MALHEIROS, Flávia Estevão da Silva[1]([email protected])

PIRES, Sonia aparecida da Silva de Lara[2] ([email protected])

                SANTANA, Raquel Machado[3]([email protected])

 

RESUMO

 

 

Este artigo tem como objetivo primordial ressaltar a importância de investimento na Educação básica, e elencar reflexões sobre a Educação Superior no Brasil, ressaltando o contexto da organização e estrutura do ensino superior no País. Assim como a identificação do perfil dos alunos que ingressam nesta etapa da educação e a relação com a educação básica. Possibilitando uma visão panorâmica sobre os avanços e os desafios do ensino superior do Brasil que estão colocados diante da sociedade. Oferecer uma educação básica de qualidade é um desafio que o Brasil tem lutado há anos para vencer, porém a educação Brasileira vive uma grande crise de conjuntura, expressando com isso a crise das estruturas econômicas, políticas e sociais. Ainda é grande o número de analfabetos, o Brasil está longe de erradicar o analfabetismo. Precisa-se urgente pensar numa educação igualitária, repensar ou redesenhar a educação é de suma importância. Uma vez que a educação se constitui como direito fundamental e essencial ao ser humano e diversos são os documentos que corroboram com tal afirmação. A Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, afirma que “é direito de todo ser humano o acesso à educação básica”, assim como a Declaração Universal dos Direitos Humanos que estabelece que “toda pessoa tem direito à educação”.  Por que ainda temos esse número expressivo de analfabetos, milhões de brasileiros não conseguem ter acesso à Educação. De acordo com pesquisas da Unesco, verifica-se que a educação é um fator diferencial, uma vez que através dela os indivíduos tem maiores chances de conseguir trabalhos qualificados, além de participação ativa na vida democrática podendo desta forma, ter pleno conhecimento dos seus direitos e deveres e usufruir dos mesmos.

 

 

Palavras-chaves: Ensino Superior. Investimentos. Democratização. Desigualdade.

 

ABSTRACT

 

The purpose of this article is to highlight the importance of investing in basic education and to highlight reflections on higher education in Brazil, highlighting the context of the organization and structure of higher education in the country. As well as identifying the profile of students entering this stage education and the relationship with basic education. Providing a panoramic view on the advances and challenges of higher education in Brazil that are placed before society. Providing a quality basic education is a challenge that Brazil has been fighting for years to overcome, but Brazilian education is experiencing a major economic crisis, expressing the crisis of economic, political and social structures. The number of illiterates is still large, Brazil is far from eradicating illiteracy. It is imperative to think of an egalitarian education, to rethink or redesign education is of the utmost importance. Since education constitutes a fundamental right and essential to the human being and several are the documents that corroborate with such a statement. The Law of Guidelines and Bases for National Education states that "every human being has the right to basic education", as well as the Universal Declaration of Human Rights, which establishes that "everyone has the right to education". Because we still have this expressive number of illiterates, millions of Brazilians can not have access to Education. According to Unesco researches, it is verified that education is a differential factor, since through it individuals are more likely to get skilled jobs, as well as active participation in democratic life, thus being able to have full knowledge of their rights and duties and enjoy them.

 

Keywords: higher education . Investments. Democratization. Inequality.

 

1.INTRODUÇÃO

 

É impossível falar de Educação sem conhecer a história que rege nosso País, em 1988, ano que foi promulgada a atual constituição brasileira, A partir de então foram realizadas várias ações governamentais justificadas pela busca de um ideal de justiça social, foram criados vários instrumentos legais para que recursos públicos fossem direcionados para subsidiar essas ações. Entretanto nossa constituição ainda é nova e boa parte do que a mesma rege não é aplicado em sua totalidade, assim, é fundamental o debate sobre as questões sociais, trazendo para o bojo do problema todos que compõem a sociedade, balizando diretrizes que possam ser benéficas aos cidadãos como um todo ou, pelo menos, que não beneficiem uma pequena minoria em detrimento da maioria.

É essencial que a coletividade apresente um mínimo de conhecimento sobre a estrutura e o funcionamento da máquina pública, para manifestar suas opiniões de acordo ou desacordo, sempre que confrontada por atitudes individualistas e muitas vezes antidemocráticas dos gestores públicos. Mas esta possibilidade de manifestação está condicionada ao espectro de conhecimento do cidadão.

 De acordo com um princípio Bíblico escrito em Oséias 4.6 “ O meu povo peca por não ter conhecimento”. A falta do conhecimento de causa faz com que muitos dos que estão envolvidos com a política educacional venham a cometer erros e dejasustes que em um futuro não muito distante causará problemas irreversíveis.

Conhecer e entender sobre política pública, economia, desenvolvimento humano, globaliza e etc... Fazem a diferença quando estamos a frente de questões tão importantes como é o caso das políticas públicas para o Ensino Superior.

