CLASSES MULTISSERIADAS: DESAFIOS, POSSIBILIDADES E REALIDADE DA EDUCAÇÃO DO CAMPO.

 

 

SANTOS. Edineide Cunha 1

Hélio Loiola dos santos Júnior2

 

 

 

RESUMO

 

 

Este artigo teve como objetivo refletir acerca das dificuldades encontradas por educadores e educando de classe multisseriada. Mediante esta problemática, observou-se que as escolas rurais, são carentes, portanto o processo de ensino- aprendizagem nas classes multisseriadas deve ser trabalhada cautelosamente, pois os alunos do campo necessitam de uma forma de ensino diferenciada, devido à junção de série que divide o mesmo espaço. Esta pesquisa se deu através do método descritivo das ciências humanas, por meio de uma abordagem bibliográfica, onde foi possível avaliar dados relevantes para a contribuição no desenvolvimento desse estudo. Mediante essa análise, foi possível observar que as classes multisseriadas perpassam por inúmeras agonias durante todo ano letivo. Enfim, em retribuição deve se pensar em projetos voltados para melhoria e qualidade do ensino em classes multisseriadas.

 

Palavras- Chaves: classes multisseriadas, ensino- aprendizagem, SEMED, família.

 

ABSTRACT

 

This article aims to reflect on the difficulties encountered by educators and in educating multisseriate class. Upon this issue, it was observed that rural schools are lacking, so the process of teaching and learning in multigrade classes must be crafted carefully, as students of the field require a different form of education due to the junction of series that divides the same space. This research was performed using the descriptive method of the human sciences, through a bibliographic approach, it was possible to assess relevant data for the contribution in the development of this study. Through this analysis, it was observed that the multigrade classes by countless agonies permeate the entire school year runs from Anyway, in retribution should think of projects for improvement and quality of teaching in multigrade classes.

 

Key-words: multigrade classes, teaching and learning, SEMED family.

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1 Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Faculdade de Itaituba – FAI

2Professor e orientador Educacional, pelo Município de Trairão-PA, graduado em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, Esp. em Pedagogia Escolar Pela FACINTER Faculdade Internacional de Curitiba.


INTRODUÇÃO

 

 

Nota-se que o Processo de Ensino Aprendizagem nas Classes Multisseriadas, precisa ser repensada cautelosamente, pois ela está fragmentada e isso se faz necessário pensar em estratégias que possibilite melhorias a educação do campo. Mediante isso se fez um estudo de bibliográfico que requereu uma abordagem direta de apanhados de revistas, livros e sites, onde o desejo foi buscar conhecer a realidade de ensino nas escolas das áreas rurais.

Mediante esta problemática, observou-se que as escolas rurais, são carentes, portanto o processo de ensino- aprendizagem nas classes multisseriadas deve ser trabalhada pé ante pé, pois os alunos do campo necessitam de uma forma de ensino diferenciada, devido à junção de série que divide o mesmo espaço. Essa prática de ensino, ou, porque não dizer essa necessidade de levar o conhecimento o setor rural, tem levado estudiosos a buscarem recursos que favoreçam a educação formal dos educando do campo.

A educação que não se quer dá classe multisseriada são algo estável, muito menos professores despreparados, alunos objetos de comunicação, ausência, da família e a falta de apoio pedagógico. A educação que se busca para classe multisseriada tem que ser flexível, com professor capacitado e bem remunerado, metodologias diversificadas, participação ativa da família escola, troca de conhecimentos entre professores e alunos e também uma boa organização do espaço escolar.

Mas como é possível capacitar professores a atuar na classe multisseriada se a falta de formação não é único problema? A falta de capacitação de professores não é o único problema, porém, um educador capacitado pode buscar novas metodologias que venha favorecer o aprendizado do discente. As Secretarias de Educação, por sua vez deveriam apoiar o docente a lidar com diferentes graus de desenvolvimento mental e ritmos de aprendizagem, oferecendo recursos para uma maior diversidade de atividades, com trabalhos individuais e coletivos.

Sendo assim, se fez necessário conhecer a realidade das classes multisseriadas, essa necessidade de conhecer esse diagnostico, trouxe inúmeras chances de entender e a partir dessa atividade pensar em desenvolver projetos que venha de agora em diante trazer mais qualidades de ensino e investimento em mais recursos para melhoria dessa abordagem de ensino no campo.

