AVALIAÇÃO:  RELATO  DE  UMA  EXPERIÊNCIA

                                                       Osvaldo DALBERIO dal Bello[1] 

RESUMO

Texto proveniente da experiência de avaliação realizada na disciplina: Conteúdos Pedagógicos, ministrada no curso de pós-graduação, especialização em Saúde Coletiva, na Universidade Federal do Triângulo Mineiro. O envolvimento do professor e do aluno no processo ensino-aprendizado aprimora e desenvolve o conhecimento da teoria e da realidade. Para obter estes dados os alunos escreveriam livremente sobre: conteúdo da referida disciplina; procedimentos pedagógicos; papel profissional. Os depoimentos dos alunos, no total de quinze, dos vinte matriculados foram analisados para atender os objetivos: aprimorar os conhecimentos dos alunos sobre a realidade pessoal e profissional; desenvolver habilidades para planejamento de ensino; observar as necessidades dos alunos para compreensão de mundo; situar o aluno no contexto científico para assumir a autoprojeção e autonomia intelectual. Os resultados demonstram que cabe ao professor e ao aluno envolvimento no processo ensino-aprendizagem. Diante desse panorama de conteúdo, de métodos  e técnicas e de comportamentos éticos, o professor necessita ser competente; ser responsável; ser comprometidos.

 


AVALIAÇÃO:  RELATO  DE  UMA  EXPERIÊNCIA

 INTRODUÇÃO

             Após a ministração da disciplina Conteúdos Pedagógicos[2] no curso de Pós-Graduação, especialização em Saúde Coletiva, tivemos a oportunidade de avaliar juntamente com os alunos os aspectos: a) conteúdo da referida disciplina, b) procedimentos pedagógicos desenvolvidos durante o período estabelecido para a ministração da disciplina em questão, e, por fim, c) papel profissional desempenhado pelo professor.

            Para tal avaliação distribuímos folhas em branco, onde os alunos escreveram livremente sobre os três pontos acima mencionados. Após um tempo para a escrita, fizemos um círculo onde cada aluno teve a oportunidade de ler sua avaliação e discutirmos juntos as suas colocações. Fizeram esta avaliação quinze dos vinte alunos que freqüentaram a disciplina.

            Este procedimento coroou o trabalho feito durante 60 horas de aula. Nesse período, os alunos participaram ativamente de forma produtiva. O envolvimento efetivo do professor e do aluno no processo ensino-aprendizado gera como conseqüência o aprimoramento intelectual (capacidade de reflexão) e o desenvolvimento do conhecimento ( percepção-apreensão) da teoria bem como da realidade.

            Com o envolvimento do aluno nesse processo acontece um equilíbrio pedagógico. Caso contrário provocaria uma cisão no ensino aprendizado qual seja, o professor traria tudo pronto para o aluno e ele, por sua vez, receberia passivamente. Essa situação impediria o crescimento pessoal do aluno.

            Para que não ocorra tal desequilíbrio fazem-se necessários a dedicação, o compromisso, a responsabilidade e a competência profissional do professor, envolvendo os alunos como co-responsáveis. Somente assim é possível um trabalho de qualidade. Em um curso de especialização a exigência é maior principalmente porque o aluno possui uma visão universitária de mundo e está exercendo uma profissão embasada em conhecimentos científicos, elaborados eem elaboração. Cabe, portanto, ao professor o papel de favorecer o aprimoramento intelectual deles.

            Tendo sempre em vista que em um curso de pós-graduação Lato-Sensu o ponto fundamental, norteador do trabalho, deve ser o aperfeiçoamento intelectual e que, para isso, o aluno deve ser o sujeito do processo, traçamos para a função de professor alguns objetivos para serem atingidos:

1 - aprimorar os conhecimentos dos alunos sobre a realidade pessoal e profissional;

2 - desenvolver habilidades para planejar organizadamente um plano de curso, de unidade e de aula, utilizando-se de maior número de métodos e de técnicas de ensino. Ter, assim, manejo de sala;

3 - estar atento às necessidades dos alunos, principalmente no que tange à compreensão de mundo.

4 - situar o aluno no contexto científico para que ele possa assumir a autoprojeção e a autonomia intelectual.

            Estes objetivos estão atendendo, de certa forma, aos grandes objetivos do curso. No projeto do curso, aprovado pelos órgãos competentes da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro em Uberaba-MG, está estabelecido como objetivos:

1 - “...estudar os temas de saúde pública sob uma visão do homem como um todo dinâmico, mutável e, muitas vezes desconhecedor de sua totalidade”.