O nível Superior, nunca foi tão importante como agora, visto que a globalização entoou ritmo e intensidade à evolução do conhecimento e da ciência de um modo geral. Neste contexto, ingressar em uma universidade representa, para muitos jovens, um grande passo para inserção no mercado de trabalho, cada vez mais competitivo. Entretanto, observa-se que, para muitos estudantes, a formação superior não passa de um sonho, cujas barreiras de acesso parecem intransponíveis.

Apesar de haver ocorrido na década de 90 um significativo aumento de vagas no vestibular na rede pública de ensino, foi na rede privada que ele atingiu o maior percentual de aumento: 147,9%. Tal fato indica que um significativo número de jovens não tem acesso ao ensino público e gratuito, restando-lhe somente a opção de pagar seus estudos de nível superior. A rede privada, desde 1990, oferece, aproximadamente, 70% das vagas no vestibular e, o conjunto da rede pública, 30% (SOARES, 2002, p. 115).

 

Como discutido anteriormente infelizmente nossa carta magna a constituição de 1988, não vem sendo cumprida em sua plenitude, pois a constituição assegura que é direito de todo os Brasileiros o acesso a educação de qualidade de forma gratuita, o número insuficiente de creches, escolas, e universidades públicas é então um desrespeito a constituição.

Ademais além de discutirmos a questão das vagas, ou seja, do ingresso temos que debater também qual é essa universidade, ela é de fato um local Plural, Laico e Democrático como assegura nossa constituição e inúmeras leis e resoluções subsequentes? De acordo com Buarque (2003, p. 3), ainda que o contexto mundial tenha sofrido grandes transformações “em termos de informação, conhecimento e novas técnicas de comunicação e educação”, ao longo dos anos, poucas foram as mudanças estruturais nas universidades, o que evidencia “a necessidade de revolução no conceito de universidade”. Logo, fica visível a necessidade de adaptação do modelo de formação oferecido pelas universidades para que as demandas existentes na sociedade contemporânea sejam correspondidas e também que o ensino superior esteja não somente acessível a toda a população, mas que também haja uma política de manutenção destes acadêmicos com qualidade de ensino que, para tanto, requer conhecimento e reflexão sobre o assunto.

Em uma sociedade formada predominantemente por pessoas com baixo nível de escolaridade, não é possível esperar grandes atitudes coletivas. Dessa forma, só uma política eficiente de investimento em educação fortaleceria o sistema democrático, como dizia Freire a educação é emancipadora.

Conforme Parâmetros Curriculares Nacionais 1998 “O reconhecimento de que há todo um universo de relações cotidianas no interior da escola, sempre ignorado ou subestimado pelas propostas curriculares, permite concluir que não se educa para o futuro”, traduzindo com nitidez uma postura que educa para a percepção da própria realidade. Qual é então, o papel da escola hoje? Ao tomar consciência de que ‘as práticas pedagógicas são sociais e políticas’ e que “a relação educacional é urna relação política’ temos assim definido o objetivo da escola: a formação da cidadania”. Este objetivo é ressaltado e vai sendo coerentemente desenvolvido ao longo do projeto, mas já aparece definido em sua introdução:

De acordo com os Parâmetros Curriculares

 

A Instituição escolar, que tem como tarefa especifica a socialização do conhecimento, tem sido alvo de discussões sobre a pertinência ou necessidade de incumbir-se também da formação moral de seus membros. (PCN-Ética, 1998, pág.61)

 

A cidadania, portanto, torna-se o eixo da educação escolar, o referencial dos conhecimentos, das práticas e valores que devem orientar o exercício pleno da participação social. Cria-se a figura da escola-cidadã, que sintetiza em si os objetivos, métodos e conteúdos da educação escolar.

Neste artigo serão colocadas a importância em investir na Educação, Temos que investir ao mesmo tempo em todos os níveis, pois todos estão interligados. E é preciso, urgentemente, valorizar a educação infantil e as primeiras séries do ensino fundamental, pois é nessa fase que decidimos o futuro dos indivíduos. Se eles começam a fracassar nesta etapa, todo o percurso escolar será acidentado e se tornará difícil resgatá-los. Entretanto, os professores que lecionam nesses níveis são os mais mal pagos e mal preparados, o que é um contrassenso.

A Lei de Diretrizes e Bases do Ensino e o Plano Nacional de Educação já deram o diagnóstico e a receita. Se apenas cumpríssemos as leis, já daríamos um imenso passo na direção da universalização com qualidade. Mas as ações governamentais não correspondem às expectativas geradas pela LDB ou pelo PNE, não dão continuidade a um projeto educacional já aprovado por toda a sociedade. Esse é grande equívoco que o governo tem cometido.

