APRESENTAÇÃO

 

 

 

 

 

            A monografia está abordando vários aspectos teóricos, onde ela relata inúmeras concepções relacionadas à educação e ao processo de ensino-aprendizagem, numerando as dificuldades dos alunos com problemas familiares.

            A parte inicial da pesquisa trata da concepção teórica às dificuldades da aprendizagem devido aos problemas familiares. Salienta-se a importância da relação professor-aluno, juntamente com os pais.

            Na segunda etapa aborda o fracasso escolar e as desigualdades sociais, ressaltando a importância de se trabalhar com os educandos de maneira criativa e dinâmica, utilizando métodos práticos e concretos, mediante o contexto da própria realidade dos mesmos.

            Na fase final procura-se salientar que, para obter-se uma mudança no sistema educacional, dever-se-ia promover uma verdadeira revolução nos livros didáticos.

            As concepções didáticas pedagógicas assimiladas e acomodados no processo em estudo são enfocados com maior ênfase e critérios no decorrer deste arsenal bibliográfico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

 

 

 

 

 

            DEDICATÓRIA ..........................................................................................04

            AGRADECIMENTO ...................................................................................05

            EPÍGRAFE .................................................................................................06

            APRESENTAÇÃO .....................................................................................07

            INTRODUÇÃO ...........................................................................................10

            CAPÍTULO I – CONCEPÇÃO TEÓRICA RELACIONADO ÀS

                                       DIFICULDADES DA APRENDIZAGEM DEVIDO AOS

                                      PROBLEMAS FAMILIARES ..............................................13
                        1.1- A ABORDAGEM DE SKINNER RELACIONADO NA

                                SALA DE AULA ........................................................................17
                        1.2- A POSIÇÃO DE ROGERS NO PROCESSO EDUCACIONAL 19

                        1.3- ABORDAGEM DE PIAGET SOBRE EDUCAÇÃO ...................27
                        1.4- ENFOQUE INTERACIONISTA DO DESENVOLVIMENTO                                       HUMANO: NA VISÃO DE VIGOTSKI ......................................31
                        1.5- AS BELAS MENTIRAS NA SALA DE AULA ...........................32
                        1.6- A LEITURA PARA CRIAR UMA CONSCIÊNCIA CRÍTICA

                                NOS ALUNOS .........................................................................35

                        1.7- COMO OBTER AUTONOMIA EM SALA DE AULA .................39
                        1.8- EDUCAÇÃO PARA TODOS .....................................................43
                        1.9- A LEITURA DO MUNDO ..........................................................45
                        1.10- CONTEÚDO INTERDISCIPLINAR NO ENSINO DA

                                  INTERDISCIPLINARIDADE ..................................................47

            CAPÍTULO II – O FRACASSO ESCOLAR E AS DESIGUALDADES

                                       SOCIAIS ...........................................................................51
                        2.1- DIFICULDADES DA APRENDIZAGEM RELACIONADA

                               AO SISTEMA EDUCACIONAL .................................................54
                        2.2- AS DIFICULDADES EDUCACIONAIS QUE OS ALUNOS

                               ENCONTRAM ..........................................................................55

            CAPÍTULO III – SOLUÇÕES PARA ENFRENTAR AS DIFICULDADES .59
                        3.1- MÉTODO DA PESQUISA .........................................................61
                        3.2- METODOLOGIA DA MONOGRAFIA .......................................62
                        3.3- DELINEAMENTO DA MONOGRAFIA ......................................65

            CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................68

            REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................70


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

 

 

 

 

            A finalidade desta monografia é dar ao leitor uma visão geral de algumas abordagens do ensino-aprendizagem.

            Os enfoques teóricos apresentados em pesquisa tratam de aprendizagem, instrução e desenvolvimento mental. Sem muito rigor, poder-se-ia falar em "teorias" de aprendizagem, instrução e desenvolvimento mental. Mas porque se preocupar com teorias? Não seria mais útil gastar o tempo com determinados problemas Didáticos? Técnicas? Métodos de Ensino?

            É possível que sim. Entretanto, muitas vezes várias alternativas metodológicas são testadas e os problemas persistem. Muda-se o estilo das aulas, utilizam-se recursos audiovisuais, definem-se melhor os objetos, em termos de aprendizagem, mas os resultados continuam, decepcionantes. O que fazer então? Talvez saber como os indivíduos aprendem, como se dá o desenvolvimento mental de uma criança, quais modelos instrumentais, ou seja, saber mais sobre teorias de aprendizagem, instrução e desenvolvimento mental.

            Precisamente esta é a intenção desta pesquisa: oferecer uma visão geral de algumas dessas teorias a fim de que, eventualmente, possa servir de base à elaboração de um referencial teórico que oriente o planejamento e a implementação das práticas instrumentais em situação de aula.

            A escola, portanto, instituição social da maior importância, vive, hoje, uma grave crise na sociedade.

            A parte inicial da pesquisa trata das concepções teóricas relacionadas às dificuldades da aprendizagem devido aos problemas familiares. Salienta-se a importância da relação professor-aluno, juntamente com os pais.

            Observa-se que o professor ao estabelecer com seu aluno uma relação de amizade e confiança deverá evitar uma relação maternal ou paternal.

            Enfoca-se também a importância de trabalhar a criança mediante o contexto da própria realidade utilizando-se de métodos práticos e todavia concreto. Assim tornar-se-á o aprendizado mais eficiente.

            Ressaltam-se abordagens de alguns autores como:

a)    Skiner relacionado na sala de aula;

b)    A psicologia Rogeriana, e a posição de Rogers ao processo educacional;

c)    Abordagem de Piaget sobre educação;

d)    enfoque interacionista de Vygotsky;

e)    As Belas Mentiras na sala de aula;

f)     A leitura para Maria de Lourdes Chagas Deiro criar uma consciência crítica nos alunos;

g)    Paulo Freire, como obter autonomia na sala de aula;

h)   A leitura do mundo com a leitura da palavra Maria Helena Martins;

i)     Educação para Todos de Carlos Brandão;

j)      Conteúdo interdisciplinar no ensino da Interdisciplinaridade.

            Na segunda etapa aborda-se o Fracasso Escolar e as Desigualdades Sociais. As dificuldades apresentadas pelas crianças das séries iniciais são inúmeras.

            Fatores emocionais, econômicos e sociais tendem a prejudicar o educando. Assim como, ouvir mal, enxergar mal, deficiência na dicção das palavras e outros também são fatores importantes que devem ser observados e bem trabalhados. Pois se tais problemas forem ignorados pelos educadores e familiares, serão as conseqüências que afetarão gradativamente o educando, causando nele sérios problemas como: irritabilidade, apatia, desinteresse, entre tantos outros. Muitas vezes levando-o à repetência e até mesmo a evasão escolar. Acompanhamento pedagógico.

            Considera-se de fundamental importância trabalhar com os educandos de maneira criativa e dinâmica, utilizando-se de métodos práticos e concretos, mediante o contexto da sua própria realidade.

            Na fase final procura-se salientar que para obter-se uma mudança no sistema educacional, dever-se-ia promover uma verdadeira revolução nos livros didáticos.

            O sistema educacional brasileiro desmantelou-se de forma tal que seria necessário, praticamente, partir do nada para edificar um novo sistema, realmente eficiente e justo, juntamente com uma nova sociedade eficiente e justa.

            Entende-se que, infelizmente o nosso passado histórico, onde a Educação sempre esteve acomodada a interesses sociais das velhas elites tem sido um verdadeiro entrave na atualização do sistema, que ao longo dos anos tem-se prevalecido a ideologia da classe burguesa.

 

 

 

 

CAPÍTULO – I –

 

 

 

 

 

CONCEPÇÃO TEÓRICA RELACIONADA ÀS DIFICULDADES DA APRENDIZAGEM DEVIDO AOS PROBLEMAS FAMILIARES

 

 

 

            Muito se tem falado da importância da relação professor-aluno, juntamente com os pais, para a afetividade da aprendizagem, do processo e do êxito do educando e de sua permanência na escola.

            Ao observar os indispensáveis aspectos sócio-emocionais que se referem aos vínculos afetivos entre professores e alunos, como também às normas e exigências objetivas que regem a conduta dos alunos na aula (disciplina), não estamos falando da afetividade do professor para com determinados alunos, nem de amor pelas crianças. A relação material ou paternal deve ser evitada, porque a escola não é um lar. Os alunos não são nossos sobrinhos e muito menos filhos. Na sala de aula o professor se relaciona com o grupo de alunos. Ainda que o professor necessite atender um aluno em especial ou que os alunos trabalhem individualmente, a interação deve estar voltada para atividade de todos os alunos em torno dos objetivos e do conteúdo da aula. Segundo irmã Evanira Maria de Souza:

         Sendo o professor uma presença nos momentos de fracasso e de sucesso da criança, sob sua responsabilidade está a motivação e as perspectivas futuras da criança diante do processo de aprendizagem. No que se refere à aprendizagem, a escola torna-se o órgão facilitador de incentivo para criança, no que se refere às avaliações, considerando o repertório da criança e suas experiências.

            Nesse sentido, o professor precisa aprender a combinar a severidade e o respeito. Conforme foi abordado anteriormente, o processo de ensino consiste ao mesmo tempo da direção da aprendizagem e de orientação da atividade autônoma e independente dos alunos. Cabe ao professor controlar esse processo, estabelecer normas, deixando bem claro o que espera dos alunos.

            Na sala de aula o professor exerce uma autoridade, fruto de qualidades intelectuais, normas e técnicas. Ela é um atributo da condição profissional do professor e é exercida como um estímulo e ajuda para o desenvolvimento independente dos alunos. O professor estabelece objetivo social e pedagógico, seleciona e organiza os conteúdos, escolhe métodos, organiza a classe. Entretanto, essas ações docentes devem orientar os alunos para que respondam a elas como sujeitos ativos e independentes. A autoridade deve fecundar a relação educativa e não separá-la.

         Pode-se concluir que a criança considera o professor como aquelas pessoas responsáveis pela ajuda de sua capacitação, que lhe ensina a trajetória das questões básicas para uma existência adequada na sociedade. A criança parece ser devedora à professora, quando diz "ela ensina, mas eu esqueço”.

         Pode-se dizer que a criança está presa ao professor e o caracteriza de forma efetiva. É evidente que sua percepção não é criticada pela consciência da realidade.

         Não fazem parte do campo de sua percepção as atividades do professor quanto ao seu desempenho acadêmico. Não sabe dizer se o professor está preocupado com sua aprendizagem ou não. talvez seja difícil para a criança falar sobre o professor, é o que se nota também no conteúdo universitário quando há solicitação para avaliar o professor ou o conteúdo.

            Autoridade e autonomia são dois pólos de processo pedagógico. A autoridade do professor e a autonomia dos alunos são realidades, aparentemente contraditórias mas, de fato, complementares. O professor representa a sociedade, exercendo um papel de mediação entre o indivíduo e a sociedade. O aluno traz consigo a sua individualidade e liberdade, entretanto a liberdade individual está condicionada pelas exigências da situação pedagógica, implicando a responsabilidade. Nesse sentido, a liberdade é o fundamento da autoridade e a responsabilidade é a síntese da autoridade e da liberdade.

            Do ponto de vista das relações entre autoridade e autonomia, a interação professor aluno não está livre de conflitos ou deformações.

            Em nome da autoridade, o professor se apresenta com superioridade, faz imposições descabidas, humilha os alunos, tais formas de autoritarismo. Excessos de autoridade não são educativos, pois não contribuem para o crescimento dos alunos. O professor a serviço do desenvolvimento da autonomia e independência dos alunos, transforma uma qualidade inerente à condução do profissional professor numa atitude personalista.

            Perguntamos então: O que é ser professor?

            Numa resposta curta podemos dizer o que não é ser professor, ou seja, ter ilusões de onipotência acreditando que sua missão é a de salvar os alunos, ou de substituir os pais, principalmente, os "maus" e ainda, que deve fazer às vezes papel de um psicológico. O que está em jogo, no exercício do ser professor, é sua pessoa, o ser humano que a escola ajuda, mas não atribui a ninguém o estatuto do professor.

            Assim importa mais certo o posicionamento frente à vida do que ser simplesmente perito em dar aula.

            O professor se forma mediante sua história. A partir de uma reflexão sobre sua própria história é que pode aflorar sua sensibilidade para com o aluno de modo que possa ajudá-lo a crescer, a se desenvolver. É importante que o professor mostre ao seu aluno que ele não deva apenas desejar o saber, mas saber desejar.

