Como resolver o problema do bullying e da violência nas escolas públicas

As soluções para a violência, tradicionalmente utilizadas pelo uso da força, não têm alcançado resultados satisfatórios, visto que a violência aumenta, cada vez mais. Dessa forma, considera-se que a melhor maneira de minimizar esse problema é recorrer à prevenção, buscando eliminar seus focos e suas causas, dentre as quais encontram-se, principalmente, a precariedade das condições dos cidadãos viver, aos quais faltam escolas, hospitais, lazer e salários justos. Muitas pessoas vendo-se impossibilitadas de usufruir bens e serviços propagados pela mídia, buscam adquiri-los tomando-os daqueles que os possuem, com o uso da força, da agressão física e psicológica e da ameaça.
Diante dessa realidade, sente-se a necessidade de proporcionar perspectivas de vida decente para as pessoas, para que elas não precisem se enveredar no emaranhado caminho da criminalidade e, nessa perspectiva, a família e a escola precisam caminhar juntas, de mãos dadas, pensando conjuntamente os meios preventivos de resolver esse grave problema social.
A desigualdade social no Brasil começou no momento da chegada dos europeus à suposta ?Ilha de Santa Cruz?, quando foram escravizados e discriminados os índios e os negros e, a partir daí, o país vem enfrentando esse problema. Com a abolição, os negros não tinham como entrar no mercado de trabalho, o que fez com que muitos jovens passassem a morar nas ruas. Além disso, herdaram o preconceito dos tempos de colônia; não é novidade para ninguém o fato de que em qualquer batida policial os pretos e mestiços sofrem tratamento mais agressivo e hostil do que os brancos..
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU 1959) é enfática ao dizer que todas têm direito à igualdade, alimentação, lazer, moradia. No Brasil, entretanto, isso não saiu do papel, pois para que essa imposição legal seja concretizada, é necessário muito dinheiro e muita vontade política, o que não coincide com a realidade vivenciada pelos brasileiros. Aqui existem 50 milhões de pessoas cujas famílias vivem com uma renda mensal per capita inferior ou igual a 1/2 salário mínimo e, dentre essas, 21 milhões vivem em famílias com renda mensal per capita igual ou inferior a 1/4 do salário mínimo. Por outro lado, 10% da população brasileira controla 50% da renda nacional (FGV, 1998).
Segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV, 1998), a corrupção custa 6000 reais por ano a cada cidadão brasileiro, visto que os responsáveis pelo investimento em melhorias de vida para o cidadão, se apropria do dinheiro a isso destinado, aumentando mais ainda o sofrimento dessa grande parcela da população. A sonegação de impostos é outro problema grave que enfrentamos, pois causa grande desperdício de recursos públicos, que deveriam ser usados para construir hospitais, escolas e outros benefícios.
A falta de bons hospitais tem refletido, significativamente, na mortalidade infantil; muitas crianças morrem de doenças como sarampo, diarréia e pneumonia, doenças que já deveriam ter sido erradicadas do cenário brasileiro. Isso decorre, principalmente, da falta de instrução das mães pobres. Certamente, se essas possuíssem um mínimo de instrução, conseguiriam diminuir a gravidade das doenças ou, até mesmo, evitá-las, recorrendo a vacinas e outros meios preventivos.
Os dados estatísticos comprovam que quanto maior o nível de escolaridade da mãe, menor a chance da criança morrer cedo. A educação também diminui a taxa de fecundidade, pois a mulher, aprendendo como evitar gravidez não se tem filho indesejado. A gravidez precoce, além de prejudicar o futuro da mãe (pois esta terá de abdicar da escola para cuidar do filho), implica em problemas sociais- nesses casos é comum o pai abandonar a mulher, deixando-a sozinha com a criança: Entre 1996 e 2006, aumentou a proporção de mulheres com filhos que viviam com rendimento familiar até ½ salário mínimo per capita, passando de 69,3% para 74%, ou seja, uma variação de 4,7 por pessoa (BRASIL, 2007).
O desemprego é um dos problemas que causam maior preocupação para qualquer trabalhador. Muitos jovens deixam de estudar para trabalhar, mas sofrem para entrar no mercado de trabalho, onde a concorrência é muito grande e a exigência de qualificação é cada vez maior. Com isso, o crime passa a ser a opção mais fácil para ganhar dinheiro. Assim, esses indivíduos desqualificados para o mercado de trabalho e, por isso, desempregados, permanecem na ociosidade e carentes de bens indispensáveis à sobrevivência. A partir daí, a droga é a porta de acesso à criminalidade.O alcool é primeira . As primeiras experiências com essas substâncias alucinógenas se iniciam nas ruas, porque drogas como o alcool,crack e cola de sapateiro ajudam a tirar a fome e dão uma sensação ilusória de poder, mas na contramão desse caminho, o usuário se torna dependente delas.
