EDUCAÇÃO E SAÚDE SOCIAL I
Publicado em 09 de julho de 2009 por HELIO D'SANTOS
"Somos mentalmente sadios"? "Pode uma sociedade estar enferma"? Estas são as questões iniciais propostas por Erich Fromm em PSICANÁLISE DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA. Segundo ele, o fato de milhões de criaturas praticarem os mesmos erros ou compartilharem dos mesmos vícios, não transformará erros em verdades, nem vícios em virtudes, e o fato de a maior parte das pessoas compartilhar a mesma enfermidade mental n ao as tornará sadias. Apenas é mais cômodo para tais indivíduos trocar a riqueza humana, a busca da felicidade autêntica, pela "segurança" de estar com a maioria. E a maioria é educada (ou adestrada?) para esse tipo de comportamento.
Aqui surgem duas questões da maior relevância: É para isto que serve a Educação? Para que deverá, afinal, a Educação servir?
A partir do que proclamam as teorias e as leis específicas, considerando a Educação como meio e processo destinado a possibilitar a realização plena do ser humano, conduzindo-o a uma situação de felicidade integral, chegamos, inevitavelmente, a uma contradição entre aquilo que se proclama e o que efetivamente se pratica. Com efeito,k no lugar da sociedade fraternalista de cidadãos conscientes e cooperantes, decorrente do que sugerem as metas legais ou teóricas, vemos, na realidade, um aglomerado de criaturas dominadas pelo egoísmo e pelo medo. Nela coexistem, em relação de domínio, uma multidão de deserdados, desanimados, desesperados e desinformados; uma camada intermediária de esperançosos mal informados, de bem informados de mau caráter, de contestadores inconseqüentes, e, pairando sobre os demais, o pequeno grupo de fruidores de todos os bens produzidos pelo trabalho da maioria.
Hoje, grandes sistemas a que se atribuem missões educacionais parecemvoltados fundamentalmente para a submissão ao todo-poderoso mercado e a eficiência no "cumprimento do dever", ou seja, para a manutenção deste estado de coisas que, em última análise, nega, deletéria e despudoradamente, o proclamado objetivo final da Educação. Difícil é determinar se tal degradação é causa ou consequência da enfermidade social que a todos nos aflige. Entretanto, cresce, cada vez mais, a consciência da necessidade de transformações rápidas e profundas para que se evitem ou se atenuem os resultados desastrosos dessa estranha contradição. E tais resultados já se podem verificar nas tragédias que se produzem e reproduzem com frequência assustadora nos meios de comunicação em geral.
As medidas capazes de solucionar os problemas decorrentes da crescente e contagiosa degeneração das relações humanas nos diversos agrupamentos populacionais queintegram (ou desintegram) a Sociedade na presente conjuntura não podem ser decididas por um só indivíduo ou por qualquer ajuntamento de "bem-dotados". Deverão ser descobertas e postas em prática, certamente, pelo conjunto de pessoas conscientes e dispostas a assumir o ônus do exercício da cidadania, indissoluvelmente ligadas ao exercício dos direitos a esta inerentes, com a participação efetiva de todos os segmentos deste conjunto.
Para a prática quotidiana de tais medidas pode ser um bom começo a busca e a divulgação incessante da verdade, de modo cooperativo, com as pessoas com quem partilhamos idéias e ideais, em quaisquer atos, fatos ou fenômenos, no conjunto ou em detalhes, onde quer que possamos encontrá-la., adotando-a como regra áurea para todas as nossas ações... Porquanto na VERDADE é que se fundamenta o exercício real da LIBERDADE, sem a qual a EDUCAÇÃO é impraticável em sua mais refinada essência: Educação como instrumento eficaz para a realização de toda pessoa e da pessoa toda, e para a construção de uma SOCIEDADE SADIA.