do Patrimônio Arqueológico da BR 135 Trecho Correntina - São Desidério.

É fundamental que os atores sociais se conscientizem de que o patrimônio arqueológico é um bem é pertence à humanidade, e que cada um se torne agente no sentido de valorizar e proteger esse bem, evitando que o mesmo seja violado e/ou comercializado.

Valorizar assume, portanto, o significado de relacionar-se com o patrimônio arqueológico, conhecendo-o e atribuindo-lhe significados de acordo com as condições e circunstâncias propiciadas pelo programa de educação patrimonial, mas, levando em consideração as necessidades e os desejos dessas comunidades.

Desta maneira, a educação patrimonial entendida como um conjunto de ações com metodologia própria que promove o conhecimento sobre os bens culturais, permitindo o acesso direto às fontes, ou seja, aos objetos culturais, propiciando atitudes de preservação. (Lima, 2003)

Dentro deste contexto o presente relatório apresenta de forma parcial asações educativas que foram desenvolvidas em conjunto com o Programa de Preservação do Patrimonio Arqueológico da BR 135, realizado com os alunos da Escola Estadual Bento Alves do município de São Desidério.

1. Atividades de Educação Patrimonial Aplicadas na cidade de São Desidério Bahia

" Fazer o que seja é inútil. Não fazer nada é inútil. Mas entre fazer e não fazer mais vale o inútil do fazer" João Cabral de Melo Neto.

E de extrema importância o conhecimento de uma comunidade sobre seu patrimônio cultural, o que leva não somente a conhecê-lo mais relacionar-se com ele. O conhecimento desse patrimônio permite a comunidade identificar e valorizar o que é particular em sua cultura buscando dessa forma elementos que venha contribuir para que esse patrimônio cultural seja preservado. O relacionamento com o patrimônio cultural desperta o senso comunitário de que esse patrimônio pertence a todos e deve ser cuidado com responsabilidade para o benefício desse todo. (Mamede, 2008)

A preservação dos sítios arqueológicos e da cultura material proveniente desses sítios por parte dos moradores da região depende do nível de compreensão que os mesmos possuam sobre estes. Entende-se que, as concepções de patrimônio e de memória coletivos só podem ser reconhecidas por essa mesma coletividade se estiverem diretamente associadas às concepções de patrimônio e de memória individuais, daí o papel fundamental de uma ação educativa fundamentada.

" Todo grupo ou comunidade apresenta aspectos culturais que lhes são próprios, singulares e que os diferenciam dos demais grupos. Tal característica constitui-se no que se denomina construção da cultura, geração após geração, determinadas técnicas e valores vem sendo elaborados e transferidos as gerações futuras, dando individualidade e particularizando estas comunidades." (Batista, 2007)

A responsabilidade de preservar essa herança cultural quando se tem uma comunidade ativa e intimamente consciente desse valor muitas vezes mais importante que o econômico, leva as mudanças e cobranças que em conjunto com autoridades públicas e iniciativas privadas são conduzidas a práticas efetivas saindo da inalterabilidade teórica.

Desta forma, as atividades e programas científicos que estão sendo realizados em conjunto com os trabalhos de implantação da rodovia BR 135 (Trecho Correntina/São Desidério – BA), vêm alcançando os anseios e as expectativas das comunidades e populações dos municípios que serão margeados por essa rodovia.

Sendo assim, a responsabilidade do DNIT, SEPLAN, CETRAN e autoridades locais não, objetiva apenas levar o progresso (via rodovia) as pessoas que vivem em suas proximidades, mais também levantar o valor e conhecimento que elas devem ter pela sua herança cultural. Desta maneira, foi realizado um programa de Resgate Arqueológico onde se pode ter uma pequena noção sobre o patrimônio material da região. Com esse trabalho educacional pode-se avaliar o quanto à comunidade do município de São Desidério procurou saber sobre essa riqueza cultural expressa de forma significativa no sítio arqueológico Senhorinha da Cruz, e esperam que esse patrimônio continue a pertencer a quem lhe por direito a comunidade do Município.