O mercado das drogas é muito tentador,o alcool é oferecido gratuitamente nas rodadas de fim de semana. O crack, quem não tem com que financiar a sua dependência, pode conseguir a satisfação de seu vício tornando-se intermediário entre o fabricante e os consumidores, ajudando na venda dessas substâncias. Esse é, portanto, o ?passaporte? para adentrar no crime. A escola pública, atualmente, tem sido vista como um dos maiores pontos de venda de drogas, pois lá existem alunos cujo interesse não é estudar, mas servir de ?aviãozinho? para repassá-las a outros colegas inexperientes e desavisados, que, por isso, são vistos como presas fáceis.
Para solucionar esse problema, reconhece-se que a melhor forma de investir no futuro de um jovem é a educação, sendo a própria escola o principal locus onde se deve travar a luta contra o crescimento dos índices referentes aos usuários de drogas. No Brasil, entretanto, as escolas públicas não têm capacidade para se envolver nessa batalha, pois os professores não são preparados para isso, ganham salários bastante desestimulantes e o governo investe menos do que é necessário para que se possa oferecer às crianças e adolescentes pobres, uma educação digna, capaz de prepará-los para a vida, para o mundo do trabalho e para o exercício da cidadania (MONTALI; TAVARES, 2007).
Isso faz com que os alunos se desinteressem pelo estudo, deixando de ter boas perspectivas de vida e se entreguem às drogas. Além disso, sofrem com a violência trazida pelo tráfico, intimidando alunos e professores. Uma forma de acabar com esse problema é estabelecer uma relação entre a comunidade e a escola, ou seja, fazendo com que ela não seja um espaço só para quem estuda lá, mas sim para todos desfrutarem dela. Existem muitas escolas privadas situadas perto das estaduais que não têm esse problema, pois fazem assistência médica, ajudam a população e outros, convencendo à comunidade a respeito das suas boas intenções. Sem uma boa rede de ensino público, dificilmente os jovens vão se interessar em estudar (MONTALI; TAVARES, 2007).
Não existe nenhuma relação entre raça e criminalidade. A única coisa que se pode afirmar é que a maioria dos infratores vem de regiões pobres, o que não quer dizer que todo pobre é ladrão. Para a surpresa de muita gente, os dados estatísticos informam que há um maior número de brancos infratores do que negros.
Em relação à violência na escola, vivencia-se uma crise global profunda, decorrente do grande ?vazio? existencial e afetivo, provocado pela manipulação e desmandos, favorece a miséria, a violência, a corrupção, o medo, a insegurança, resultado da fragilidade das relações e dos valores humanos. Essa crise global (familiar, educacional e social) é reforçada pela passagem do autoritarismo que incutia o medo e a repressão como meios punitivos da inobservância dos valores morais e que impunha, rigidamente, o cumprimento das ordens e a observância da disciplina, para outra fase bastante liberal (em que predomina o lesser fair) caracterizada pela indiferença ou indecisão no tocante às leis, normas e valores de garantia do convívio social. Nessa nova realidade, saber lidar com a liberdade e autonomia e, ao mesmo tempo, com a disciplina, ordem e respeito é o grande desafio dos novos tempos.
São diversas as formas de violência observadas nos estabelecimentos de ensino público do Estado do Ceará, dentre as quais, porte de arma, lesão corporal, ameaça, uso de drogas e injúria se tornaram práticas frequentes.
Além dos baixos salários, da falta de condição de trabalho dos professores, da precariedade da infraestrutura das unidades, falta, atualmente, a segurança para alunos e professores. Diante dessa realidade, os pais sentem-se amedrontados ao mandarem seus filhos para as escolas. Os professores e todos os outros profissionais da Educação são vitimados dessa violência, com agressões físicas e psicológicas. Nesse cenário de insegurança, as crianças são as principais vítimas dessa violência cujos males físicos e psicológicos afetam, diretamente, o seu estado emocional e, consequentemente, o nível de aprendizagem.
O problema da segurança pública é complexo, pois afeta toda a sociedade, nas diversas camadas sociais, sendo necessária a adoção de medidas mais enérgicas contra os absurdos atos violentos cometidos contra os usuários da escola pública.
É preciso que sejam adotadas, urgentemente, medidas preventivas e cautelares em favor dos educadores e alunos da rede de ensino fundamental e médio no Estado do Ceará. As escolas precisam adotar uma maior fiscalização dos alunos que entram nas escolas, para impedir a entrada de armas e drogas, além de tomar as devidas providências legais em favor dos professores, educadores, técnicos, funcionários e aluno que se virem ameaçados. Além disso, o Estado deve se reconhecer como responsável por prestar assistência às vítimas e infratores.


