DOCÊNCIA ONLINE: múltiplos desafios

 

Lucinéia Maria Confalonieri Bertoldi

SENAC – Curso de Especialização em Educação a Distância

Av.Tancredo Neves, 1.109/5º Andar – Ed. Casa do Comércio – Pituba.

Salvador-BA – CEP: 41.820-021

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Resumo

 

O presente artigo aborda a questão dos múltiplos desafios da docência. Aparentemente parece ser a mesma coisa ser docente presencial e docente online. Mas, apesar de pertencerem à mesma profissão são especialidades bem diferentes. A atuação do docente presencial tem a seu favor a presença do educando, face a face, o que pode contribuir diretamente na resposta imediata da aprendizagem, construção do conhecimento. Já no caso do docente online a situação é um pouco diferente. Não há olho no olho. O docente precisa criar um elo com a turma envolvendo afetividade, dinamismo, criatividade, percepção, dentre outras características para manter a permanência e a motivação no curso. Não é uma tarefa fácil. O discente muitas vezes escolhe um curso online justamente porque não tem tempo para ficar quatro horas diárias numa escola, pois trabalha durante o dia todo e não há uma escola perto de sua casa. Além disso, quando chega à noite o aluno está cansado, com sono. Por isso a docência online requer do profissional muito mais dedicação, competência quando se trata de utilizar as ferramentas do ambiente virtual, conhecimentos de Internet como meio de comunicação de forma a possibilitar uma aprendizagem transformadora, colaborativa e participativa através da interação entre aqueles que buscam a educação mediada pelo computador. Em síntese, a docência online e a docência presencial atuam em campos bem diversificados, porém, são ofícios que existem e vão continuar existindo, o que precisamos compreender é que não há mais espaço para velhos paradigmas, onde o aluno era visto sob a ótica do sujeito que pode ser moldado, rotulado: “pronto, acabado”, somente com os aspectos científicos, sem levar em consideração o seu lado enquanto pessoa, ser emotivo. A partir do exposto, este trabalho é fruto de uma pesquisa bibliográfica com a finalidade de trazer um questionamento em torno do ofício da docência, ou seja, o que vem a ser a docência, o seu papel, o cenário da docência online, singularidades entre a docência presencial e online, o nome apropriado para denominar o ofício de mediar o processo ensino-aprendizagem, recursos utilizados no ambiente da docência online, a questão da afetividade na ação da docência online, a docência online: papéis.

 

 

Palavras-chave: Docência online- presencial- aprendizagem- afetividade – múltiplos papéis do docente.

 

 

Introdução

 

A temática deste artigo apesar de ser bem polêmica e questionadora, suscita em nós, docentes, o desejo de expor nossos pensamentos e quiçá buscar realidades diferentes. Como dizem as sábias palavras de Freire (2007) “pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade” (p. 29).

Muitos educadores infelizmente continuam atuando na crença da transferência do conhecimento, felizmente há aqueles voltados para a prática pedagógica das abordagens de grandes teóricos como Freire (2007), Piaget (1982), Perrenoud (2000), Vygotsky (1989), Wallon (2002), dentre outros. Esses autores trazem para a educação uma visão de pedagogia diferenciada com preocupação na compreensão da aprendizagem do educando, percebendo-o como pessoa dotada de vários aspectos: motores, cognitivos, psicomotores, emotivos, biológicos entre outros. Dentro dessa perspectiva, não podemos enquanto docentes deixar de entender que o nosso educando tem de ser visto como um ser completo. 

Na sala de aula presencial os recursos disponíveis são diferentes. O docente tem a seu dispor o quadro e giz, tv e vídeo, às vezes, retroprojetor . O docente pode utilizar de estratégias além destas como, por exemplo, a aula expositiva e o falar-copiar-ditar. Quando o docente é interativo e dinâmico promove debates, seminários, oficinas, dramatizações, teatros, intercâmbios culturais e outras formas de aprendizagens cooperativas e transformadoras.

No ambiente online os diferentes níveis de interatividade vai depender da qualidade e diversidade dos recursos disponíveis, além da agilidade em lidar com o ambiente virtual, responsabilidade e afetividade do docente com a turma, aluno x aluno, docente x aluno, ou seja, todos são elementos co-responsáveis pelo processo de construção de interação, cooperação e coletividade.