Em relação a esse tema alguns autores como: Salomão Mufarry Hage, Maria Cristina Moiana de Toledo, LDB 9394/ 96, DAVIANI, SANTOMÉ, dentre outros  que defendem a ideia de uma educação de qualidade aos alunos da área campesina, em suas bibliografias buscam sensibilizar os responsáveis gerais a pensar com mais respeito em levar apoio educacional favorável as escolas rurais.

Este artigo esta dividido em três partes, sendo elas: introdução; desenvolvimento, que aborda a seguinte temática: desafios, possibilidades e a realidade da educação no campo, onde explana detalhadamente a realidade de uma classe multisseriada e por fim a conclusão desse estudo bibliográfico.

 

 

1 CLASSE MULTISSERIADA E SEUS OBSTÁCULOS

 

 

1.1 REALIDADE VIVENCIADA POR ALUNOS E PROFESSORES EM CLASSES MULTISSERIDAS

 

 

Mediante os inúmeros problemas os professores e alunos das classes multisseriadas buscam de maneira aplausível desenvolver seu papel, que por sua vez é muito árduo, porém jamais desistem. Nessa longa e difícil tarefa, educadora e educando são parceiros em busca de propósitos que futuramente fará a diferença em sua vida tanto profissional quanto social.

Os desafios são diários, ou seja, é uma realidade que caracteriza as classes multisseriadas de forma geral, pois quando se fala nessa organização de ensino, sabe-se que é uma realidade completamente visível e ninguém faz coisa alguma para melhorar essa nomenclatura, se é que se pode referi-la assim. O docente e discente do campo é um exemplo de quem realmente busca levar e obter o conhecimento, isto é, educação formal.  Essa realidade contribui muito pra a desestruturação das escolas da área rural, como afirma Toledo.

 

Essa realidade tem gerado ao longo dos anos, a situação de precariedade em que viveu e ainda vive a escola do campo, seja em relação a estrutura física, seja pelo insuficiente grau de formação dos professores. Constituída essencialmente por sala multisseriada ou unidocente, essa escola se caracteriza por possuir uma sala e ter um só professor que ministra aulas para quatro séries iniciais do Ensino Fundamental no mesmo local e ao mesmo tempo. (2005: 06)

 

As escolas do campo deixam muito a desejar, mas isso se dá devido à falta de compromisso de alguns professores. E na maioria das vezes acontece por conta da certas Secretarias de Educação, que para cortar gastos acabam por enviar a esses locais de trabalho pessoas desqualificados. Sabendo os responsáveis legais por esses setores que, as escolas do campo precisam de professores experientes e que realmente querem fazer a diferença.

Além disso, esses encarregados se esquivam muitas das vezes dessa responsabilidade e simplesmente deixam de lado essas escolas, quando muito entrega nas mãos de um supervisor sem compromisso, que por sua vez, não faz nem as visitas de rotina, ou seja, faz apenas uma ou duas visitas no decorrer de todo ano letivo. E por conta desse descaso o professor e aluno do campo se sentem descriminado.

Hage em sua tese reforça a ideia de que, tanto os professores quanto os alunos do campo se sentem descriminados em relação aos da cidade.

 

No meio rural os sujeitos se ressentem do apoio que as secretarias Estaduais e Municipais de Educação deveriam dispensar às escolas, sentindo-se discriminados em relação às escolas a cidade, que assumem prioridade em relação ao acompanhamento pedagógico e formação dos docentes. Os gestores públicos justificam a ausência do acompanhamento pela falta de estrutura e pessoal suficiente para realizar essa ação. (HAGE, 2006: 04)

 

Essas desculpas mencionadas pelos responsáveis legais a frente desses órgãos competente não justifica esse descaso que sofre as classes multisseriadas, as escolas do campo merecem sim serem vistas com igualdade, enfim, essa desculpa jamais justificará essa falta de responsabilidade destes responsáveis legais, para com os alunos e professores do campo.

Vale ressaltar que, os alunos do campo são muito carentes tanto no aprendizado quanto no afetivo, eles dependem muito de um profissional da educação que realmente saiba ministrar aula e que seja pacientemente, compreensível, os discentes necessitam de atenção e não de um choque de conteúdo, ou seja, eles necessitam de uma pessoa qualificada que realmente saiba entender essa realidade e não de um professor conteudista e tradicionalmente correto.