A VIOLÊNCIA ENTRE CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS

Há pais que projetam na criança características indesejáveis e até odiosas que eles desprezam em si próprios. Por isso, mesmo dispondo de condições econômicas para mantê-la, acabam transferindo para outras pessoas a responsabilidade de sua educação.
Há pais que, simplesmente, ignoram a existência dos seus próprios filhos, para os quais não conseguem ter uma palavra de carinho, um gesto protetor. Essas: crianças ressentem-se física e psiquicamente da falta de afeto e por isso vivem doentes. A indiferença de algumas mães é tão grande, que nem chegam a perceber o que se passa com o filho, e espantam-se quando o médico constata o estado lamentável de seu frágil organismo.
Além disso, as crianças vítimas de casamentos desfeitos ou infelizes são frequentemente prejudicadas por vivenciarem situações agressivas, discussões e brigas violentas entre seus pais. Quando o casal se suporta apenas por causa das crianças, essas acabam se transformando num motivo a mais de conflito. Pai e mãe passam, então, a manifestar sentimentos ambivalentes de amor e ódio em relação ao filho, o que acentua ainda mais o seu sentimento de culpa. Além disso, é comum os pais usarem a criança como uma arma na sua disputa emocional, ameaçando retirar-lhe o afeto caso ela demonstre preferência pela parte contrária. Vítima dessa chantagem, a criança acaba por sentir-se tão rejeitada e sem amor quanto a criança abandonada.
Presume-se, assim, que esses fatores interferem na formação da personalidade das crianças e adolescentes e, muitas vezes, contribuem para que se tornem agressivas e problemáticas.
Segundo a pesquisadora Geranilde a etnia é uma delas: "Com a realização dessa pesquisa, pretendi contribuir para que a escola desmistificasse concepções já naturalizadas onde os alunos, na maioria das vezes, são tratados de forma homogênea, ou seja, sem pertencimento étnico. E assim, espero propor alternativas para que a escola não apenas acolha, mas, sobretudo, crie mecanismos e/ou estratégias para valorizar as diversidades ali presentes, sejam elas de ordem étnica, cultural, religiosa e/ou sexual.
Para pensar as ações dessa pesquisa, inspirei-me nos princípios da Educação Popular (EP), que são o estudo e a promoção de práticas educativas voltadas para a valorização e a construção de uma escola pública não-excludente e sem racismo. Por meio dessas ações, creio que também será possível ampliar o diálogo entre Escola e Universidade e, assim, construir novos conhecimentos a partir dos já existentes, de sorte que esses venham a subsidiar teoricamente aquela no campo de suas ações político-pedagógicas."
Referindo-se aos Movimentos Sociais, esse estudo almeja fortalecer sua proposta política por meio de subsídios teóricos que os ajude a refletir sobre as formas de organização e estratégias de atuação dos grupos populares no sentido de intensificar suas lutas por uma escola pública que consiga promover uma proposta político-pedagógica inclusiva e não- racista. Diz ainda Geranilde: Especificamente no que diz respeito ao Movimento Social Negro, essa pesquisa quer contribuir para a elaboração de estratégias que possibilitem o enfrentamento de práticas racistas sofridas por crianças negras dentro da escola, bem como apresentar alternativas de intervenção junto a essas instituições de ensino, no sentido de garantir condições favoráveis ao processo de formação de subjetividade dessas crianças e a sua cidadania enquanto afrodescendentes."

Analisando a problemática da violência na sociedade atual

A sociedade, até bem pouco tempo, negava-se a assumir as responsabilidades para com a criança abandonada.
Segundo Sá (1997, p. 10):
Atualmente, porém, a maioria dos países desenvolvidos dispõe de leis para proteção dos pequenos sem lar, embora as instituições, por melhores que sejam, nunca podem oferecer um substituto adequado para uma vida familiar feliz. No entanto, o amor, o carinho e a sensação de pertencer a um núcleo social são igualmente importantes para que o pequeno se torne finalmente um adulto maduro e construtivo.