2 -”...preparar os enfermeiros para exercerem com maior qualidade e, por conseqüência, competência, sua função de agente de saúde junto à comunidade”...;

3 -”...favorecer a compreensão do papel social e a inserção de melhorias qualitativas nas atividades profissionais... “  

4 - “...preparar adequadamente os alunos para exercerem o magistério fundamentado na realidade social...”

            Os objetivos acima nortearam este trabalho e, em função disso, sentimos a necessidade de concluir a disciplina referida, com uma avaliação qualitativa, na qual os alunos juntamente com o professor pudessem apresentar alguns dados que mostrassem a realidade desse curso. Os resultados serão apresentados a seguir.

            Os dados apresentados abaixo refletem apenas um aspecto da realidade educacional qual seja, avaliação do conteúdo, da metodologia e da postura profissional do professor na disciplina Conteúdos Pedagógicos em um curso de pós-graduação, Lato-Sensu, especializaçãoem Saúde Coletiva. Tentamos ser o mais fiel possível às informações obtidas nessa experiência, fazendo a partir delas algumas reflexões. Para tanto, enumeramos aleatoriamente os depoimentos de01 a 15 para não correr o risco de equívocos e implicações éticas, e, logo em seguida, faremos algumas considerações que parecem ser cabíveis para este texto.

 Avaliação dos alunos o que pode continuar 

1  “deve continuar explicando o funcionamento do 2o. e 3o. Graus; deve continuar fazendo abordagem panorâmica entre filosofia e educação; continuar com as microaulas sobre métodos, as discussões em forma de seminário”. 

2  -  “promover sempre micro-aulas envolvendo os alunos”. 

3  - “disponibilidade em atender os alunos fora do horário de aula, continuar com a dinâmica dos cartazes e microaulas”. 

4  - “não deve modificar o esquema das microaulas, a forma de passar informações sobre a Estrutura do Ensino( 1,2 e 3o. graus)”. 

5  - “não mudar a filosofia”. 

6  - “não mudar a receptividade, disponibilidade para o desenvolvimento conjunto de ações com o aluno, capacidade de discutir com o aluno quando sente que “as coisas não vão bem” e mudar o curso dos fatos para alcançar o objetivo do aprendizado”.                                           

Aluno 07

- “... não deve mudar o seu método de ensino”.

7  - “... não deve mudar o seu método de ensino”. 

8  - “não mudar as micro-aulas”. 

9  - “Embora, pareça, a dinâmica de grupo acomodar o professor no processo de ministrar as micro-aulas, isto deveria continuar porque na verdade o apresentador destas acaba alienando a sua criatividade ao processo de aprendizagem apresentado que no total, este saiu ganhando; portanto atingindo o objetivo do professor”.

 

10  - “ não mudar: a exposição das micro-aulas foi satisfatória, pois enquanto mostrou métodos de ensino, incentivou a capacidade de cada um em dirigir uma aula( numa turma) sobre um assunto o qual domina”. 

11  - “não mudar o fazer com que a turma participe de forma dinâmica, dando opiniões e reflexões”. 

12  - “não mudar a persistência e a perseverança”. 

13  - “não mudar a forma de avaliação que faz do curso e a dinâmica de micro-aulas”. 

14  - “não mudar o incentivo aos alunos quanto a busca de meios para o melhor aprendizado, deve ser mantido. Cada aluno tem suas dificuldades e facilidades no que se refere à apreensão do contudo, assim, como profissional educador deve continuar tentando conhecer o aluno para ajudá-lo”. 

15  - “Não sei se é isso que você gostaria de ouvir, mas eu sempre penso que nas simples coisas(gestos) da vida estão os grande ‘gênios’. Nunca mude a calma, paciência e compreensão que você tem para com os alunos, que este pequeno gesto seu o torne grandioso”.