E tem como objetivo esclarecer que precisamos   investir na educação para combater a evasão, adaptar nosso fazer pedagógico à dura realidade das novas clientelas, só assim teremos educação de qualidade para todos e tão sonhada universalização do ensino.

 

DESENVOLVIMENTO

 

1- EDUCAÇÃO SELETIVA E EXCLUDENTE

 

            A Educação iniciou já seletiva e excludente, é notório que a história de exclusão na história do Brasil não se faz apenas economicamente, pois a História da educação no Brasil é uma história de exclusão, uma vez que as primeiras escolas foram feitas para a elite branca, até hoje as oportunidades não são iguais para todos: Ricos e pobres, brancos e Negros, pois a educação no Brasil é diferente de acordo com raça, cor, sexo... Temos grupos historicamente excluídos: Mulheres, indígenas, negros, camponeses.

            Ainda se tem pensamentos excludentes: Dinheiro para pobre é gasto, dinheiro para rico é investimento.

            É de conhecimento de todos que historicamente no Brasil, as elites direcionavam o sistema político e o processo Educacional de acordo com seus interesses, marginalizando assim, grande parte da população. O Brasil ainda conta com grande número de analfabetos, e convive com números ainda exorbitantes de evasão e repetência.

            Nossa educação seletiva e excludente é nossa herança histórica, que se formos analisar a fundo remonta ainda aos tempos do Brasil colônia, mas para o objetivo do presente é necessário apenas que ressaltemos que a lógica da educação excludente é a lógica do projeto neoliberal, a nossa sociedade é uma sociedade de classes com duas classes bem definidas, trabalhadores e burguesia, e a lógica neoliberalista é justamente o que propicia a manutenção dos privilégios da burguesia.

            Nós classe trabalhadora somos submetidos a ensino sucateado desde a educação básica, e isso nada mais é do que estratégia da burguesia estratégia do capital, pois a ela convém uma Mão de Obra que seja apenas massa, alienada de seus direitos e condicionada à estrutura vigente.

Toda luta de classes é uma luta política [...]. A burguesia mesma, portanto, fornece ao proletariado os elementos de sua própria educação, isto é, armas contra si mesma [...]. Com o progresso da indústria frações inteiras da classe dominante são lançadas no proletariado [...] também elas fornecem ao proletariado uma massa de elementos de educação (MARX, 1993, p. 08).

 

            Como ressalta Marx a burguesia compreende o processo educacional como mais uma forma de assegurar seu domínio sobre o proletariado, e de fato esta é a realidade ainda hoje vivenciada em nosso País.

1- DESAFIOS ENCONTRADOS NA REALIDADE ESCOLAR

De acordo com Jurandir de Almeida Araújo (2013) a expansão do ensino público, no Brasil, se dá a partir da segunda metade do século 20, influenciada pelo processo de industrialização e urbanização da sociedade brasileira, processo que provocou mudanças significativas na estrutura social e política do país. Dentre essas mudanças destaca-se a prioridade do Estado por educação, que, até aquele momento, era privilégio de poucos.

Ou seja, até meados do século 20 a educação era um privilégio dos grupos mais favorecidos; o ensino público era tido como de boa qualidade, pois se tratava de uma escola que pagava bons salários aos professores e possuía infraestrutura e equipamentos adequados, mas era reservado para uma pequena parcela da população (a elite), enquanto a grande maioria da população pobre, notadamente negros e indígenas, que mais necessitava de instrução, era excluída do acesso ao sistema de ensino formal.

Pois, a educação no Brasil ainda é pensada considerando a relação Produção e trabalho no sistema capitalista, seguindo princípios neoliberais, seletiva e quase que totalmente excludente, deixando de fora os que não são vistos pelo poder e privilegiando as elites, possibilitando o acesso, mas, não a permanência na escola, perenizando o analfabetismo a evasão e a repetência nas escolas.

Por isso um dos desafios encontrados na realidade atual é a igualdade na Educação, pois a Escola tem um papel fundamental na formação de um indivíduo. A formação desse novo sujeito implica numa escala de valores éticos, de inclusão, de cooperação, de justiça, de aceitação do diferente e de transformação pessoal e social. A Escola é esse canal. Se acreditarmos que por meio da Educação o Ser Humano se transforma, aí teremos a confiança de estarmos no caminho certo.

E como construiremos então essa nova escola? Como faremos com que a escola seja de fato um ambiente plural e democrático, como iremos combater a divida histórica que nossa sociedade tem com as ditas “minorias”? perguntas difíceis de se responder mais necessárias, e além delas a muitas outras, por exemplo e nós como educadores qual o nosso papel na construção dessa nova escola?