A pedagogia do oprimido, definida por Freire (1981) como pedagogia humanista e libertadora, tem dois momentos distintos: primeiro, aquele em que os oprimidos vão desvelando o mundo de opressão e, segundo, aquele que transforma a realidade opressora e passa a ser a pedagogia dos homens em processo de permanente libertação.
Como poderiam os oprimidos dar início à violência, se eles são o resultado de uma violência, como poderiam ser os promotores de algo que, ao instaurar-se objetivamente, os constitui?
Não haveriam oprimidos, se não houvesse uma relação de violência que os configura como violentados, uma situação objetiva de opressão. Assim, quem inaugura o desamor, não são os desmandos, mas os que não amam, porque apenas se amam.
Freire (1981, p. 61) diz que:
Educador e educando (liderança e massa), co-intencionados à realidade, se encontram numa tarefa em que ambos são sujeitos no ato, não só de desvelá-la e assim, criticamente conhecê-la, mas também no de recriar esses conhecimentos. Deste modo, a presença dos oprimidos na busca de sua libertação, mas que pseudo-participação, é o que deve ser: engajamento.


. Delinquência Juvenil

A delinquência juvenil, a cada dia, vem se disseminando no seio da sociedade, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, pela desagregação da família, pela falta de orientação por parte dos pais e, sobretudo, pela impunidade e pela liberação do uso de drogas a jovens e adultos.
Com base nas afirmações de Teixeira (1981), a droga surge como uma necessidade dentro dos grupos, que são transgressores em essência. Em função do caráter de transgressão comum às gangues, muitos projetos se equivocam ao buscar a recuperação desses jovens através do trabalho. Eles se revoltam contra a condição de submissão e exclusão do grupo social ao qual pertencem e, portanto, sabem que as suas opções de trabalho são aviltantes.
A escola é um ponto importante nessa tarefa de solucionar o problema da violência e delinquência de adolescente, jovens e, até mesmo de crianças, pois, como espaço privilegiado de convívio e de formação da pessoa, precisa ter qualidade e se integrar à comunidade a sua volta. Isso é comprovado nas estatísticas apresentadas nos indicadores sociais, que referem que as escolas que permanecem abertas nos finais de semana, para uso da comunidade, conseguem quase eliminar o vandalismo em suas dependências.
Nesse contexto, o professor precisa lutar em busca de mudanças, pois ele é, incondicionalmente, um agente de libertação e de transformação. É preciso constituir uma escola sem exclusão, sem elitismo, na qual todos se engajem e tenham voz e vez.
Além de uma escola pública melhor e que envolve a comunidade, fazem parte da lista de ações recomendadas por quem estuda a violência uma polícia melhor equipada e um Poder Judiciário mais ágil e, se necessário, mais rigoroso.

Violência e educação

A educação não se manifesta, na sociedade, como um fim em si mesma, mas como um instrumento de manutenção ou transformação social. Com essa compreensão, a educação se mostra como redentora da sociedade, integrando harmonicamente os indivíduos no todo social já existente. Nessa perspectiva, ela é uma instância social voltada à transformação dos indivíduos, tornando-os autônomos, críticos, criativos e produtivos, capazes de desenvolver habilidades, de construir conhecimentos e de se apropriar dos valores éticos, necessários à convivência social,
Para o professor, a escola não é lugar de reprodução das relações de trabalho alienados e alienantes. As relações sociais, que se dão no interior da escola, são pautadas em valores morais que definem como o educador deve agir com seu aluno e este, com seus professores e colegas. A prática dessas relações forma moralmente os alunos.
Oferecer um tratamento igualitário a todos deve ser a principal meta da escola, considerando que todas as pessoas têm os mesmos direitos, o que configura um dos princípios fundamentais das relações humanas, que mostra a importância da justiça para a formação do cidadão.
A agressividade humana e os comportamentos violentos dela decorrentes decorrem de diversos fatores sociais, de contextos culturais e de sistemas morais. A escola, sobretudo, a pública, costuma receber um público heterogêneo. A relação da escola com a comunidade é também fonte rica de convivência com política e competência técnica.
Na abordagem da violência nas escolas públicas, precisa-se considerar o atual contexto sociocultural, entendendo-se que esse enfoque ajuda a compreender a complexidade da problemática educacional identificada no quotidiano da sala de aula.
A criação de um clima favorável ao aprendizado depende do compromisso do professor em aceitar as contribuições dos alunos, respeitando-os, mesmo quando se manifestarem de forma confusa, incorreta, mostrando, assim, a importância do respeito às diferenças individuais, ao pensamento discrepante e às preferências de cada indivíduo, por parte do grupo, assegurando a participação de todos os alunos.
Sente-se uma grande preocupação com a busca de compreender a amplitude dos problemas educacionais, visando ao melhor desempenho do professor e contribuindo com o aperfeiçoamento qualitativo do ensino.
A violência na escola pública é um tema de grande relevância, inserido no processo educacional. Muito se tem abordado sobre esse assunto e muitas pesquisas já foram direcionadas nesse campo. Partindo desses pressupostos, é preciso analisar pessoas, idéias e atitudes que interferem na motivação e aprendizagem.
Ficam claros os fatores que interferem na aprendizagem, relacionados ao professor, aluno, à família, à escola e ao Estado. Muitas pesquisas apontam a desmotivação dos professores diante de sua má remuneração, seu desprestígio e por serem submetidos a jornadas de trabalho excessivas e exaustivas, o que os incapacita de satisfazer suas necessidades básicas de uma forma digna.
Quanto ao aluno, têm-se levado em conta os seus problemas socioeconômicos e os fatores psicológicos, decorrentes da situação de pobreza dos pais, dos desajustes familiares e, sobretudo, da carência afetiva.
Na escola, observa-se a falta de participação dos professores, dos alunos, dos pais e da comunidade no processo educacional, além da ausência de compromisso com oferecer uma educação voltada à transformação e à construção da cidadania.
No Estado, a política de baixos salários, a falta de condições humanas e materiais e a má administração dos recursos públicos também são fatores que se consideram como geradores da violência na escola e na sociedade, de modo geral.