O educador do campo primeiramente tem que saber diagnosticar o problema do educando e a partir dai buscar metodologias que favoreça o aprendizado do aluno, uma vez que descoberta a problemática ele poderá estrategicamente trabalhar métodos que desenvolva a linha de raciocínio do educando de forma positiva.

Além de todos esses problemas já citados, o professor tem que se desdobrar entre uma serie e outra, um planejamento adaptado para trabalhar todas às séries, e na maioria das vezes ele tem que ser o professor, o servente, o médico, psicólogo, o professor itinerante, é isso mesmo, o professor itinerante, porque nas classes multisseriadas também se encontra crianças com alguma deficiência e que realmente precisam de um profissional responsável para prestar-lhe um atendimento adequado.

Os professores de multisserie sofrem inúmeras angustias, os mesmos em sua longa e árdua tarefa tende a se desdobrar entre planejamento, series e alunos de diversas idades e na maioria das vezes seu trabalho é pouco visto pelas secretarias de educação, pois estes por sua vez só sabe cobrar perfeição e nada fazem para facilitar a vida do educador. Não oferecem apoio pedagógico, moral e ético, ou seja, o professor sozinho desenvolve seu trabalho de tal maneira que possa agradar a secretaria, e esta por sua vez não oferece qualidade nenhuma, apenas quer que seja oferecida uma quantidade favorável que venha agradar o sistema, porque o que interessa é o sistema, o professor e alunos estão sempre em segundo plano.

Em alguns casos as Secretarias de Educação mandam o professor para a sala de aula simplesmente com um giz, um quadro branco e uma pilha de livros velhos e ultrapassados, e lá o professor que se vire para desempenhar um bom trabalho e muita das vezes tem que tirar do seu regrado salário para comprar materiais pedagógicos, que facilite o desempenho do professor e para que o aprendizado dos alunos seja favorável.

Hage (2006) enfatiza que essas angustiam que sente os professores de multisserie, acabam por interferir no processo de ensino-aprendizagem, e os ditos responsáveis por esse setor de ensino nada fazem para reaver essas necessidades sofridas que perpassa professor e alunos, simplesmente cobra um bom trabalho.

 

No caso da condução do processo pedagógico, os professores se sentem angustiados quando assumem a visão de multisserie e tem a elaborar tantos planos e estratégias de ensino e avaliação diferenciados quanto forem, as series reunidas na turma; ação esta fortalecida pelas Secretarias de Educação quando definem encaminhamentos pedagógicos e administrativos padronizados. (HAGE, 2006:04)

 

Assim como os professores, os alunos de multisserie também perpassam por inúmeras angustias, afliges estas diárias, independentemente de inverno ou verão, onde estes educando tem que se locomover de seus lares, que na maioria das vezes fica distante do âmbito escolar, ou seja, longe da comunidade na qual está situada a escola. Muitos deles andam quilômetros para chegar à escola, que faça chuva ou sol eles jamais deixam de ir ao colégio e jamais reclamam de todas essas turbulências que passam no decorrer do ano letivo. E sem contar que eles se arriscam, pois muitas vezes para chegar à escola, enfrentam uma serie de perigos, no inverno as estradas ficam escorregadias, devido ter muitas partes do percurso bastante elevado, ocasionando assim uma série de riscos e nem por isso eles faltam à escola.

Outro fator também bastante comprometedor é a junção de turmas, ou seja, quando há em uma turma multisseriada crianças menores de seis anos e em alguns casos algumas com certa deficiência, esse fato de certa forma interfere muito no processo de aprendizagem do educando, pois este aluno precisa de um acompanhamento diferenciado e devido a esse processo o professor deixa a desejar e isso de certa forma vem a encalhar o aprendizado do educando, formando uma barreira que impede o desenvolvimento escolar do mesmo.

Nesse processo de aprendizagem e ensino, professor e aluno gradativamente irão posicionando como sujeitos produtores do conhecimento, em que a descoberta se torna um elemento fundamental na aprendizagem, sendo que, em muitas das vezes essas barreiras que o impede de desenvolver acabam por se reduzirem e com o passar do tempo esse bloqueio vem a romper, mas para isso é necessário que educador e educando sintam deliberadas para obter esse processo que dá se com o passar do tempo e o acumulo de informações, como afirma o autor esse processo é lento e em uma classe multisseriada se torna ainda mais demorado e depende tanto do professor quanto do aluno.