O Sitio Arqueológico Senhorinha da Cruz resgatado em São Desidério foi o responsável pela realização de uma atividade de Educação Patrimonial pela equipe de educação patrimonial da empresa Griphus Consultoria em duas fases, sendo a primeira com atividades educacionais realizadas na Escola Estadual Bento Alves paraalunos do ensino médio e fundamental e para os trabalhadores que ajudaram no resgate do sítio.

O trabalho de educação patrimonial permitiu que fosse apresentada aos alunos dessa escola uma pequena noção do que éarqueologia e o trabalho do arqueólogo. Também foram desenvolvidas aulas com conhecimento sobre o conceito de patrimônio cultural, sítio arqueológico, bens materiais e imateriais e a importância da valorização e preservação desse patrimônio. Muito além das corriqueiras palestras e aulas usuais os alunos e a direção escolar obtiveram informações sobre o que fazer de forma efetiva para que o Patrimônio Cultural não seja objeto de esquecimento e negação.

O conteúdo aplicado em sala de aula foi repassado aos alunos de forma mais dinâmica e prática com a visita deles ao sítio. Ao chegar ao sítio arqueológico os alunos tiveram a noção real daquilo que lhes haviam sido descrito em sala de aula.

A pré-história e a história brasileira têm suas próprias dinâmicas que podem e devem ser utilizados para ampliar o conhecimento educacional de comunidades sobre seu patrimônio cultural. Esse aprendizado educacional realizado de maneira ampla poderá estabelecer no indivíduo um maior vínculo com sua identidade cultural e a consciência da preservação do mesmo. Desta forma, para que o indivíduo assuma sua identidade é preciso que se de significação a sua realidade. E essencial à formação de um olhar crítico sobre sua cultura. (Almeida, 2002)

" O estudo dos remanescentes do passado motiva-nos a compreender e avaliar o modo de vida e os problemas enfrentados pelos que nos antecederam, as soluções que encontraram para enfrentar esses problemas e desafios, e a compará-las com as soluções que encontramos para os mesmos problemas (moradia, saneamento, abastecimento de água, etc). Podemos facilmente comparar essas soluções, discutir as causas e origens dos problemas identificados e projetar as soluções ideais para o futuro, um exercício de consciência crítica e de cidadania" ( Batista, 2007)

Nesse primeiro momento as atividades de educação se concentraram em palestras realizadas em salas de aula da Escola Estadual Bento Alves e para os trabalhadores (conforme já descrito), e em visitas dos alunos ao sítio arqueológico, na participação em campo dos representantes da Secretaria de Educação do Município além da divulgação do trabalho via imprensa falada e escrita e na educação dos trabalhadores que auxiliaram no resgate.

1.1 - Propostas Metodológicas de Educação Patrimonial nas Escolas

A Educação Patrimonial propõe-se como um método ativo e permanente de ensinar as pessoas, crianças e adultos, a aprender a conhecer o seu Patrimônio, e a compartilhar esse conhecimento com seus semelhantes.

Esse conhecimento deve ser adquirido na inter-relação de aspectos sensíveis e cognitivos, proporcionando a descoberta de significados e identificação entre a cultura de quem os produziu e a cultura de quem deles está usufruindo.

Em conformidade com Silva (2005), as novas responsabilidades da educação para o presente século é que tenha como centro a construção da humanidade do ser humano deve ser organizada em torno dos pilares do conhecimento, tendo como tônica aprender a conhecer a conviver e a aprender a ser.

Acreditamos que a escola assume o papel relevante na sociedade à medida que os saberes trabalhados são partes de um patrimônio cultural valorizado é julgado indispensável ao cidadão, que deve ser capaz de uma recriação de novos significados e subjetividade. (Bonato & Silveira, 2007)

Sendo que, Costa (2006) entende que a educação escolar é mais do que a simples transmissão de conhecimento. E o papel da escola é, por conseqüência do educador criar situações para que o educando seja levado a procurar conhecimento, a fim de desenvolver outras habilidades.

