CUIDAR, EDUCAR E BRINCAR: TRÊS PILARES IMPORTANTES NA PRÁXIS PEDAGÓGICA DA EDUCAÇÃO INFANTIL.

 

LUZINETE ALVES ASSUNÇÃO SILVA

 

RESUMO

 

O ponto máximo deste artigo está focado e num discussão um tanto simples, porém cada vez mais necessária para educação infantil, a saber, o cuidar, o educar e o brincar. Estes tem se constituído pilares fundamentais na práxis pedagógica da educação infantil. O primeiro nos remete a ideia de segurança e proteção uma vez que nenhuma criança aprende bem em situações de risco ou que sejam contraditórias ao bem estar.  O segundo foca-se no cenário que instala a favor do desenvolvimento da aprendizagem e das ações que se desencadeiam destro deste cenário cognitivo. E a última que diz respeito ao brincar, sendo algo que já faz parte do mundo infantil, que é assegurado por lei federal e contribui efetivamente para o desenvolvimento integral da criança pequena. Desta forma prima-se neste trabalho por parlamentar sobre este três pilares importantes que sustentam a práxis pedagógica da educação infantil. Discutir estes elementos essenciais é colocar em foco a prática pedagógica de milhares de educadores da educação infantil em várias instituições que tem se empenhado nesta árdua missão de cuidar, de educar e brincar com crianças pequenas em pleno o desenvolvimento de suas habilidades.

 

 

Palavras-chave: cuidar. Educar. Brincar. Práxis pedagógica. Educação infantil

  1. 1.      INTRODUÇÃO

 

A práxis pedagógica dos educadores da educação infantil está permeada por elementos especiais que possibilitam um bom desenvolvimento das habilidades de crianças pequenas. Podemos afirmar que aquele que se propõem a atuar no campo da educação infantil deve estar disposto a se desafiar em processo recheado de possibilidades e responsabilidades. É fato que pra que esta seja uma prática promissora o educador deve acima de tudo gostar de crianças, todavia o gostar em si embora seja um grande passo, por si só não capaz de dar conta do desenvolvimento das habilidades necessárias do público infantil.

O trabalho pedagógico com crianças pequenas é, pois um a um cenário que se instala a favor do processo cognitivo. O educador é responsável por dirigir e organizar este cenário num contexto que aproxime cada vez mais a criança dos limites da aprendizagem compatível com sua idade. Para isso é necessário que o educador tenha claro que o ato de planejar a ação cognitiva é muito mais que dispor atividades sequenciais em uma folha de papel. Ele exige que aquele que o faça saiba um pouco da história de cada criança, da família, das características da fase de desenvolvimento em que se encontra, além de considerar o tempo que permanecem na escola. E coloca em foco a necessidade de compreender que escola é porta de entrada da criança para uma vida social mais ampla, longe do ambiente familiar.

Este tempo que a criança permanece em sala de aula exige uma prática que esteja fortemente sustentada por três pilares fundamentais, que norteiam todo o processo pedagógico e que validam o processo cognitivo na perspectiva do desenvolvimento infantil.  São exatamente sobres este pilares que trataremos neste texto, a saber, o cuidar, o educar e o brincar. Uma práxis pedagógica da educação infantil só é coesa se estiver sustentada por estes três pilares.

Neste sentido para facilitar o nosso diálogo tomaremos aqui as ideia dispostas por: Luckesi (2007), Kramer (2006) Wajskop (1995), Signorette (2002) RCNEI (1998) e outros que possam contribuir com solidez desta discussão e fornecer elementos ao melhoramento da práxis pedagógica da educação infantil.

  1. 2.      BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

A história da educação infantil tem origem na França do século XVIII e não tinha muito ou quase nada a ver com educação e estava longe dos pilares os quais serão aludidos neste texto. A educação infantil emergente no século XVIII era apenas um refluxo da revolução industrial que acara por levar as famílias para os trabalhos nas fábricas, fundições e minas de carvão. O filme Germinal dá uma mostra clara deste período e evidencia uma prática castradora e usurpadora de direitos humanos.