            Desejar o saber é uma primeira etapa, mas saber desejar é refinada atitude.

            A sensibilização do professor em aspectos relevantes com a identidade profissional, a relação professor-aluno, o estímulo de aula, fazem-se necessários para que ele desenvolva um trabalho consciente.

            A possibilidade de transformação pedagógica se tornará realidade quando o professor perceber que o conhecimento e o desejo-afeto não se separem quando se visa à formação do aluno, a ação educativa deve considerar o homem como uma unidade integrada. O ser humano é determinado pelo suporte biológico, trabalho, linguagem, relações sociais, sentimentos, emoções e inconsciente.

         Vygotsky (1989), considera que aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o nascimento do ser humano. Conseqüentemente, o aprendizado na vida da criança se inicia antes de iniciar a fase escolar. Portanto, as situações de aprendizado vivenciadas por ela têm sempre uma história prévia. No momento em que a criança começa a assimilar os nomes de objetos no seu ambiente, ela já está aprendendo, esteja relacionado ao desenvolvimento, ambos nunca são realizados na mesma proporção. O desenvolvimento nas crianças nunca acompanha a aprendizagem escolar. Daí a importância de exigir da criança o que realmente ela é capaz de dar.

            A origem do problema de aprendizagem é considerado como um sintoma que expressa algo. O não aprender tem uma função tão integradora quanto o aprender. A aprendizagem é um processo que se dá na presença de um objeto e envolve o que Piaget denominou de assimilação e acomodação, portanto, a aprendizagem se desenvolve dentro de um campo de relação. Relação esta que cada criança estabelece e que foi desenvolvida e articulada nas suas primeiras relações com a mãe, num contexto familiar, ou no início de sua vida escolar. Esse educando traz as marcas de sua história, manifestações psicológicas de condutas relacionadas com a forma de adaptação e sobrevivência, onde faz necessária a interação professor-aluno.

         Vygotsky (1989), diante de tais considerações pode se concluir que a escola é um dos agentes responsáveis pela integração da criança na sociedade, além da família. É um componente capaz de contribuir para o bom desenvolvimento de uma socialização adequada da criança, através de atividades em grupo, de forma que capacite relacionamento e participação das mesmas, caracterizando em cada criança o sentimento de sentir-se um ser social.

            A ausência dessa interação responde, na maioria das vezes, por alunos reprovados e professores queixosos. Tanto o professor quanto o aluno tem sua história dividida a ser considerada. No encontro dos dois, essas histórias se cruzam. E devem se cruzar também os olhares para que as duas imagens refletidas no espelho revelam a beleza de um e de outro.

            Desta forma, para além de reprovações e de queixas, prevalece o encontro da vida e da história que a fez.

 

 

 

 

 

            1.1- A ABORDAGEM DE SKINNER RELACIONADO NA SALA DE AULA

 

 

 

 

 

            Esta abordagem representa provavelmente a mais completa sistematização do posicionamento associacionista, behaviorista e ambientalista da Psicologia atual. Devido a sua preocupação com controles científicos estritos, Skinner realizou a maioria de seus experimentos com animais, principalmente ratos e pombos. Segundo ele, por exemplo, em escolas o comportamento de alunos pode ser modificado pela apresentação de materiais em cuidadosa seqüência e pelo oferecimento de recompensas ou reforços apropriados. Ao contrário de outros que estudam o comportamento a fim de compreender o "funcionamento da mente", Skinner limita-se ao estudo de comportamentos manifestos mensuráveis.

            Portanto, a abordagem Skinneriana não leva em consideração o que ocorre dentro da mente do indivíduo durante o processo de aprendizagem.

            O termo aprendizagem é, razoavelmente, definido como "uma mudança no comportamento produzida pela experiência", como se pode ver, aprendizagem é um termo muito mais amplo do que condicionamento, cobrindo de excesso de atividades e habilidades que animais e homens adquirem através de contato com seu meio.

            Esquecimento é considerado com uma diminuição na probabilidade de que uma resposta ocorra, como conseqüência de esta resposta não ter sido emitida durante muito tempo.

            Concluída esta parte de noções e definições sobre a teoria do reforço, examinemos algumas implicações da abordagem Skinneriana no ensino.

            Para Skinner, o reforço (positivo) e as contingências de reforço têm papel preponderante na aprendizagem (OLIVEIRA, 1973, p. 50-51).

         Skinner não enfatiza a análise de estímulos. Para ele o importante é não se concentrar no lado dos estímulos, mas sim do lado do reforço, sobretudo, nas contingências de reforço. Isso também significa que numa situação de aprendizagem, a partir das respostas do sujeito e a partir do reforço estabelecido para essa resposta é que vamos analisar a probabilidade daquela resposta ocorrer novamente e, assim, controlar o comportamento. Para Skinner, a aprendizagem ocorre devido ao reforço. Não é a presença do estímulo ou a presença da resposta que leva a aprendizagem, mas sim, a presença das contingências de reforço. O importante é saber arranjar as situações de maneira que as respostas dadas pelo sujeito sejam reforçadas e tenham sua probabilidade de ocorrência aumentada.

            Segundo a abordagem Skinneriana, o ensino se dá apenas quando o que precisa ser ensinado pode ser colocado sob controle de certas contingências de reforço. O papel do professor no processo instrucional é o de arranjar as contingências de reforço de modo a possibilitar ou aumentar a probabilidade de que o aprendiz exiba o comportamento terminal, isto é, que ele dê a resposta desejada (a ser aprendida). Portanto, a Programação de contingências, mas do que a seleção de estímulos propriamente dita, é a função principal do professor. Programar contingência significa dar o reforço no momento apropriado, significa reforçar respostas que provavelmente levarão o aprendiz a exibir o comportamento terminal desejado.

 

 

 

 

 

            1.2- A POSIÇÃO DE ROGERS NO PROCESSO EDUCACIONAL

 

 

 

 

 

            Para ele, o objetivo desse sistema, desde os primeiros anos a pós-graduação, deve ser a facilitação da mudança e da aprendizagem. A sociedade atual se caracteriza pela dinamicidade, pela mudança, não pela tradição, pela rigidez. O homem moderno vive em um ambiente que está continuamente mudando. O que é ensinado torna-se rapidamente obsoleto. Neste contexto, o único homem educado é o que aprender; o homem que aprendeu a adaptar-se a mudar, que percebeu que nenhum conhecimento é seguro e que só o processo de busca do conhecimento dá uma base para segurança.

            Facilitação da aprendizagem não é, no entanto, sinônimo de ensino no sentido usual. (ROGERS, 1969, p. 105-6):

         A iniciação dessa aprendizagem não repousa em habilidades de ensino do líder, nem em sua erudição, nem em seu planejamento curricular, nem no uso que ele faz de recursos audiovisuais. Também não repousa nos materiais programados por ele uso, nem em suas aulas, nem na abundância de livros, apesar de cada um desses recursos possa em um certo momento ser importante. Não, a facilitação da aprendizagem significante repousa em certas qualidades atitudinais que existem na relação interpessoal entre facilitador e aprendiz.

            Quando o professor (facilitador) é uma pessoa verdadeira, autêntica, genuína, despojando-se, na relação com o aluno (aprendiz), é muito mais provável que a aprendizagem seja eficaz.

            Sob esse ponto de vista, o professor é uma pessoa real com seus alunos, podendo mostrar-se entusiasmado, entediado, simpático, com os estudantes. Como ele aceita estes sentimentos como seus, não têm necessidade de impô-los aos seus alunos. Ou seja, o professor é uma pessoa para seus alunos e não um mecanismo através do qual o conhecimento é transmitido de uma geração para outra.

            Prezar, aceitar, confiar. Uma segunda qualidade do facilitador bem sucedido se caracteriza por uma estima pelo aluno, mas uma estima não possessiva.

            O facilitador que apresenta esta qualidade aceita os sentimentos pessoais do estudante, que tanto perturbam como promovem a aprendizagem, e o valoriza como ser humano imperfeito dotado de muitos sentimentos e potencialidades.

            Compreensão empática. O professor apresenta esta atitude quando é capaz de compreender como o aluno reage interiormente, quando se apercebe como o processo de educação e a aprendizagem parecem ao aluno.

            Certamente, pouco do que Rogers propõe é observado nas escolas.

            Sua abordagem implica em que o ensino seja centrado no aluno, tenha o estudante como centro.

            Implica em confiar na potencialidade do aluno para aprender, em criar condições favoráveis para o crescimento e auto-realização do aluno, em deixá-lo livre para aprender, manifestar seus sentimentos, escolher suas direções, formular seus próprios problemas, decidir sobre seu próprio curso de ação, viver as conseqüências de suas escolhas.

            O professor passa a ser facilitador cuja autenticidade e capacidade de aceitar o aluno como pessoa, e de colocar-se no lugar do aluno são mais relevantes para criar condições para que o aluno aprenda do que sua erudição, suas habilidades e o uso que faz de recursos instrucionais.

            O ensino usual é centrado no professor e no conteúdo. É autoritário e ameaçador. É praticamente a antítese de uma abordagem rogeriana.

            Observa-se então, que a abordagem rogeriana não é aplicável a escola tal como ela existe hoje.

            De fato, a adoção de uma abordagem rogeriana em sua plenitude implicaria em uma mudança radical, em uma revolução na escola. A viabilidade disso parece ser mínima; a convivência fica como uma questão em aberto. O próprio Rogers reconhece que sua abordagem pode ser ameaçadora para os alunos, principalmente por não estarem preparados para ela (1969, p. 73):

         Na verdade dez ou quinze anos atrás provavelmente teria dado ao grupo ainda mais liberdade, dando-lhes ainda mais liberdade, dando-lhes a oportunidade (e a tarefa) de construir o curso inteiro. Aprendi que isso causa muita ansiedade, frustração e irritação comigo. (Viemos para aprender de você/ Você é pago para ser nosso professor/ não podemos planejar o curso. Não conhecemos o assunto). Não sei se este ressentimento é necessário. Conseqüentemente, por covardia ou sabedoria, passei a prover limites e exigências em quantidade suficiente para que possam ser percebidos. Como estrutura do curso, de modo que os alunos passam confortavelmente começar a trabalhar.

            Quanto à liberdade a ser dada ao aluno, é também interessante a opinião do próprio Rogers (1969, p. 73):

         Reconheço que para os outros dar liberdade a um grupo pode ser uma coisa arriscada e perigosa de fazer, e que, conseqüentemente, eles não podem, genuinamente, dar esse grau de liberdade. A estes sugeriria: experimente dar o grau de liberdade que você pode, genuína e confortavelmente dar, e observe os resultados.

            Embora essas ponderações de Rogers possam sugerir que ele próprio admite a viabilidade prática de sua abordagem, elas, antes de mais nada, indicam que a questão de mais nada está na dicotomia "usar ou não a abordagem rogeriana".("ser contra ou a favor de Rogers"). A questão parece estar muito mais voltada para a extensão em que os princípios rogerianos podem ser usados na sala de aula sem causar desconforto e ameaça aos alunos e ao professor.

            As idéias de Rogers sobre a aprendizagem e ensino, apresentadas nas seções seguintes, decorrem diretamente de sua longa experiência profissional como psicólogo e refletem sua "terapia centrada no cliente". Ele prefere o termo "cliente" ao invés de paciente porque o primeiro enfatiza uma participação ativa, voluntária e responsável do indivíduo nas relações terapêuticas; sugere também igualdade entre o terapeuta e a pessoa que procura ajuda, evitando a impressão de que o indivíduo está doente.

            Rogers acredita que as pessoas têm dentro de si a capacidade de descobrir o que as está tornando infelizes e de provocar mudanças em suas vidas. Esta capacidade, no entanto, pode estar latente; neste caso, o terapeuta deve ser capaz de ajudar o indivíduo a mobilizar suas tendências intrínsecas em direção à compreensão de si mesmo e ao crescimento pessoal. Aí está o foco da terapia centrada no cliente. O terapeuta provê uma atmosfera de compreensão e aceitação na qual o cliente pode expressar-se abertamente. Trata-se de uma terapia relativamente não diretiva. A tarefa do terapeuta não é a de dar conselhos para "curar" o cliente, e sim a de prover aceitação, compreensão e observações ocasionais, enquanto ele busca um maior entendimento de si mesmo e da influência ambiental que o estão afetando.