Enfim, esta sugestão pretende ser conforme Scatamacchia (1992), uma contribuição para tornar a arqueologia menos abstrata ligada ao processo cultural que interessa a todos, além de, envolver a comunidade local no projeto de preservação e valorização do patrimônio arqueológico cultural.

2. Trabalho de Educação Patrimonial Realizado na Escola Estadual Bento Alves – São Desidério - Bahia

" Só o passado verdadeiramente nos pertence. O presente......O presente não existe: O Futuro diz o povo que a Deus pertence. A Deus.... Ora, adeus!" Manuel Bandeira.

Inicialmente para que fosse realizada qualquer atividade de educação patrimonial foi necessário um conhecimento prévio sobre a estrutura da escola onde seriam aplicadas tais atividades e uma noção parcial sobre o nível de conhecimento e de interesse do público que deveria ser contemplado com as atividades de educação patrimonial. Dessa forma, as atividades educacionais estariam sendo direcionadas a públicos específicos conforme seu grau e nível de escolaridade. (Conforme Tabela abaixo)

Conceitos que foram Trabalhados em Sala de Aula pela Educação Patrimonial – Escola Bento Alves São Desidério – Bahia (Ensino Médio e Fundamental)

Você sabe o que é um bem?

O que seria um bem cultural? Porque eles são importantes?

O que é Patrimônio Cultural? Patrimônio material e imaterial?

O que é Arqueologia? O que Sitio Arqueológico?

Visita guiada ao sítio arqueológico senhorinha.

Palestra explicativa em campo sobre o sítio arqueológico.

A importância da preservação dos sítios arqueológicos.

A Educação Patrimonial propõe-se como um método ativo e permanente de ensinar as pessoas, crianças e adultos, a aprender a conhecer o seu Patrimônio, e a compartilhar esse conhecimento com seus semelhantes. Esse conhecimento deve ser adquirido na inter-relação de aspectos sensíveis e cognitivos, proporcionando a descoberta de significados e identificação entre a cultura de quem os produziu e a cultura de quem deles está usufruindo.

Acreditamos que a escola assume o papel relevante na sociedade a medida que os saberes trabalhados são parte de um patrimônio cultural valorizado e julgado indispensável ao cidadão, que deve ser capaz de uma recriação de novos significados e subjetividade.( Almeida, 2002)

O processo educativo, em qualquer área de ensino/aprendizagem, tem como objetivo levar os alunos a utilizarem suas capacidades intelectuais para a aquisição e o uso de conceitos e habilidades, na prática, em sua vida diária e no próprio processo educacional. O uso leva à aquisição de novas habilidades e conceitos (Horta, 2004)

A escola Bento Alves em São Desidério estado da Bahia nos foi apresentada pela Secretária da Educação do município, representado pela senhora Kedma, como nesse primeiro momento não havia tempo hábil para que outras escolas pudessem participar também das atividades de educação patrimonial foi nos sugerido a escola Bento Alves, póis, ela atendia o propósito inicialestabelecido para que a educação patrimonial contemplasse alunos de ensino médio e fundamental interessados nos benefícios educacionais e no desenvolvimento cultural humano que pode ser propiciado pelo sítio arqueológico em questão.

Desta forma, os representantes da escola nos atenderam muito bem, e prontificaram-se a nos auxiliar, para que, pudéssemos desempenhar da melhor maneira possível às atividades educacionais. O espaço cedido para o trabalho foi às salas de aula e o pátio escolar onde foram colocados painéis em forma de Banners e foram distribuídos folhetos que explicaram de forma sintética conceitos e noções sobre o trabalho de arqueologia é sobre patrimônio cultural em seus aspectos material e imaterial.