A Escola e a construção da cidadania

A importância dada aos conteúdos escolares revela um compromisso da instituição escolar com garantir o acesso aos saberes sistematizados que se agregarão àqueles construídos socialmente. Os saberes assim elaborados se constituem como instrumentos para o desenvolvimento, a socialização, o exercício da cidadania democrática e a atuação no sentido de refutar ou reformular as deformações dos conhecimentos, as imposições em relação a crenças, dogmas e à petrificação de valores.
Uma importante conquista da Constituição de 1988 foi definir, em seu artigo 208, § 1o, que o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo (BRASIL, 1988), conquista mantida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº. 9394/96 (BRASIL, 1996, artigo 5o.), que assegura que
O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo.


Essa LDB nº. 9394/96, no inciso X, artigo 3o (BRASIL, 1996), é a primeira de leis educacionais brasileiras a expressar uma concepção de educação que ultrapassa os muros da escola, apoiando-se no princípio da valorização da experiência extra-escolar. Assim, reconhecer a vinculação da educação com o mundo trabalho e a prática social estão asseguradas no § 2o., artigo 2º. da LDB (BRASIL, 1996).
No Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) a relação de situações consagradas na legislação tutelar do referido diploma legal produz a necessidade de profundas adequações na grande maioria dos modelos educacionais em vigor.
Esse Estatuto propõe uma escola transparente e democrática, participativa e comunitária como um espaço cultural e de socialização de pessoas em desenvolvimento, uma escola formadora de cidadãos, pessoas preparadas para o exercício de direitos e o cumprimento de deveres sinônimo de cidadania.
Compete ao Conselho Tutelar atender à criança e ao adolescente, assim como a seus pais ou responsáveis, toda vez que se afigurar uma situação de risco pessoal ou social. A importância do valor justiça para a formação do cidadão é evidente. Na realidade, as crianças ensinam muito aos adultos: basta observá-las e amá-las, dando-lhes afeto e carinho.
Existem alguns caminhos que conduzem a mudanças de atitudes como docentes, pois a motivação é fato preponderante no processo de aprendizagem, tanto para o aluno, como para o professor. Cada sociedade, cada país é composto de pessoas diferentes entre si. Essa diversidade, frequentemente, é alvo de preconceitos e discriminações, o que gera conflitos e violências.
Na perspectiva da minimização da violência na escola, é preciso que a escola desenvolva um trabalho de incentivo ao professor no sentido de se dedicar à leitura e a um planejamento mais reflexivo sobre a realidade do aluno, promovendo debates, discussões, que envolvam toda a escola e a comunidade no sentido de fazer valer seus direitos e deveres como cidadãos.
Compreende-se que uma educação transformadora tem que se fundamentar nas concepções críticas da sociedade. Cada sociedade, cada país é composto de pessoas diferentes entre si. Essa diversidade frequentemente é alvo de preceitos e discriminações, o que resulta com conflitos e violências.
Para finalizar, considera-se que, apesar das dificuldades existentes no meio educacional, confia-se no trabalho da escola e na eficiência do professor para solucionar o problema da violência na escola e na sociedade, pois o somatório desses esforços, com certeza, contribuirá para a formação de um homem crítico, consciente e apto para o exercício da cidadania e a um convívio social mais humano e harmonioso.