            A propensão do homem para crescer em uma direção que engrandeça sua existência é uma premissa básica da psicologia rogeriana. Ele acredita que o organismo humano tende, inerentemente, à manutenção de si mesmo e á procura do engrandecimento; ou seja, o organismo tende à auto-realização. O homem é inerentemente bom e orientado para o crescimento: sob condições favoráveis, não ameaçadoras, procurará desenvolver suas potencialidades ao máximo. É nesse sentido que a psicologia rogeriana é humanística; ela é também fenomenológica no sentido de que para compreender o comportamento de um indivíduo é importante entender como ele percebe a realidade. O campo percentual de um indivíduo é sua "realidade", cada indivíduo existe em um mundo de experiência continuamente mutável, no qual ele é o centro.

            Esta tentativa de dar uma visão geral da abordagem rogeriana à psicologia clínica foi feita com a finalidade de prover uma espécie de ancoradouro conceitual para abordagem rogeriana à aprendizagem e ao ensino apresentado nas próximas seções. Obviamente, se pode, de início, questionar a validade da transposição de princípios derivados de relações terapêuticas para o contexto escolar. Antes, porém, se deve levar em conta que, justamente por isso, a abordagem rogeriana resulta de uma longa experiência com pessoas, vistas como organismos inerentemente voltados para a auto-realização, para o crescimento pessoal. Isso sugere, desde já, que essa abordagem é centrada no aluno e na sua potencialidade para aprender.

            Rogers vê a facilitação da aprendizagem como o objetivo maior da educação. (A seção seguinte tratará da facilitação; esta ater-se-á à aprendizagem em si). Ao invés de apresentar uma "teoria de aprendizagem", Rogers propõe uma série de "princípios de aprendizagem", extrapolados de princípios da terapia centrada no cliente.

            Seres humanos têm uma potencialidade natural para aprender. Os seres humanos são curiosos sobre seu mundo (até que ao menos que essa curiosidade seja neutralizada pelo sistema educacional). Têm uma tendência natural para aprender, descobrir, aumentar o conhecimento e a experiência.

            Este princípio reflete a característica básica de uma abordagem rogeriana à educação: o aluno tem um desejo natural de aprender e esta é uma tendência na qual se pode confiar.

            A aprendizagem significante ocorre quando a matéria de ensino é percebida pelo aluno como relevante para seus próprios objetivos.

            A pessoa aprende significantemente apenas aquilo que ela percebe como envolvido na manutenção e engrandecimento do seu próprio eu (tendência à auto-realização). Rogers dá como exemplo dois alunos em um curso de estatística: um deles desenvolvendo um projeto no qual necessita usar o conteúdo do curso, e o outro fazendo-o apenas porque é obrigatório. Indiscutivelmente, as aprendizagens serão diferentes.

            Além disso, quando o aluno percebe que o conteúdo é relevante para atingir um certo objetivo, a aprendizagem é muito mais rápida. A aprendizagem que envolve mudança na organização do eu — na percepção de si mesmo — é ameaçadora e tende a suscitar resistência.

            Para a maioria das pessoas parece que na medida que outros estão certos, elas estão erradas, Então, a aceitação de valores ex­ternos pode ser profundamente ameaçadora aos valores que a pessoa já tem, daí a resistência a esse tipo de aprendizagem.

            As aprendizagens que ameaçam o eu são mais facilmente percebidas e assimiladas quando as ameaças externas se reduzem a um mínimo.

            Rogers ilustra este principio com o exemplo do aluno fraco em leitura que, por causa dessa deficiência, já se sente ameaçado e desajustado. Quando é forçado a ler em voz alta na frente do grupo, quando é ridicularizado, quando recebe notas baixas, não progride. Contrariamente, um ambiente de apoio e compreensão, a falia de notas, ou um estímulo à auto-avaliação, reduzem a um mínimo as ameaças externas e lhe permitem progredir.

            Quando é pequena a ameaça ao eu, pode-se perceber a ex­periência de maneira diferenciada e a aprendizagem pode prosseguir.

            O próprio Rogers reconhece que este princípio é apenas uma extensão ou elucidação do anterior. Qualquer tipo de aprendiza­gem envolve uma crescente diferenciação dos componentes da ex­periência e a assimilação dos significados dessas diferenciações. Quando o aluno se sente seguro e não ameaçando essa diferencia­ção pode ser percebida e a aprendizagem ser levada a efeito.

            Grande parte da aprendizagem significante é adquirida atra­vés de atos. Um dos meios mais eficazes de promover a aprendizagem consiste em colocar o aluno em confronto experiencial direto com problemas práticos – de natureza social, ética e filosófica ou pes­soal – e com problemas de pesquisa.

            A aprendizagem é facilitada quando o aluno participa res­ponsavelmente do processo de aprendizagem. Quando o aluno escolhe suas próprias direções, descobre seus próprios recursos de aprendizagem, formula seus próprios problemas, decide sobre seu próprio curso de ação, vive as conse­qüências de cada uma dessas escolhas, a aprendizagem signifi­cante é maximizada.

            A aprendizagem auto-iniciada que envolve a pessoa do aprendiz como um todo — sentimentos e intelecto — é mais du­radoura e abrangente. É um princípio que Rogers diz ter descoberto na psicotera­pia, onde a aprendizagem mais eficaz é a da pessoa que se deixa envolver, totalmente, por si mesma. Não é uma aprendizagem so­mente cognitiva, do “pescoço para cima”. É uma aprendizagem que envolve tanto o aspecto cognitivo como o afetivo da pessoa, é "visceral”, profunda e abrangente. O aluno sabe que a aprendiza­gem é sua e que pode mantê-la ou abandoná-la frente a uma aprendizagem mais profunda, sendo ele o avaliador, não necessi­tando apelar a alguma autoridade que corrobore seu julgamento.

            A independência, a criatividade e a autoconfiança são todas facilitadas, quando a autocrítica e a auto-avaliação são bási­cas e a avaliação feita por outros é de importância secundária.

            A criatividade desabrocha em uma atmosfera de liberdade. A avaliação externa é grandemente infrutífera quando a finalida­de é o trabalho criativo. Se uma criança deve crescer e tornar-se independente e autoconfiante, é preciso proporcionar-lhe, desde cedo, oportunidades, tanto de fazer seus próprios julgamentos e seus próprios erros, como de avaliar as conseqüências de tais julgamentos e escolhas. O mesmo se aplica ao aluno em sala de aula. A autocrítica e a auto-avaliação são fundamentais para ajudar o aluno a ser independente, criativo e autoconfiante.

            A aprendizagem socialmente mais útil, no mundo moderno, é a do próprio processo de aprender. Uma contínua abertura de experiência e de incorporação, dentro de si mesmo, do processo de mudança.

            Para viver em um mundo cuja característica central é a mu­dança, o indivíduo tem que aprender a aprender. Isso implica em estar aberto à experiência, em uma postura de busca contínua de conhecimentos. Não é o conhecimento em si que será de utilidade, mas a atitude de busca constante do conhecimento.

            O ensino na perspectiva de Rogers, diz ter uma reação negativa em relação ao ensino e justifica dizendo que é porque o ensino, tal como é usualmente definido, levanta questões erradas. Uma delas, que surge de imediato, é a seguinte: O que ensinar? Isto é, o que, do ponto de observação “superior” do professor, precisa o aluno sa­ber? Outra pergunta é: O que deve abranger o curso? Rogers duvi­da que um professor possa realmente ter certeza de sua resposta a esse tipo de perguntas. Para ele qualquer resposta dada a pergun­tas dessa natureza pressupõe que aquilo que é ensinado é o que é aprendido, que aquilo que é apresentado é o que é assimilado. Diz ele desconhecer suposição tão obviamente falsa: basta conversar com alguns estudantes para verificar que não é verdadeira.

 

 

 

 

 

            1.3- ABORDAGEM DE PIAGET SOBRE EDUCAÇÃO

 

 

 

 

 

            Estas teorias ou abordagens de Skinner, Rogers, Piaget, em cada uma delas o objetivo é dar apenas uma visão geral das proposições de cada autor recomendando-se ao leitor que, para aprofundamento e melhor compreensão do posicionamento de cada um deles, recorra a bibliografia indicada.

            Abordaremos algumas implicações da teoria de Piaget para o ensino e a aprendizagem.

            Períodos de desenvolvimento mental à Piaget distingue quatro períodos gerais de desenvolvimento cognitivo:

   -        Sensório-motor;

   -        Pré-operacional;

   -        Operacional-concreto;

   -        Operacional-formal.

            O Período Sensório-motor vai do nascimento até cerca de dois anos de idade.

            Este estágio não diferencia o seu EU do meio que o rodeia: ela é o centro e objetos existentes em função dela. Suas ações não são coordenadas, cada uma delas é ainda algo isolado e a única referência comum e constante é o próprio corpo da criança, decorrendo daí um egocentrismo praticamente total.

            O Período seguinte é o Pré-operacional que vai dos dois aos seis ou sete anos. A criança continua em uma perspectiva egocêntrica, vendo a realidade principalmente como ela a afeta. Suas explicações são dadas em função de suas experiências, podendo, ou não, ser coerente com a realidade.

            Período Operacional-concreto: Nesse período verifica-se uma descentração progressiva em relação à perspectiva egocêntrica que caracteriza a criança até então.

            O período das Operações-formais, a principal característica deste período é a capacidade de raciocinar com hipóteses verbais e não apenas com objetos concretos. O ponto de partida é a operação concreta, porém o adolescente transcende este estágio, formula os resultados das operações concretas sob a forma de proposições e continua a operar mentalmente com eles.

            Portanto, a característica básica desse período é a capacidade de manipular construções mentais e reconhecer relações entre esses. O período das operações formais prolonga-se até a idade adulta, porém, cabe ainda registrar que no estágio um último tipo de egocentrismo: o adolescente atribui grande poder ao seu próprio pensamento, a sua capacidade de raciocinar formalmente, e julga, muitas vezes, que somente ele está  certo.

            Para concluir esta breve e superficial descrição dos estágios de desenvolvimento mental proposto por Piaget apresenta-se a seguir uma citação. (PIAGET, 1977, p. 127). Na qual ele se refere ao desenvolvimento do pensamento.

         Para entender o mecanismo desse desenvolvimento…, distinguiremos quatro períodos principais em seqüência àquela que é caracterizada pela constituição à inteligência sensório-motora.

         A partir do aparecimento da linguagem, ou mais, precisamente da função simbólica que torna possível sua aquisição (1 a 2) anos, começa um período que se estende até perto de quatro anos e vê desenvolver-se um pensamento simbólico e pré-conceptual.

         De 4 a 7 ou 8 anos, aproximadamente, constitui-se em continuidade íntima com o procedente, um pensamento intuitivo cujas articulações com o progressivo conduzem ao limiar da operação.

         De 7 ou até 11 ou 12 anos de idade, organizam-se as "operações concretas", isto é, os grupamentos operatórios do pensamento recaindo sobre objetos manipuláveis ou suscitáveis de serem instruídos.

         A partir dos 11 a 12 anos e durante a adolescência, elabora-se por fim o pensamento formal, cujos agrupamentos caracterizam a inteligência reflexiva acabada.

            Cabe ainda destacar que, ao longo do desenvolvimento mental de uma criança, a passagem de um período para outro não se dá de maneira brusca. Cada período tem as características predominantes anteriormente descritas; individuais na faixa etária correspondente apresentam predominantemente comportamentos conscientes com essas características. O importante é a sucessão de períodos pelos quais o indivíduo necessariamente possa até chegar ao pensamento formal, não às idades cronológicas em que isso acontece.

            Tentando resumir, de uma maneira geral, o que foi dito até agora, poder-se-ia dizer que, segundo Piaget, o desenvolvimento mental da criança pode ser descrito tomando como referência aos esquemas de assimilação e acomodação.

            Por outro lado Piaget defende os métodos ativos e uma escola ativa, se o ensino for reversível isso não significa que a iniciativa seja exclusivamente do aluno: o professor deve ser tão ativo quanto o aluno. Aliás, Piaget condena o não diretivismo puro e simples. Segundo ele, enquanto que o diretivismo puro leva ao conformismo, o não diretivismo puro leva a desorganização, insegurança de mera repetição (reação circular, repetição indefinida daquilo que o organismo já sabe). Se o ambiente é pobre em situações desequilibradoras, cabe ao educador produzi-las artificialmente (evitando, no entanto, desequilíbrios que não conduzam a equilibração).  PIAGET:

         A primeira dessas condições é naturalmente o recurso aos métodos ativos, conferindo-se especial relevo à pesquisa espontânea da criança ou do adolescente e exigindo-se que toda a verdade a ser adquirida seja reinventada pelo aluno, ou pelo menos, reconstruída e não simplesmente transmitida… mas é evidente que o educador continua indispensável para criar as situações e armas ou dispositivos iniciais capazes de suscitar problemas úteis à criança, e para organizar, em seguida, contra-exemplos que levem à reflexão e obriguem ao controle das soluções demasiado apressadas: o que se deseja é que o professor deve de ser apenas um conferencista e que estimule a pesquisa e o esforço, ao invés de se contentar com a transmissão de soluções já prontas.

