Discurso de Formatura dedicado ao Terceiro Colegial A.

Discurso proferido no dia 07 de dezembro de 2012 durante a cerimônia de colação de grau, em homenagem aos alunos da Terceira Série A do Ensino Médio, da Escola Estadual Carlos Augusto Froelich, em Pindorama – São Paulo

Sr Diretor, Srs. Pais, Srs Professores, funcionários, amigos, queridos estudantes e outras autoridades presentes, meu cordial boa noite.

Bem iniciar um discurso em poucas linhas e minutos, para demonstrar minha gratidão por tudo àquilo que o “Terceiro Colegial A” me proporcionou ao longo do ano de 2012, praticamente seria algo que nem as mais singelas constelações de todos os pensadores da humanidade reunidos conseguiriam construir uma explicação plausível para tamanha alegria e satisfação do de ver cumprido.

Várias foram às broncas, as cobranças, as chamadas de atenção, e porque não dizer as risadas, gozações, zueras, algo típico diante de uma juventude que almeja marcar seu nome na história, e não tão somente, em vim a ser mais pleito de “existência humana” banalizada de sentido de “vida ativa”.

Aliás, por falar em existencialismo, citemos um de nossos “gurus”, nas aulas ao longo do ano o eminente “Jean Paul Sartre”.

“A liberdade só tem valor quando ele é a feita de ação”.

E ação não faltou a essa turma, pois além de aprenderem, me ensinaram que uma aula está muito além de conteúdos escolares, e sim que tudo gira em torno do “nada”.

O nada! Mas o que seria o nada?

 Pois o nada é “Tudo”!  Do nada caminha a humanidade e do nada tiramos tanto coisas juntos, do nada nos conhecemos, nos relacionamos, e nos tornamos partes de alicerces de uma mentalidade coletiva de aprendizado.

Recordo-me com alegria dos debates na sala de aula, dos seminários onde muitos tremiam ao ar de autoritarismo desse simples “escravo da filosofia”, que agora os fala, sendo agraciado com sua ilustre atenção e respeito.

Podem ter certeza que esse respeito é recíproco, caríssimos estudantes, e que jamais esquecerei o que fizeram por mim, pois trabalhar com todos foi uma imensa satisfação e tenho a certeza que se não sai inteiramente satisfeito do que passei, tenho em minhas faculdades mentais a eminência que procurei fazer o melhor de minha insignificância capacidade do saber pode propiciar.

Sei que não agradei á todos, e como eu dizia nas aulas, “nem Jesus Cristo agradou á todos, não seria um simples professor de história da filosofia que iria fazer isso”, porém nos desagrados, tiramos virtuosos e profícuos frutos de conhecimentos para uma vida inteira que caminha diante de nós, e ao qual o tempo irascível em devorar seus semelhantes, orquestra miscelâneas de entendimentos de inteligências, sublinhando tanto o saber acadêmico como o saber da convivência uns com os outros, em uma única célula de realizações de aprimoramentos da filosofia.

É de fato que em minha posição humilde e simples de intelectual, e em minha arrogância de pensar ser dono do saber, vocês meus queridos pupilos, me fizeram rir, chorar, brigar, esbravejar, apaixonar, amar, falar, orar e porque não rezar, e parodiando um dos mais famosos poemas do ilustre Carlos Drummond de Andrade (O amor fez de tudo um pouco em uma só noite), vocês em 10 meses me deram todos esses presentes.

Não sei se cumpri com as expectativas (se é que houve alguma?), em relação ao ensino de filosofia, mas todos vocês me angariaram um aprendizado, que teorias, filósofos, apostilas, textos, todos eles reunidos, não conseguiriam fazer.

O de aliviar a criticidade de uma mente irrequieta, com júbilos de alegrias e conhecimentos, e porque não salientar de brincadeiras intelectuais.

Em torno de minhas paranóias de conduta profissional, foram muitas as aulas divertidas, dentro desse marasmo de tédio que infelizmente assola a instituição escola hoje.

Brincadeiras com as bexigas, dança da cadeira, aula com olhos vendados, expressão corporal com os pés descalços, festa surpresa de aniversário (que quase me mataram de vergonha, enfim uma doideira estrondosa, mas divertida em aprendizado).

Por ventura falando em aprendizado, “eu”, aprendi que sorrisos quando sinceros devem ser correspondidos, e que expressar sua opinião é símbolo de uma alma nobre, pois em uma humanidade tão caótica de subjetividades, vemos em pequenos gestos de confiança e amizade, um incentivo de quem sabe um dia o ensino público ser um pouco mais valorizado, e vocês meus caros amigos do “Terceiro Colegial A”, deram uma contribuição enorme para moldurar uma nova similitude de esperança em fazer ações de conhecimento, revertida para bem comum.

“ O eminente escritor argentino Jorge Luis Borges em uma de suas célebres “provocações” dizia” O aprender é um ato de humilhação inteligente”, me humilharia de novo para que pudéssemos viver tudo o que passamos nesse ano de 2012 juntos novamente, mas faria o melhor ser melhor ainda, e o pior ser melhor.

Não haveria um espaço suficiente para demonstrar meu afeto por cada um de vocês, só agradeço á Deus à oportunidade de ter colocado essa turma na minha vida, jamais esquecerei cada carinha, desde o mais quieto ao mais falante, desde mais estudioso ao menos estudioso, desde o introvertido ao extrovertido.

Bem cada comportamento diferente um do outro, produz uma identidade única de emoções e sentimentos que agora é dispensado qualquer tipo de explicação, pois vendo vocês agora sinto me lisonjeado, e com a certeza que seus ímpetos de conquistas não param por aqui, e que virão outros saltos em busca de objetivos bem maiores,

“Somos feitos da mesma matéria que os sonhos” diria Albert Einstein, mas que nossos sonhos possam ser preenchidos com impulsos de felicidade e esperança, pois o que seria da vida humana sem um sonho pra sonhar?

E hoje vemos que até sonhar é algo que está sendo negado.

Por isso sonhem sempre, não importa o que digam, pois o bom intelectual é aquele que respira no mundo das idéias, e vive com os pés na realidade.

Realidades paradoxais serão postas a vocês, e podem ter certeza a partir de agora eu já não sou mais apenas o “orientador” de filosofia, e sim um amigo, e considero todos vocês meus amigos.

E mais uma vez obrigado por tudo, eu os agradeço de coração.

Um beijo no coração de cada de vocês.

Professor Clayton Alexandre Zocarato.