Tipos de violência
A violência na escola não é cometida por uma só pessoa, mas por todos nós. É resultado de cultura, da vida e do desequilíbrio para manter uma sociedade injusta e de multidimensionalidade natural com interação de fatores históricos, ambientais, sociais e genéticos, que não pode ser analisada isoladamente, dissociada do todo.
Discutir a violência e suas causas não é fácil. O equacionamento sobre o que é violência legítima nos faz pensar sobre a violência branca, também sobre a simbólica, que embora seja disfarçada, atua nos altos escalões para ludibriar o povo e a multiviolência. Incluindo a indireta, quando um ato visa desencadear um perigo posterior: como devastação da natureza com gás CfC( clorofluorcarbono) destruindo a camada de ozônio. Esta violência embora perigosa é pouco estudada e difundida na imprensa.
A violência branca possibilita uma reflexão, mesmo quando não conhecemos o seu agente causador. Revela a carência, a fome e escassez de tudo. Conduz, a sofrimentos inúteis os trabalhadores, como a falta de oportunidade e a superação de conflitos de ordem social. A pobreza parece ser consequência inevitável de certa "ordem natural". O povo é manipulado ideologicamente e obrigado à adesão sem críticas, de forma disfarçada para idéias de outrem. Promessas mirabolantes fazem os políticos e distorção de realidade, usando propagandas e slogan para ocultar seus desmandos. A violência dos poderosos, também chamadas de simbólica, é usada na nossa casa e nosso dia-a-dia. Os nossos alunos devem conhecer tudo isso para saber votar e melhorar sua condição de aprendiz na escola e na vida.
A sociedade esconde e procura outros culpados, não ver o óbvio. Culpam as escolas públicas, os professores pelo fracasso escolar e a falta de aprendizagem, também pela violência. As salas super lotadas e professores dando aulas em três turnos para sobreviver. Falta o investimento devido, e as autoridades culpam a baixa qualidade de ensino, o professor. Vai se diluindo a solução, porém, a raiz do problema encontra-se na desigualdade social, fruto da repartição injusta dos privilégios e de riquezas, por poucos, aproveitadas. Esta é a violência passiva, quando deixamos de fazer determinadas ações para evitar sofrimentos futuros e salvar vidas. Os altos índices de acidentes de trabalho por falta de atendimento das normas de segurança tem de ser discutido e pensado nas escolas. As infrações que provocam danos, mesmo que involuntariamente, devem ser verificadas, punidas, se houver descuido e negligencia .Educação, que devia ser prioridade, passa ser mero dado estatístico. São maneiras de perpetuação no poder, como forma de dominação. São situações injustas e humilhantes, que nos levam a analisar todas as partes em confronto e o jogo de interesses. Negando uma educação participativa e abrangente o educando irá repetir todos os erros passados e não saberá discernir entre certo e errado para aplicará na sua vida,e o sonho de uma comunidade justa e democrática..A escola assim jamais será patíbulo de mudanças e discussões, um lugar que ensina e pratica a paz.Toda esse tipo de discussão foi realizado na Conferência de Paz na escola São Raimundo para descobrir as causas.
A violência diminuiria na medida em que Escola, Igreja e sociedade em geral passassem a valorizar o direito à palavra, à democracia, e o ser humano como um cidadão em pleno poder de suas escolhas. Segundo Paulo Freire em Ano Mundial de La Paz, El Correio de La Unesco, Diciembre, 1986, pag 46: "A paz se cria e se constrói com a superação das realidades sociais perversas. A paz se cria e se constrói com a edificação incessante da justiça social."

O desenvolvimento da personalidade dos alunos recebe influência direta dos pais, considerando as ações e o comportamento evidente dos mesmos diante dos problemas enfrentados, como valores culturais, desigualdade social, agressão física e psicológica, e todos os tipos de reações hostis. Destruir objetos e explosões temperamentais são comportamentos copiados do pai e da mãe, que são levados para outros ambientes durante toda a vida.

São direitos essenciais da criança e o adolescente a proteção à vida e à saúde, o que deve ser efetivado pela adoção de políticas sociais e públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Outro fator importante observado nas relações sociais das escolas seria possibilitar convivência entre diferentes tipos de jovens com produção de eventos em locais públicos, com função de acompanhar, apoiar e observar esta rede de relações. Uma articulação que tem como missão primordial a construção e está expressa nos artigos da UNESCO produziu o projeto Programa Escolas de Paz, que foi implantado no Rio de Janeiro em 2001.
Segundo Abramovay et al (2003, p. 45):
Instrumentos para apropriação das diferentes formas de leitura e de intervenção sobre a realidade repleta de problemas a serem selecionados, inclusive no próprio espaço escolar, a partir de 3 focos básicos: o jovem, a escola e a comunidade.

