DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM -  CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS  PARA EDUCADORES

Eloana Conceição Cucolo da Matta

Maria Laide Marques Bortoluci

Roberto Moraes

RESUMO 

O presente trabalho é o resultado de uma pesquisa bibliográfica, que conduz ao estudo teórico permitindo conhecer o que são os distúrbios de aprendizagem e quais seus principais tipos, fornecendo ao educador um breve conhecimento para que ele possa detectar possíveis distúrbios de aprendizagem em suas salas de aula e obter competências e habilidades para lidar com as diversas situações. No entanto, é preciso deixar claro que pessoas que apresentam distúrbios de aprendizagem devem ter o apoio de profissionais especializados, pois existem diferentes tipos de distúrbios e cada um deles necessita de uma ajuda profissional específica.

 

DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

Muitas vezes, crianças e adolescentes apresentam comportamentos diferentes que muitas vezes podem até denegrir sua imagem em sala de aula por parecerem preguiçosos, desinteressados e desatentos em função da falta de conhecimentos de seus educadores, pois existe um grande número de professores que desconhecem os distúrbios de aprendizagem e não possuem as capacidades necessárias para lidar com eles, agindo de forma errônea na execução do seu trabalho. As próprias crianças são o alvo para explicar o fracasso escolar e as responsabilidades por não aprenderem são atribuídas a elas mesmas.

Em muitos casos, é desenvolvida uma autoestima negativa e isso pode ser levado até a vida adulta. Além de prejudicar de forma particular essas crianças, ainda impede o desenvolvimento do processo de ensino de uma maneira geral, isentando o sistema de ensino de qualquer erro ou defasagem em sua qualidade. Para analisar as dificuldades de aprendizagem, é preciso considerar o processo todo e não apenas a capacidade de quem aprende ou deixa de aprender. Sendo assim, é fundamental que os educadores, de maneira geral, conheçam os problemas mais comuns relacionados à aprendizagem para saber agir diante deles ou, ao menos, encaminhá-los a profissionais especializados.

As deficiências no processo de aprendizagem podem ter diversas causas que afetam a capacidade dos indivíduos. Exemplos delas são problemas no aparelho auditivo ou na visão, conflitos no ambiente familiar, defasagem na qualidade do ensino, inadaptação ao método utilizado, aversão por determinada matéria, diferenças culturais, problemas sociais (como a desnutrição), questões genéticas, ocorrência de acidentes e muitas outras.

Em função da grande quantidade de causas que podem ser atribuídas à dificuldades de aprendizagem, existem muitas crianças que são encaminhadas para tratamentos médicos e psicológicos desnecessariamente. Por isso, é preciso ter claro que o diagnóstico correto de um distúrbio de aprendizagem depende de uma série de procedimentos como o acompanhamento constante da criança, a análise de um especialista e condições adequadas de vida. Muitos dos problemas podem ser resolvidos facilmente e detectar a causa deles evita que a criança passe por situações mais difíceis e desconfortáveis sem que isso seja preciso.

Algumas características de pessoas que possuem Distúrbios de Aprendizagem

São apresentar quociente de inteligência normal, muito próximo da normalidade ou até mesmo superior; não apresentam deficiências sensoriais, nem neurológicas significativas;possuem rendimento escolar insatisfatório em relação às demais pessoas que se encontram na mesma faixa etária; apresentam uma disfunção no sistema nervoso central; suas dificuldades são detectadas, na maioria das vezes, no início da alfabetização, quando a criança passa a frequentar a escola e notam-se suas diferenças de aprendizado em relação ao restante do grupo; têm dificuldades em um aspecto específico da aprendizagem (leitura, fala, escrita, matemática, raciocínio).

Ao contrário das dificuldades de aprendizagem, que podem estar ligadas a problemas externos ou a um conjunto de elementos, os distúrbios de aprendizagem estão mais vinculados ao próprio aluno, independente de questões relacionadas, por exemplo, à estrutura geral da educação ou ao ambiente familiar e suas condições econômicas, atingindo a criança em nível individual. Essas questões podem influenciar de forma negativa a aprendizagem, mas não são determinantes nesses casos.