            No que consiste ao ensino, Piaget argumenta também que as supostas aptidões diferenciadas dos "bons alunos" em matemática ou física, consistem principalmente na sua capacidade de adaptação ao tipo de ensino que lhes é fornecido. "Os maus alunos nessas matérias, que entretanto são bem sucedidos em outra, estão na realidade perfeitamente aptos a dominar os assuntos que parecem não compreender, contanto que estes lhes cheguem através de outros caminhos: são as lições oferecidas que lhes escapam à compreensão, e não à matéria".

            Argumenta ainda Piaget que é perfeitamente possível que o insucesso escolar em um ou outro tópico decorra, por exemplo, de uma passagem demasiada rápida da estrutura qualitativa dos problemas (raciocínios lógicos sem a introdução de formalismo matemático) para a esquematização quantitativa ou matemática (no sentido de equações já elaboradas).

            Esta passagem demasiadamente rápida provoca um desequilíbrio tão grande que, para muitos alunos, não leva a equilibração majorante. A idéia de "ensino reversível" é útil aqui como meio de atenuar esse desequilíbrio e evitar o insucesso na aprendizagem.

 

 

 

 

 

            1.4- ENFOQUE INTERACIONISTA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO:
                    NA VISÃO DE VIGOTSKI

 

 

 

 

 

            Lei Semenovich Vigotski, nasceu em 1896, na Bielo-Rus, e faleceu prematuramente aos trinta e quatro anos de idade. Vigotski foi um dos teóricos que buscou uma alternativa dentro do materialismo dialético para o conflito entre as concepções idealista e mecanicista na Psicologia. Construiu propostas teóricas inovadoras sobre temas como relação, pensamento e linguagem, natureza do processo de desenvolvimento da criança e o papel da instrução no desenvolvimento.

            Um pressuposto básico da obra de Vigotski é que as origens das formas superiores de comportamento consciente pensamento, memória, atenção voluntária etc.…, formas essas que diferenciam o homem dos outros animais, devem ser achados nas relações sociais que o homem mantém. Mas Vigotski não via o homem como um ser passivo, conseqüência dessas relações sociais. Entendia o homem como ser ativo, que age sobre o mundo, sempre em relações sociais, e transforma essas ações para que constituam o funcionamento de um plano interno.

         Vigotski 1989, considera que aprendizagem e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o nascimento do ser humano. Conseqüentemente, o aprendizado na vida da criança se inicia antes de iniciar a fase escolar.

         Portanto, as situações de aprendizado vivenciadas por ele têm sempre uma história prévia. No momento em que a criança começa a assimilar os nomes de objetivos no seu ambiente, ela já está aprendendo, esteja relacionado ao desenvolvimento, ambos nunca serão realizados na mesma proporção. O desenvolvimento nas crianças nunca acompanha a aprendizagem escolar. Daí a importância de exigir da criança que realmente ela é capaz de dar.

            A origem do problema de aprendizagem é considerado como um sintoma que expressa algo. O aprender tem uma função tão integrada quanto o aprender. A aprendizagem é um processo que se dá na presença de um objeto e envolve o que Piaget denominou “a aprendizagem se desenvolve dentro de um campo de relações”. Relação esta que cada criança estabelece e que foi desenvolvida e articulada nas suas primeiras relações com a mãe, num contexto familiar, ou no início da vida escolar. Esse educando traz as marcas de sua história, manifestações psicológicas de condutas relacionadas com a forma de adaptação e sobrevivência, onde faz necessário a interação professor-aluno.

 

 

 

 

 

            1.5- AS BELAS MENTIRAS NA SALA DE AULA

 

 

 

 

 

            Os textos de leitura sobre a família e seus ambientes, descreve exemplos montados pela imaginação de quem escreveu o livro. Não são exemplos da vida de uma família real. Não há exposições de fatos reais. Tudo isso é perfeito demais para ser verdadeiro.

            O pai é responsável pelo sustento da família. A mãe não trabalha, apenas cuida do lar, dos filhos e marido. O pai nunca aparece como responsável direto pelos cuidados com os filhos. A bondade do pai transparece; eleva os filhos para passear piqueniques, ao circo, zoológico, ele é o melhor amigo dos filhos, dá presentes. (DEIRO, 1997):

         … o que é importante salientar na problemática da mulher é que ela está sendo alienada, tanto dentro do seu lar (num tipo de sociedade tradicional), como dentro de uma indústria (num tipo de sociedade industrial).

            Nos textos didáticos, nunca se levanta a questão de a família ter recursos ou problemas econômicos, o que é um aspecto essencial ligado ao trabalho paterno de sustento do lar.

            A mãe é apresentada como desinformada e ignorante. O homem é apontado como aquele que lê jornal totalmente informado e superior à mulher.

            Nos textos cabe à mãe ser protetora dos filhos e a única profissão que ela poderá ter fora de casa é a de professora, a mãe seria então a melhor pedagoga.

            Nos textos todas as mães são iguais no imenso amor, morando na favela ou em mansões.

            Passa-se também a imagem, que se houver a presença da mãe nada os filhos faltará. Com a presença da mãe resolve pobreza e todos os outros tipos de problema e cabe aos filhos: retribuir o amor e o carinho, fazer a mãe contente e feliz, ser bom, ser obediente, ser estudioso.

            Não se relaciona também à figura paterna, os momentos de pobreza ou de sofrimento e tristeza pelas quais passam mãe e filho. (DEIRO, 1997): "A indissolubilidade do matrimônio parece estar presente em todos os textos de leitura analisados…”.

            Embora nos textos as famílias apareçam sempre unidas, toda família raramente aparece junta nos passeios ou momentos de tristeza. A relação pai e mãe não se destacam. Assim se discute porque nestes textos são aparentemente indissolúveis.

            Estamos vivendo num lugar muito cheio de divergências e desigualdades ideológicas entre duas classes: dominante (burguês) e dominada (proletariado), onde o imaginário, texto didático, e o real, vivido pelas crianças, destacam da real situação vivida por eles, pois nesta faixa de ensino formada nos quatro primeiros anos do primeiro grau, os alunos têm entre 7 a 10 anos, e são possuidores de uma avançada capacidade de formação crítica de mensagens.

            Escolhemos vários temas abordados pelos livros didáticos com o intuito de esgotar todos os assuntos relacionados com a estrutura social tal como está constituída.

            Além dessa verificação empírica, constatamos teoricamente a existência de um único tipo de livro didático, para todo o Brasil, apesar da existência sócio-econômica em todo o país, a ideologia dominante é sempre a mesma para todo o Território Nacional.

            A ideologia dominante tem a função de mistificar os objetivos reais de exploração e discriminação social, a fim de manter a base do capitalismo, que favorece a classe dominante.

            A sociedade capitalista, em geral, é constituída de dois níveis:

            O nível infra-estrutural; que é a base da economia onde se desenvolve a produção e o nível de superestrutura, que é constituída pelas formas jurídico-políticas e ideológicas.

            A estrutura de classes da sociedade capitalista é o resultado dessas relações homem-natureza e homem-homem, no processo de produção social.

            As classes sociais estão sempre sem relação antagônica, a partir da exploração que uma das classes, a dominante estabelece ao apropriar-se do trabalho da outra, a dominada e explorada. (DEIRO, 1997):

         Seria necessário demonstrar a falsidade da ideologia, que sugere, nos textos, que as diferenças sócio-econômicas, dentro da estratificação social, não são de grande importância, pois todas as profissões são boas e úteis, logo, iguais. Todos trabalham: sejam ricos ou pobres, homens, mulheres ou crianças.

            A classe dominante, a burguesia não trabalhadora, proprietária dos meios de produção, do excedente de trabalho e a classe dominada, o proletariado, trabalhador, produtor que mantém uma relação direta com os meios de produção.

            A classe dominante utiliza-se do estado, que nada mais é que um instrumento de repressão assegurador do seu domínio.

            Pode-se definir então, a ideologia em geral, como um "sistema das idéias", das representações, que dominam o espírito de um homem a de um grupo social.

            A ideologia tem precisamente por função, ao contrário da ciência, ocultar as contradições reais, reconstituir, num plano imaginário, um discurso relativamente coerente, que serve de horizonte ao ser vivido, dos agentes, moldando as suas representações nas relações e inserindo-as na unidade das relações de uma formação.

 

 

 

 

 

            1.6- A LEITURA PARA CRIAR UMA CONSCIÊNCIA CRÍTICA NOS
                    ALUNOS

 

 

 

 

 

            O autor relata que os temores que tinha durante a infância, foram diminuindo na media em que percebia o mundo em que vivia. Através da "leitura" conseguia entender melhor as coisas do mundo. O autor foi alfabetizado com métodos práticos, concretos, utilizando-se da própria natureza para aprender, ou seja, o aprendizado fazia parte da realidade, do seu dia-a-dia, obviamente esse processo não poderia ocorrer sem a participação dos pais. Segundo FREIRE:

         Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro-negro, gravetos, o meu giz.

            Quando o mesmo chegou à "Escolinha Particular de Eunice Vasconcelos", já estava alfabetizado. A leitura do mundo à qual o autor refere-se, eram as coisas que ele aprendia em casa, utilizando-se de sua própria cultura.

            Na escolinha então conseguiu unir a leitura do mundo com a leitura das palavras. "Palavra-mundo".

            Aos vinte anos tornara-se professor de Língua Portuguesa, procurou ensinar aos seus alunos de maneira criativa, prática e dinâmica.

            Paulo Freire julga de suma importância a leitura de clássicos tanto para educadores quanto para educandos, em todos os campos do saber. Porque é óbvio que não ocorria à prática sem a teoria ou vice-versa. Segundo FREIRE: "Refiro-me a que a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade daquele".

            Ele ressalta que não conseguiria alfabetizar de maneira mecânica. Para ele é errado julgar que os educandos vão para escola de cabeça vazia e nelas devem ser introduzidas o conhecimento do ba be bi, sem levar em conta o conhecimento que o educando tem adquirido desde o nascimento. Pois o fato do educando precisar do educador não significa que se deva deixar de lado a criatividade do educando.

            O autor vê a alfabetização de adultos como ato político. O mesmo considera fundamental a concordância entre assessor e o governo assessorado, mas despreza, nega qualquer ajuda na campanha de alfabetização de adultos promovida por um governo "antipopular". Ou seja, aqueles governantes que acham que o povo deve apenas ficar reduzido a leitura mecânica da palavra, para ele a alfabetização de adultos tem que ser num contexto, o indivíduo deve aprender o significado das palavras, para que possa haver um desvelamento da realidade utilizando-se do concreto da prática.

            Para Paulo Freire, deve haver uma relação dinâmica entre a leitura da palavra e a leitura da realidade. Mas o que o governo "antipopular" faz é justamente o contrário. Em sua obra, o autor cita um exemplo de alfabetização que ele aprova. Em São Tomé e Príncipe: "A educação com a qual o governo vem se comprometendo é a que desoculta e não a que esconde em função dos interesses dominantes".

            Nesse processo de alfabetização a princípio não se tem a pretensão de compreender profundamente a realidade, mas sim, despertar a curiosidade, estimular a capacidade crítica dos alfabetizandos enquanto sujeitos do conhecimento. O importante é propor desafios.

            Salienta-se nesta obra, a preocupação do autor em relação ao nosso ensino. "O Ato de Ler geralmente é relacionado à escrita": livros, revistas, jornais, porém, há uma leitura muito importante que é a leitura do mundo, a forma com que vemos e reagimos às situações diárias à nossa volta.

            Essa leitura diária abre as portas para outras tantas formas de leitura sobre as circunstâncias da vida, é individual e necessária. Ocorre quando começamos a estabelecer reações entre as experiências e tentar resolver os problemas, com a prática podemos chegar a "ler tudo e qualquer coisa".

            Muitas pessoas dão à leitura adjetivos puramente intelectuais, divinizando o "letrado" e reprimindo o "iletrado", o que muito influencia na educação quando o educador assume uma postura de que tudo "sabe". Ao contrário deveria a leitura servir de ferramenta para um ensino eficiente.