ANÁLISE DOS DISCURSOS

 1 - Exposição pelo professor

 - “... explicando o funcionamento do 2º e 3º graus”( 1,10)             

- “... fazendo abordagem panorâmica entre filosofia e educação”(1,10)

             Foram destacados alguns depoimentos, onde os alunos acreditam ainda na exposição oral do professor como sendo uma forma viável de aprendizado. Embora alguns alunos pensem assim, acreditamos que esse é um mecanismo com deficiências, pois é muito cômodo para o aluno; ele recebe as informações de forma passiva. Nesse caso, a fala do professor passa a ser a fala da verdade, isso porque, os alunos fazem elucubrações mentais a partir da sua experiência cotidiana confrontando-as com as do professor. A síntese disso é ingênua e pouco consistente. Para que ela seja mais eficaz é necessário que este aluno busque antecipadamente informações mais abrangentes para confrontá-las com as suas e com as do professor e, a partir daí, elaborar um pensamento aplicável à sua cotidianeidade. Somente assim é possível uma consistência do conhecimento elaborado e em elaboração.

 2 - Versatilidade de métodos

 - “... microaulas...”(1,2,4,8,9)

- “...discussões em forma de seminário...”( 1 )

- “...dinâmica dos cartazes”( 4)

- “...discussão com os alunos”( 6,11)

- “...mudar o curso dos fatos para alcançar os objetivos”(6 )

- “... dinâmica de grupo”( 9,13 )

             Assumimos uma postura de variedades de métodos com o objetivo de favorecer ao aluno a participação ativa nas aulas. Várias estratégias metodológicas foram utilizadas. Destacaram-se nos discursos dos alunos: as microaulas, onde cada aluno se encarregou, por sorteio, de um tema abordando determinado método de ensino como seminário, phillips 66, o processo do incidente, a dramatização, dentre outros.

            Foi proposta a realização de um seminário. Os alunos se dedicaram na leitura de um texto-tema e um grupo com quatro alunos se encarregou de organizar o seminário. O resultado, segundo os alunos, foi positivo porque foi organizado, sob orientação precisa e segura despertando segurança, na preparação e na consolidação do trabalho..

            Em outro momento do curso sugerimos a leitura de um texto e os alunos aprofundaram o entendimento com a discussão. Após a discussão foi sugerida a representação do conteúdo por intermédio de desenhos, elaborados pelos grupo. O resultado foi brilhante e motivador para os alunos. Ao final, os grupos fariam a apresentação verbal do significado dos desenhos. Criaram-se idéias aplicando o conteúdo à realidade de cada grupo.

            Nas exposições-dialogadas realizadas houve a oportunidade de discussão e debate com os alunos. Como era um curso de pós-graduação, a participação e a motivação foram pontos nevrálgicos do caminhar para o aprendizado. A todo o momento o aluno podia intervir para questionar, problematizar ou mesmo resolver dúvidas epistemológicas ou metodológicas.

            Assumimos a postura de versatilidade e abertura para “modificar o curso dos fatos para alcançar os objetivos” propostos. Quando a participação dos alunos não estava sendo eficaz, mudávamos o tema, a dinâmica, e mesmo, às vezes, desafiava os alunos para que eles ficassem motivados. Isso foi destacado pelos alunos no sentido positivo.

            Também a dinâmica de trabalho em grupos foi destacada como estimuladora.

            Observamos que os alunos já não estão querendo a monotonia pedagógica, mas a dinamicidade e concatenação dos temas trabalhados. O que chama a atenção é a organicidade dos conteúdos e a diversidade metodológica para trabalhar tais conteúdos. O ponto chave desta tarefa está na abertura e receptividade do profissionalismo e na sensibilidade racional do professor em conduzir prazerosamente o curso. O aluno passa a ser sujeito do processo ensino-aprendizado. O professor é mero proporcionador de condições. Acreditamos nisso e o colocamos em prática.

 3 - Posicionamento do professor

 - “... envolvendo os alunos...”( 2,11 )

- “... disponibilidade em atender os alunos fora do horário de aula”(3)

- “... receptividade, disponibilidade para o desenvolvimento conjunto de ações com o aluno”(6 )

- “... capacidade de discutir com o aluno “( 6 )

- “... incentivou a capacidade de cada um “( 10,14 )

- “... persistência e perseverança”( 12 )

- “... tentando conhecer o aluno”( 14 )

- “... calma, paciência e compreensão...”( 15 )

             Os alunos destacaram, em seus depoimentos, que assumimos posicionamentos que facilitaram o envolvimento comprometido deles no processo de aprendizagem. Houve “disponibilidade em atender os alunos fora do horário de aula”. Isso caracterizou a responsabilidade profissional que assumimos junto deles. É importante que esse procedimento seja encarado como mecanismo facilitador da aprendizagem.

