INTRODUÇÃO

No espaço escolar, há encontros e compartilhamento de saberes, o que desencadeia a construção e reconstrução de conhecimentos, além de construir e reconstruir relações inter pessoais.

No ensino-aprendizagem de matemática, surgem inúmeras dificuldades. As frustrações, insatisfações e desencantos são comuns em professores e, também, em alunos, uma vez que a disciplina é trabalhada de forma mecânica e, a aprendizagem se resume em repetição e memorização.

Devido à necessidade de buscar novas alternativas para a aprendizagem matemática tornando o seu estudo mais dinâmico e significativo, é que destacamos a importância dos jogos pedagógicos no contexto escolar.

Desde muito cedo, o jogo na vida da criança é fundamental, pois ela brinca explorando tudo o que está a sua volta. Assim, ela começa a ter sentimentos de liberdade e satisfação pelo o que faz, dando real valor e atenção às atividades vivenciadas no momento.

 Em sua quase totalidade, as atividades descontraídas, voltadas para o ensino da matemática, desenvolvem na criança a apreciação dos conteúdos e a construção dos conceitos básicos.

Portanto, se torna essencial o trabalho com os jogos pedagógicos, pois tem como objetivo principal ensinar de maneira dinâmica, além de motivar o aprendizado.

 

O JOGO NA VIDA DA CRIANÇA

Desde antes de Cristo já havia uma preocupação em discutir o valor proeminente do jogo na vida das crianças. Nos escritos de leis, Livro VII, Platão preconizava o valor educativo do jogo, apesar de dar a criança à liberdade do jogo somente até os seis anos de idade. A partir daí, os jogos eram fixos e controlados pelo Estado (Rosamilha, 1979 :14).

Com o passar dos tempos, na era cristã, varias concepções foram se formulando em torno do jogo. Umas de maneira significativa, outras discriminando a criança e seu interesse pelas atividades lúdicas.

A exemplo disso, Rosamilha (1979) destaca a atitude de um educador alemão do século XVIII que proibia a recreação às crianças na tentativa de preservá-las do mal, ou seja, ao recrear-se as crianças estariam desagradando a Deus.

Com a evolução dessa tendência, muitos autores vêm dando ênfase ao estudo do jogo, analisando conceitos que realmente atinjam um significado de totalidade na vida do ser humano, bem como sua importância nas várias culturas indistintamente.

Desde muito cedo, o jogo na vida da criança é fundamental, pois ela brinca explorando tudo o que está a sua volta. Assim, ela começa a ter sentimentos de liberdade e satisfação pelo o que faz, dando real valor e atenção às atividades vivenciadas no momento.

Huizinga (1980 :10) diz que “as crianças e os animais brincam porque gostam de brincar, e é precisamente em tal fato que reside sua liberdade”.

Se o jogo é uma atividade que parte da própria vontade do individuo, torna-se incoerente a ação direta do adulto sobre a criança, propondo formas codificadas de brincar, pretendendo alcançar objetivos predeterminados. Esta prática limita e coage a participação da criança, uma vez que ela fica presa a agir correspondentemente ao que lhe foi imposto.

Por outro lado, a intervenção do adulto no jogo da criança tornar-se-á necessária se esta se apresentar sob forma de orientação e incentivo às atividades exercidas pela criança, fazendo-a empenhar-se cada vez mais naquilo que é proposto ou descoberto por ela mesma, servindo apenas e unicamente a pessoa inserida no ato de jogar ou brincar, porque aí sua atitude é sempre autônoma e não regida exclusivamente por sentimos exteriores.

Claparéde opõe-se aos métodos empregados pela educação tradicional, fortalecendo suas idéias na concepção “escola ativa”. Partindo do princípio de que a atividade é sempre suscitada por uma necessidade, a escola ativa cria circunstâncias para que o interesse resultante da necessidade seja sempre um ato funcional. “E o jogo, atendendo a uma das necessidades mais profundas da criança, é, por excelência, o meio de captar-lhe o interesse” (Claparéde, 1958 :218).

Discípulo e seguidor das idéias de Claparéde, Piaget tornou-se um dos maiores defensores da educação nova e da escola ativa. Para ele o professor deve ser ativo assim como o aluno.