Em outras palavras, não basta apenas conhecer as ferramentas tecnológicas para ser um docente online eficaz ou um docente presencial competente, além desse fator é primordial que ele seja sensível para “perceber o outro”, auxiliando-o em suas necessidades, sendo professor, amigo, companheiro e solidário em suas dificuldades. O educando, por sua vez, poderá contribuir na medida em que também participa do processo.

 

1. O que é Docência?

 

Tomando da etimologia da palavra docência o seu sentido próprio, encontraremos no Miniaurélio (2005) os significados qualidade de docente; o exercício do magistério. Além das acepções transcritas, ao procurar o significado do verbete docente pode-se encontrar: que ensina; relativo a professores.

Desse modo é possível dizer que docência é o ato de ensinar algo para alguém. Nas palavras de Paulo Freire (2007, p.22-23) “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. E acrescenta: “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. Isto ocorre porque o exercício de ensinar inexiste para o autor sem o exercício de aprender e vice-versa.

Ser docente, então, é ensinar o educando a pensar e a buscar concretizar seus sonhos, expectativas de vida. Docência é ensinar provocando sempre no educando o desejo de aprender.

 

2. O Cenário da Docência Online

 

O contexto atual marcado pelas novas tecnologias da informação e da comunicação (TICs) associadas à Internet tem contribuído para a popularidade de uma nova modalidade de ensino: a Educação a Distância (EAD) Online. Esse tipo de ensino é mediado por computador a distância podendo ser síncrono (em tempo real) e assíncrono (não há necessidade de professor e aluno estar ao mesmo tempo nem no mesmo lugar na situação ensino-aprendizagem).

Acerca disso Pierre Lévy (1999) pontua que

A EAD explora certas técnicas de ensino a distância, incluindo as hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura. Mas o essencial se encontra em um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletivaem rede. Nestecontexto, o professor é incentivado a tornar-se um animador da inteligência coletiva de seus grupos de alunos em vez de um fornecedor direto de conhecimentos (p. 58).

 A EAD vem sendo consolidada no Brasil como a modalidade mais eficiente por abranger um número expressivo de pessoas, além de ser mais econômica, para o Governo, em comparação às modalidades presenciais.

 A EAD é chamada e instada pelos próprios governos como a modalidade que melhor estaria em condições de cumprir esta tarefa de maneira rápida, atingindo um número expressivo de trabalhadores, e dentro de uma racionalidade econômica superior às modalidades presenciais. (PRETI, 2000, p. 30)

  Assim, a educação a distância recebe com a Lei 9.394/96,em seu Art.80, aposição de modalidade integrada ao sistema de ensino. Vale salientar que embora a  Nova LDBEN traga avanços relevantes em relação à EAD, foi preciso várias regulamentações, portarias e decretos, para se chegar à compreensão da EAD como ampliação democrática do acesso à educação de qualidade, direito do cidadão e dever do Estado e da sociedade.

Mas, sabemos que há ainda muito a se melhorar para erradicar os mitos e entraves existentes no ensino a distância, pois a EAD nem sempre é vista de forma positiva. São muitas as resistências em relação a esta modalidade de ensino, até mesmo por parte de docentes que trabalham na modalidade presencial. Além disso, não há uma política governamental séria que atue junto à população de maneira a deixar de perceber o ensino em EAD como modismo ou como algo fácil, sem compromisso.

A educação a distância não é um modismo: é parte de um amplo e contínuo processo de mudança, (...) cuja base estão os conceitos de totalidade, de aprendizagem como fenômeno pessoal e social, de formação de sujeitos autônomos, capazes de buscar, de criar, de aprender ao longo de toda a vida e de intervir no mundo em que vivem. (NEVES, 2007, p.1)

As instituições de ensino que primam pela qualidade de seus docentes buscam capacitá-los na modalidade a distância, tanto na teoria quanto na prática, para que compreendam como se dá o processo de construção do conhecimento do aluno e, assim, perceberem que cada sujeito tem sua maneira própria de elaborar o saber.

