RESUMO

Interpretar exige leitura, concentração e raciocínio. Muitos alunos não desempenham essa atividade de forma eficiente, pois não têm mais o hábito de ler ou não sentem mais prazer por isso. Dentro desse contexto e considerando os crescentes avanços da tecnologia, entende-se que o estímulo ou uma atividade diferenciada que possa auxiliar no processo de leitura e compreensão são necessários. Surge, então, a Dança Literária, com princípios baseados na Dança Criativa e na Dançaterapia, objetivando o aprendizado em diversos níveis e indo além da decodificação dos signos linguísticos. Por meio da dança literária, o aluno vai aprender, enriquecer seu vocabulário, refletir, conhecer recursos de linguagem, reconhecer-se, interpretar através do corpo e superar limites. O aluno, após efetuar a leitura do texto, dará vida as palavras através de movimentos e tentará reproduzir os sentimentos do autor, neste momento, o processo imaginativo e criativo ganha vez, favorecendo novas formas de pensar, aprender e compreender.

Palavras-chave: Leitura. Expressão corporal. Conhecimento. 

1 INTRODUÇÃO

A interpretação de obras literárias é um processo, muitas vezes, complicado para os alunos, principalmente porque apresentam uma linguagem complexa, cheia de recursos linguísticos rebuscados e são envolvidas por um sentimentalismo exacerbado. O aluno precisa conhecer, além da obra a ser analisada, a vida do autor, suas principais características e somente após isso, consegue desenvolver alguma análise a respeito. Brincar com o texto, trazendo novas formas de leitura das obras, favorece o processo de interpretação.

A expressão corporal é um exemplo disso, já que as obras poéticas apresentam uma musicalidade marcante. Os educandos devem perceber o ritmo e dar a cada palavra um movimento especial. Isso significa sentir o texto e expressar as informações nele contidas através do corpo.

A partir do momento que o aluno “sente” a obra escrita, pode-se dizer que ele incorporou suas palavras, ritmos e sensações, tornando-se capaz de expressá-la através de movimentos do corpo, superando limitações e ampliando seu processo imaginativo.

A musicalidade poética possibilita essa forma lúdica de interpretação. Há, então, a união da sensação prazerosa da expressão corporal e a compreensão efetiva da obra literária, ou seja, a dança literária.

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Assim como em qualquer outra disciplina a ser trabalhada em sala de aula, o educador deve estar atento ao perfil dos alunos e compreender que cada um desenvolve melhor alguma atividade, cada um possui sua maneira de produzir e certamente, alguns se destacarão mais em determinados exercícios que os demais, pois todos são diferentes uns dos outros e desenvolvem algumas habilidades com mais facilidades e outras, levam um certo tempo para conseguir executar.

A atividade lúdica permite conhecer os educandos e fazer com que eles se sintam mais a vontade para realizar o que está sendo proposto. Nesse momento, muitas barreiras podem ser ultrapassadas e novas habilidades podem ser descobertas, além de estimular e muito, o processo criativo, permitindo que o olhar dos mesmo não seja apenas num objetivo específico, mas sim, voltado para caminhos diferenciados.

Com base na premissa eu penso, meu corpo dança; eu danço, minha mente relaxa, entende-se a expressão corporal como um recurso muito valioso para o processo cognitivo e que deve ser mais explorado no ambiente escolar, porque proporciona um aprendizado de forma saudável, eficaz e prazeroso.

A criança tem a possibilidade de conhecer melhor seu esquema corporal, o que é indispensável para sua formação, situando seu próprio corpo, dominando-o, procurando seu próprio espaço e iniciando a busca por descobertas e desafios. Há aqui, um processo de reconhecimento, ou seja, um aprendizado sobre si mesmo, com a manifestação de conteúdos próprios, que, consequentemente, possibilita conhecer os limites e vencê-los.

Entende-se a literatura como uma arte traduzida através de palavras e sentimentos, sendo assim, nada melhor do que somar a esta, uma outra arte, capaz de expressá-la por meio de gestos ou movimentos, ultrapassando os limites do papel e da decodificação, dando mais vida, mais forma e afirmando os sentimentos e experiências subjetivas depreendidos. 

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A ARTE LITERÁRIA

Considera-se a literatura como uma das formas de expressão artísticas do homem, assim como a pintura, a dança, a música, a escultura, teatro, entre outras. A diferença entre essas artes está no recurso por elas utilizado, cada uma apresenta uma forma de manifestação diferenciada, e a literatura, traz a palavra como sua fonte e mecanismo de expressão. A ela, o autor dá ênfase, rimas, melodias, associa sentimentos, emoções e até mesmo, cria novos conceitos e interpretações.

2.2 O QUE É LITERATURA?

Não existe um conceito unânime para literatura, entende-se a mesma como uma manifestação artística que tem como matéria-prima, a palavra. Mas não basta o uso da palavra para se fazer literatura, além de escolher a palavra que será usada, o escritor deve preocupar - se também com o modo como vai utilizá-la, como vai estruturar as palavras numa frase para alcançar o contexto desejado, bem como em deixar fluir a imaginação e permitir que suas frases despertem sensações e emoções.

Literatura é arte literária. Somente o escrito com o propósito ou a intuição dessa arte, isto é, com os artifícios de invenção e de composição que a constituem, é a meu ver, literatura. (TERRA E NICOLA, 2002. p.232)

2.3 FUNÇÕES DA LITERATURA

O autor literário utiliza de muitos recursos para tornar seu texto a reprodução de sentimentos, dúvidas e anseios da melhor maneira possível. Expõe suas angústias em relação à vida, suas frustrações, suas conquistas, alegrias e tristezas diante daquilo que não conseguiu conquistar. Algumas vezes utiliza a palavra, apenas para criticar, mostrar sua revolta diante da realidade, ironizar situações e buscar, através disso, soluções e respostas.

A palavra serve para comunicar e interagir. E também para criar literatura, isto é, criar arte, provocar emoções, produzir efeitos estéticos. Estudar literatura implica apropriar-se de alguns conceitos básicos dessa arte, mas também deixar o espírito leve e solto, pronto para saltos, voos e decolagens.

            Para os gregos, a arte tinha duas funções, uma denominada hedonística, ou seja,deveria proporcionar prazer e retratar o belo, e uma outra, chamada catártica, relacionada às tragédias, despertando no público sentimentos de terror e piedade, os quais seriam superados pelo efeito moral e purificador. Embora não se fale mais a respeito desses dois conceitos, a busca pelo prazer e estética ainda acontecem no meio literário, assim como também se busca muito esse efeito moral, já que pode provocar no leitor um estranhamento em face da realidade, acarretando mudanças de atitude.

            A arte literária, enquanto linguagem, também preocupa-se em estabelecer de forma efetiva o processo de comunicação, ou seja, os interlocutores, locutor – escritor e locutário - leitor, devem se compreender mutuamente.

            A literatura, assim como as demais artes, pode sofrer influência do homem assim como exercer essa influência.

O leitor de um texto literário ou o contemplador da obra de arte não é um ser passivo, que apenas recebe a comunicação, conforme lembra o pensador russo Mikhail Bakhtin. Mesmo situado em um tempo histórico diferente do tempo de produção da obra, ele também a recria e atualiza os seus sentidos com base em suas vivências pessoais e nas referências artísticas e culturais do seu tempo.

O artista literário pode conduzir o homem a um mundo de fantasias, rico em imaginação e possibilidades, despertar sentimentos, questionamentos e reflexões diferenciadas, ampliar a cultura e também, aprimorar a língua falada e escrita.

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