 

[...] A aprendizagem não é alcançada de forma instantânea nem por domínio de informações técnicas, pelo contrário, requer um processo de aproximações sucessivas e cada vez mais amplas e integradas, de modo que o educando, a partir da reflexão sobre suas experiências e percepções iniciais, observe, reelabore e sistematize seu conhecimento acerca do objeto em estudo. (DAVIANI, 2010: 288)

 

As classes multisseriadas é um grande desafio que leva os educadores a repensar a escola, suas disciplinas, séries, conteúdos e avaliações, pois os educando do campo merecem ser tratados com dignidade e precisam de uma educação de qualidade, ainda ha muito a ser feito para que possa se falar que a Educação do Campo é favorável ao aprendizado do discente.

Não basta criar projetos e programas se não oferecerem suporte moral e técnico aos professores do campo, os mesmo questionam a falta de apoio das secretarias de educação, pois a mesma deixa a desejar diante das grandes dificuldades que passam alunos e professores do campo. É complicado ministrar uma aula de qualidade onde não se pode contar com apoio da família, grupo pedagógico e materiais pedagógicos adequados.

Visto que esses impedimentos como: a falta de apoio pedagógico, má estrutura do prédio, falta de materiais escolares, professores leigos, difícil acesso para chegar à escola, distorção idade serie, contribui muito para a precariedade na educação do campo, e esses pontos negativos leva a repensar em novas metodologias a que venha favorecer professores e alunos.

Em relação às agonias sofridas por professores e alunos se pode observar que são inúmeras situações ocorrentes no cotidiano dos mesmos, isto é, estes educando e professores do campo necessitam de mais atenção para que se possa desenvolver a capacidade de aprendizagem e ensino, pois não basta ter só um professor na escola rural, se os responsáveis legais não oferecem aos alunos e docentes condições ao desenvolvimento de uma educação de qualidade.

 

 

 

 

1.2 ORGANIZAÇÕES DO ESPAÇO ESCOLAR, PLANEJAMENTO E CURRÍCULO

 

 

É muito complicada a organização do espaço escolar, preparar o planejamento e o currículo escolar de uma turma multisseriada, porém, não é impossível. Em relação a estes itens é necessário que haja uma porção de cuidados, pois o currículo deve ser diferenciado e o planejamento deve ser desenvolvido de acordo com a realidade do campo, já o espaço escolar este deve ser organizado cautelosamente, porque será nesse ambiente que o educador passara a ministrar suas aulas e só partir de uma organização adequada o professor poderá desempenhar sua função com êxito.

Em relação ao currículo, nele deve esta integrada às disciplinas de Português, Ciências, Matemática, História, Geografia, Artes, Religião e Educação Física, segundo a Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB 9394/96) que currículo, é um conjunto de matérias de um curso. Porém, para a escola do campo esse currículo não é tão simples assim, porque ele tem que ser adaptado a todas as séries do Ensino Fundamental, ou seja, suas disciplinas serão desenvolvidas especialmente para as classes multisseriadas e para que este venha ter êxito é necessário o conhecimento especifico de um educador que saiba realmente o que é, e como trabalhar com uma turma multisseriada, isto é, só quem sabe a realidade da escola do campo terá capacidade de preparar um currículo favorável ao desempenho e aprendizagem dos alunos da área rural.

É necessário que haja um currículo integrado, sendo que neste, o conteúdo esteja relacionado ao cotidiano do educando, sendo que a partir desse pressuposto o educando tenha mais facilidades para desempenhar seu papel como sujeito participativo e formador de opiniões dentro da sociedade no qual está inserido. E sobre a priorização desse currículo integrado, o autor abaixo citado afirma que:

 

Entre as questões que podem persuadir-nos a favor desta modalidade de organização e desenvolvimento curricular estão as que se referem a utilidade social de lado currículo. Este deve servir para atender as necessidades de alunos e alunas de compreender a sociedade na qual vivem, favorecendo consequentemente o desenvolvimento de diversas aptidões, tanto social como técnica, que ajudem em sua socialização dentro da comunidade como pessoas autônomas, criticas, democráticas e solidarias. (SANTOMÈ, 1998: 187).