            Para isso é necessária uma ampliação do conceito leitura já que desde crianças temos a leitura como mito e extremamente ligado à produção escrita. Vive-se num mundo com desigualdades de crenças, com grandes divergências em todos os lados, e temos a escola como prioridade na vida das pessoas. Isso é o que diz os nossos governantes que, a escola é a meta principal do Brasil mas ao contrário, sabemos que são poucas as pessoas que tem oportunidade de freqüentar uma escola.

            Os problemas na educação são tão legíveis e desesperadores que muitas vezes nos deparamos com situações constrangedoras, e sem falar nas injustiças dentro do ensino, segundo FREIRE: "Pensar certo, descobrir a razão de ser dos fatos e aprofundar os conhecimentos que a prática dá não são um privilégio de alguns mas um direito que o povo tem, numa sociedade revolucionária".

            Não se investe em educação no nosso país, porque não é importante para os governantes ter pessoas críticas e inteligentes na sociedade. Porque pessoas inteligentes, que estudam, têm noção de seus direitos, questiona e busca soluções para os problemas, mesmo que isso vá contra a idéia daqueles que dominam. Mas isso somente acontece se as pessoas tivessem acesso à educação e a escola for capaz de buscar soluções, dando aos alunos liberdade de pensamento.

            O papel da escola também deve ser discutido, os livros didáticos que nos mostram uma realidade totalmente diferente da nossa realidade. Enquanto em uma alfabetização de adultos que em lugar de propor a discussão da realidade nacional e suas dificuldades, preocupa-se somente com o ba, be, bi, bo, bu, a que ajustasse falsos discursos sobre o país, sem se quer preocupar em estimular a capacidade crítica dos alfabetizados.

            Portanto sabemos que, infelizmente o relato deste texto é a realidade do ensino brasileiro. O processo da educação é simplesmente destorcido pela classe dominante, tentando passar para o povo que o governo está empenhado em fazer uma educação justa sem discriminação de classes sociais, enfim uma educação para todos e não simplesmente um privilégio para alguns. Porém não podemos nos aquietar, devemos lutar incansavelmente pelos direitos desta massa popular que simplesmente é mesclada pela ideologia dominante.

            O importante é aprender também a pensar certo, discutir assuntos de interesses do nosso Povo.

 

 

 

 

 

            1.7- COMO OBTER AUTONOMIA EM SALA DE AULA

 

 

 

 

 

            Conclui-se nesta obra a preocupação do autor em relação ao nosso ensino.

            Vive-se num mundo com desigualdades de classes, de crenças, com grandes divergências em todos os lados, e temos a escola como prioridade na vida das pessoas, isso é o que dizem os nossos governantes que, a escola é a meta principal do Brasil, mas ao contrário sabemos que são poucas as pessoas que tem oportunidade de freqüentar uma escola por descaso da falta de acesso. Os problemas na educação são tão legíveis e desesperadores que muitas vezes nos deparamos com situações constrangedoras, e sem falar nas injustiças dentro do ensino, mas é necessário que lutemos por esse direito, lutar incansavelmente por esta causa que é indispensável para uma sociedade que está suja, uma luta ou uma tarefa constante de educadores que se dizem responsáveis pelo educando, uma responsabilidade não só dos nossos governantes mas sim de todos nós, responsáveis pela educação, não importando os próprios interesses e lucros individuais, seja nas atividades mais árduas, com as crianças, jovens, ou adultos, o importante nunca esquecer de nossa meta que é lutar. Segundo FREIRE: "Não importa se trabalhamos com crianças, jovens ou com adultos que devemos lutar. E a melhor maneira de por ela lutar é vivê-la em nossa prática, é testemunhá-la, viva aos educandos em nossas relações com eles".

            Mas nunca se deve esquecer da postura de um professor quando o autor se refere à educação e a lealdade e ao respeito com quem se trata.

            Ensinar exige criatividade e criticidade, isso não significa que o professor seja um mero reprodutor, "não é transferir conhecimento", mas sim dar oportunidades para o aluno desinciliar-se, trazer o seu próprio conhecimento, fazer com que busque procurar deixar ser crítico, argumentar, usar de sua capacidade. "Tarefa docente não é apenas ensinar os conteúdos mas também ensinar certo".

            Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. O professor deve sempre estar à procura de novos conhecimentos, especializações, seja no aspecto social ou no âmbito de aprendizagem procurando estabelecer uma certa intimidade juntamente com os alunos dentro de seu próprio círculo de aprendizagem, deixar os alunos questionar, capacitando-se de explorar sua própria curiosidade, o professor quanto ao aluno deve ir à frente à procura de novos conhecimentos.

            Entende-se que para ensinar devemos ser críticos, mas não taxativos, e rigorosos, extremistas, achar que o professor é quem sabe tudo, e o aluno simplesmente acompanhar o raciocínio que muitas vezes se torna ingênua, e arrogante por achar que "pensa certo" o que não significa, ser o melhor na maioria das vezes distorcendo conteúdos e leis, mas sim, estar conscientes que o mestre não é e nunca será o depositador ou o transferidor de conhecimentos. "O pensar certo" no entanto é o diálogo, a comunicação, são alienados importantes na formação do professor.

            Quando falamos em diálogo, sabemos que serão discutidos inúmeros e variados assuntos, desde, as injustiças, deslealdades, desamor, exploração, violência. Falar desses assuntos nos causa uma grande revolta, ou uma certa raiva que brota em nosso coração, por tantas desigualdades, injustiças, e diferenças, mas nunca podemos deixar que esta raiva, esse desabafo nos leve à ociosidade.

            Educar não é tarefa simples, mas o professor, a professora deve sempre usar de sua imaginação, criatividade para proporcionar aos alunos novas descobertas, experiências, ser um inovador criador de sonhos, capaz de demonstrar o amor que têm pelos seus alunos. Muitas vezes não se toma conta da importância de um simples gesto curioso da vida de um aluno, ao contrário disso, o professor deixa marcas profundas no aprendizado, ou de mesmo reconhecer-se que é um ser importante, mas sem jamais esquecer do respeito e a dignidade que o professor deve ter com os alunos, com as suas curiosidades e experiências, nunca ceifar, transgredir os princípios fundamentais éticos sem confundir "autoritarismo", licença com liberdade para não "afogar" a liberdade e "amesquinhando", o direito de estar sendo curioso e inquieto. Como falar de todos esses direitos se na maioria, encontra-se professores arrogantes, irresponsáveis, despreparados para assumir sua prática, ou nem mesmo "lutar" por seus direitos e não protestar contra as injustiças.

            Como falar de todas essas metas a ser seguidas quando não encontramos condições suficientes para um professor, trabalhar quando encontramos o descaso da educação no Brasil sem o mínimo necessário para um ser humano sobreviver, sem falar das condições financeiras. FREIRE: "A posição mais difícil indiscutivelmente correta é a do democrata, coerente com seu sonho solidário e igualitário, para quem não é possível autoridade sem liberdade a esta sem aquela".

            A questão que se coloca obviamente não é parar de lutar, só dizer que não há o que fazer e simplesmente cruzar nossos braços, mas sim de sermos críticos, prudentes, ao analisarmos a essas situações e fazer o possível e o impossível para a reconstrução, reconstruir o mal aprendizado, estimular os direitos do educador, sempre levando em consideração as marcas e traições que envolvem o direito de ser.

            É impossível que os alunos percebam o esforço que faz o professor ou a professora procurando sua coerência. É importante que o educador perceba a importância que exerce em relação à liberdade e ao limite que muitas vezes a um confronto entre a autoridade de pais professor e do Estado, procurar fazer entender que não é apenas uma intromissão mas sim um dever.

            É nesse sentido que uma pedagogia dá autonomia, tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da literalidade. Mas ao contrário temiam em simplesmente depositar conteúdos em vez de desafiá-los, sempre buscar entender, executar, respeitar a leitura do mundo, com quem o aluno traz a sua bagagem e sua experiência, revelando-se em sua expressão.

            O professor autoritário, que recusa executar os alunos se fecha a esta aventura criadora. Dessa forma precisamos descartar as possibilidades que o educador deve se impor, ser frio e até mesmo calculista para desempenhar melhor o seu papel de professor, mas sim demonstrar a certeza, a segurança ao deparar-se com situações a serem analisadas corretamente. Segundo FREIRE:

         A formação dos professores devia insistir na constituição deste saber necessário e que, me faz certo desta coisa "obvia, que a importância inegável que tem sobre nós o contorno ecológico, social econômico em que vivemos. E o saber teórico desta influência teríamos que juntar o saber teórico-prático da realidade concreta em que os professores trabalham.

            Portanto, sabemos do descaso que é tratado a educação brasileira, em relação aos educandos e educadores, mas sempre ter a esperança de que teremos uma educação mais solidária sem tantas divergências e desinteresses de governantes.

            O educador deve ter como meta principal realizar o seu trabalho com a dignidade de um grande mestre conhecedor, não importando qual seja a faixa etária que trabalha, seja ela gente miúda, jovem e adulto.

 

 

 

 

 

            1.8- EDUCAÇÃO PARA TODOS

 

 

 

 

 

            Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja, ou na escola, de um modo a nossa vida está um pedaço envolvido com ela, para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar, e já que pelo menos temos alguma coisa a dizer sobre a educação, por que não começar a pensar como os índios que uma vez escreveram? (BRANDÃO, 1994): "De tudo o que se discute hoje sobre a educação algumas das questões entre as mais importantes estão escritas nesta carta de índios".

            Há muitos anos nos Estados Unidos, brancos assinaram um tratado de paz com os índios. Logo após os governantes mandarem cartas aos índios para que enviassem alguns jovens às escolas dos brancos, e os chefes indígenas responderam agradecendo e recusando. E o trecho da carta que nos interessa.

            … nós estamos convencidos portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração.

            Mas aqueles que são sábios reconhecem que as diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.

            …muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados na escola do norte e aprenderam toda na vossa ciência. Mas, quando eles voltaram, para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o criador, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua, muito mal. Eles eram, portanto totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros. Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens. (BRANDÃO, 1994):

         Em nome de quem os constitui educadores, estes especialistas do ensino aos poucos tomam a seu cargo a tarefa de assumir, controlar e decodificar domínios, sistemas, modos e uso do saber e das situações coletivas de distribuição do saber.

            De tudo o que se discute sobre educação, algumas das questões mais importantes estão escritas nesta carta de índios.

            Em mundos diversos a educação existente difere: em pequenas sociedades tribais de povos caçadores, agricultores ou pastores nômades; em sociedade camponesa, em países desenvolvidos e industrializados; sem a participação do estado, com esse estado em formação ou com ele consolidado da família em todos os mundos sociais, entre o mistério do aprender: primeiro, sua classe de alunos, seu livro e seu professor específico; mais adiante com escolas, salas, professores e métodos pedagogos.

            A educação é como outra, uma fração do modo de vida dos grupos sociais.

 

 

 

 

 

            1.9- A LEITURA DO MUNDO

 

 

 

 

 

            O Ato de Ler geralmente é relacionado à escrita: livros, revistas, jornais, porém, há uma leitura muito importante que é a leitura do mundo, a forma com que vemos e reagimos às situações diárias à nossa volta. (MARTINS, 1994): "A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquela".

            Essa leitura diária abre as portas para outras tantas formas de leitura sobre as circunstâncias da vida, é individual e necessária. Ocorre quando começamos a estabelecer reações entre as experiências e tentar resolver os problemas, com a prática podemos chegar a "ler tudo e qualquer coisa".

            Muitas pessoas dão à leitura adjetivos puramente intelectuais, divinizando o "letrado" e reprimindo o "iletrado", o que muito influencia na educação quando o educador assume uma postura de que tudo "sabe". Ao contrário deveria a leitura servir de ferramenta para um ensino eficiente. (MARTINS, 1994): "… é importante por aquilo que o seu processo permite, alargando os horizontes das expectativas do leitor e ampliando as possibilidades de leitura do texto e da própria realidade social".

            Para isso é necessária uma ampliação do conceito de leitura já que desde criança temos a leitura como mito e extremamente ligado à produção escrita.

            Cada acontecimento desperta em nós um tipo de leitura, seja pelos sentidos, emoção ou razão em níveis de leitura são inter-relacionados, embora vez por outra, um ou outro prevaleça.