Para começarmos a construir essa nova escola temos que pensar em todos os aspectos envolvidos no processo educacional, sendo eles o primeiro ponto a formação dos próprios educadores essa formação deve romper com os paradigmas da velha escola é preciso que rompamos de vez com o sistema pastoral implementado pelos jesuítas ainda no Brasil colônia e que tendem ainda a se reproduzir nos corredores das escolas, ignorando se as teorias educacionais que versam sobre os múltiplos saberes, e as múltiplas habilidades e competências.

Acompanhando o processo de formação desses educadores, obviamente é necessário que esses educadores sejam bem remunerados em seu oficio, pois a sua função a de ajudar na construção de indivíduos conscientes agentes transformadores de sociedade é de suma importância. É necessário também que esse ambiente escolar possua estrutura adequada para que haja conforto dos educandos e ferramentas para desenvolvimento de práticas pedagógicas alinhadas com o século XXI que possam ser educativas e interativas, contribuindo assim para redução das taxas de evasão.

Nada do que foi citado acima é possível sem investimento, o pais deu um salto neste sentido com a criação do PNE (plano nacional de educação) e do FUNDEB (Fundo para Educação Básica), mas não adianta apenas criar os mecanismos é preciso que os mesmos sejam de fato implementados, e para além disso as políticas educacionais devem estar alinhadas com as políticas sociais pois não há quem aprenda quando o som da fome ressoava mais alto que a voz do professor.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Tendo em vista o que fora refletido anteriormente concluímos, portanto, afirmando que é necessário investir mais na Educação para termos uma educação que almejamos, garantindo mais tecnologias educacionais e recursos pedagógicos apropriados ao processo de ensino aprendizagem; Políticas e formação e valorização do pessoal docente: plano de carreira, incentivos, benefícios; Definição da relação estudante/professor adequado ao nível, ciclo e estágios escolares; Financiamento: elevação do percentual do PIB para a educação; Gestão Democrática; Efetividade do Sistema Nacional de Educação; Sistema nacional de avaliação ligada aos sistemas de ensino.

É fato que devamos reconhecer que existem avanços consideráveis no que se refere à no Brasil, hoje considerada o seu acesso mais fácil, porém o que temos ainda é um ritmo de passos largos, mas por vezes de caminhos tortuosos e descontínuos.

Portanto, é preciso entender o verdadeiro sentido da Educação e o papel que esta exerce hoje em nossa sociedade. Não podemos aceitar o fato de que a educação só existe na escola formal tendo como representante máximo o mestre (professor profissional). A educação está presente em todas as nossas ações, na nossa vivência, enfim, na experiência de cada um. Além disso, é necessário que os(as) futuros(as) profissionais da educação conheçam compreendam as etapas da análise de conjuntura como processo de formação para entender a realidade em seus aspectos conjunturais considerando os cenários, acontecimentos, atores, relações de forças e as articulações que se impões para construção de uma dada situação real dentro da vida social políticas. Acreditamos que somente a partir do conhecimento profundo da realidade é possível fazer as intervenções necessárias para ajudar a transformá-la. Nesse sentido estudar as políticas e a gestão da educação é tarefa de todos os envolvidos com o processo educativo

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA

 

 

ALMEIDA, Ferreira de. Bíblia Sagrada. Edição Corrigida e Revisada Fiel ao texto

Original. São Paulo. 2011

 

ARAÚJO, Jurandir de Almeida. Educação e Desigualdade: A Conjuntura Atual do Ensino Público no Brasil.2013

 

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental.  Parâmetros Curriculares Nacionais: primeiro e segundo ciclos: apresentação dos temas transversais/ Secretária de educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998.

 

BUARQUE, Cristovam. A universidade numa encruzilhada. Trabalho apresentado na Conferência Mundial de Educação Superior + 5, UNESCO, Paris, 23-25 de junho de 2003.

 

MARX e educação no Brasil (1922-1935): o discurso do PCB e seus intelectuais.

DisponÌvel em: . Acesso: 09 jul. 2009.

 

 

SEDUC, Secretária do Estado de Educação de Mato Grosso. Orientações curriculares para a Educação Básica do Estado de Mato Grosso. (Texto preliminar- 1º parte) 2008/2009.

 

SOARES, Maria Susana Arrosa. O acesso à educação superior e sua cobertura demográfica. In: SOARES, Maria Susana Arrosa (coord.). A Educação Superior no Brasil. Porto Alegre, 2002.

 

[1]  Graduada em Educação Física, pela UNEMAT. ( flaviademalheiros@gmail)

² Mestre em Educação pela UFMT e aluna especial do Doutorado do ECCO/UFMT

3 Graduada em Letras, pela UNEMAT, pós graduada em Coordenação Pedagógica pela UFMT e mestranda em Educação holística pela FATEFFIR.([email protected]).