 

Para isso é necessário que os conteúdos sejam especificamente voltados ao desempenho do educando, elaborado diretamente de acordo com o desenvolvimento anual do discente, e isso só se tornara possível a partir da convivência direta em uma sala multisseriada.

 

[...] A aprendizagem não é alcançada de forma instantânea nem por domínio de informações técnicas, pelo contrário, requer um processo de aproximações sucessivas e cada vez mais amplas e integradas, de modo que o educando, a partir da reflexão sobre suas experiências e percepções iniciais, observe, reelabore e sistematize seu conhecimento acerca do objeto em estudo. (DAVIANI, 2010: 288)

 

Não basta trabalhar um currículo com o conteúdo programático anual vindo das Secretarias de Educação, ou seja, um planejamento de uma escola seriada, pois este é completamente diferente da realidade de aprendizagem vivenciada pelo aluno do campo, por conta desse fator professor e aluno da área rural perpassa por inúmeras dificuldades no ensino-aprendizagem, porque são situações totalmente dissociadas.

Em relação ao conteúdo programático, este muita das vezes se distância da realidade dos educando e não representa o contexto concreto no qual perpassa a vida desses sujeitos, comprometendo assim sua aprendizagem, já que as pessoas aprendem de forma significativa aquilo que lhes é necessário, ou seja, é possível ter um melhor desempenho no processo de aprendizagem se o conteúdo oferecido for relacionado a uma realidade mais próxima de seu convívio diário. Nesse sentido SANTOMÉ enfatiza que:

 

Assim, tudo o que se distanciar de suas preocupações e interesses, que não estiver relacionado de alguma maneira com a satisfação de uma necessidade, de um desejo ou buscando evitar algum perigo, dificilmente pode chegar a converter-se em relevante e significativo para quem deve aprender ( SANTOMÈ,1998: 43).

 

Mediante a essa realidade acredita-se que o planejamento das escolas rurais deve ser desenvolvido com a participação de professores da área rural e um grupo pedagógico que saiba realmente como se da o desenvolvimento de ensino-aprendizagem nas escolas multisseriadas.

Quanto a organização do espaço escolar, é outro fator preocupante e de certa forma interfere no desenvolvimento cognitivo e lógico do educando, porque certamente é complicado organizar um pequeno espaço de forma favorável que chame a total atenção do aluno para o conteúdo programático, pois o mesmo tem que dividir o espaço da sala, o quadro e a atenção do professor, e o educador por sua vez deve esta focado em todos os âmbitos da sala de aula.

E para que se torne possível ministrar aula nesse ambiente é necessário dividir o espaço estrategicamente. Os alunos são organizados por fileiras ou grupos seriados, o quadro é divido por linhas horizontais de acordo com as séries. Porém isso não é o bastante para desempenhar um bom trabalho, pois um unidocente não é o suficiente para que se possa desenvolver um trabalho de qualidade com esses alunos do campo. Segundo o MOPEE- MEC (2009: 40) afirma que para que seja adequado trabalhar com classes multisseriadas se faz necessário organizar o espaço escolar, e para isso ele da algumas instruções:

 

 

Mesmo que os educando estejam organizados por série para melhor circulação de informação, se trabalhe alternadamente com grupos, com todas as séries para que a criança possam exercitar diferentes possibilidades de cooperação, de comparação [...], que em cada haja um monitor, bastantes aulas expositivas.

 

Essas são estratégias que realmente suprem efeito em uma turma multisseriada, mas para que isso venha a ter êxito, requer do educador uma atenção especial, pois este tem que ser dinâmico e saber processar cada situação ocorrente no decorrer de cada bimestre e diariamente, inovando sempre que for necessário.

 

 

1.3 LEGISLAÇÕES E O SISTEMA EDUCACIONAL VOLTADO PARA O CAMPO

 

 

A educação do campo está completamente respaldada na Lei de Diretrizes e Base da Educação, onde o Conselho Nacional de Educação (CNE) e Câmara de Educação Básica (CEB), pela Resolução CNE/ CEB 1, de 3 de abril de 2002 institui Diretrizes  Operacionais para Educação Básica do Campo. Onde consta que o aluno do campo tem que viver sua cultura, resgatando assim sua identidade, porém, para que isso se torne de fato favorável ao aluno se faz necessário investir, mas nas escolas rurais.