Os alunos através das aulas ministradas passaram a reconhecer os indícios arqueológicos como fonte de informação para a compreensão das sociedades que antecederam o processo de ocupação do estado da Bahia e da região de seu município, passando a compreender e valorizar esse patrimônio cultural.

O foco do programa educacional foi centrado no significado e importância do estudo da arqueologia para a interpretação e compreensão das atividades humanas realizadas em determinado período de nossa história.

Necessário dizer que, os alunos foram despertados de um desconhecimento sobre sua herança cultural que até então estava limitado ao livro didático e as corriqueiras noções de cultura assistidas e perpetuadas pelos programas de televisão e as constantes confusões relacionadas entre arqueologia e paleontologia. À medida que lhes eram apresentados imagens de sua própria cultura expressa nas construções arquitetônicas, nas pinturas rupestres muito comuns na região, nos monumentos dedicados a história do município, o sarcófago da ignorância em que se encontravam foi aberto para que o sentido de valor do patrimônio que lhe são comuns fosse por eles melhor estimado.

Para que determinada comunidade se posicione de forma crítica responsável e construtiva perante as questões do patrimônio cultural, é necessária que os sujeitos estejam preparados para o uso do diálogo, como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas. Isto é possível por meio de uma ação educativa capaz de construir progressivamente as noções de identidade, diversidade cultural, e que se insurja contra qualquer tipo de discriminação, seja cultural, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou de quaisquer outras características individuais e sociais. (Mamede, 2008)

Conforme Klamt & Machado (2007), os bens culturais são o foco e o ponto de partida para o ensino cujo objetivo e a obtenção de um processo em que todos (educando e educador) deverão ser os sujeitos da história através da observação, do registro, da exploração e da apropriação com a conseqüente valorização da diversidade que o patrimônio oferece.

Temos que pensar com generosidade para abordar com responsabilidade a complexa realidade na qual esta envolvida a escola pública brasileira. E pensar com generosidade e abrir o pensamento sob uma postura solidária e desejante diante do outro, de querer entender a profunda diferença que afasta e aproxima a humanidade.

A necessidade de trabalhar o Patrimônio Cultural nas escolas fortalece a relação das pessoas com suas heranças culturais, estabelecendo um melhor relacionamento destas com estes bens, percebendo sua responsabilidade pela valorização e preservação do Patrimônio, fortalecendo a vivência real com a cidadania, num processo de inclusão social.

2.1 - Visitas Monitoradas ao Sítio Arqueológico Senhorinha da Cruz

" Essa cova em que estas com palmo medida e conta menor que tiraste em vida.(...) E uma cova grande para tua carne pouca mas a terra dada não se abre a boca..." João Cabral de Melo Neto.

Paralelo às aulas realizadas na escola foi organizado visitas ao sítio arqueológico que contou com a participação dos alunos do ensino médio e fundamental e dos professores de várias disciplinas. Os visitantes foram agrupados em equipes de doze alunos de cada vez com o tempo de visita em campo de uma hora e trinta minutos para cada grupo. As informações trabalhadas com os alunos em campo foram determinadas de maneira que, as atividades proporcionam-se aos visitantes um conhecimento parcial sobre arqueologia e patrimonio cultural. Conforme tabela.

Informações Trabalhadas no Sítio Arqueológico Senhorinha Durante a Visita em Campo*

APRESENTAÇÂO

INTERPRETAÇÃO DO PÚBLICO

Primeiro contato com o ambiente do sítio e com os arqueólogos

Fornecer conceitos iniciais para uma interpretação do sítio

Incentivar questionamentos a respeito da pré-história do município

Correlacionar os conceitos históricos da ocupação do município com as suposições da arqueologia

Introdução à temática da cultura material

Situar as evidências em contextos mais amplos no interior do sítio

Demonstração de técnicas de escavação usadas no sítio

Demonstrar um pouco as dificuldades expostas pelas técnicas de escavação

Apresentação dos aspectos relevantes da paisagem no entorno do sítio

Aproveitamento dos aspectos ambientais e paisagísticos do entorno do sítio

* Tabela Baseada no trabalho de Fernandes 2007 ver bibliografia.