 

3. Singularidades da Docência Presencial e da Docência Online

Na sala de aula presencial tradicional, o professor é o responsável por transmitir as informações/conteúdos que julga importante para que o aluno “aprenda” dentro do programa. Para tanto, utiliza o livro didático ou um conjunto limitado de textos previamente selecionados. Na educação online, as informações em instituições que primam por qualidade são descentralizadas. As novas tecnologias possibilitam que as pessoas conectadas em rede busquem conteúdos em forma de hipertextos, objetos de aprendizagem, bibliotecas virtuais, fóruns de discussão, chats, wikis e outras formas dialógicas que enriquecem a aprendizagem.

É sabido por todos do meio educacional que o ensino online vem buscando refletir sobre as experiências do ensino presencial com o impacto das novas tecnologias da informação e da comunicação para ultrapassar as barreiras físicas do espaço e do tempo, transformando a aprendizagem em um processo estimulante e modificando os paradigmas convencionais de ensino. Mas, o marco diferencial de maior impacto entre a educação presencial e a distância é a importância que adquirem nos ambientes virtuais as interações dos alunos com os professores e a colaboração que resulta de tais interações. “A formação de uma comunidade de alunos, por meio da qual o conhecimento seja transmitido e os significados sejam criados conjuntamente, prepara o terreno para bons resultados na aprendizagem” (PALLOFF; PRATT, 2002, p.27).

Não podemos garantir que a interação aconteça de alguma forma nos ambientes presenciais, mesmo que de modo informal, contudo, o professor raramente percebe que as turmas são grupos sociais, comunidades. Em EAD o docente não pode deixar de levar este fator em consideração, pois nos ambientes virtuais as turmas são comunidades virtuais de aprendizagem colaborativa - um conceito primordial para o desenvolvimento do ensino online com uso de novas tecnologias. Este aspecto cooperativo tem tido destaque graças ao uso de mídias interativas entre as novas tecnologias. Em comunidade a turma tem que aprender a problematizar, analisar, refletir, isto é, discutir e buscar as soluções para os questionamentos levantados pelo docente.

Para Belloni (2003), o papel do docente é essencial para que se atinja sucesso tanto em relação à modalidade de ensino presencial quanto à distância. 

Sua atuação tenderá a passar do monólogo sábio da sala de aula para o diálogo dinâmico dos laboratórios, salas de meios, e-mail, telefone e outros meios de interação mediatizada; do monopólio do saber à construção coletiva do conhecimento, através da pesquisa; do isolamento individual aos trabalho [sic] em equipes interdisciplinares e complexas; da autoridade à parceria no processo de educação para cidadania (p. 82-83).

O filósofo da cibercultura, Lévy (2005, p.175) também descreve transformações nas formas de ensinar e aprender. O futuro papel do educador não será mais o de difusor de saberes, diz, mas o de “animador da inteligência coletiva” dos estudantes, estimulando-os a trocar seus conhecimentos. Para o autor, o problema não é utilizar as tecnologias a qualquer custo, mas “acompanhar consciente e deliberadamente uma mudança de civilização”. E, sem deixar de levar em consideração as mentalidades e as culturas dos sistemas educacionais tradicionais, bem como os papéis do professor e do aluno. Lévy esclarece ainda que a transição de uma cultura e uma forma estritamente institucionalizada (como a escola e a universidade) para uma situação de troca generalizada de conhecimentos, o ensino da sociedade por ela mesma de forma autônoma, autogerenciável, deve ser a preocupação nessa passagem entre presencial e à distância.

Desse modo, como afirma Silva (2006, p. 76) “seja na sala de aula inforrica, seja na infopobre, seja na presencial, seja na online, o professor não mais transmite, ele disponibiliza. Não mais impõe um conhecimento fechado, mas enseja, urde, arquiteta percursos”. Em outras palavras, o docente em qualquer situação em que venha exercer o seu ofício não cabe mais o velho modelo educacional onde se acreditava que o educador era o dono do saber e o aluno um sujeito vazio, despido de senso crítico.