            Nos depoimentos dos alunos houve a constatação de que  “receptividade, disponibilidade, para o desenvolvimento conjunto de ações com o aluno” foi fundamental. As ações referidas por eles estão na perspicácia do professor em proporcionar participação ativa dos alunos.

            Quando o professor assume a abertura intelectual para receber e ajudar não apenas os bons alunos, mas, principalmente, aqueles com dificuldades, significa compromisso e responsabilidade com a qualidade de desenvolvimento intelectual do aluno. Para isso o professor deve estar desarmado dos preconceitos de que ele é dono do saber. Ele é tão somente, o faciltador, o proporcionador. Aquele que coordena e conduz, orienta e incentiva o aperfeiçoamento do aluno.  

            Assumimos  o processo e revelamos “capacidade de discutir com o aluno”, os pontos chaves norteadores da aprendizagem. O aluno teve a liberdade de apresentar suas idéias e confrontá-las com as idéias do professor e de outros autores. Isso revelou conhecimento e segurança no conhecimento.

            O professor que viabiliza esse tipo de atividade é um profissional maduro intelectualmente. A maturidade do professor deve ser ponto de apoio para o aluno, pois, ela é expressa na segurança daquilo que é anunciado.

            Por outro lado, incentivamos  “...a capacidade de cada um”. Visto que, cada indivíduo tem as suas potencialidades que necessitam ser canalizadas de forma proveitosa, faz-se necessário o envolvimento pessoal no processo, para que ambos, professor e aluno, desenvolvam suas capacidades individuais para a qualidade daquilo que faz. Para isso, deve-se levar em conta a experiência prática e teórica do aluno. Ela é fundamental para o aluno principalmente quanto ao crescimento e descoberta dos seus limites e possibilidades humanas.

            Também foi observado, pelos alunos, que tivemos “persistência e perseverança” na condução dos trabalhos e, consequentemente, na busca dos objetivos propostos.

            O professor deve saber o que quer e como fazer para conseguir o que quer. Para isso, ele deve demonstrar seriedade e responsabilidade pelo processo e pelo resultado alcançado em seu trabalho. Uma vez feito isto, o envolvimento e comprometimento dele próprio e dos alunos fica mais evidente. Ambos devem ser ousados e desafiar a monotonia e as leis internas que emperram o crescimento. É um desafio este desafio.

            Durante o processo, demonstramos “calma, paciência e compreensão, tentando conhecer o aluno”, no que se refere aos limites intelectuais de cada um.

            A postura do professor deve ser caracterizada como humildade, não ingenuidade. Deve ser humilde para reconhecer, além de aluno, um ser humano com experiências anteriores, presentes ali. Um ser humano com personalidade própria, inserido em um processo de formação intelectual. O aspecto pessoal não deve ser o ponto culminante do relacionamento, mas o humano. O humano engloba o pessoal, por isso ele deve nortear o relacionamento entre professor e aluno no processo ensino-aprendizado.

 4 - Profissionalismo de professor

 - “não mudar a filosofia”( 5 )

- “não mudar o método de ensino”(7 )

- “não mudar a forma de avaliação...”( 13 )

- “...como profissional educador deve continuar tentando conhecer o aluno para ajudá-lo...”(14 )

             Outro ponto inferido pelos alunos foi de que  “...não...” devemos “...mudar a filosofia...”. Não mudar, neste caso, significa que o perfil condutor do raciocínio, os argumentos, as referências a outros autores, é de qualidade. Em outros termos, a logicidade dos conteúdos trabalhados é boa e por isso deve continuar. A filosofia aqui, está sendo entendida como visão de mundo. Segundo alguns alunos possuimos esta visão crítica de mundo e isto proporciona condições de sensibilizá-los para a conscientização do seu papel humano no mundo.

            Quanto ao método de ensino, foi apresentada na avaliação  que os métodos utilizados no processo, facilitaram o aprendizado, foram de grande importância, por isso não devemos mudá-los.

            Foi dito também que “como profissional educador deve continuar tentando conhecer o aluno para ajudá-lo...”. Pensamos que quando o professor assume com responsabilidade, competência e compromisso o seu trabalho, ele está sendo profissional. Ser profissional é ter maturidade intelectual e humana. Saber que é apenas um instrumento de libertação ou de alienação; ter consciência que é um instrumento do aparelho ideológico do Estado, na educação. Dentro dela, o professor profissional, assume com gosto a responsabilidade de conscientização pessoal e de seus alunos. O professor deve ser o intervalo entre o aluno e o conhecimento acumulado, deve ser apenas um instrumento de libertação. Nesse sentido ele é inspiração, ele é político, ele é o amigo. Ele é, em fim, o progenitor da transformação social.