Como os pais tinha que trabalhar por uma longa jornada foram criadas instituições que mantessem as crianças longe das ruas e dessem aos pais o “tempo necessário” pra se dedicarem ao trabalho. Estas instituições não tinha a pretensão de possibilitar o desenvolvimento cognitivo de crianças pobres, mas sim permitir que os pais pudessem trabalhar sem que elas os interrompessem. Logo mais passaram a ser assistencialistas, e esta ideia chegou até o Brasil que por muito tempo manteve suas instituições infantis com a mesma visão.

Wajskop (1995) asseveram que os espaços destas instituições se organizavam apenas e não mais que isso em torno elementos como, rotina diária, assistencialismo, custódia e higiene. Todavia na década de 70 os movimentos populares abrem um debate em torno da temática, e as discussões perduram por longos dez anos. Em 80 se acirram aos debates favoráveis a esta questão e cria-se um momento político que pela primeira vez reivindica a educação infantil enquanto instituição de ensino.  A partir deste contexto  a educação de crianças pequenas é vista como constitucional, sendo dever do Estado proporcioná-la.

 Conforme Forest (2010):

Muitos fatos o correram de forma a influenciar essas mudanças: o desenvolvimento  urbano, as reivindicações populares, o trabalho da mulher, a transformação das funções  familiares, as ideias de infância e as condições socioculturais para o desenvolvimento das  crianças.

Assim a educação infantil vem ganhando espaços não só nas políticas públicas brasileiras, mas nas discussões do meio acadêmico que visam o melhoramento e a compreensão da necessidade de cuidar, educar as crianças pequenas em um espaço e com ações que favoreça o pleno desenvolvimento das habilidades. Estas ações devem estar fortalecidas e sustentadas pelos pilares que serão aludidos a partir de agora.

 

  1. 3.      1º PILAR: O CUIDAR.

 

 

A educação infantil ao longo dos anos e das experiências de muitos educadores que se propuseram a ao trabalho pedagógico com crianças pequenas, vem se organizado e estabelecendo diretrizes que possam tornar esta prática cada vez mais clara e eficaz.

Desta forma queremos evidenciar aqui um importante pilar da práxis pedagógica da educação infantil, que tem sido alvo de muitas indagações e reflexões no meio acadêmico, a saber, o cuidar. A UNESCO (2000) em seu plano de ação destacou que “todas as crianças pequenas devem ser cuidadas e educadas em ambientes  seguros  de  sorte  que  cresçam  saudáveis,  vivazes,  com  amplas  possibilidades  de  aprender.

Neste sentido o cuidado não se limita em livrar a criança dos perigos ou inibi-la dos desafios que a própria vida nos oferece. O fato é que cuidar exige ações voltadas principalmente, as necessidades das crianças. Isto implica ouvi-las, respeitá-las, observá-las, pois estas ações são setas no caminho que leva ao cuidado integral que favorece o desenvolvimento infantil.

Cuidado é um processo, um modo se relacionar com alguém que envolve desenvolvimento e cresce em confiança mútua, provocando uma profunda e qualitativa transformação no relacionamento.  [...] é ajudar o outro crescer e se realizar. (WALDOW, 2004, p.21)

O Referencial Curricular Da Educação Infantil assevera que:

“(...) parte integrante da educação, embora exigir conhecimentos, habilidades e instrumentos que extrapolam a dimensão pedagógica, ou seja, cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação de profissionais de diferentes áreas.” (RCN/I, vol.I, 1998, p.24)

Assim o cuidar exige um comprometimento com o desenvolvimento e com a pessoa humana numa dinâmica que possibilite o cultivar de valores como solidariedade, seguridade, respeito e cooperação.  E conforme o RCN/I (1998, p.24) “Disso depende a construção de um vínculo entre quem cuida e quem é cuidado”. É um laço de afetividade e responsabilidade que leva a construção cognitiva. É uma singularidade que dinamiza todo o cenário de aprendizagem e evidencia uma prática motora de valores.