Conforme determinação da equipe de educação patrimonial da Griphus e da direção da escola, os alunos somente foram visitar o campo com a autorização dada pelos pais através da assinatura do responsável na permissão confeccionada pela escola.

Em campo foi apresentado a alunos e professores os conceitos de sítio arqueológico, de cultura material, das técnicas necessárias para a confecção de artefatos em cerâmica e material em pedra lascada e da utilização do mesmo na vida desse grupo pretérito que viveu naquele local. As visitas foram monitoradas pelos profissionais em arqueologia que estavam em campo direcionando as explicações para cada grupo nas áreas mais significativas para que fosse visitada e que os alunos compreendessem o significado da ocupação ocorrida naquela área.

As urnas funerárias descobertas foram os vestígios arqueológicos que mais chamou a atenção dos visitantes, pois eram locais onde estavam expostos os restos materiais em cerâmica os indícios do vasilhame fúnebre, bem como partes da ossada do corpo enterrado.

Os alunos questionaram a respeito das formas e das maneiras com que eram utilizados os vasilhames cerâmicos encontrados, e dos tipos de enterramentos ocorridos na área do sítio arqueológico e como foi descoberto o sítio arqueológico, além do significado da preservação desse patrimônio para a cultura da região e do Brasil.

Em alguns momentos os questionamentos demonstraram que parte dos alunos não conhecia nem sabia o que era arqueologia e muito menos que em seu próprio município havia um grande e significativo sítio arqueológico. Mais de forma positiva a partir, do momento em que eles passaram a ter o conhecimento sobre a importância e relevâncias de um sítio arqueológico para o seu próprio patrimônio cultural tornaram-se agentes difusores desse conhecimento comprometendo-se a fiscalizar qualquer tipo de depredação que possam vir a presenciar.

As aulas em campo seguiram-se com a visita ao sítio histórico representado por uma sede de fazenda existente nas proximidades do sitio pré-histórico é que segundo informações dos moradores atuais a casa havia sido construída a mais de cem anos durante o processo de colonização da área. Acreditamos que somente através do conhecimento do significado dos sítios arqueológicos estes poderão ser encarados como um bem comum, que testemunha as antigas atividades da região. (Scatamacchia, et ali, 1992)

Os aspectos significantes da construção dessa casa estão presentes na forma de sua constituição onde os recursos empregados foram totalmente advindos do meio ambiente (natureza). Esse meio utilizado como técnica de construção de casas foram objetos abordados na palestra realizada no local pelo membro da equipe Griphus e arquiteto Adriano.

O envolvimento dos moradores do município de São Desidério e adjacência foi um fato relevante demonstrado nas visitas constantes ao sítio arqueológico por moradores e autoridades da região. Mesmo sem fazer parte dos grupos de visitas moradores se organizaram e foram conhecer e receber informações sobre o sítio arqueológico sobre os trabalhos e o que estava sendo descoberto.

Deste modo, um grupo da secretaria de educação do município formado pelos responsáveis dos programas pedagógicos implantados no município e nas escolas rurais pôde conhecer e entender da importância de se trabalhar o patrimônio cultural em salas de aula.Através das explicações conferidas em campo o grupo foi apresentado ao significativo acervo arqueológico e cultural existente nas adjacências do município que vive. Semelhante aos alunos que se tornaram difusores desse conhecimento os membros da secretária de educação também tornaram agentes responsáveis pela divulgação e proteção do Patrimônio Cultural existente na cidade de São Desidério.