O docente online precisa ser antes de tudo convertido a uma nova pedagogia. Não é apenas mais um novo meio no qual ele tem que aprender a se movimentar, mas é uma nova proposta pedagógica que ele tem que ajudar a criar com sua experiência – teoria x prática. Assumir o papel de líder, animador comunitário é algo bem diferente do que tem sido sua atuação no ensino convencional. Sua competência deverá concentrar não apenas no domínio de um conteúdo ou de técnicas didáticas, mas na capacidade de mobilizar a comunidade de aprendizes em torno da sua própria aprendizagem, de fomentar o debate, manter o clima para a ajuda mútua, motivar cada um a se tornar responsável pela participação de todo o grupo.

 

4. Tutor, Monitor, Professor, Educador, Docente... Que nome atribuir àquele que é responsável pela Mediação no Processo Ensino-Aprendizagem?

 Na EAD o responsável pelo ofício do magistério é chamado de tutor. Buscando o significado da palavra, encontramos como tutor no Miniaurélio (2005) as seguintes acepções relacionadas com a área de nosso interesse: indivíduo legalmente encarregado de tutelar alguém; protetor, defensor.

Ser protetor, defensor, administrar os bens de alguém ou algo parecido está bem longe do exercício daquele que escolheu como profissão o magistério. Nota-se que o termo tutoria tem sua origem ligada ao sistema jurídico e implica na autoridade conferida pela lei para proteger, defender e amparar o indivíduo. É o exercício do tutor, conforme as palavras de Silva (2003)

Aprendi na interface Tutor que no ciberespaço o professor precisa ser mais um interlocutor do que um tutor. Precisei ir muito além da responsabilidade de tutelar, proteger e defender alguém como guardião da instrução do aprendiz. [...] (p.171)

No que diz respeito à palavra monitor, tem sua origem relacionada ao sistema educacional e significa aquele que dá conselhos, lições, que admoesta; auxilia no ensino de uma matéria, em geral na aplicação de exercícios, na elucidação de dúvidas etc., fora das aulas regulares; decurião. É o exercício do monitor.

Já no que diz respeito às palavras professor, educador e docente, as acepções trazidas pelo dicionário, acreditamos ter a mesma relevância. Assim sendo, compartilhamos da opinião de Silva (2003), para simbolizar o tripé em destaque no início deste parágrafo.

A interface seria, portanto, “Professor”. Um lugar específico no ambiente online onde o aprendiz encontra-se com o professor, que não se reduz ao conselheiro que prescreve ações, nem ao facilitador da instrução. Lugar do interlocutor que indica possibilidades de múltiplas experimentações, de múltiplas expressões (...) Tudo isso disseminado na teia das interfaces do ambiente virtual, porém concentrado na interface “Professor” [grifos do autor] (p.71).

O docente online tem como tarefa ser um agente desafiador de situações novas, propor novas experiências, criar possibilidades coletivas de interação onde os educandos são estimulados a tornarem-se coautores da aprendizagem num processo de construção do próprio conhecimento, tornando-se autônomos intelectualmente.                                                                                                                            

São funções do docente online: fazer uma introdução das atividades de construção da comunidade, ou seja, da turma; possibilitar uma maneira de experimentação – conhecimento do ambiente virtual - para os novos participantes; reconhecer a diversidade dos interesses e bagagem dos integrantes, introduzir sua personalidade com tom e humor adequados; conservar um ritmo apropriado e educado de respostas; organizar a postagem de mensagens e as linhas de discussão, considerando o assunto e procurando um equilíbrio entre mensagens públicas e privadas.

Nas palavras de Silva (2003) o docente comprometido com o seu trabalho necessita antes de tudo disponibilizar [grifo do autor] em sala de aula online, o que significa basicamente três investimentos:

 

  1. Oferecer múltiplas informações (em imagens, sons, textos etc) sabendo que as tecnologias digitais utilizadas de modo interativo potencializam consideravelmente ações que resultam em conhecimento.
  2. Ensejar (oferecer ocasião de... ) e urdir (dispor entrelaçados os fios da teia, enredar) múltiplos percursos arquitetados.
  3. Estimular os aprendizes a contribuir com novas informações e a criar e oferecer mais e melhores percursos, participando como co-autores do processo (p. 55).

