Justificativa:

Observando os eventos remotos da implantação da educação brasileira e mundial, podemos perceber a influência que o Estado e a sociedade, entre outros fatores têm exercido sobre a escola. Muito tem se falado sobre a expansão de uma escola democrática, que atenda a todas as camadas da sociedade, sobretudo as classes populares e é justamente em meio a este discurso democrático que devemos refletir sobre o papel que a instituição escolar tem desempenhado para a manutenção ou transformação social, para a formatação ou para a libertação do indivíduo.

Introdução:

A Revolução Industrial foi um momento marcante na história da humanidade, visto que ela alterou drasticamente as relações de trabalho, permitindo assim a posse do poder a classe burguesa, contudo, em meio a essas transformações o distanciamento entre as classes menos favorecidas e os detentores das riquezas foi sendo acentuada, causando um enorme distanciamento entre esses dois mundos.

            Em meio ao imenso aumento das desigualdades sociais deu-se por necessária a abertura do acesso a educação a todas as camadas da sociedade. O acesso a escola, desde meados do século XIX até então tem sido considerado um fator fundamental tanto para a classe trabalhadora quanto para a classe dominante, visto que a alteração na economia mundial fazia suscitar a demanda da aquisição e internalização de novos conhecimentos e valores.

Desenvolvimento:

Buscando um maior aprofundamento nesta discussão, vamos expor as idéias de três autores sobre esta interessante temática. O primeiro deles, Gomes, afirma que há uma extrema interferência das classes dominantes no que tange ao universo educacional, segundo este autor, a escola tem desenvolvido uma proposta que acaba atribuindo aos alunos uma educação que visa a manutenção de uma relação de trabalho completamente alienada, destruindo com isso a existência do lazer e substituindo o mesmo pela prática de um lazer também alienado, onde este fica resumido às práticas de consumo, favorecendo assim, o mercado e mantendo o trabalhador como um completo dominado.

Gomes ainda salienta que é necessário pensar se a promoção de uma educação que contemple a qualidade é prejudicial aos interesses da classe dominante, ressaltando ainda que “(...) não pode haver educação livre ou universal, enquanto existem classes. Embora possa utilizar disfarces sutis, a escola é o instrumento da classe dominante.” (Gomes, 1994:47)

Sobre este assunto, Kruppa apresenta uma opinião similar ao de Gomes. Em sua obra, este segundo autor alega que a o desenvolvimento da escola esteve e está intimamente atrelado ao desenvolvimento econômico e alterações sociais, sendo influenciada por inúmeros fatores. Sobre o capitalismo, Kruppa declara que o mesmo não se limita a imposição de regras de produção, mas contém fortes elementos que interferem na organização da sociedade e o espaço escolar não foge a esta intervenção. Seguindo este pensamento, o autor afirma que a escola tem servido aos interesses do capitalismo ativamente.

O terceiro autor diverge dos anteriores em alguns pontos interessantes. Meksenas assegura que a instituição escolar surge e se desenvolve como um poderoso meio de reprodução e perpetuação dos conhecimentos acumulados pela sociedade no decorrer de sua história de transformações sociais, sendo atuante como um importante fator de transformações de uma civilização.

Meksenas ainda ressalta que a educação age de maneira a perpetuar a memória de um povo e ainda permite a condição de sua sobrevivência, ou seja, a educação pode se traduzir em uma forma de possibilitar a harmonia entre a sociedade e os seus indivíduos.

Considerações Finais:

Podemos considerar o espaço escolar como um dos mais importantes componentes pertencentes à nossa sociedade, atuando diretamente na formação do indivíduo/cidadão. Devemos pensar a escola como um espaço propício à transformação e não apenas como uma fábrica de mão-de-obra manipulável para atender as demandas do universo capitalista.

De acordo com a organização da escola brasileira, ainda encontra-se indícios da ideologia dominante dos tempos coloniais, sendo que o processo de transformação acontece de modo lento e, de acordo com os interesses de poucos que detém o poder.

Cabe a escola verdadeiramente democrática permitir que o corpo discente tenha acesso ao mundo as possibilidades e oportunidades, onde o mesmo não sirva apenas de platéia, mas de verdadeiros atores em meio ao seu contexto histórico, econômico e social.

 

Referências Bibliográficas:

KRUPPA, Sônia M. Portella. Sociologia da educação. São Paulo, SP: Cortez, 1993.

MEKSENAS, Paulo. Sociologia da educação: introdução ao estudo da escola no processo de transformação social. 11° ed. São Paulo, SP. Loyola, 2003.

GOMES,Candido Alberto.A Educação em Perspectiva Sociológica.São Paulo:EPU,1989.
___.V EBEM.Disponível em: <http://www.5ebem.ufsc.br/trabalhos/eixo_05/e05i_t007.pdf>.acesso em: 21.10.2011.