A presente Resolução, em seu artigo 1º institui as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas escolas do campo a serem observadas nos projetos das instituições que integram os diversos sistemas de ensino.

Portanto, percebe-se que essa Resolução foi criada para melhorias e ampliação das escolas do campo, mas até então as classe multisseriadas perpassa pelos mesmos sofrimentos já citados no capítulo anterior. Segunda a Resolução CNE/ CEB (2002) em seu Artigo 2º no Parágrafo único, afirma que:

 

A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação às questões inerentes à sua realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida coletiva no país.

 

De acordo com essa Resolução, vê-se que há sim uma grande preocupação em resgatar os traços culturais do campo, pois viver a realidade é bem mais proveitoso que trabalhar um conteúdo com uma realidade totalmente distorcida de seu cotidiano. E a implantação de cursos tecnicos, nas areas voltadas a agricultura e pecúaria seria de fundamental importância para manter os aluno na escola, ressaltando ainda que colegiado do campo teria um curso profissionalizante e a oportunidade de crescer fazendo exatamente o que lhes convém.

Vê-se que a escola do campo precisa de projetos voltados para o desenvolvimento educacional e rural, projetos estes que valorize a cultura dos camponeses, uma educação justa que possa superar os obstáculos que há entre o setor rural e urbano.

Na II Conferência Nacional por uma Educação do Campo ocorrida em agosto de 2004, em Luziânia/ Go, reforça a ideia de melhorias para as classes multisseriadas:

 

 

 

 

Definindo a ampliaçaõ de novos campos de luta para a Educação do Campo, sinalizando a consolidação de um projeto histórico de educação, conduzido e organizado pelos sujeitos sociais do campo, com isso firma-se uma nova agenda politíca definida na Carta de Luziânia:  Defesa de um projeto de sociedade justa, democratica e igualitaria [...]. Defesa de uma educação que ajude a fortalecer um projeto popular de agricultura, [...]. Defesa de uma educação para superar a oposição entre o campo e a cidade e a visão predominante de que o moderno e o avançado é sempre o urbano, [...]. Defesa do campo como lugar de vida, cultura, produção, moradia, educação e lazer. (MEC- MOPFEE,2009: 14)

 

 

Realmente o setor rural necessitam de políticas públicas, voltadas especialmente para melhorias das escolas do campo, com isso elevar a escolarização dos povos do campo, pois estes precisam com urgência de projetos voltaos para o bem estar social e educacional.

As escolas rurais deverão ser adaptadas para trabalhar com alunos de classes multisseriadas, ou seja, adaptando espaço e conteúdo, adquando-se a necessidade de cada educando.

Segundo a LDB 9394/ 96, em seu Art. 28 e incisos I, II e III respalda a educação do campo e rege inumeras oportunidades as classes multisseriadas, ou seja, de acordo com a Lei da Educação as escolas também deve ter sua educação fundamentada e baseada nos principios legais, porém, os alunos do campo são digno de uma educação de qualidade.

 

Artigo 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias a sua adequação as peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I- conteúdos curriculares e metodologias apropriadas as reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II- organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e as condições climáticas; III- adequação a natureza do trabalho rural.

 

De acordo com as leis vigentes, os educandos do campo, assim como os da cidade tem direito a uma educação básica de qualidade, porém, são inumeras diferenças que há entre turma seriada e uma multisseriada, pois os alunos do setor urbano não tem que dividir a sala com alunos de diversas séries e idades, dividir o quadro e a atenção do docente entre diferentes conteúdos, estes são alguns dos fatores que comprovam que campo e cidade não gozam dos mesmos direitos.

A Constituição Federal. CF ( 1988), em seu Artigo 206, incisos I eVII rege: I- Igualdade de condições para o acesso a permanência na escola; VII- Garantia padrão de qualidade;

Mediante a tantos obstáculos, observa-se que há muito a ser feito para que a escola do campo possa desfrutar de todas essas leis que respalda a educação, pois estes educando do setor rural perpassa por inumeras dificuldades para se manter na escola, como: dificil acesso para chegar a escola, falta de materiais pedagógicos, estes entraves são fatores que na maioria das vezes proibe o aluno de permanecer na escola, e essa falta de apôio não influi só no aprendizado do educando, mas também na vida profissional do educador.