  1. 4.      2º PILAR: O EDUCAR.

 

                        Iniciaremos este ponto com citação do RECNEI ( 1998) que diz o seguinte sobre o ato de educar:

“(...) propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e  confiança, e o acesso, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de  apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas, na  perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis.”

            Como se pode ver educar é uma prática que não nos exime do cuidado, pelo contrário nos coloca no fórum de potencialização do cuidado. A tarefa de potencializar esta prática é um grande desafio aos educadores da educação infantil. Assim educar é, pois a potencialização de saberes necessário a uma prática cidadã. 

Para que de fato o ato de educar contribua com o processo do desenvolvimento infantil e se configure um pilar desta prática tão salutar é, pois de extrema importância que o educador que proponha a tal esteja apto a realizar a trazer para foco de sua prática os seguintes elementos:

  • Planejar – toda prática pedagógica deve ser planejada, sendo o planejamento condição para que esta seja efetivada com sucesso. O planejamento em linhas gerais é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento da ação pedagógica.
  • Ø  Estreitar as Relações Escola e Família: Estreitar este relacionamento na perspectiva de favorecer o diálogo e a troca de experiência entre estas partes é de fundamental importância para ato de educar, aqui entendida como “ensinar”.
  • Ø  Consolidar um espaço que favoreça a aprendizagem. Esta  é sem dúvida uma tarefa muito importante, pois lidar com crianças pequenas exige criatividade. Assim pensar um espaço que promova a criação de valores e possibilite o desenvolvimento de habilidade e a potencialização das existentes se constitui um forte elemento desta pratica pedagógica.
  • Ø  Relação professor/aluno: esta relação deve estar intermediada pela afetividade e companheirismo sem perder de vista o compromisso que ambos têm com o ensinar e o aprender. É preciso consolidar uma relação de respeito que possibilite o educador a organizar, apresentar situações desafiadoras, mas que também permita a criança a pensar, levantar hipóteses, refletir e procurar respostas.

Educar é então uma dinâmica que possibilita o desenvolvimento de habilidades e a potencialização de saberes a partir de um conjunto de ferramentas sócias afetivas e pedagógicas num contexto d segurança e respeito que promove o pleno desenvolvimento infantil.

 

  1. 5.      1º PILAR: O BRINCAR.

 

 

              O direito Brincar é, pois o terceiro pilar da práxis pedagógica da educação infantil que procuramos trazer para o foco deste diálogo a que nos propusemos fazer.  Para inicio de conversa se faz necessário esclarecer que não escolhe brincar em educação infantil, já que este se constitui um direito da criança conforme disposto na Lei Federal nº 8069/90 onde se que “Todas as crianças tem direito: à vida e à saúde, à liberdade, ao Respeito e à Dignidade, à convivência familiar e comunitária, à educação, à cultura e ao lazer, à proteção ao trabalho..."

     Todavia além do direito previsto em lei temos que levar em consideração que o brincar é algo que faz parte do universo infantil.  Desta forma configura-se um pilar que sustenta a práxis pedagógica. Deste modo podemos dizer que a brincadeira enquanto ferramenta de ensino e aprendizagem é capaz de possibilitar a o desenvolvimento de valores fundamentais á vivencia em sociedade.

     A brincadeira possibilita trazer o mundo da criança para sala de aula e assim também projetar as experiências humanas, sendo o brincar um atributo universal.

Vigotsky (1984, apud WAJSKOP, 2007), salienta que:

É na brincadeira que a criança consegue vencer seus limites e passa a vivenciar experiências que vão além de sua idade e realidade, fazendo com que ela desenvolva sua consciência. Dessa forma, é na brincadeira que se pode propor à criança desafios e questões que a façam refletir, propor soluções e resolver problemas.  Brincando, elas podem desenvolver sua imaginação, além de criar e respeitar regras de organização e convivência, que serão, no futuro, utilizadas para a compreensão da realidade. A brincadeira permite também o desenvolvimento do autoconhecimento, elevando a autoestima, propiciando o desenvolvimento físico-motor, bem como o do raciocínio e o da inteligência.