 

É de grande importância estratégica para o sucesso dos cursos oferecidos na modalidade em EAD a competência do docente. Daí a ênfase na atuação atenta do docente com a turma. Por exemplo, uma disciplina que deve ser, rigorosamente, levada a sério leva em conta os questionamentos dos alunos preocupando-se com soluções e/ou respostas. Um curso online não permite falhas de comunicação. Se as mensagens não chegam, ou o retorno de resposta é lento, tais situações podem prejudicar a qualidade do curso por parte dos alunos ou até mesmo a desistência dos mesmos. Por isso é fundamental que o educando tenha o feedback do docente acerca do trabalho desenvolvido o mais rápido possível. A mediação do docente, sua intervenção, incluindo e valorizando a participação de cada componente do grupo é determinante para o êxito do curso.

 

5. Recursos Utilizados no Ambiente Online

 Os recursos utilizados em cursos online são fundamentais para a motivação e a participação dos membros de um curso a distância. Os recursos também são ferramentas indispensáveis para o sucesso da prática da docência. O material didático para ser interessante ao educando é preciso que antes de tudo apresente-se numa linguagem dialógica, motivadora, incentivando o educando com um tom informal. Além disso, o material precisa ser rico em diversidade, dinâmico, permitindo a participação entre os pares, a comunicação, a bidirecionalidade, assim, garantindo a interatividade e a cooperatividade do processo ensino-aprendizagem.

Nos cursos em EAD a validação do material didático a ser utilizado pelos educandos é de extrema valia, daí a importância da construção de um planejamento eficaz onde o material esteja bem situado nos projetos pedagógicos e respectivas estruturas curriculares. É importante esclarecer que a escolha dos métodos e dos meios instrucionais são fundamentas para produzir uma aprendizagem significativa, onde o tutor e o educando possam se comunicar e interagir efetivamente. Segundo Belloni (2001)

 (...) seleção e elaboração de conteúdos, a criação de metodologia de ensino e de estudo centradas no aprendente, voltadas para a formação da autonomia, a seleção dos meios mais adequados e a produção de materiais, até a criação de estratégias de utilização de materiais e de acompanhamento do estudante, de modo a assegurar a interação do estudante com o sistema de ensino. (p.26)

Outra questão importante é a necessidade de manter um diálogo entre as disciplinas do curso, a interdisciplinaridade. Segundo os PCNs,

A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários (BRASIL, 2002, p. 88-89).

Temos também a preocupação no que diz respeito à relevância dos conteúdos, ou seja, que estes sejam realmente significativos para o público-alvo a que se destina. E, para que o material contribua para uma aprendizagem ativa é preciso oferecer recursos/ferramentas diversificados e instigantes que despertem o interesse, a criatividade e a autonomia do educando. Abaixo, como se dá algumas atividades online.

Fórum - a principal atividade dos cursos, é um espaço de interação com seus colegas.

Chat - atividade de discussão entre participantes, realizada em tempo real, na forma de texto.

Wiki - atividade de edição de material, como textos, apresentações, etc., por grupos ou todos os participantes simultaneamente.

E-Book - abreviação de "eletronic book" ou "livro eletrônico" numa tradução literal. E realmente, e-books são livros, com a única diferença de estarem no formato digital e não em papel como no livro tradicional.

CD-Áudio – programa radiofônico concebido como instrumento complementar ao conteúdo apresentado pelo e-book. Traz depoimentos, entrevistas sobre questões pertinentes aos temas discutidos no curso.

Teleconferência – gravação em DVD dos professores apresentando e discutindo sua temática, ou seja, o conteúdo apresentado no e-book.

 6.  A Questão da Afetividade na Ação da Docência Online

 Wallon (2002), médico, psicólogo e filósofo francês desenvolveu uma teoria pedagógica acerca do desenvolvimento intelectual que envolve muito mais do que um simples cérebro, abalando as convicções numa época em que memória e erudição eram o máximo em termos de construção do conhecimento. Ele foi o primeiro a levar não só o corpo da criança, mas também suas emoções, para dentro da sala de aula. A estratégia é sempre a de considerar o desenvolvimento da “pessoa completa e a de basear este estudo numa perspectiva dialética” (p.97). Elementos como afetividade, emoções, movimento e espaço físico se encontram num mesmo plano. As atividades pedagógicas e os objetos, assim, devem ser trabalhados de maneiras diversificadas.