Entender, compreender, valorizar o patrimônio cultural via arqueologia e um dos aspectos mais significantes para que os grupos formadores de opinião conheçam e saibam como é necessário que esses elementos estejam agregados aos afazeres cotidianos das comunidades a que eles pertencem.

Nesse aspecto, as atividades relacionadas ao campo da arqueologia deve ser objeto de conhecimento via educação patrimonial para que seja despertada nesses grupos comunitários uma significativa identidade com o patrimônio cultural. A proposta é, através da ampliação das informações, motivar a conscientização e valorização por parte da população, colocando-se em contacto direto com os bens culturais da região. (Scatamacchia, et al, 1992)

Outra atividade educacional realizada foi à divulgação pela mídia televisiva e mídia escrita e em sites da internet, onde ambos centraram suas reportagens na importância dos trabalhos de arqueologia para a preservação do Patrimônio Cultural.

3. - Atividades Educacionais Voltada para os Auxiliares de Campo

Conforme Fernandes (2007), Caldarelli (2004), os auxiliares representam uma parcela de sujeitos sociais que pertencem a uma comunidade moradora nas proximidades do sítio que são potenciais valorizadores do patrimônio existente. Desta forma, conceitos e aprendizados deve ser direcionados a esse público que permanecerão naquela comunidade como agentes difusores dos valores e significados de se preservar o patrimônio arqueológico e cultural da sua região.

Para o trabalho de resgate do sítio arqueológico Senhorinha daCruz município baiano de São Desidério, foram contratados dez auxiliares de faixa etária entre 18 a 45 anos. Levando em consideração o completo desconhecimento a respeito de arqueologia e do trabalho do arqueólogo os auxiliares receberam informações sobre detecção de vestígios e estruturas, evidenciação e acompanhamento dos níveis de rebaixamento e decapagem, e posteriormente a medida que se desenvolvia os trabalhos as informações eram repassadas através de discussões orientadas e a partir dequestionamentos dos próprios auxiliares.(Fernandes, 2007)

"Este se caracterizou por um processo contínuo, onde o informar, o sugerir, o instigar, o contextualizar, o ouvir e finalmente o sensibilizar foram utilizados como manobras de estimulo a interpretação do sítio" (Freire, 2005, apud, Fernandes, 2007)

Auxiliares que trabalharam no Sítio Arqueológico Senhorinha da Cruz

Elizael Ferreira dos Santos

Arnon de Souza Alvez

Fabrício Barbosa dos Anjos

Eremildo José da Silva

Nedilson Pinheiro das Dantas

Junior Gomes dos Santos

Marcio Moreira bastos

Igor R.F. da Silva

Fábio Ferreira da Silva

Conclusão

A Educação Patrimonial esta tendo um crescimento vertinoso enquanto objeto de projetos desenvolvidos em trabalhos vinculados a arqueologia de contrato no Brasil. Trata-se de uma preocupação responsável dos profissionais em arqueologia e empreendedores em relação a comunidades e ao próprio patrimônio cultural da nação.

Sabemos que por muito tempo trabalhos no sentido mais global do envolvimento da arqueologia enquanto aprendizados educacionais ficaram limitados a palestras em escolas públicas de pequenas cidades e povoados rurais.

Essa nova perspectiva para os estudos de educação arqueológica e do patrimônio cultural amplia-se a necessidade de projetos que além do conhecimento natural sobre a cultura material deve apresentar também um conhecimento a respeito de como essas atividades servirão a um público mais amplo dos que os dos congressos e a academia.

Nessa perspectiva a arqueologia também será responsável em desconstruir mito e erros históricos em relação à importância dada por empreendedores de obras impactantes a preservação do patrimonio cultural via educação.

Enfim, será necessário estabelecer caminhos didáticos e pedagógicos para que a educação patrimonial tendo como seu objeto de estudo a arqueologia e que desta forma construa novos paradigmas e que consigamos formar noções de valor, responsabilidade e identidade com nosso patrimônio culturalno público que direcionaremos nossa ações educativas.

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