As populações das grandes cidades vivem cercadas das mais diferentes formas de violência. Num mundo no qual as pessoas pouco dialogam e recorrem a conflitos armados para defender seus interesses, a paz surge como uma alternativa para tentar trazer um pouco de harmonia para as sociedades.
A violência está estampada em jornais e outros diversos veículos de comunicação, manifestando-se por diversos agentes e sob diferentes formas: a violação dos direitos humanos; a violência urbana, policial e familiar, refletindo na escola o que acontece no interior da sociedade. Estes tipos de violência põem em risco a ordem, a motivação, a satisfação e as expectativas de alunos e corpo docente. Têm graves efeitos nas escolas, contribuindo para o insucesso dos propósitos e objetivos da educação, comprometendo o processo ensino-aprendizagem.

A melhor possibilidade de paz se dá quando há meios de canalizar a agressividade resultante de conflitos mal administrados para a pacificação. A violência, tanto na escola, como na sociedade em geral, constitui-se como uma forma de expressão dos que não têm acesso à palavra. Quando a palavra não é possível, a violência se afirma e a condição humana é negada.
A escola, frequentemente, reproduz o padrão de comportamento de uma microssociedade comum, que se vangloria dos seus saberes e humilha com gozações aqueles que têm respostas inadequadas. Proporcionar e argumentar com clareza situações de respeito ao aluno. Segundo Weisz (2004, p. 73):
Aprende-se muito quando se está exposto a uma argumentação, e mais ainda quando se tem defender um ponto de vista. O esforço de comunicar uma idéia sempre faz avançar a compreensão e é altamente produtivo do ponto de vista da aprendizagem. A interação entre os alunos não é necessária só porque o intercâmbio é condição para o convívio social na escola: ela é necessária porque informa a todos os envolvidos e potencializa quase infinitamente a aprendizagem.

O aluno inserido no contexto em que sua cultura e classe social são de respeito por seus valores, é menos propenso a violência. Eles defendem e discutem suas opiniões com argumentações. Tem sua condição de ser humano preservada.
A ciência, auxiliada pela genética, com técnicas de imageamento cerebral já sabe: quanto mais cedo interviermos no comportamento de jovens violentos, melhor será o resultado. E tudo começa com os pais.
Esse tipo de intervenção não é accessível a todos. Algumas estratégias testadas e bem sucedidas começam antes mesmo de uma criança nascer. Um estudo divulgado pela Universidade do Colorado (EUA), em 1998, feito pelo pesquisador David Olds, reportou-se ao acompanhamento de 315 crianças nascidas entre 1978 e 1980, ao longo de 15 anos.
Suas mães receberam a visita mensal de uma enfermeira desde a gravidez até a criança completar dois anos. O foco do trabalho era o cuidado positivo, a boa nutrição e o desenvolvimento pessoal da mãe. Os resultados foram drásticos entre os filhos das mais pobres e solteiras: aos 15 anos, eles contabilizaram apenas metade do número de detenções e um quinto do número de condenações da média entre a mesma população. "Os jovens também bebiam e fumavam menos e tinham menos parceiros sexuais do que aqueles que vinham de família que não passaram pelo programa". (Revista Galileu, junho de 2008, pág. 79). Alguns pesquisadores como: Patrícia Brennan, da Universidade Emory, em Atlanta, e Terie Moffit do Instituto de Psiquiatria de Londres; começam a desvendar como ambiente social e genes provocam mudanças cerebrais influenciando o controle emocional e a violência nas crianças
Os tipos de violência constituem uma rede intrínseca e complexa, na qual todos são vítimas e autores, a um só tempo. Como uma epidemia, são afetados pelas fontes sociais de desigualdades e injustiças sociais, nos quais se expressam as relações domésticas de gênero, de classe, ideologia política, religiosas e econômicas. Os tipos de violência doméstica, infantil, sexual e o bullying são as mais comuns. As fontes sociais afetam principalmente a família, alunos e a escola
Nessa perspectiva, o artigo 7º. do Capítulo I ? Do Direito à Vida e à Saúde, do Livro I, Parte Geral, do Estatuto da Criança e do Adolescente ? ECA refere que, das formas de abuso contra a criança, o abuso psicológico é, provavelmente, o mais dissimulado. É também o mais frequente, pois dele decorrem todos os outros. Ele raramente se apresenta sozinho, mas vem sempre associado às agressões físicas, exclusão social, abuso sexual, exploração do trabalho, entre outras inúmeras formas de privação da infância.
Segundo dados do Laboratório de Estudos da Criança (LACRI), da Universidade de São Paulo, cem crianças morrem por dia no País, vítimas de maus-tratos e mais de 6 milhões de crianças sofrem abuso sexual todos os anos no Brasil que, quase sempre, ocorre dentro de casa e com crianças é do sexo feminino. Entretanto, apenas 2% desses casos, ocorridos dentro das famílias, são denunciados à polícia.
Pesquisa da Sociedade Interamericana de Abuso e Negligência da Infância indica que, aproximadamente, 18 mil crianças são espancadas diariamente, no País. Segundo o Centro de Referência às Vítimas da Violência (CNRVV), do Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo, na violência física está implícita a violência psicológica, pelo fato da agressão física ter um familiar como seu autor, o que aumenta, significativamente, os danos à formação da personalidade infantil.
Apanhar na rua, de um estranho, pode causar fraturas, escoriações e outros danos físicos, mas não tem a influência sobre a formação da personalidade gerada por uma agressão advinda de um pai ou mãe impacientes, pois esses estão também ensinando aos filhos uma forma violenta de relacionar-se afetivamente. A violência psicológica é mais sutil, está na base das outras formas de violência
Os efeitos do bullying sobre suas vítimas foram estudados em detalhe, e de acordo com Smith (2001)
As vítimas de assédio sofrem frequentemente de ansiedade e depressão, perda de auto-estima malfeitas fisiológicas e psicossomáticas (Williams et al., 1993). Em casos extremos, elas podem tornar-se suicidarias (Kaltiala-Heino et al., 1999). Hawker e Boulton (2000), ao tentar uma meta-análise de um grande número de estudos, mostraram que a vitimação se encontra muito fortemente ligada à depressão, mediamente associada à auto-estima, social e global, e menos fortemente relacionada com a ansiedade. A interpretação destes resultados levanta problemas de causa e efeito. Pode ser a vitimação que causa os efeitos negativos. Ou pode ser o facto de se estar deprimido, ter uma auto-estima medíocre, que torna um aluno mais suscetível de ser maltratado. No entanto, os estudos retrospectivos com adultos sugerem o impacto possível da vitimação na infância e indicam que certos efeitos podem manter-se a longo prazo.Os processos longitudinais sugerem que os dois processos podem gerar efeitos.