Para Freire (2007, p.141) a docência está associada à atitude de “querer bem” aos discentes. Não é possível exercer a prática pedagógica com competência crítica e amorosidade autêntica se o docente não tem um relacionamento afetivo, todavia sem apreensão quanto a perder a famosa "seriedade docente" para receber em contrapartida a afetividade.

Na educação online a comunicação é feita, especificamente, via texto escrito: escrevem-se, lêem-se e-mails, mensagens em listas de discussão, em fóruns, em chats. Aos poucos vamos conhecendo as pessoas via Internet, afeiçoando-se a elas, como se as conhecêssemos há muito tempo. “O mais importante é a credibilidade do professor, sua capacidade de estabelecer laços de empatia, de afeto, de colaboração, de incentivo, de manter o equilíbrio entre flexibilidade e organização” (MORAN, 2000, p.55).

A abordagem construtivista-interacionista também leva em consideração a afetividade como subjacente à ação responsável pelas trocas entre sujeito e objeto de conhecimento. Neste tipo de educação, as TICs permeiam uma interação, enriquecida por múltiplos contextos culturais e geográficos, em que o educando aprende com o seu docente e com os demais integrantes da turma. Desse modo, os processos de afetividade, interação e motivação, além de serem articulados entre si, são essenciais para que ocorra, de forma eficaz, para que haja uma qualidade no ensino online. Em outras palavras, a afetividade é a mola-mestra para manter a motivação, a interação, a cooperação, a participação do grupo no curso. Daí a importância do docente em saber conquistar e manter o afeto entre todos, através de diálogos, conversas amigáveis, sugestões para superar obstáculos, compartilhar dúvidas etc.

 

7. Avaliação Online – tarefa que requer Compromisso e Competência do Docente

 Todos que estão na área educacional têm conhecimento de que o ato de avaliar é complexo e pode ser extremamente injusto se o docente não levar em conta os critérios que envolvem a questão da avaliação.

Para Moretto (2001, p. 19-30) o docente competente com o ato de avaliar a aprendizagem tem o compromisso com os cinco componentes indispensáveis para tal situação complexa.

 

  1. sabe que a prova é um momento privilegiado de estudo e não um acerto de contas – o docente competente que tem esta convicção sabe que a avaliação não é um instrumento de punição para castigar o aluno.
  2. elabora bem as questões da prova – alguns professores têm a mania de querer utilizar a avaliação para “ferrar o aluno”. Então, enchem a prova de “pegadinhas” com questões ambíguas. O docente competente elabora a avaliação de forma contextualizada, clara, de acordo com os conteúdos trabalhados.
  3. administra valores culturais ligados à avaliação – o docente competente trabalha com o aluno o porquê e para quê serve o ato de avaliar, um novo conceito derrubando o mito de que “só se estuda se tiver prova” ou algo parecido. O discente deve ter consciência que o ato de estudar deve ser contínuo e de acordo com as necessidades individuais.
  4. utiliza linguagem clara e precisa para o comando das questões – o docente competente sabe elaborar o enunciado com coerência e coesão, de forma simples e sem ambigüidade.
  5. cria ambiente favorável ao controle das emoções –   a velha expressão “Professor, eu sabia tudo, eu estudei tudo mas na hora da prova fiquei nervoso e deu branco”. Por este motivo, docente competente é zeloso com o ambiente procurando deixar o aluno mais tranqüilo possível no momento da avaliação. É importante, seja avaliação oral ou escrita, que o discente esteja calmo e não seja cobrado e/ou comparado em seu grau de competências.

Torna-se urgente discutirmos acerca das estratégias e práticas pedagógicas que vêm sendo aplicadas na avaliação da aprendizagem online. Não podemos levar para o educando que estuda na modalidade EAD online as mesmas falhas avaliativas cometidas no processo de ensino-aprendizagem supracitadas por Moretto. Embora os educandos da modalidade EAD online tenham que se submeterem às avaliações presenciais, conforme a LDBEN 9.394/96, a própria Lei dá autonomia para as instituições aplicarem avaliações de forma contínua a cumulativa.

Desse modo, o docente deve utilizar instrumentos avaliativos propícios à necessidade de questionar, problematizar, refletir e reconstruir o saber a partir da análise da ação educativa/avaliativa da escola/instituição.