            A leitura dos sentidos não precisa de racionalizações, justificativas e ao indivíduo, cabe apenas refletir se ele gostou ou não do que leu, do que viveu, apenas porque impressiona a vista, o olfato, o paladar… Quando essa leitura desperta outros sentimentos (curiosidade, alegria, etc.), encontramos na leitura emocional que faz o leitor se colocar no lugar do outro, do autor, imaginando-se dentro das circunstâncias vividas ou criadas que está lendo. (MARTINS, 1994): "… à medida que desenvolvemos nossas capacidades sensoriais, emocionais e racionais também se desenvolvem nossas leituras níveis, ainda que, … um outro prevaleça".

            Nesse contexto, surgem as leis sociais. Por esta razão, a leitura emocional é muitas vezes distorcida, ou melhor, a convivência social nos faz ler de uma maneira e revelar de outra.

            Essa preocupação moral provém de outro nível de leitura: o racional. Essa postura faz o leitor perceber no que leu, apenas o que interessa ao sistema em que vive, não por ser racional, mas por alargar os horizontes da expectativa do leitor e ampliar as fronteiras de leitura do texto e da sociedade.

            Quando ocorre esta ampliação de fronteiras, há que se ampliar proporcionalmente às exigências sobre o que se lê, levando-nos a dar exigências sobre o que se lê, levando-nos a dar ao texto lido, uma atenção especial que a leve perceber particularidades que possam diferenciá-lo dos demais.

            Como os níveis de leitura agem em interação, é difícil supor a existência isolada de cada um desses níveis. O que existe é uma tendência da leitura sensorial anteceder às demais: contudo, não significa que eles sigam uma hierarquia. (MARTINS, 1994): "A leitura, mais cedo ou mais tarde, sempre acontece, desde que se queira realmente ler".

            O homem é um ser pensante, mas sua capacidade de raciocínio precisa de treinamento como todas as outras atividades que realiza, inclua-se a leitura. Para tal, cada indivíduo deve desenvolver ritmo e técnicas próprias, cada um precisa buscar o sujeito de ler, o importante é que a leitura aconteça e à medida que se lê, aumentam o desejo e qualidade com que isso se faz desde que se almeje realmente a leitura.

 

 

 

 

 

            1.10- CONTEÚDO INTERDISCIPLINAR NO ENSINO DA
                             INTERDISCIPLINARIDADE

 

 

 

 

 

            Conclui-se nesta obra a preocupação da autora em relação aos avanços teóricos dela decorrentes para a construção de uma teoria da Interdisciplinaridade na educação.

            Falar de Interdisciplinaridade não é nada fácil, pois o fundamento maior e primeiro da Interdisciplinaridade é a dúvida interior à dúvida exterior e do conhecimento raigado em nós mesmo à procura de outros ou seja do mundo, a dúvida que gera dúvida, as contradições com o próprio conhecimento nos aflora a vontade de irmos à frente, de buscar a totalidade do conhecimento, mas sabemos que não é possível chegar num total conhecimento porque só adquirimos conhecimento porque buscamos mas nunca chegamos num conhecimento pronto e acabado.

            Para fazer um trabalho de Interdisciplinaridade é necessário estudar o problema dessas incertezas e dúvidas para conhecer o grupo que irá realizar o trabalho requerente. A Interdisciplinaridade somente consolida-se na busca, na ousadia da pergunta e da pesquisa, pois sabemos que só se aprende a fazer pesquisa pesquisando, segundo (FAZENDA, 1995):

         Conhecer a si mesmo é conhecer em totalidade, interdisciplinarmente… Quanto mais se interiorizar, mais certezas vai se adquirindo da ignorância, da limitação, da provisoriedade… Do conhecimento de mim mesmo do conhecimento da totalidade.

            Porém sabemos que este não é um trabalho fácil que exige muito do educador, que até de uma certa forma chega ser um trabalho muito árduo exigindo a disponibilidade do profissional.

            O momento interdisciplinar é uma maneira de fazer um trabalho em parceria que poderá beneficiar o educando e principalmente o educador que sairá do seu mundo à procura de novos materiais, é uma capacitação na formação de professores e certamente um engajamento melhor com seus colegas de trabalho na tentativa de poder proporcionar, novas descobertas e ampliar novos conhecimentos tornando suas pesquisas mais prazerosas.

            Como a autora se refere, trabalhar com Interdisciplinaridade não seria somente com o ensino médio e fundamental, mas também com as universidades, despertando no educando e educador o senso-crítico no desenvolvimento de pesquisa com maior inovação. Hoje se entende que este trabalho interdisciplinar com muitos propósitos e ganhos, referindo-se às necessidades e exigências de informações e conhecimentos que a vida profissional exige. Porém, este trabalho deve-se ter uma grande dedicação em exercer e investigar para não cair simplesmente no modismo vão e passageiro. Entende-se que para fazer este trabalho de Interdisciplinaridade, o professor deverá possuir um grau de comprometimento diferente com seus alunos o qual exige uma competência, um envolvimento, um compromisso profissional que lutam incansavelmente por uma educação melhor. (FAZENDA, 1995): "… a metodologia interdisciplinar parte de uma liberdade científica, alicerça-se no diálogo e na colaboração, funda-se no desejo de inovar, de criar, de ir além e exercitar-se na arte de pesquisar…".

            Apesar de toda sua luta, seu empenho profissional junto com alunos, acaba sempre enfrentando restrições e resistência de certos profissionais que se acomodam. Mas se estamos, ou queremos viver hoje na educação momentos de inovação no aprendizado é necessário que o professor, ou seja, o mestre, aquele que sabe, mas também aprende com seus educandos.

            O professor precisa ser o condutor do processo, no entanto com a sabedoria de saber ver no aluno a sua criatividade e criticidade, entretanto nunca esquecer do afeto, da alegria dessa relação sadia e amorosa para que ambos possam ter êxito no seu trabalho, mas nunca esquecer de fazer uma análise cuidadosa nas limitações e possibilidades da escola juntamente com seus alunos no sentido de efetização.

            Este projeto só será realizado ou seja, ampliado se o professor tiver a consciência da "linguagem" que implica na leitura do mundo, somente através dessa "leitura do mundo" o homem aumenta o seu universo, ampliando seu conhecimento e sua visão sobre o "mundo".

            Portanto, a linguagem nos traz a realidade da própria história. Sabemos que a leitura é indispensável no nosso dia-a-dia, devemos adotá-lo como um hábito necessário em nossas vidas e só assim, teremos uma visão um pouco melhor do mundo. (FAZENDA, 1995):

         … a prática pedagógica de cada uma é único e intransferível… Nesse sentido, existe um próprio tipo de pensar a prática que é particular de cada um e de compreender a didática.… essa experiência particular quando analisada e compartilhada suscita a compreensão de aspectos obscuros, não descritos das práticas individuais.

            Para fazer um trabalho interdisciplinar não se consegue modelos prontos, mas se iniciam com a dedicação e autenticidade do pesquisador, porque no entanto sabemos que não há métodos a seguir que se viabiliza a ação do trabalho indisciplinar.

            A metodologia interdisciplinar parte do desejo de criar e inovar, dando liberdade desta inovação tão desejada e falada nos dando a capacidade de conhecer novas formas e perspectivas, nunca esquecendo que cada um possui os seus anseios e sua prática pedagógica.

            No entanto, deve-se ter cuidado na escolha da trajetória a serem seguidos, para iniciar-se um projeto de Interdisciplinaridade vale sempre lembrar do bom senso e que o projeto interdisciplinar parte da dúvida, da pergunta, das indagações, do diálogo, da troca, da reciprocidade.

            Portanto, trabalhar com um projeto de Interdisciplinaridade é desafiador para o pesquisador, entende-se que não tem pesquisa sem ação ou vice-versa, basta ter a dignidade e a criticidade aflorada em seu interior para realização deste.

 

 

 

 

CAPÍTULO – II –

 

 

 

 

 

O FRACASSO ESCOLAR E AS

DESIGUALDADES SOCIAIS

 

 

 

 

            Esta reportagem do jornal Folha de São Paulo, de 27/05/97, faz-nos refletir sobre as desigualdades resultando organização capitalista. Este cenário nos mostra as condições sócio-econômicas desfavoráveis a que estão submetidas uma boa parte da população, ou seja, as camadas mais pobres da sociedade. Em sua exclusão, são levadas ao cotidiano da fome, do analfabetismo, do desemprego e da moradia das ruas. Por outro lado, vemos, ainda na fotografia acima, um indivíduo dentro de um carro, representando a minoria que está sendo beneficiada pela riqueza produzida no país. De uma forma clara e chocante, estão sendo apresentadas aí às seqüelas deixadas pelo nosso sistema capitalista com suas profundas desigualdades que não repercutem apenas na condição de vida, mas também no setor educacional.

            As crianças que circulam num cenário onde habita a pobreza, a miséria, a fome, quando estiverem na idade escolar, vão fazer de uma escola diferente de sua realidade na qual o saber é transmitido de forma complexa, longe da realidade, contribuindo muitas das vezes para aumentar as diferenças sociais existentes.

            Essas crianças, nas escolas, também vão conviver com professores despreparados que não procuram trabalhar estas diferenças, não levantando questionamentos sobre as relações de poder e de dominação de classe. Alguns professores, embora visem o bem do aluno, a formação de sua personalidade, a formação de um bom cidadão para o progresso e desenvolvimento da sociedade, por desconhecerem o sistema político vigente e suas conseqüências, trabalham de uma forma neutra. Outros professores, mesmo tendo conhecimento do momento político o qual estamos vivendo, se omitem por pensarem que não podem mudar coisa alguma sozinhas, e que por isso, devem ficar quietos, por ser mais cômodos.

            Vemos com isso que os mais prejudicados são as crianças excluídas da sociedade, que não conseguem acompanhar essa educação que lhes está sendo transmitida. Conseqüentemente, têm um mau rendimento escolar, o que gera o aumento dos índices de evasão e repetência. Às vezes, em função da necessidade de ajudar no sustento da família, essas crianças ingressam muito cedo no mundo do trabalho, abandonando a escola.

            Mas, será que isto tem a ver com as mudanças no setor político, econômico e social?

            De acordo com a reportagem da revista Veja, de 03/04/96, escrita por Antenor Nascimento Neto, "A Roda Global", o autor afirma que "quem fica à margem desse novo giro do capitalismo está condenado ao atraso e a miséria (Pg. 80) e ainda, para conseguir preços melhores e qualidade mais alta, (...) as empresas cortam custos, isto é, empregos e aumentaram muito seus índices de automação, liquidando mais postos de trabalho (Pg. 85).

            Com base nesta notícia, pode-se dizer que o trabalhador hoje é excluído do emprego por não Ter um nível de escolaridade compatível com as atuais exigências do mercado. E as escolas são apontadas como responsáveis por não conseguirem transmitir a este trabalhador os conhecimentos necessários para seu crescimento intelectual.

            Em conseqüência a esses descasos, certamente essas crianças irão participar de uma escola pública que não considera as individualidades, os conhecimentos, o ambiente e a vivência da qual sua clientela é fruto.

            Assim, pode-se dizer que a maioria dos problemas que se apresentam na escola é uma manifestação a nível educacional dos problemas sociais, políticos e econômicos.

            Quanto a isto, é preocupante quando noticiários informam que 2/3 das crianças de 7 a 10 anos, não estão em sala de aula; seja por absoluta falta de possibilidade de elas terem acesso, seja pelo elevado índice de evasão e repetência. Neste sentido, é preciso urgentemente mudar o curso da história. Não podemos permitir que somente as classes altas e médias tenham acesso à escola, mas ajudar os setores oprimidos a se organizarem para que possam exigir do estado uma escola de boa qualidade para que os alunos superem as dificuldades na aprendizagem, originárias dessa situação de classe.

            Pare resolver essas desigualdades é necessária a organização coletiva, a luta política e o fortalecimento das associações de professores, de funcionários, dos movimentos estudantis, dos sindicatos e as associações de bairros. Estes fatores certamente poderão contribuir para a transformação da sociedade e da própria escola.

            E quanto a nós professores, que detemos certos conhecimentos, podemos fazer um trabalho pedagógico que conduza a uma organização mais efetiva da sociedade, valorizando nossos alunos, oferecendo-lhes condições de expressar suas idéias, despertando cidadãos críticos conscientes dos fins que desejam para que assim possam ter melhores reflexões e participação.

 

 

 

 

 

 

            2.1- DIFICULDADES DA APRENDIZAGEM RELACIONADA AO
                       SISTEMA EDUCACIONAL

 

 

 

 

 

            A educação formal que é vivida na escola é parte do sistema pois caminha passo a passo.

            Aparentemente tudo está tranqüilo, mas na realidade as coisas vão mal com alunos, pais e professores, pois cada dia que passa o índice de evasão e reprovação está aumentando.