As escolas do campo se encontram completamente fora da garantia padrão de qualidade que exige a CF 88, pois para a escola rural seria necessário uma atenção adequada, onde aluno e professor venha a ter mais incentivo no processo de ensino- aprendizagem, isto é, a escola do campo é muito carente e é preciso que se tenha do poder público administrativo uma visão de mudança, ou seja, a construção de um novo campo de estudo que venha suprir a necessidade de educador e educando da aréa rural.

Com respaldo no Artigo 208, inciso VII da CF 88, pode se afirmar que:

 

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: (EC nº14/ 96 e EC nº 53/ 2006 e EC nº 59/ 2009). VII- atendimento ao educando em todas a base da educação, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte , alimentação, e assistência a saúde.

 

Portanto, isso inclui as classes multisseriadas e cabe aos responsáveis legais buscar implantar cursos que venha capacitar professores, enviar as escolas rurais materiais didáticos e pedagógicos que facilite o aprendizado do educando, desenvolver nas escolas programas de incentivo aos alunos e famílias, ofertar transporte adequado para que essas crianças possam chegar com segurança ao local de estudo. Estas são simples providências que se tomadas pode vir fazer toda a diferença para os alunos do campo.

 

 

 

CONCLUSÃO

 

 

Mediante os apanhados da pesquisa bibliográfica pode se constatar que professores e alunos do campo perpassa por uma série de agonias, e através dessas analises foi possível coletar dados importantíssimos que se espera que venha suprir efeito positivamente, para que as classes multisseriadas venham a ter mais direito de expressão. E através dessa reflexão a cerca das dificuldades enfrentadas por professores e alunos de classe multisseriada se fazem necessário pensar nas multisserie com mais carinho e dedicação.

Diante desse estudo é possível apresentar proposta favorável como: a oferta de mais formação continuada aos educadores do campo, algo simples que a secretária responsável pelo setor educacional deixa muito a desejar, pois a mesma precisa investir mais na criação de projetos para o bem estar profissional dos mestres da educação que atuam no campo. Então são essas e outras dificuldades enfrentadas por professores e alunos ao longo de todo o ano letivo.

Há muitas possibilidades que vale apena serem estudadas com atenção, possibilidades estás que vissem um melhor desenvolvimento no processo de ensino-aprendizagem das crianças do campo, daí o desafio de se pensar em uma alternativa que objetiva conferir qualidade as classes multisseriadas, tornando o ensino nelas desenvolvido de igual ou de melhor qualidade que os das classes seriadas: desafio pretensioso, mas possível.

Enfim, isso só será possível se as autoridades competentes se sensibilizarem com a causa e vestirem a camisa em prol de uma educação de qualidade para o povo do campo, levando a modernização ao meio rural, como recursos tecnológicos, capacitações, áreas recreativas, escolas bem estruturadas e cursos profissionalizantes para que professores e alunos sintam-se capazes de desempenharem seus papeis com orgulho e sem desigualdade.

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

BRASIL. Conselho Nacional de Educação Básica: Resolução CNEB/ CEB1,de 3 de abril de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de abril de 2002. Seção 1.

________. [Lei Darcy Ribeiro (1996)] LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei nº 9.394, de 20 de dezembro 1996, -5. Ed.- Brasília-DF,2010.

________. Constituição da República Federativa do Brasil: Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988,Brasília-DF: 2010.

________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada e Diversidade. Projeto Base –Brasília: SECAD/ MEC, 2008.

________.MOPEE Secretaria de Educação Continuada. Alfabetização e Diversidade. Programa Escola ativa. Orientações Pedagógicas para Formação de Educadores e Educadoras. – Brasília: SECAD/ MEC, 2009.

DAVIANI, Maria Cristina. Currículo integrado.  Disponível em: http://www.org.br/rh/publicações/textos_apoio/pub.04u2t8.pdf. Acessado em agosto de 2013

HAGE, Salomão Mufarry. A Realidade das Escolas Multisseriadas Frente as Conquistas na Legislação Educacional. In: anuais da 29ª reunião anual da ANPED:Educação, Cultura e Conhecimento na Contemporaneidade: desafios e compromisso manifestos. Caxambu: ANPED, 2006.

SANTOMÉ, Jurjo Torres. As Origens da Modalidade de Currículo Integrado. Tn. Globalização e Interdicisplinaridade: O currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas,1998.