As vezes nos deparamos um tanto inquietos, aborrecidos, agitados, sem saber o porque disto. Muitas vezes, isto ocorre pela manhã, ao acordar. Durante o dia, quando tudo aparentemente flui bem. Ou ainda a noite, quando tudo deve se aquietar para que possamos ir preparando nosso corpo para o descanso.

Entretanto, você pode pensar como eu: por que estou inquieto? Ou, como minha mãe dizia: “Por que estou com esta gastura?” Passei tempos e tempos sem descobrir este porque, e talvez até hoje não tenha descoberto. Mas, deixe-me iluminar um pouco mais esta questão, com alguns de meus pensamentos e vivencias.

Certo dia eu pude reparar a importância e a eficácia da meditação para a dissipação desta inquietude terrível que aterroriza muitas pessoas, e devido as próprias pessoas. Pois, levar uma vida desenfreada, irreflexiva, uma verdadeira vida de autômato, não é suportável a nenhum ser humano. Obviamente que, quando pessoas que vivem nestes moldes que acabei de exemplificar, se deparam com argumentos como os que dizem: “Se acalme, medite um pouco, e tudo ficara melhor” ou “Você só encontrará a paz, a verdadeira paz, se conseguir se aquietar, e simplesmente, viver”, dizem: “Mas, este papo de meditação é para quem pode, quem tem tempo! Eu não tenho isto! Não tenho este luxo.” Quando não ilustram sua ignorância em frases do tipo: “Que conversa de meditação! Isto aí é para Buda, para monge! Não para mim!”. Ademais, seria laborioso e desnecessário exemplificar aqui todos os argumentos ignorantes contra as praticas meditativas que certas pessoas possam proferir. “Ignorantes” no sentido de ignoram as praticas de meditação e ainda querem opinar sobre. Algo tremendamente incrível, provindo de um poder sobrenatural que somente pessoas ignorantes possuem: o de falar sobre assuntos que desconhecem e ainda por cima, quererem estar certos e terem razão no que dizem.

O fato é que, em primeiro lugar: todos dispõem de cinco, dez, quinze, ou até trinta minutos por dia, por mais que trabalhe exaustivamente. Segundo lugar: meditação não tem absolutamente nada haver com religião. O simples ato de rezar, não te qualifica cristão: outras pessoas também rezam, e, no entanto, podem não rezar para os santos da Igreja Católica, ou para Jesus. Orar, da mesma maneira. A diferença esta em para que deus ou entidade a pessoa esta orando, rezando, rendendo louvor, acendendo velas ou incensos, etc. Entretanto, ao falar de meditação, falamos de uma pratica ligada a alguma religião? Sim. Mas, como demonstrei, o simples fato de fazer algo, não te qualifica praticante de alguma (ou outra) religião que faz este mesmo algo. Por conseguinte, saiba entender o que digo: não confunda práticas espirituais feitas individualmente, com os simbolismos adorados e rituais praticados por pessoas que professam uma determinada religião. Por exemplo: uma coisa é concentrar-se em sua respiração, observar todos os seus sentidos, e sentir as demais vidas que coexistem com a sua. Outra coisa é você freqüentar uma sangha, decorar os sutras, e se denominar para todos que é um budista fervoroso.

O que fez Jesus ao jejuar no deserto, se não, entrar em profundo estado meditativo? E no monte das oliveiras? Com todo respeito aos meus irmãos cristãos, a menos que ele tenha ficado todo aquele tempo conversando com Deus sobre assuntos e mais assuntos, como se batessem o maior papo, ele meditava profundamente. Pois, não há sabedoria sem quietude. E não há quietude sem meditação. A meditação é algo simples, e ao mesmo tempo, muito importante e eficaz para quem a pratica. Entretanto, as pessoas fazem uma tremenda confusão, misturando idéias daqui, pré-conceitos de la, e assim por diante.

Em suma, cinco, dez, quinze, ou trinta minutinhos por dia, pensando conscientemente, sentido, refletindo, respirando, observando sua vida e todas as demais vidas que te rodeiam, irá te fazer um bem tão grande, que nem consigo descrever. Este bem será tanto, que não terá mais sentimentos de inquietude, irritação ou “gasturas”. Será tanto, que saberá lidar com a raiva, com a tristeza, com o sentimento de solidão, e neste saber lidar, compreenderá melhor as pessoas que também porventura possam passar por isto, e poderá ajudá-las. Não negue ajuda a si mesmo e aos outros por motivos tolos. Faça o bem a você, para que em seguida possa fazer o bem aos outros. 

 

14/01/2014, São Paulo, SP.