            A escola é antidemocrática pois está sempre motivando a competição, seleção e o vestibular que só passará quem teve maior oportunidade de estudar a vida toda com professores particulares, com isso reproduzindo a divisão da sociedade em categorias sociais distintas. (FREIRE, 1987): "Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro-negro, gravetos, o meu giz".

            A escola é um mundo à parte, separado da vida do aluno, do que ele gosta, do que ele sente e separado da família. O papel do aluno é previamente determinado, tem que falar bem do sistema, só é permitido o que não é proibido, o aluno é considerado uma caixa pronta para receber conteúdo e as maiores punições são a reprovação, nota baixa, disputa etc.

            A escola está desligada da realidade, com conteúdos estranhos que nunca se usou e nem vai usar, deve-se planejar conteúdos conforme cada região.

            Sabe-se que não se adquire conhecimentos na escola. Aprende-se uma série de valores e normas de comportamento, que são impostos e acentuando o individualismo, competição, sentido de inferioridade, submissão, respeito pela ordem estabelecida, medo e conflito.

            Deve-se quebrar as normas e proibições burocráticas desenvolvendo a vida de grupos dentro da sala de aula e relação democrática entre professores e alunos. As crianças já chegam à escola portadoras de desigualdades. Tratá-las em pé de igualdade significa não apenas manter a desigualdade, mas até aumentá-la.

            Existem diferenças nas condições materiais da vida: residência, família, o apoio dos pais, diferença de cultura, diferença nas experiências adquiridas fora da escola, diferença de atitudes dos pais. (SANTOS, 1986)

         É por isso que as lutas pela universalização dos benefícios da cultura são ao mesmo tempo lutas contra as relações de dominação entre as sociedades contemporâneas, e contra as desigualdades básicas das relações sociais no interior da sociedade.

            A escola está impondo um tipo de cultura em detrimento das outras, impondo uniformes e cultura, onde está tudo desigual. Ela prejudica as crianças que não pertencem à cultura dominante.

 

 

 

 

 

            2.2- AS DIFICULDADES EDUCACIONAIS QUE OS ALUNOS
                       ENCONTRAM

 

 

 

 

 

            Na realidade o tema, dificuldades de aprendizagens nas séries iniciais motivadas pela desestruturação familiar tem despertado grande interesse, tanto por parte dos profissionais da educação, como da saúde. Sendo assim, tem-se como objetivo fornecer algumas noções básicas sobre a conceituação dos problemas de aprendizagens e apresentar algumas modalidades de intervenção em instituições educacionais e no contexto clínico. Segundo J. Paz:

         Podemos considerar o problema de aprendizagem como um sistema, no sentido de que o não aprender não configura um quadro permanente, mas ingressa numa constelação peculiar de comportamentos, nos quais se destaca como sinal de descompensação.

            De acordo com uma visão psico-social o desenvolvimento de um indivíduo está relacionado com as suas circunstâncias sociais e culturais. Sendo assim, as dificuldades de aprendizagem podem ser vistas como um fenômeno amplo e complexo, cujas causas devem ser analisadas dentro de uma multiplicidade de fatores que interagem.

            O fator emocional da criança é muito importante para o aprendizado, pois os problemas causam distúrbios na criança bloqueando seu intelecto tornando-a uma pessoa com sucessivas dificuldades. Como forma de evitar esses fracassos é necessário que os pais e a escola tenham integração.

            Os distúrbios emocionais apresentados por crianças em idade escolar são os mais diversos. Crianças super protegidas não são capazes de acompanhar o grupo pela falta de proteção que até então os envolvia. Essas crianças também não conseguem brincar com as outras na escola. Um quadro grave emocional que indica com estes sintomas é o da fobia escolar.

            Se a desatenção dos pais ou dos professores podem repercutir negativamente na auto-estima das crianças, o excesso de mimo de proteção também é prejudicial. Cercadas de cuidados, a criança fica impedida de perceber que deve resolver certas coisas sozinha. Pais que se interpõe entre o filho e suas dificuldades correm o risco de passar a mensagem que ele não é capaz de enfrentar o mundo.

            A criança tem de experimentar sentimentos de frustração, pois isso é o que a vida vai cobrar dela o tempo todo.

            É importante também que os pais imponham limites: a criança precisa deles para sentir segura, saber até onde pode ir. A criança mimada se sente fragilizada frente à primeira barreira que encontra.

            Para melhor compreensão do fracasso escolar, é necessário considerar 2 aspectos. O primeiro é a condição do fracasso, que pode ser identificado como várias retenções escolares, desistência por parte dos professores em investir na criança e lidar com ela e a escola, a fim de promover mudanças, incapacidade da família que não estimula o processo escolar da criança e a criança sozinha não consegue superar todas essas dificuldades.

            E o segundo aspecto é o processo de stress vivenciado pela criança e pela família. Carlos Jimenez. Pequenos são pressionados a modernizar:

         As crianças que circulam num cenário onde habita a pobreza, a miséria, a fome, quanto estiverem na idade escolar, vão agir parte de uma escola diferente de sua realidade na qual o saber é transmitido de forma complexo, longe da realidade contribuindo muitas das vezes para aumentar as diferenças sociais existentes.

            Essas crianças, nas escolas, também vão conviver com professores despreparados que não procuram trabalhar estas diferenças, não levando questionamento sobre as relações de poder e de dominação de classe.

            Alguns professores, embora tivessem o bem dos alunos, a formação de sua personalidade, a formação de um bom cidadão. Outros professores, mesmo tendo conhecimento do momento político o qual estamos vivendo, se omitem por pensarem que não podem mudar coisa alguma sozinhos, e por isso, devem ficar quietos, por ser mais cômodo.

            Vemos com isso que os mais prejudicados são as crianças excluídas da sociedade, que não conseguem acompanhar essa educação que lhes está sendo transmitida, conseqüentemente, têm um mau rendimento escolar, o que gera o aumento dos índices de evasão e repetência. Às vezes, em função da necessidade de ajudar no sustento da família, essas crianças ingressam muito cedo no mundo do trabalho, abandonando a escola. Segundo Tr. Evanira Maria de Souza:

         Não só a família, mas também a escola, desenvolveu influências marcantes na personalidade e no ajustamento da criança. São provavelmente as instituições sociais mais importantes, durante os anos de sua formação, cabe a elas transformar uma criança dependente e imatura em um membro responsável, auto-suficiente e em condições de contribuir para o bem-estar de sua comunidade. (Alencar, 1982).

            Verificamos que os problemas e as dificuldades de aprendizagem existem em todos as classes sociais.

            Portanto, cabe ao educador apenas detectar as dificuldades de aprendizagem que aparecem sua sala de aula e encaminhar a profissionais competentes, a criança deve ser avaliada em seus vários aspectos. A família exerce uma grande função e principalmente na educação.

 

 

 

 

CAPÍTULO – III –

 

 

 

 

 

SOLUÇÕES PARA ENFRENTAR AS DIFICULDADES

 

 

 

 

 

            A pesquisa é importante, porque no dado momento que se depara com as dificuldade encontrada pelos educandos nas séries iniciais. Percebe-se a necessidade de introduzir outros métodos.

            Entretanto, muitas vezes, várias alternativas metodológicas são testadas e os problemas persistem. Muda-se o estilo das aulas, utilizam-se mão de recursos motivacionais, mas os resultados, em termos de aprendizagem, continuam decepcionantes.

            A pesquisa está sendo aplicada principalmente nas escolas de periferia. Houve no início muita resistência: primeiro foi o preconceito dos professores, pois que achavam que aquelas crianças que cujos pais não se interessam não iriam para frente, depois o preconceito dos pais, eles não entendiam que para começar a alfabetização essas crianças dependem de uma ajuda mútua entre professores e pais. Os pais com uma grande responsabilidade e carinho para com os seus filhos.

            Entende-se que a escola tem uma grande preocupação em sanar essas dificuldades, embora são muitas.

            Alguns professores encontram-se totalmente preocupados com esta grande evasão escolar, sendo que alguns são divergentes em seus pensamentos pela sua má formação, achando que o professor sabe tudo e o aluno chega desprovido de informações, ou seja, não passa de uma mente vazia.

            A importância dessa pesquisa é justamente enfocar os aspectos importantes no ambiente escolar.

            O professor deve manter uma relação amigável com os alunos para que os conteúdos possam ser passados de uma maneira prazerosa e satisfatória tanto para alunos e professores.

            Após o professor introduzir a teoria nos conteúdos a serem passados para o aluno, vale a pena lembrar que exercícios mecânicos e repetitivos não contribuem muito devendo ser adotado métodos práticos de acordo com a realidade do aluno. É importante salientar o porquê da extensão do fracasso escolar.

            Em primeiro lugar, não existe escola para todos. Em muitos Estados metade da população está fora da escola. Em segundo lugar, e principalmente, a escola que existe é contra o povo e não para o povo. As altas taxas de repetência e evasão mostram que os que entram na escola, nela não conseguem aprender ou não conseguem ficar. De cada mil crianças matriculadas na 1ª série, menos de um quinto conclui o 1º grau, construindo a chamada Pirâmide Educacional. Essa construção se dá através da rejeição, pela escola, das camadas populares.

            Há várias ideologias que pretendem explicar essa contradição. Uma delas é a ideologia do Dom que ainda vigora na maioria das escolas. Um exemplo claro que acontece: O professor costuma falar: "Ah, Esse menino não tem jeito". Por essa ideologia, o sucesso ou fracasso escolar dependeram do dom, aptidão, inteligência e talento de cada um. Essa ideologia foi muito legitimada pela psicologia, quando esta ainda se baseava em testes, com o que mede o Q.I. A cientificidade da ideologia do dom foi irremediavelmente abalada quando se evidencia a partir da ampliação do acesso das camadas populares à escola, que as diferenças "naturais" não ocorriam entre indivíduos, mas entre grupos de indivíduos.

 

 

 

 

 

            3.1- MÉTODO DA PESQUISA

 

 

 

 

 

            O Método Etnográfico na educação deve envolver uma preocupação em trabalhar a aprendizagem dentro de um grande contexto.

            A abordagem etnográfica combina com vários métodos de coletas, entre eles: observação direta, entrevista, levantamentos, histórias de vidas, análise de documentos, testes psicológicos, vídeos e fotografias, etc. esse método que estuda a natureza dos problemas é que determina o método da observação participante.

            Dificuldades de aprendizagem motivadas pela desestruturação familiar é o foco de estudo etnográfico.

            Propõe-se aos professores, adotarem uma metodologia diária na sala de aula para optarem para materiais lúdicos para tornar a aprendizagem prazerosa.

            Procura-se juntamente com os professores analisar as dificuldades apresentadas pelos alunos e procurar descobrir e compreender as situações que provoquem uma atitude positiva na criança, em relação à aprendizagem e o convívio social.

            Entende-se que o método adotado (Método Etnográfico). A psicologia da educação é indispensável para que o professor tenha condições de compreender seus alunos e desenvolver um trabalho mais eficiente.

 

 

 

 

 

            3.2- METODOLOGIA DA MONOGRAFIA

 

 

 

 

 

            Sentindo-se a necessidade de trabalhar com propostas que poderiam ajudar a amenizar este problema tão enfatizado nos livros, jornais, revistas. Observando-se que as Dificuldades na Aprendizagem devido os problemas familiares são os mais comuns, mas como sempre não sai dos papéis. Porque discutir o assunto e apresentar propostas sobre o mesmo é mais simples de que pô-las em prática.

            O aluno é um tema muito abordado pelos profissionais de educação. No entanto, continua sendo um grande "Problema" para muitos professores, pais e escola como um todo.

            Observa-se que alunos e professores enfrentam estes problemas muitas vezes, se sentem acusados. São muitos os casos nas escolas, porém, não se percebe um empenho educacional adequado para se chegar à causa destes desencontros.

            Professores geralmente não aceitam que as dificuldades de relacionamento ou adaptação dos alunos podem ser devido a problemas familiares, questão afetiva ou escolar, achando que a criança pode ser tão somente a única responsável pela rebeldia ou falta de interação.

            A falta deste diagnóstico para usar métodos e técnicas adequadas faz com que a criança ou adolescente desenvolva problemas secundários de conduta, como agressividade, desatenção, desinteresse e muitos outros que é tudo como falta de condições para seguir o processo educacional.