Segundo Piaget, o jogo constitui o pólo extremo da assimilação, tendo relação com a imaginação criativa que será fonte de todo pensamento e raciocínio posterior (Rosamilha, 1979 : 59).

Levando em consideração a essência do jogo na vida da criança, estudos mais profundos buscaram enquadrar esse instrumento lúdico na educação escolar, visando o aprimoramento dos conteúdos matemáticos trabalhos em sala de aula.

Um aspecto relevante nos jogos é o desafio que eles provocam nos alunos, que geram interesse e prazer. Por isso é importante que os jogos façam parte da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a potencialidade educativa dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se deseja desenvolver.

Ao trabalhar com jogos, o educador faz com que as crianças se sintam motivadas, uma vez que o objetivo da atividade não é apenas diversão e sim a formulação de conceitos básicos gerando o conhecimento.

“O jogo, como promotor da aprendizagem e do desenvolvimento, passa a ser considerado nas práticas escolares como importante aliado para o ensino, já que colocar o aluno para aproximá-lo dos conteúdos culturais a serem veiculados, além de poder estar promovendo o desenvolvimento de novas estruturas cognitivas. O jogo, na educação matemática, passa a ter o caráter de material de ensino quando considerado promotor de aprendizagem” (KISHIMOTO, 2002).

 

Ao desenvolver atividades lúdicas, o professor consegue analisar e avaliar os seguintes aspectos:

q       Compreensão: facilidade para entender o processo do jogo, assim como o autocontrole e respeito a si próprio;

q       Facilidade: possibilidade de construir uma estratégia vencedora;

q       Descrição: capacidade de comunicar o procedimento e a maneira de atuar;

q       Estratégia: capacidade de comparar com previsões ou hipóteses.

Ao jogar as crianças tem uma intenção definida: participar e vencer, mas basicamente, jogam motivadas pelo desejo e pelo prazer. No momento em que jogam, elas não tem consciência de que devem jogar para aprender, mas com a ajuda do educador pode conscientizar-se de que jogando aprende e, que poderá aprender muito mais se refletir sobre as ações realizadas no jogo.

 “A interação social implícita nos jogos de matemática fornece uma alternativa para o professor como recurso do encontro de respostas certas. Quando as crianças discutem quais respostas estão certas, elas se tornam fontes de verdade, e as crianças desenvolvem a confiança em suas próprias habilidades para descobrir as coisas. Entretanto, uma vez que os desafios são imediatos às crianças têm possibilidades de defender e/ou corrigir seus próprios processos de pensar, em vez de esperar pelas respostas das folhas de exercícios, as quais serão desenvolvidas no dia seguinte” (KAMIL, 1992).

Ao trabalhar com os jogos pedagógicos é importante definir os objetivos, prever os diferentes momentos de trabalho e realizar um prolongamento com exercícios realizados individualmente que permitam ao aluno colocar em prática os critérios e conhecimentos elaborados através das atividades lúdicas e, ao educador, avaliar em que medida cada criança se apropriou do trabalho realizado.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O professor precisa criar um ambiente de busca, de construção e de descoberta encorajando as crianças a explorar, desenvolver, testar, discutir e aplicar suas idéias matemáticas. A aprendizagem matemática deve ser um processo ativo, pois os alunos são crianças ativas que observam, constroem, modificam e relacionam idéias, interagindo com outras crianças e com materiais diversos.

Os jogos possibilitam a compreensão de regras, promovem interesses, satisfação e prazer, além de facilitar o trabalho com símbolos, o que é propício para o estudo da matemática.

Com a inclusão das atividades lúdicas na prática pedagógica, estaremos contribuindo para que o aprendizado escolar seja essencial para o desenvolvimento integral do educando.

 

REFERÊNCIAS

 

1. KAMIL, Constance. Reinventando a aritmética: implicações de Piaget. Campinas, SP: Papirus,1992.

 

2. KISHIMOTO, Tisuko M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. SP: Cortez, 2002.

 

3. ARAUJO, Vânia C. de. O jogo no contexto da educação psicomotora. São Paulo: Cortez, 1992.

 

4. BROUGÉRE, Gilles. Jogo e educação. Porto Alegre: Artmed, 1998.

 

5. REGO, Teresa C. Vigotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

 

6. PCN’S, Parâmetros Curriculares Nacionais. Vol 03. Brasília: MEC/SEF, 1997.