As crianças vítimas de violência, quase sempre, são muito tímidas, ou excessivamente agressivas. Tem-se constatado, segundo o CNRVV (2008), um aumento considerável no número de atitudes desagradáveis, por parte das crianças, somadas aos fatores de dependência dos adultos, ou extrema carência, ou extrema dependência, somada à desvalorização, e ao desgaste da autoestima, dentre outros prejuízos.
É preciso ter muito cuidado com o que se diz para as crianças, pois elas, em geral, acreditam no que lhes é dito. As palavras das pessoas que lhe são queridas, principalmente, dos pais e familiares, soam sempre como verdadeiras e, por isso, são assimiladas e interiorizadas. A criança acaba aprendendo que aquele é o único modelo que deve ser imitado e a forma correta de relacionamento.
Cria-se, assim, um ciclo contínuo de violência, que se transmite de geração para geração, pois a criança agredida por familiares adultos tenderá a repetir esse comportamento com seus irmãos menores, com os colegas da escola, mostrando-se, muitas vezes, inapta ao convívio social, ou, simplesmente, reproduzindo este padrão em seus próximos relacionamentos afetivos, com sua mulher ou marido, com seus filhos. Uma pessoa agredida na infância, quase sempre, se torna um adulto agressor.
Vale ressaltar que a violência doméstica contra crianças e adolescentes não ocorre, apenas, na classe socioeconômica menos favorecida, pois as agressões físicas, verbais e psicológicas a crianças e adolescentes, no âmbito familiar são percebidas em todas as classes sociais, Entretanto, esse fenômeno é bem mais visualizado nas classes baixas, que recorrem a atendimentos em instituições públicas, pronto-socorros, hospitais do INSS, escolas públicas estaduais e municipais, que contabilizam dados e criam estatísticas.
Certamente, essa maior constatação de violência nas classes de baixa renda decorre do fato de as pessoas das classes altas, ao contrário, procurem médicos particulares, psicólogos particulares, que mantêm o sigilo e não contribuem para qualquer levantamento estatístico, uma vez que, individualmente, seus dados não são expressivos. Nas classes altas é tudo mais velado, mais escondido e há menos denúncias, mas supõe-se que nela também existe a mesma incidência.