            Teoricamente, também na escola, a auto-estima da criança pode repercutir o medo de errar, causa na criança grande insegurança. Mas, a criança que não se sai bem em uma disciplina deve ser recompensado pelo professor ao dizer: "Você não foi bem em matemática, mas em compensação você é ótima em Língua Portuguesa". Isso fará com que a criança se sinta valorizada em alguns aspetos. O positivismo deve estar sempre em alta no educador.

            Além dos conhecimentos ligados ao desenvolvimento afetivo e intelectual dos alunos, a psicologia da educação pode ajudar a professores a compreender em suas relações com a família, com os amigos, com a escola, com a comunidade, etc. … no decorrer de sua vida diária, o aluno sofre uma série de influências que vão ter repercussões negativas ou positivas em seu trabalho escolar. Se essas influências estão em concordância com a direção imprimida ao trabalho escolar, podem ser benéficos para aprendizagem.

            Em alguns casos, verifica-se que a família e a escola orientem as crianças em sentidos diferentes ou que os valores dos amigos e os da escola sejam valores divergentes.

            Haverá, então conflitos e a criança poderá ser prejudicada em seu trabalho escolar.

            Conflitos podem nascer também das diferentes classes sociais. Muitos alunos já chegam à escola familiarizados com o material escolar mais comum: lápis, borracha, régua, caderno e livros; enquanto outros nunca usaram esse material em sua vida. Muitos alunos chegam imbuídos de valores com ordem, limpeza, higiene, trabalho persistente, etc. …, ao passo que outros não estão acostumados a dar importância a tais valores. O que acontece então?

            Na medida em que o professor é oriundo de uma determinada classe social, pode não levar em consideração tais diferenças e apresentar dois comportamentos negativos para a aprendizagem:

1- Desconhecer que o não-aproveitamento dos alunos pode ser conseqüência na inadaptação à própria escola;

2- Tentar impor seus próprios valores de classe a todos os alunos, desrespeitando a realidade de cada um.

            Como se vê, o trabalho educativo não é tão simples quanto se possa imaginar. Embora o conhecimento de Psicologia da Educação não seja garantia de bom ensaio, pode ajudar o professor a desempenhar suas funções de maneira mais satisfatória para ela e para os alunos.

            Empenho de professores, diretores etc., em desempenhar este trabalho que muitas vezes se torna impossível realizá-lo devido à situação precária das escolas da rede pública como a falta de materiais.

            Desestruturação do prédio e tudo é muito precário nessas escolas, os professores juntamente com a direção sabem da necessidade da informatização da escala, que serviria para auxílio nas pesquisas, e mesmo para o andamento da escola, ex.: Os documentos têm sido guardados de maneira inconveniente, por não terem acesso ao computador.

            Quanto aos livros didáticos: são usados como parte teórica, mas o professor tem tentado conciliar as atividades lúdicas em meio às matérias dadas. Infelizmente isso nem sempre é possível, porque alguns alunos chegam até a escola apáticos, aparentemente cansados, às vezes por ser mal alimentados ou por fazer grandes esforços físicos para ajudar na manutenção da família.

            Devido o relato de professores podemos observar o interesse de desenvolver a criatividade do aluno, colocando como, por exemplo: teatro que seria de grande importância para a criança em todos os aspectos, mas infelizmente o próprio sistema educacional encontra-se em decadência pelo desinteresse por parte dos governantes do nosso país.

 

 

 

 

 

            3.3- DELINEAMENTO DA MONOGRAFIA

 

 

 

 

 

            A Relação Professor e aluno é um tema muito abordado pelos profissionais de educação. No entanto, continua sendo um grande "problema" para muitos professores, pais e escola como um todo.

            Os alunos e os professores que enfrentam estes problemas muitas vezes se sentem acuados. São muitos os casos nas escolas, porém não se percebe um empenho educacional adequada para se chegar à causa destes desencontros.

            Professores geralmente não aceitam que as dificuldades de relacionamento ou adaptação dos alunos podem ser devido a problemas familiares, questão afetiva ou escolar, achando que a criança pode ser tão somente a única responsável pela rebeldia ou falta de interação.

            A falta deste diagnóstico para usar métodos e técnicas adequadas faz com que a criança ou adolescente desenvolva problemas secundários de conduta, como agressividade, desatenção, desinteresse e muitos outros que é tido como falta de condições para seguir o processo educacional.

            A relação professor-aluno constitui o cerne de todo o atendimento de um aluno com problemas de aprendizagem, pois dependerá da qualidade dessa relação à chance de tirar este aluno ao problema que o caracteriza. Quanto mais significativo para a criança ou adolescente for o seu professor, maiores serão as chances deste promover novas aprendizagens.

            O autoritarismo e a inimizade geram antipatia por parte dos alunos. A antipatia em relação ao professor faz com que os alunos associem a matéria ao professor e reajam negativamente a ambos. Muitas vezes, está nesse fator a origem de distúrbios da aprendizagem que se prolongam por toda a vida escolar.

            É importante que o professor e o futuro professor pensem sobre sua grande responsabilidade, principalmente em relação aos alunos das séries iniciais. Apesar de todas as dificuldades que tiver pela frente, cabe ao professor manter uma atitude positiva de confiança na capacidade dos alunos, de estímulos a participação de todos, de entusiasmo em relação à matéria e de amizade para com os alunos. Só assim estará exercendo sua missão de educador, que não se confunde com opressão e controle autoritário.

            Através de estudos e pesquisa enfoca-se o direito e a dignidade que o professor deverá ter com os seus alunos em observar que o aluno não pode jamais ser visto como um receptador.

            Ele é uma pessoa que pensa, sente, vive, tem dúvidas e hipóteses sobre o objeto do conhecimento, mesmo sendo criança. E mais ele vive, pensa, sente, dentro de uma realidade dinâmica, dentro de um mundo em eterna mutação. O importante, pois, é aprender a aprender e o professor é aquele que cria as circunstâncias favoráveis para que tal aconteça usando todos os recursos possíveis, inclusive de sua experiência, de seu conhecimento, de sua técnica, de seu discurso, sempre necessário. Tudo isso vale também para os pais, que são os primeiros educadores na vida de todos nós:

    -       Planeja suas aulas de acordo com a realidade, os interesses e as possibilidades da turma. Faça com que os alunos participem do processo, identificando os objetivos a atingir.

    -       O uso do quadro negro deve ser dosado, primeiramente trabalha-se a coordenação motora grossa, para depois aplicar propostas de coordenação motora.

    -       O ambiente em sala de aula deve ser alegre, com cartazes, quadros e uma biblioteca também é muito importante.

    -       Mantenha os alunos sempre em atividade, e aplique trabalhos diversificados, a fim de atender às diferenças individuais. Estimule ainda atividades em grupo.

    -       Abordar um assunto da maior importância. Ex.: O saber popular, o professor poderá introduzir em sala de aula, onde as crianças relatarão ou farão pesquisas sobre a sua bagagem de conhecimento, de sua história, resgatando a sua cultura.

    -       Analise os alunos, pois são diferentes entre si. E lembre-se: eles carregam muitos conhecimentos.

    -       Quanto à avaliação, não deve ser imposta como um momento de ressaltar erros, em que o professor simplesmente risca as palavras.

    -       Atrair a atenção dos alunos para o que está sendo estudado. Quanto mais jovem o aluno, maior a necessidade de utilizar recursos variados e não apenas "saliva e giz". Convém estimular todos os sentimentos, dar exemplos, lembrar filmes sobre o assunto, aguçar a curiosidade das crianças.

    -       Atividades em grupos, em que cada um tenha a liberdade de expor seus pontos de vista.

    -       Estimular o aluno a fazer pesquisa, por meio do qual o aluno possa perceber a relatividade do conhecimento científico.

    -       Oferecer recursos para que o aluno mais do que engolir conhecimentos prontos, tenha oportunidades de chegar por si mesmo a esses conhecimentos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

 

 

 

            Não há dúvida que, no campo da Educação, quer seja no Brasil, ou mesmo em outros países, é preciso encontrar os caminhos para se dar um salto na qualidade do ensino.

            É necessário destacar a necessidade de toda a sociedade civil poder avaliar a Escola para que se tenha elementos que permitam a atuação estratégica nos pontos onde forem detectadas as falhas.

            A Revolução tem que envolver toda a comunidade, num esforço coletivo.

            A falta de um bom relacionamento entre professor-aluno vem afetando gradativamente o ensino aprendizagem, a conduta do aluno e a sua permanência na escola. Tais fatos, se tornam tão rotineiros a ponto de haver uma acomodação diante da situação.

            Participação desse fato, faz-se necessário uma reavaliação das causas que estão por traz de tal realidade.

            Haja visto que professores e alunos estão intimamente integrados e é possível através de conversas, reuniões, observações e vivências constatar, que grande parte dos casos de evasão, rebeldia, dificuldades da aprendizagem, não são superados em virtude da falta de motivação, estímulo e afetividade, não adiantando reforço da escrita ou leitura que sane esta dificuldade, sem levar em conta o aspecto sócio-econômico ou cognitivo.

            Considerando a importância da escolha do profissional preparado e responsável para lidar com diferentes tipos de aluno, acredita-se que o professor precisa ter habilidade diante de tais situações, contornando e resolvendo esses problemas de forma firme e coerente.

            E pensando nesta relação professor-aluno como contribuição para minimizar problemas de aprendizagem, que se enfoca neste tema para que sirva de alerta para nós profissionais e futuros profissionais da educação ao depararmos com tal situação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

 

 

 

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2-    BARBOSA, E. C. "A abordagem rogeriana". Tecnologia Educacional.  Ano IX, N.º 35, 1980.

3-    BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 1. ed, São Paulo: Brasiliense S.A., Primeira edição, 1994.

4-    CARVALHO, Sumaya Personal. Sexualidade, Educação e Cultura. Instantâneos de escolas de Cuiabá e Várzea Grande – Cuiabá, UFMT, Mestrado, 1997.

5-    DANTAS, Heloysa. A Infância da Razão. São Paulo: Manoel Dois, 1990.

6-    DEIRO, Maria de Lourdes Chagas. As Belas Mentiras. 12. ed, São Paulo: Morães, 1997.

7-    FAZENDA, Ivani C. Arantes. Interdisciplinaridade: História, Teoria e Pesquisa. São Paulo: Papirus, 1995.

8-    FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. 35. ed, São Paulo: Cortez, 1987.

9-    FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 35. ed, São Paulo: Paz e Terra, 1996.

10-  FORD, Judy. Amar uma Criança: dicas para expressar o afeto no cotidiano. São Paulo: Ágora, Tradução Vera Palma, 1997.

11-  GUSDORF, George. Professores para quê? Para uma Pedagogia da Pedagogia. São Paulo: Brasiliense, 1983.

12-  LIBÂNIO, José Carlos. Didática: série formação de professores. 13. ed, São Paulo: Cortez, 1994.

13-  MARTINS, Maria Helena. O que é Leitura. 19. ed, São Paulo: Brasiliense, 1994.

14-  MILHOLLAN, F., FORISHA, B. E. Skinner. X Rogers. Maneiras Contrastantes de Encarar a Educação. São Paulo: Summus, 1978.

15-  MUTSCHELE, Marly Santos. Problemas de Aprendizagem da Criança.  São Paulo: Loyola, 2000.

16-  PERSONA, Rosa Maria J. Alfabetização: a prática pedagógica dos professores considerados bem sucedidos. Cuiabá UFMT: Mestrado 1993.

17-  PINTO, Gerusa Rodrigues. O dia-a-dia do Professor. Belo Horizonte: Fappi Ltda., 1994.

18-  ROGERS, C. R. Tornar-se pessoa. 3. ed, São Paulo: Martins Fontes, 1978.

19-  ROGERS, C. R. Liberdade para Aprender. Belo Horizonte: Interlivros, 1971.

20-  SANTOS, Joaquim Luiz dos. O que é Cultura. 11. ed, São Paulo: Brasiliense, 1999.

21-  SOUZA, Tr. Evanira Maria de. Problemas de Aprendizagem. Bauru: EDUSC, 1996.

            Revistas/Jornais:

22-  JIMENEZ, Carla. Pequenos são Pressionados a Modernizar. In Jornal "O Estado de São Paulo, 27 de Maio de 1997.

23-  LOPES, Joaquim Ventura. In Jornal. "A Gazeta", 09 de Junho de 1997.

24-  NASCIMENTO, Antenor Neto. A Roda Global. In Revista Veja, ano 29, n.º 14, 03 de Abril de 1996.

25-  Robert e Valett. Tratamento de Distúrbios da Aprendizagem. São Paulo, Ed. EPU, EDUSP, 1997.