Uma técnica interessante é a auto-avaliação que “tem um enorme potencial formativo e permite que as pessoas e as organizações conheçam suas potencialidades e limitações, além de permitir a reflexão sobre a própria realidade, que é um passo essencial no processo de sua transformação” (TRIGO, extraído do site http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cursos/ed_ciencias/avaliacao/biblioteca/Avaliacao_Educacional.htm . Acesso em 16 jan.. 2008).

 

A auto-avaliação na modalidade online é uma maneira de promover a aprendizagem autônoma onde o educando irá registrar suas dificuldades e seus avanços durante o percurso do processo em que está sendo avaliado. É válido lembrar que este é apenas um dos instrumentos avaliativos e que, portanto, para avaliar com mais eficácia requer o uso de vários instrumentos.                                                            

A intervenção pedagógica avaliativa deve ocorrer de maneira a produzir no aprendiz um estado de desequilíbrio levando-o a novas interações e buscas, ou seja, desconstruindo e construindo o próprio conhecimento. É interessante que o docente faça registros do crescimento e desenvolvimento do educando, acompanhando-o na sua busca pela autonomia intelectual.                                          

8.  A Docência Online: Papéis

A prática da docência online envolve diversas ações pedagógicas. A mediação nas discussões nos fóruns, as intervenções nos momentos oportunos, os comentários das atividades o mais rápido possível, um olhar atento de quem está participando do curso buscando integrar os ausentes para que não ocorram muitas desistências, criar uma relação informal e afetiva para que a comunicação com a turma seja prazerosa e produtiva, dentre outras possibilidades, contribuir de forma a motivar a turma a participar ativamente do curso.

Certamente a práxis pedagógica requer todo um conjunto de competências e habilidades do educador para que venha atender ao novo paradigma educacional, voltado para uma perspectiva crítica, política, democrática e mais condizente com a realidade ensino-aprendizagem de cada localidade. Como nos diz Ferreira et al (2007) em Docência Online: rupturas e possibilidades para a prática educativa,

 Docência online reorganiza, potencializa os saberes da docência que é de ordem social, a saber: da experiência, das histórias de vida pessoal e profissional, do pedagógico, tecnológico, afetivo, ético, estético, criativo e científico, sendo que cria possibilidades de interatividade com várias mídias, digitais e/ou não, permitindo formas híbridas, participativas e bidirecionais de construção/difusão do conhecimento, nas quais a colaboração e a coletividade se fazem presentes na prática educativa, modificando a lógica um/todos para todos/todos. (p.142) [grifos dos autores]

 Conforme vimos na citação de Ferreira et al, ao pensarmos no ser docente temos que pensá-lo dentro da perspectiva walloniana, ou seja, como “pessoa completa” levando em conta as palavras da autora quando afirma que os saberes do docente é de ordem social que são: “experiência, histórias de vida pessoal e profissional, pedagógico, tecnológico, afetivo, ético, estético, criativo e científico”.

Silva (2003) garante que para acontecer um curso com interatividade é necessário um trabalho em harmonia com estes três aspectos fundamentais:

 

  1. Participação colaborativa: participar não é apenas responder “sim” ou “não”, prestar contas ou escolher uma opção dada, significa intervenção na mensagem como co-criação da emissão e da recepção.
  2. Bidirecionalidade e dialógica: a comunicação é produção conjunta da emissão e da recepção, os dois pólos codificam e decodificam.
  3. Conexões em teias abertas: a comunicação supõe múltiplas redes articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações e significações. (p. 56)

 

Assim, podemos dizer que é através do diálogo, da troca de experiências entre as pessoas, dos grupos, das comunidades virtuais que a comunicação flui de maneira criativa, dinâmica e interativa, transformando-se numa aprendizagem colaborativa online.

Moran (2003) salienta que

 Educar em ambientes virtuais exige mais dedicação do professor, mais apoio de uma equipe técnico-pedagógica, mais tempo de preparação – ao menos nesta primeira fase – e principalmente de acompanhamento, mas para os alunos há um ganho grande de personalização da aprendizagem, de adaptação ao seu ritmo de vida, principalmente na fase adulta (p. 49).