A partir desse momento, serão conhecidos os principais distúrbios de linguagem e de atividade motora, sendo que eles podem ser classificados como os principais distúrbios de aprendizagem.

A Dislexia tem sido o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Ela reflete na dificuldade de uma criança para ler ou escrever, a mesma pode ser caracterizada como uma insuficiência para assimilar os símbolos gráficos da linguagem, e seus sintomas podem ser identificados logo na pré-escola em crianças que demoram para começar a falar ou trocam os sons das letras e têm dificuldades para aprender a ler e escrever. Esse distúrbio se dá em crianças com audição, visão e inteligência normais, que vivem em ambientes familiares saudáveis e possuem condições econômicas adequadas.

O sucesso escolar de um disléxico está baseado em uma terapia multisensorial (uso de todos os sentidos), sempre combinando atividades que motivem o uso da visão, da audição e do tato para ajudá-lo a ler e soletrar corretamente as palavras.

A Disgrafia é conhecida como “letra feia” porque as crianças que possuem esse tipo de distúrbio apresentam uma escrita ilegível e lenta. Isso leva a um desempenho ruim na escola, mesmo em alunos que possuem inteligência normal ou acima da média. Esse problema constitui uma deficiência na qualidade do traço gráfico, o que se reflete através de grandes dificuldades para escrever corretamente a linguagem falada. A criança com disgrafia tem dificuldades em coordenar as informações visuais e na realização motora do ato de escrever. A disgrafia normalmente é observada um ou dois anos depois que a criança aprende a escrever. É comum que os professores demorem para perceber o problema. O professor deve ficar atento às possíveis posturas inadequadas para poder corrigi-las o mais cedo possível e, junto com um profissional. A disgrafia precisa ser superada através de tratamentos psicológicos e treinos motores.

A Disortografia também é um problema encontrado na linguagem. Assim como outros distúrbios, a disortogragia também está ligada à dislexia e apresenta algumas características presentes em outros problemas, o que dificulta a identificação do tipo de distúrbio com o qual se está lidando. Por isso, é de extrema importância que os educadores tenham conhecimentos suficientes para exercer a profissão e trabalhar o desenvolvimento de seus alunos. Eles certamente precisarão observar, de forma atenta, as dificuldades das crianças para poder deixar os pais cientes e procurar a melhor maneira de dar o atendimento necessário para tais alunos durante o processo de ensino-aprendizagem. Para lidar com a disortografia, além da importância do seu diagnóstico, é necessário ter o acompanhamento e a compreensão de todos os que convivem com as crianças, principalmente os membros da família, que constituem a base de sua infância.

 A Afasia, este distúrbio também está ligado à linguagem e tem, como principais características, a perda das capacidades e habilidades da comunicação tanto escrita,como falada.Ele está muito envolvido com a área da neurologia clínica, uma vez que pode originar-se de acontecimentos como acidentes vasculares cerebrais, infecções e outros, afetando, dessa forma, áreas específicas do cérebro responsáveis pela comunicação Os indivíduos que possuem esse distúrbio, além de apresentarem as dificuldades citadas, ainda sofrem de fraqueza na hemiface, ou seja, não têm controle total de um dos lados da face. Isso faz com que seja difícil controlar, por exemplo, a abertura e o fechamento dos olhos, percebe que, de uma hora para a outra, o assunto não faz mais sentido, já que essas pessoas têm uma grande facilidade para fugir da temática em questão, além de terem uma fala muito fluente e substituir determinadas palavras por outras que não dão sentido algum ao que está sendo dito.

A Disartria, esse distúrbio é causado por alterações dos mecanismos nervosos que coordenam os órgãos responsáveis pela fonação (processo que dá origem ao som articulado). Isso reflete na má coordenação dos músculos da fala. A disartria também pode ter origem em uma lesão no cerebelo (parte do cérebro mais responsável pela coordenação das sequências dos movimentos e do controle do equilíbrio e da postura). Lesões que causam a disartria podem nascer com os indivíduos ou serem provocadas no decorrer de suas vidas. O uso abusivo e prolongado de bebidas alcoólicas, acidentes vasculares cerebrais, tumores, esclerose múltipla, ingestão crônica de certas substâncias químicas, características hereditárias e outras, são exemplos de elementos que podem provocar a disartria independente da faixa etária das pessoas.