 CONCLUSÃO

             Pode-se observar que o processo ensino-aprendizado quando proporcionado pelo prazer facilita a assimilação dos conteúdos. Conteúdos aqui estão sendo entendidos como a produção científica elaborada pelos pensadores de uma determinada área do saber. Não apenas produzidos, mas tambémem elaboração. Outraabordagem nos indica outro caminho o de que o aluno traz conhecimentos pessoais que ainda não foram estabelecidos como científicos, mas são importantes para a sua atuação na sociedade. Diante dessas idéias é importante apontar outras também importantes. As verdades científicas de nada valem se não são aplicáveis à realidade cotidiana do aluno. Para que ele, o aluno, possa ter isto claro é fundamental que o professor seja o elo de ligação e seja capaz de fazer a transposição entre as verdades científicas e os conhecimentos dos alunos com a realidade pessoal de cada aluno, despertando-o para a síntese pessoal.

            A síntese mencionada aqui é elaborada durante o transcorrer das aulas. Nesse processo, o envolvimento de ambos deve ser ponto crucial. Tal processo acontece de forma gradativa e cumulativa. Pensamos que, no processo ensino-aprendizagem, deve-se partir de idéias simples, ampliando-as como se estivesse construindo um prédio, tijolo a tijolo e eles, os tijolos juntos, é que dão a beleza e a consistência das paredes. Somente depois de ter algumas informações consistentes é que se pode partir para a síntese. A isso podemos dar o nome de processo pedagógico, ou processo ensino/aprendizado. O ponto nevrálgico nesse caso é o desafio intelectual proposto pelo professor.

            O conteúdo e o processo de assimilação estão interligados com outros aspectos, por exemplo, a metodologia facilitadora de tal assimilação. Esta tarefa é do professor ou seja, arrojar o curso ou a disciplina com metodologias adequadas e técnicas apropriadas, facilitando a compreensão, o gosto e a aplicação do conteúdo no cotidiano do aluno. Alguém já disse que “só aprendemos e assimilamos aquilo que nos tem sentido existencial”. Acreditando nisso é que conduzimos o transcurso da disciplina fazendo uso de métodos diversos e técnicas variadas.

            Tudo isso tem sentido quando sustentado na postura ética. Não queremos e nem temos a pretensão de fazer agora pelo menos, um tratado sobre ética neste texto ( isso fica para outra ocasião), mas apontar posicionamentos observados pelos alunos nesta avaliação.

            Pelo que entendemos de ética, é fundamental a valorização do homem em todas as suas dimensões: intelectual, física, psíquica, moral. Em sala de aula, no contato com os alunos, o professor expressa ou deve expressar comportamentos éticos. Tais comportamentos são manifestados a partir da atenção dispensada a um respeito incondicional. Afinal, é travada uma co-participação, onde tanto professor quanto aluno tem suas personalidades, seus interesses, seus limites, suas frustrações, suas conquistas. Nesse contexto, o humano deve estar em evidência em detrimento do pessoal, do particular. Expressar comportamento ético significa respeitar os limites humanos de cada  um; significa perceber que a responsabilidade do processo ensino-aprendizado não é somente do professor, mas de ambos; significa comprometer-se com o aprimoramento do aluno, oferecendo-lhe alternativas didáticas envolventes.

            Diante desse panorama de conteúdo, de métodos  e técnicas e de comportamentos éticos, podemos finalizar este exercício intelectual, dizendo que o professor necessita ser competente   - ter domínio de certas teorias dentro de sua área de conhecimento; ser responsável   - ter domínio de métodos e de técnicas para facilitar o aprendizado do aluno; ser comprometido - ter compromisso com a formação dos futuros profissionais. Assim sendo, o professor deve ser, antes de tudo, humano, no verdadeiro sentido do termo.   

 



[1] OSVALDO DALBERIO, Doutorem Serviço Social pela UNESP, campus de Franca;  Mestre em Educação pela UNICAMP, filósofo pela PUC de Campinas, Especialistaem Avaliação Pela Unb-Brasília, Especialistaem Filosofia Clínica pelo Instituto Packter  e Docente na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

 [2] Conteúdos Pedagógicos englobam: filosofia da Educação, Sociologia da Educação, Didática do Ensino Superior.