O que está em jogo aqui é exatamente o porquê o brincar é tão necessário na escola de educação infantil. Pois bem. O fato é que a brincadeira tem o poder  de promover o desenvolvimento num processo que já faz parte do mundo da criança, considerando seus conhecimentos prévios de regras e vivencias em grupo.

Segundo Wajskop (2007, p.25):

A criança desenvolve-se pela experiência social nas interações que  estabelece,  desde  cedo,  com  a  experiência  sócio-histórica  dos  adultos  e  do  mundo  por  eles  criado.  Dessa  forma,  a  brincadeira  é  uma  atividade  humana  na  qual  as  crianças  são  introduzidas  constituindo-se  um  modo  de  assimilar  e recriar  a  experiência sócio-cultural dos alunos.

                Seja em uma brincadeira de rua, ou seja, em brincadeira orientada em sala de aula é inevitável a vivencia com regras de convivência em uma brincadeira o que possibilita o desenvolvimento da moral, da autoconfiança, do respeito e da cooperação. Assim as brincadeiras se configuram excelentes ferramentas pedagógicas para o processo de produção de conhecimentos.

  1. 6.      CONCLUSÃO

 

 

    Após este breve diálogo com teorias que tratam das práticas pedagógicas da educação infantil, chega-se a conclusão de que muitos são os desafios que estão imbuídos nesta práxis. Assim ao longo de desenrolamento histórico a educação infantil tem se configurando cada vez mais necessária em nossa sociedade, uma vez que as crianças do presente século aprendem cada vez mais cedo e exigem formas sempre variadas para esta aprendizagem.

Fica evidenciada através deste artigo a importância de o educador infantil tem como pilares de sua práxis pedagógica o cuidar, o educar e o Brincar. Vários teóricos comprovaram através de pesquisas e estudo que estes são fatores fundamentais ao processo cognitivo das crianças pequenas e que ajudam a potencializar saberes e a desenvolver habilidades.

Estes pilares ao mesmo tempo em que mostram como distintos na práxis pedagógica também se caracterizam de forma interdependente  como ferramenta indispensável para o cenário que se instala a favor do desenvolvimento infantil. Assim estes três pilares fazem com que de fato a práxis seja compromissada com este desenvolvimento e promoção da criança pequena.

 

  1. 7.      REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS.

 

BRASIL. Referencial Curricular Para A Educação Infantil. v. 1,  Brasília: MEC/SEF, 1998.

CUIDAR E EDUCAR

FOREST, Nilza Aparecida. Perspectivas para a prática pedagógica na educação infantil. http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd Acessado em 05/10/2014.

KRAMER, S. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. 5. ed. São Paulo:  Cortez, 1995.

LUCKESI, Carlos Cipriano. Gestão Democrática da escola, ética e sala de aula. ABC Educatio, n. 64. São Paulo: Criarp, 2007.

LUCK, Heloísa. Gestão educacional: uma questão paradigmática. v. 1. Petrópolis: Vozes, 2006.

MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. Petrópolis, Rj: Vozes, 2003.

SIGNORETTE, A. E. R. S. et al. Educação e cuidado: dimensões afetiva e biológica constituem o binômio de atendimento. Revista do Professor. Porto Alegre, n. 72, p. 5-8, out./dez. 2002.

UNESCO.  Plano nacional pela primeira  infância  (versão  resumida).  Brasília: dez./2010. Arquivo em pdf, disponível em < http://entrandonarede.varzeapaulista.sp.gov.br/wpcontent/uploads/2008/05/Plano Primeira-Infancia.pdf>. Acesso 05/10/2014

WALDOW, Vera Regina.  Cuidado Humano: o resgate necessário.  Porto Alegre: Sagra Luzzatto. 1998.

WAJSKOP, G. Creches: atividades para crianças de zero a seis anos. São Paulo: Moderna, 1995.

__________ Brincar na pré-escola.7. ed- São Paulo: Cortez, 2007.