A Discalculia está ligada às dificuldades com as habilidades matemáticas. As

crianças são capazes de compreender as lições transmitidas, mas quando tentam colocar em prática o que aprenderam, acabam trocando e invertendo as ordens das operações. Pessoas com discalculia não apresentam problemas fonológicos, mas encontram dificuldades em: visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior; conservar a quantidade, os sinais de soma, multiplicação e os demais; sequenciar números entre outros.

A Acalculia também é uma dificuldade relacionada às habilidades matemáticas e está diretamente ligada à discalculia. A criança não tem dificuldade com elementos como a contagem, mas sim em como relaciona isso com o mundo que a cerca. A acalculia ocorre quando o indivíduo, após sofrer lesão cerebral, como um acidente vascular cerebral ou um traumatismo crânio-encefálico, perde as habilidades matemáticas já adquiridas.

A Apraxias é uma incapacidade de se realizar atividades motoras a partir de um comando ou de uma imitação. Isso pode ser causado pela ausência de sensibilidade ou até mesmo de força muscular. Esse distúrbio também pode ser chamado de afasia aferente por apresentar algumas características ligadas à afasia.

A Dispraxia é a incapacidade de executar movimentos voluntariamente na ausência de alterações motoras. Esse déficit também é conhecido como “síndrome da criança desajeitada”. Ele implica em problemas neurológicos que causam dificuldade de planejamento de qualquer sequência de movimentos coordenados, tendo como exemplo, amarrar os sapatos.

A Gagueira ainda hoje não se sabe ao certo quais são as causas da gagueira. Ela é um distúrbio ligado às dificuldades da fala e pode prejudicar o cotidiano daqueles que a possuem. Devido à sua incidência, à dificuldade que pode causar na aprendizagem e à importância de saber como lidar com ela. Esse distúrbio é caracterizado por uma fala que envolve bloqueios, hesitações, prolongamentos e repetição de sons, sílabas e palavras. A fala também pode ser acompanhada de tensão muscular, piscar de olhos, irregularidades na respiração e caretas. As crianças sentem grande dificuldade para achar o que será dito, fazendo repetições de palavras até encontrarem uma saída.

Déficit de Atenção, conhecida também como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), esse distúrbio é caracterizado, principalmente, pela desatenção, pela agitação e pela impulsividade. Crianças hiperativas são capazes de aprender, mas encontram dificuldades no desempenho escolar devido ao impacto que seus sintomas causam.

Para essas crianças, concentrar-se é algo complicado. Elas se distraem com facilidade, esquecem de suas obrigações, perdem e esquecem objetos com frequência, têm dificuldades em seguir instruções e se organizarem, falam de maneira excessiva a ponto de não serem capazes de esperar a sua vez, o que as leva a responderem perguntas antes mesmo delas serem concluídas.

Através desses conhecimentos, os educadores conseguem ter um diagnóstico mais preciso do distúrbio. Dessa forma, poderão realizar um trabalho eficiente, apresentando menos falhas quando comparados a educadores sem conhecimento algum.

É necessário que os educadores tenham conhecimentos suficientes para exercer a profissão e trabalhar o desenvolvimento de seus alunos. Eles certamente precisarão observar, de forma atenta, as dificuldades das crianças para poder deixar os pais cientes e procurar a melhor maneira de dar o atendimento necessário para tais alunos durante o processo de ensino-aprendizagem.

Além da importância do seu diagnóstico, é necessário ter o acompanhamento e a compreensão de todos os que convivem com as crianças principalmente os membros da família, que constituem a base de sua infância.

Os pais de crianças com esses problemas precisam levá-las a médicos especializados para que possam ter orientações mais precisas do caso, podendo, também, ter o conhecimento se este distúrbio possui algum tipo de tratamento para diminuir as dificuldades.

BIBLIOGRAFIA 

DOMIMGOS, Gláucia de Ávila. Dificuldades do processo de aprendizagem. In:

www.psicologia.com.pt.

VAYER, Pierre; DESTROOPER, Jean. Dinâmica da ação educativa para crianças inadaptadas. São Paulo: Manole, 1986.

http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/legislacao_dificuldades_de_aprendizagem.htm