Nesse contexto, um ambiente virtual de aprendizagem onde a docência possa cumprir com suas funções, possibilitar situações verdadeiramente significativas, enriquecedoras, propiciando trocas e construções coletivas. Ao mesmo tempo seja também um ambiente desafiador, provocador de mudanças e que acima de tudo possa ter um docente com capacidade para se tornar “animador da inteligência coletiva” (LÉVY, 2005, p.175).                                                                                                      A sociedade em que estamos inseridos, tanto nacional quanto internacionalmente, é marcada por dimensões financeiras, políticas, socioculturais, ambientais e mudanças de valores tecnológicos, científicos e humanitários de todos os tipos que acontecem a cada instante. Essas transformações passam a exigir um novo cidadão – flexível, capaz de trabalhar em equipe, cooperativo, polivalente.            Trazendo essa realidade para o cenário da EAD, mais especificamente, para o ensino online, o docente tem múltiplas funções e desafios a enfrentar. O caminho é longo, mas, certamente, a cada dia através de novas descobertas docente e aluno, aluno e aluno, enfim toda a turma vai construindo e reconstruindo seus percursos.

9. Considerações Finais

De acordo com as questões propostas no início do artigo, vimos a necessidade de um trabalho cooperativo entre docente, educando, a instituição, os recursos tecnológicos e o ambiente virtual que será utilizado, para o pleno sucesso de um curso a distância.                                                                              

Quanto ao perfil do docente online, vale lembrar a importância de adequações conforme as características de cada instituição e de cada curso que será oferecido, pois o perfil do educando interfere de forma significativa nas atividades dos docentes. A vivência de experiências, isto é, ser docente presencial ou online é bastante gratificante. Vivenciar a docência significa efetivamente exercer o ofício de educar numa visão construtivista em que o processo ensino-aprendizagem só ocorre quando a tarefa de ensinar se constrói com o exercício de aprender.                               Deve ser destacada a importância do docente como elemento central na mediação do aluno com o conhecimento em ambientes de educação online. A educação a distância não enfatiza a tecnologia nem o espaço físico como centro de sua atenção, mas determina a qualidade do seu professor como o fator mais relevante. A importância do docente deve ser enfatizada e valorizada na EaD. Não importando se o docente atue em ambiente presencial ou a distância. Nenhum outro elemento pode ser mais relevante na qualidade do ensino do que a competência do docente, especialmente quando a educação online é a aplicação desejada.                     De uma forma geral, o docente necessita conhecer o uso das ferramentas de comunicação e gerenciamento disponibilizadas pelos Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVAs. Na EAD online, a interatividade entre docente e educandos e entre os educandos se efetiva em e-mails através de trocas de um para um ou de um para muitos; fóruns e chats, nos debates assíncronos e síncronos. Mas, um trabalho de docência online só terá êxito quando se reconhecer a importância do papel pedagógico do docente e sua participação como questionador, problematizador, provocador, como organizador do processo de aprendizagem.                       A questão ensino-aprendizagem – ensinar x aprender – seja presencial ou a distância, implica ações conjuntas entre todos os pilares que englobam a concepção de educação (legislação, comunidade escolar, contexto histórico-social, didáticas, recursos, equipamentos tecnológicos etc.) buscando maior integração, articulação, demonstrando interesse pela qualidade educacional e, consequentemente, maior compromisso com a construção de um sujeito reflexivo, crítico, atuante na sociedade e capaz de exercer seus direitos e cumprir com seus deveres, contribuindo assim para a formação de um país democrático, com uma política mais inclusiva e humanitária.                                                                                                                  

A abordagem da Docência, seja presencial ou educação online, com seus conceitos, competências, papel, recursos utilizados, afetividade e interatividade,  requer sempre uma nova discussão, um novo olhar, ou melhor, não é uma temática que se esgota facilmente. Também não podemos deixar de mencionar que o diálogo é de suma importância no relacionamento entre docente x discente, discente x discente, pois é através da observação e registro do posicionamento crítico de cada sujeito diante da situação-problema discutida que se torna possível perceber o nível de desenvolvimento intelectual de cada um dos envolvidos no processo. Em suma, é preciso estar sempre rediscutindo uma vez que a educação é um desafio constante de aprimoramento do saber e urge acompanhar as mudanças da sociedade em geral.

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